terça-feira, 30 de abril de 2013

A música e as palavras

A propósito do tema de ontem e já que ninguém comentou deixem-me acrescentar mais algumas reflexões sobre o tema. Bom na verdade não exactamente sobre a intenção desta frase já que muito provavelmente Nietzsche queria dizer simplesmente que era melhor que Wagner estivesse calado em vez de dizer disparates mas sobre a relação entre a música e as palavras. Notem não tenho nada contra música com palavras antes pelo contrário, nem tão pouco com música programática digamos que o tema aqui é o paralelo entre a prosa e a poesia. A música começa onde acaba a prosa, a música expressa o que a junção racional de palavras é incapaz de nos propor; dizia Richter que a música é a poesia do ar.

Um dos nossos compositores preferidos Mahler afirmava que se um compositor conseguisse exprimir o que pretendia com palavras não se daria ao trabalho de compor música. Vitor Hugo (o romancista francês autor por exemplo dos Miseráveis e grande poeta também) dizia que a música expressa o que não pode ser dito e sobre o qual é impossível ficar em silêncio. Podemos também concordar com Heinrich Heine o autor do poema (entre outras obras bem entendido) do ultimo andamento da Nona Sinfonia de Beethoven e que afirmava que a música começa quando acabam as palavras, pensamento aliás partilhado quase de forma igual por Lamartine que preferia dizer que a música é a literatura do coração, começa onde acabam as palavras, muito semelhante como estão a ver.

Mas terminando, porque temos de terminar (haveria muito mais formas de exprimir este pensamento) deixem-me desde já deixar a dica para o complemento a esta sequência que farei amanhã. Dizia Huxley que a seguir ao silêncio a música é o que melhor expressa o inexprimível. Deixo-vos com música e não com silêncio mas sugiro que oiçam em silêncio. Lieder Ohne Worte por Richter um dos que citamos neste extracto e claro que Canções sem Palavras é uma das melhores escolhas possíveis para ilustrar este tema ...


Oportunidades na Amazon