Dizia-nos o Flaustista num comentário a este nosso post que este ano teria de aparecer por este blog Marcos Portugal. Como estamos num período de reflexão para a escolha do próximo compositor romântico é uma boa ocasião para falar dele já.
Marcos Portugal nasceu em Lisboa a 24 de Março de 1762. Foi aluno de composição de João de Sousa Carvalho. Sendo bastante precoce realizou a sua primeira composição com 14 anos e rapidamente ganhou popularidade entre a corte tendo sido nomeado mestro do Teatro do Salitre para o qual escreveu várias obras.
A fama obtida permitiu-lhe obter uma bolsa para se deslocar a Itália onde permaneceu embora não de forma ininterrupta até 1800. Nesse período compôs mais de duas dezenas de obras a maioria óperas bufas e farsas, obras essas que foram geralmente muito bem recebidas.
De volta a Lisboa é nomeado maestro do Teatro de São Carlos de Lisboa para o qual compôs várias óperas. Com a chegada das tropas napoleónicas em 1807 e a fuga da família real para o Brasil Marcos Portugal permanece em Lisboa só se deslocando para o Rio de Janeiro em 1811 sendo nomeado compositor oficial da corte. Tínhamos falado deste episódio aqui quando abordamos a obra do compositor brasileiro Padre José Maurício Garcia.
Gozou no Brasil de intenso prestigio sendo inadvertidamente responsável pela perda de importância do padre José Maurício Garcia. Escreveu obras para estreia do teatro Real de São João. A saúde no entanto declinou rapidamente não permitindo sequer que regressasse a Portugal quando a corte voltou para Lisboa tendo falecido no Rio de Janeiro 17 de Fevereiro de 1830.
Pode ler uma biografia mais completa deste grande compositor português aqui.
Do ponto de vista artístico a importância de Marcos Portugal tem sido largamente subestimada. Não nos apercebemos por exemplo que de seu tempo as suas óperas eram consideradas iguais às de Mozart e que o compositor recebia elogios e gratificações semelhantes aos de Paisiello por exemplo.
Não nos apercebemos também que as obras de Marco Portugal são das poucas obras portuguesas que continuam a ser interpretadas ainda hoje fora do nosso país, como por exemplo Le Donne Cambiate de 1794 (do seu período "Italiano").
Voltarei com toda a certeza a este compositor. Por hoje fiquem como exemplo do seu talento com precisamente uma ária da ópera que acabamos de citar. Oiçam aqui. Fiquem também com um outro exemplo de uma obra de Marcos Portugal sendo executada no Kennedy Center em Washington aqui. Ou ainda este outro de uma outra ópera Semiramide.
Por fim proponho esta linda modinha ...