domingo, 28 de junho de 2009

Mendelssohn - Os Oratórios

Os oratórios que Mendelssohn compôs foram durante a sua vida das obras que mais sucesso tiveram. Porém também foram as que mais sofreram com a passagem do tempo em grande parte por terem sido associadas à época vitoriana e em verdade não é uma afirmação totalmente sem fundamento.

Porém não é por isso ou pelo facto dos textos parecerem por vezes datados, piedosos e não propriamente religiosos que estas obras não merecem a nossa atenção.

Dos três oratórios completos St. Paul (Op. 36) , Die erste Walpurgisnacht (Op. 60) e Elijah (Op. 70) e o incompleto Christus publicado postumamente como Op. 97 escolhi o terceiro para ilustrar este post, embora o Op. 60 com textos de Goethe também fosse bastante interessante.

Este Op. 70 foi recebido de forma absolutamente apoteótica na sua estreia a 23 de Agosto de 1846 em Birmingham que a forma como o compositor relata o acontecimento ao seu cunhado dizendo "foi a melhor recepção de uma obra minha que já testemunhei" peca por ser muito modesta. Moscheles por exemplo fala de um exito sem precedentes e alguns jornais da época proclamam Mendelssohn o maior compositor vivo. A obra embora fosse pensada para o "rouxinol sueco" Jenny Lind acabou ser estreada por outra cantora que ainda arranjou tempo para criar contrariedades ao compositor ao pedir para reescrever determinada passagem um tom abaixo ... Mendelssohn que era conhecido por ser um diplomata dessa vez foi sarcástico dizendo-lhe que era mais dispensável que o tom original ...

Contrariamente ao que acontece em St. Paul neste caso os acontecimentos são descritos na primeira pessoa pelos próprios intervenientes sendo de notar do ponto de vista musical uma notável coesão que é pouco típica do compositor.

Embora não tenha sido a ultima das suas obras alguns estudiosos vêm em algumas das estrofes uma exposição quase auto-biográfica do seu próprio cansaço. Por exemplo em "It is enough; Lord take my life" a forma como musicalmente o poema e música se fundem ... Mas não leiam, proponho que ouçam uma interpretação absolutamente brilhante do baritono Dietrich Fischer-Dieskau. Os textos são retirados da liturgia alemã e foram traduzidos para inglês por William Bartholomew. A tradução que se segue para português essa é minha para os menos versados na língua das majestades britânicas.
It is enough! O Lord, now take away my life, for I am not better than my fathers! I desire to live no longer: now let me die, for my days are but vanity.

I have been very jealous for the Lord God of Hosts, for the children of Israel have broken Thy covenant, and thrown down Thine altars, and slain all Thy prophets, slain them with the sword. And I, even I only am left: and they seek my life to take it away! It is enough! O Lord, now take away my life, for I am not better than my fathers. Now let me die, Lord, take away my life.

Basta ! Meu Senhor, retirai-me agora a vida, porque não sou melhor que os meus pais! Não desejo viver mais: Deixai-me morrer porque os meus dias são vazios.

Tenho tido muita inveja de Deus, quebrei para os filhos de Israel a tua aliança, e deitei abaixo os teus altares e trespassei os teus profetas com a espada! Reto apenas eu e procuram retirar-me a vida! Basta ! Meu senhor retirai-me agora a vida pois não sou melhor que os meus pais. Deixai-me morrer agora, tirai a minha vida!
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