sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

François-Joseph Gossec (1734 -1829)

Interrompendo hoje a série reservada às sinfonias de Beethoven, quero dar-vos tempo para se reporem emocionalmente depois da Terceira Sinfonia dos dois ultimos dias hoje vou falar-vos brevemente de um compositor do período clássico relativamente desconhecido apelidado o músico da revolução por ter composto e dedicado inúmeras obras à Revolução Francesa. Depois da queda de Napoleão Gossec viveu tempos dificeis quando o conservatório de que tinha sido um dos grandes impulsionadores foi fechado por Luis XVIII.

A sua extensa produção sinfónica é relativamente desconhecida no entanto poderão reconhecer uma das suas peças "Gavotte" (que é uma dança palaciana para quem não sabe) dado que é utilizada em alguns desenhos animados da Warner Brothers e também no método de ensino Suzuki para violino.

E pasme-se encontramos uma interpretação de um grande violinista desta mesma Gavotte.
Vejam aqui Mischa Elman (1891-1967) a interpretar primeiro uma obra de Dvorack e depois a Gavotte de Gossec (começa por volta do quarto minuto mas se querem a minha opinião oiçam tudo que a peça de Dvorack é ela também deliciosa).

As Recomendações de Quinta-Feira à Sexta-Feira

Bom desculpem-me mas ontem fui ver a ante-estreia do musical da Disney High School Musical e quando cheguei a casa não tive energia suficiente para escrever. Em relação a esse espectáculo para quem tiver miúdos na faixa etária correspondente é um musical engraçado, bem montado e que em termos da mensagem que procura transmitir parece-me correcto. Algumas vozes poderiam ser melhores mas no global gostei e recomendo: É um excelente entertenimento para a familia (aliás hoje este é mesmo o tema das recomendações já que todas excepto uma são recomendações para todos ... mesmo os mais novos)

Bom mas adiante as recomendações clássicas para o fim de semana, começando como vem sendo costume pelo sul, em Lagoa no Auditório Municipal poderão ouvir a Orquestra do Algarve com Eudoro Grade (Guitarra) e Sergej Bolkhovets (Violino) dirigida por Laurent Wagner. Sábado dia 1 de Março às 21:30. Entrada: EUR 7,00. Reservas: 282380434. Serão interpretadas duas obras de que gosto muito. O Concerto de Aranjuez e as Quatro Estações por isso se estiverem pelos Algarves ou se forem de lá ou mesmo se quiserem um pretexto para se deslocarem até Lagoa, já ouvi motivos bem piores :-) ... Esta é a unica recomendação "adulta" da semana ...

Em Lisboa não poderia deixar de recomendar no dia 2, Domingo às 16h a Flauta Mágica Sub-16 numa versão para crianças adaptada por Eike Ecker. De acordo com o programa do São Carlos as récitas terão lugar nos seguintes dias:

Espectáculos para escolas
3. Março, 20. Maio 2008 às 15:00h

Matinées Família
29. Fevereiro às 19:30h; 2. Março, 24. Maio 2008 às 16:00h

Os preços até são bastante aceitáveis, variam entre os €5 para jovens até aos 18 anos e os €25 mas como a página de preços do Teatro São Carlos é um pouco confusa o melhor é consultarem as reservas de que aqui ficam os contactos:

As reservas podem ser efectuadas por e-mail, telefone e/ou fax da bilheteira, as quais serão garantidas por 48 horas após a reserva. Só serão aceites reservas até 48 horas antes do dia do espectáculo.

Tel. 213 253 045/6 Fax 213 253 047 / 083
reserva.bilhetes@saocarlos.pt



Também no Domingo, 2 de Fevereiro às 18h00 no Auditório Municipal Ruy de Carvalho (Rua 25 de Abril. Lt.5 - CARNAXIDE(junto ao Centro Cívico Carnaxide)
em poderão ver de novo o "CARNAVAL CONCERTO" concebido para os Filhos, os Pais e os Músicos onde serão interpretadas obras de O. Riding, G. Rossini, J. Haydn, L. Anderson e outros. Pela Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras dirigida pelo Maestro Nikolay Lalov. Não tenho indicação de preços se alguém souber diga-me por favor que eu faço a adenda respectiva.


Finalmente no Porto a Orquestra Nacional do Porto dirigida por Neil Thomson na Casa da Música do Porto no Domingo às 11h propoe-nos uma ideia que considero absolutamente fantástica! Rever o filme Feitiçeiro de Oz com a voz inesquecível (para mim claro) de Judy Garland e com a Orquestra Nacional do Porto a acompanhar o filme ao vivo! Acho que é uma ideia fabulosa a não perder mesmo. Eu se estivesse no Porto garanto-vos que estaria lá caído. Domingo, 11h Entrada: EUR 15,00. Reservas: 220120220

Eu sei que me vão dizer que não é assim tão longe, que daria para ir até ao Porto(e já o fiz várias vezes, por motivos bem menos relevantes como por exemplo para ir ao Aleixo ou para comer uma francesinha :-)). Porém este fim-de-semana já tenho programa de Domingo. Estarei no São Carlos a ver a Flauta Mágica e depois também noutro tipo de música no fim da tarde :-).

Já sabem, saiam do sofá, não se deixem engulir pelas pantufas e vão ouvir e ver música que ao vivo é outra coisa.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Beethoven - Sinfonia nº 3 - Segunda Parte

A primeira parte do texto sobre esta Sinfonia: Sinfonia Heróica (Primeira Parte)

O Segundo Andamento (Marcia funebre: Adagio assai) como o nome indica é uma marcha fúnebre. Trata-se de uma composição que é das mais pungentes de toda a história da música. Alterna entre a mais profunda expressão da dor com momentos de luz e esperança. Grove diz no seu livro "Beethoven and his Nine Symphonies" que em certos momentos a música parece-nos dizer "se formos fortes iremos conseguir vencer a dor para depois cair numa tristeza ainda mais profunda". É sem duvida uma obra prima de uma perfeição absoluta e de expressão de sentimentos fortíssimos. É impossível ouvir esta música sem ficar emocionalmente abalado. Oiçam aqui e aqui uma interpretação deste andamento dividido em duas partes, dirigido em duas partes. A direcção da orquestra sinfónica de Nova Iorque é de Bruno Walter. Notem que o video faz publicidade a uma rádio online que sinceramente não posso recomendar ou deixar de recomendar porque ainda não experimentei. Como implica a instalação de uma toolbar utilizem muita cautela se o resolverem fazer.

O Terceiro Andamento (Scherzo: Allegro vivace), tal como aliás e sobretudo o quarto, são por vezes considerados menores, ao ponto de um dos maiores críticos ingleses do século XIX ter afirmado uma vez "a interpretação da terceira sinfonia terminou e muito correctamente no fim da marcha fúnebre tendo as restantes partes sido omitidas". Pessoalmente discordo por várias razões. Primeiro porque retomando o que dizia o segundo andamento tem de ser equilibrado pela solução da angústia e da dor e desse ponto de vista não há nada melhor do que o terceiro andamento. Depois porque musicalmente este terceiro andamento não deixa de ser brilhante. Continuamos com Bruno Walter para este andamento aqui.

Se o terceiro andamento já divide opiniões o Quarto Andamento (Finale: Allegro molto) ainda recolhe mais dúvidas. Construído inteiramente a partir de um tema e variações em fuga bastantes simples não deixa de ser uma composição extraordinaria. Berlioz na sua análise das sinfonias de Beethoven, onde não deixa nunca palavras pelo meio diz a respeito deste andamento que aqui Beethoven conseguiu construir a diferença de cores que existe entre o azul e o violeta. Diz ainda Berlioz que essa diferença era antes de Beethoven completamente desconhecida. Ainda Bruno Walter para este andamento aqui.

Como nota final e em resumo retomando de novo Berlioz ele refere que Beethoven terá provavelmente escrito sinfonias e obras que emocionam mais o público do que esta sinfonia, no entanto diz ele "la Symphonie héroïque est tellement forte de pensée et d’exécution, le style en est si nerveux, si constamment élevé, et la forme si poétique, que son rang est égal à celui des plus hautes conceptions de son auteur". Nesse texto, que um dia destes hei-de reproduzir aqui devidamente traduzido e anotado na sua integra (fica a promessa), Berlioz parte nesse instante e a propósito desta sinfonia, para uma discussão filosófica sobre a percepção do que é belo e das diferenças que essa percepção tem entre as pessoas, mesmo quando partilham um código cultural comum. É um texto muito interessante que sem dúvida irei partilhar convosco um dia destes, até porque parece-me ser um texto bastante contemporâneo face a alguns acontecimentos recentes neste país à beira-mar plantado.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Beethoven - Sinfonia nº3

Chegamos à terceira sinfonia que é um marco de importância fundamental na história da música. Mesmo que não compartilhemos a opinião que esta obra marca o fim do período clássico e a entrada no romantismo, não deixa nunca de ser uma obra de profunda ruptura.

A Sinfonia nº 3 em Mi Bemol Maior, Op. 55, também chamada de Eroica foi composta no fim de 1803 início de 1804. Inicialmente foi dedicada a Napoleão Bonaparte que Beethoven admirava por representar os ideais da revolução francesa. Porém conta a anedota que quando Beethoven soube que Napoleão se tinha proclamado Imperador num acesso de fúria riscou o seu nome do manuscrito.

Foi assim que a sinfonia ganhou o seu nome actual "Sinfonia eroica, composta per festeggiare il sovvenire d'un grand'uomo".

A sinfonia foi executada pela primeira vez em privado para o seu grande amigo o príncipe Joseph Franz Maximilian Lobkowitz em 1804 tendo a primeira interpretação publica tido lugar no ano seguinte.

O Primeiro Andamento (Allegro con brio)começa com uns acordes que serão retomados de forma bem mais enfática na quinta sinfonia mas sobretudo temos de nos recordar do magnifico primeiro tema que começa por ser exposto primeiro em parte pelos violoncelos e que certamente teremos trauteado um dia sem saber. Diz Berlioz na sua análise das nove sinfonias que temos vindo a citar que "Quand, à ce rhythme heurté viennent se joindre encore certaines rudes dissonances, comme celle que nous trouvons vers le milieu de la seconde reprise, où les premiers violons frappent le fa naturel aigu contre le mi naturel, quinte de l’accord de la mineur, on ne peut réprimer un mouvement d’effroi à ce tableau de fureur indomptable." Não nos apercebemos hoje do profundo choque que este quadro músical representou.

Oiçam aqui a interpretação que já vos mostramos de Herbert von Karajan . Na verdade este link já não está activo por razões de reclamação de direitos da Filarmónica de Berlim (algo que acho um perfeito disparate tendo em consideração que se trata de um documento histórico e que na qualidade apresentada não substitui a aquisição antes a potencia mas enfim ... ) . Assim sendo e enquanto não for também retirada proponho-vos uma interpretação não inferior de Bernstein e a Filarmónica de Viena (neste caso a obra está completa ... ).

Amanhã analisaremos os restantes andamentos que sinceramente a madrugada já vai longa e o sono já não me deixa escrever com um mínimo de discernimento.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Beethoven - Sinfonia nº 2, Op. 36 em Ré Maior

A segunda sinfonia de Beethoven foi escrita entre 1801 e 1802 e foi a ultima composição do que se convencionou chamar o primeiro período. Este período termina como dissemos no texto em que falamos da primeira sinfonia, com o reconhecimento por Beethoven da sua crescente e irreversível surdez.

A Sinfonia, em Ré Maior foi dedicada ao príncipe Carl Lichnowsky tendo sido em grande parte escrita durante o verão de 1802 em Heiligenstadt perto de Viena. Curiosamente data também do fim desse verão o famoso "Testamento" de Beethoven para os seus irmãos, tão cheio de desespero e de angústia. Porém nada desses sentimentos transparecem na segunda sinfonia.

O manuscrito original da segunda sinfonia perdeu-se (tal como aliás o da primeira) porém existem vários esboços encontrados em blocos de apontamentos que Beethoven utilizava para anotar ideias à medida que lhe iam surgindo.

A segunda sinfonia de Beethoven é em relação à primeira um passo bastante grande na definição de um novo estilo sinfónico não tanto por existirem novas ideias mas sobretudo pelo desenvolvimento na dimensão e na profundidade das mesmas.

Exceptua-se deste raciocínio à coda do ultimo andamento que essa sim é de um novo mundo.

O primeiro andamento (Adagio molto — Allegro con brio) começa tal como na primeira sinfonia com uma introdução que embora mais longa ainda não possui propriamente a extensão e desenvolvimento que iriam caracterizar as futuras sinfonias de Beethoven.
Pode ouvir este primeiro andamento dividido em duas partes aqui e aqui.

O segundo andamento (Larghetto) que o seu aluno Ferdinand Ries diz ser quase Andante é um dos mais longos andamentos lentos das sinfonias de Beethoven. Deste andamento Hector Berlioz diz que é um "chant pur et candide, exposé d’abord simplement par le quatuor, puis brodé avec une rare élégance, au moyen de traits légers dont le caractère ne s’éloigne jamais du sentiment de tendresse qui forme le trait distinctif de l’idée principale" Pode ouvi-lo aqui.

O terceiro andamento (Scherzo: Allegro)rompe definitivamente com a existencia de um minueto como um dos andamentos de uma sinfonia (já na primeira sinfonia Beethoven tinha ameaçado). Podem ouvir este andamento aqui.

O quarto andamento (Allegro molto)é de uma energia transbordante. E embora o final hoje nos pareça "normal" na altura foi algo de absolutamente extraordinário. Podem ouvir este andamento aqui.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Johann Adolph Hasse (1699 - 1783)

Vida

Johann Adolph Hasse foi um compositor alemão conhecido no seu tempo pela sua incrível produção de óperas tendo composto mais de 60 óperas. Foi um dos últimos alunos de Scarlatti em Nápoles onde esteve entre 1720 e 1730.

Em 1730 voltou à Alemanha mais precisamente a Dresden para ocupar o posto de Kappelmeister depois de ter casado com a soprano Faustina Bordoni em Veneza onde esteve algum tempo incluindo o Carnaval quando foi estreada a sua ópera Artaserse.
Esta ópera é especialmente relevante pois ela marca o inicio da sua colaboração com o libretista Metastasio. Um dos papeis foi interpretado por Farinelli que terá cantado duas das àrias desta opera todos os dias durante dez anos ao Rei Filipe V de Espanha. Podem aqui ouvir uma destas duas àrias interpretadas por um cantor lírico mexicano ...

A sua estadia em Dresden foi muitas vezes interrompida para deslocações a Veneza onde tanto ele como a sua esposa eram imensamente populares.

No final da sua vida viveu em Viena entre 1764 e 1773 tendo no entanto mantido o seu hábito de se deslocar regularmente a Veneza. Porém o estilo das suas óperas estava já nessa altura a ser secundarizado por Gluck e desta forma Hasse resolveu voltar a Veneza onde viria a falecer dez anos depois. Nos ultimos anos da sua vida dedicou-se ao ensino e à música sacra que de certa forma paradoxalmente são hoje as suas obras mais vezes executadas.

Obra

Após a sua morte a maioria da sua obra operática caíu no esquecimento, em grande parte devido à reforma conduzida por Gluck como já referimos.

Não obstante a obra de Johann hasse é digna de registo na consolidação do género Opera Séria no final do século XVIII. Seguiu regras de composição bastante rigorosas em que cada tonalidade correspondia a um determinado estado de espírito mas às quais não faltava inspiração e sobretudo em grande parte graças à sua colaboração com Metastasio desenvolveu aos poucos um muito maior respeito pelo libretista o que contribuiu de forma decisiva para a evolução do género operático.

Oiçam por exemplo este moteto como um excelente exemplo da música sacra que compôs.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Beethoven - Sinfonia nº1

Esta primeira sinfonia foi escrita no que os musicólogos chamam o primeiro período de Beethoven. Porém foi também composta no dealbar de um novo século e estrada nos primeiros meses do século XIX. Esta obra marca também o fim do ciclo de Beethoven já que foi terminada meses antes da primeira crise de Beethoven quando ele se apercebeu da sua progressiva e irreversível perda de audição. Porém marca também paradoxalmente o inicio de um ciclo de génio. Na verdade embora esta obra seja essencialmente uma obra de continuidade, como dissemos na introdução deste ciclo, ela contém já algumas notas da autêntica revolução que Beethoven viria a trazer na concepção sinfónica. Por exemplo o terceiro andamento embora esteja marcado como sendo um minueto de acordo com a prática normal na época clássica é tão rápido que não pode deixar de ser considerado um Sherzo como virá a ser prática nas grandes sinfonias românticas.

Mas vamos começar pelo início. Esta obra foi dedicada ao seu amigo vienense o conde Gottfried van Swieten (que também já havia sido patrono e amigo de Mozart e de Haydn e a que devemos portanto muitíssimo). Escrita entre 1799 e 1800 foi estreada em 1800 mais precisamente no dia 2 Abril no primeiro concerto que Beethoven realizou para seu próprio proveito e onde para além da estreia desta sinfonia foi também tocado um conerto de Mozart e alguns extractos da "Criação" de Haydn.

A sinfonia é composta por 4 andamentos. O primeiro andamento (Adagio molto—Allegro con brio) começa por uma espécie de introdução muito calma e uma dissonância que se pensa ter sido uma experimentação de Beethoven dado que o voltou a utilizar logo no ano seguinte. Alias esta dissonância que hoje não nos parece nada de transcendente foi suficientemente inovadora para valer a Beethoven uma polémica pessoal com os críticos da época nomeadamente Preindl, Stadler e Weber.

O segundo andamento (Andante cantabile con moto) é um dos andamentos onde se nota em simultaneo a escola de contraponto do seu mestre Albrechtsberger mas em simultâneo uma elegância e uma beleza acima de qualquer escola. Em termos de inovação é também neste andamento que Beethoven nos reserva uma utilização da percursão inovadora e que anuncia a verdadeira revolução que acabou por ocorrer mais tarde.

O terceiro andamento (Menuetto: Allegro molto e vivace) é dos quatro o que mais trouxe em termos de inovação. Na verdade embora guarde a forma do minueto Beethoven faz explodir completamente a forma tradicional desta antiga dança de salão para a transformar em algo completamente novo. Nas palavras de J. W Davison´s Beethove terá aqui dado "Um Salto para um mundo novo".

Finalmente o quarto andamento (Adagio—Allegro molto e vivace)embora seja caracterizado por Berlioz na sau análise das nove sinfonias de Beethoven como "Uma brincadeira infantil e nada beethoviana".

Oiçam aqui esta sinfonia dirigida por Herbert von Karajan.

Em resumo embora seja uma composição que no seu conjunto seja vista como uma sinfonia na mais pura tradição Mozartiana e Haydiana contém suficiente inovação e qualidade para ser uma obra prima profundamente original.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

As Sinfonias de Beethoven

Como tínhamos prometido este fim de semana vamos começar a nossa série sobre as nove sinfonias de Beethoven. Se cada uma destas sinfonias é por si própria uma obra de arte única e de génio, no seu conjunto constituem um autêntico hino à música. Para começar a nossa viagem vejamos a lista e uma breve sinopse de cada uma das obras (com links para um vídeo de um dos andamentos da mesma).

As duas primeiras sinfonias Sinfonia 1 em Dó Maior composta entre 1799 e 1800 estreada em 1800 e ainda a sinfonia 2 em Ré maior composta entre 1801 e 1802 estreada em 1803 são ainda muito próximas das sinfonias de Mozart. Oiçam aqui esta sinfonia dirigida por Herbert von Karajan. No que diz respeito à segunda sinfonia experimente ouvir aqui também dirigida por Karajan.

Porém após a terceira sinfonia em Mi Bemol Maior chamada de Eroica composta em 1803 e estreada em 1804 nada na música foi como dantes. Esta sinfonia foi verdadeiramente um marco, uma viragem. Pode-se pensar que marca o inicio do período romântico. Na verdade supostamente Haydn terá dito que esta obra coloca o artista no centro da mesma, querendo com isto dizer que é uma obra em que não existe qualquer tipo de restrição na expressão das emoções. Oiçam aqui o inicio desta sinfonia dirigida por Karajan.

A sinfonia Nº4 em Ré bemol Maior composta em 1806 e estreada em 1807 é uma obra que realmente nunca foi muito apreciada pelos seus próprios méritos. É geralmente considerada como uma obra de transição entre a Terceira e a Quinta Sinfonias o que é sem dúvida uma grande injustiça. Oiçam aqui Herbert von Karajan a dirigir esta obra.

Se a Terceira sinfonia foi uma obra de ruptura a Quinta em Dó Menor, composta entre 1805 e 1808 e estreada nesse mesmo ano foi a sua evolução natural. Algumas vezes apelidada da Sinfonia do Destino pela famosa forma como se inicia (Beethoven teria dito segundo um dos seus biógrafos que seria assim que o destino bateria à porta). Oiçam o Primeiro Andamento dirigido por Arturo Toscanini.

A Sexta Sinfonia (Pastoral) em Fá Maior composta também entre 1805 e 1808 e também ela estreada em 1808 pode ser considerada uma obra programática no sentido que pretende expressar o gosto de Beethoven pela natureza. Oiçam o primeiro andamento dirigido por Herbert von Karajan

A Sétima Sinfonia em Lá Maior foi composta entre 1811 e 1812 e estreada em 1813. Do seu ultimo andamento Tchaikovsky dizia: "Uma série de imagens cheias de felicidade, de realização e de prazer pela vida". Oiçam o primeiro andamento dirigido por um dos mais misteriosos maestros dos nossos dias.

A oitava sinfonia em Fá Maior composta entre 1811 e 1812 foi estreada em 1814. É a mais curta de todas as sinfonias sendo por isso por vezes referida como a "pequena sinfonia". Porém se a duração realmente é curta a arte que revela não deixa nada a dever às restantes. É uma sinfonia muito "bem disposta". Oiçam o primeiro andamento de novo dirigido por Herbert von Karajan.

A nona sinfonia em Ré menor foi composta entre 1817 e 1824 e estreada nesse mesmo ano. É para muitos a melhor obra de música jamais composta (eu admito que está na minha lista de preferidas e se não estiver no topo estará lá perto). Quando ouvida numa sala de concertos, ao vivo é algo que nunca se esquece. Por agora e até que possam ter essa experiência oiçam o final da sinfonia dirigida por Bernstein.

As Recomendações de Quinta à Sexta

O segundo bloco de sugestões na verdade já está a ser escrito na madrugada de Sexta-Feira. Não se esqueçam que no site cultura.sapo.pt pelos nossos amigos da Sercultur poderão encontrar muito mais sugestões para além das que destaquei aqui. Lembrem-se que o critério tem sido por um lado procurar dar sugestões para todo o país e por outro lado promover os espectáculos de entrada livre ou com preços mais reduzidos. Procuramos também aqueles espectáculos que mais necessitem de promoção pela sua natureza mais "intimista".


Vamos começar como já vem sendo hábito ao sul, no Algarve mais precisamente em Tavira. Na Igreja da da Misericórdia (Tavira), Luís Conceição dará um recital de Piano pelas 18h de Sábado 23 de Fevereiro integrado no ciclo "Música nas Igrejas". A entrada é livre.

Em Beja integrado no «4º Festival Terras sem Sombra» - Festival de Música Sacra do Baixo Alentejo» teremos «O Clavicórdio no Mundo Mediterrânico - Recital Comentado» interpretado por Bernard Brauchli na Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres (Beja). Sábado 23 de Fevereiro às 21:00. A entrada é livre.

Em Lisboa a Orquestra Sinfónica Juvenil dirigida por Christopher Bochmann no Domingo 24 de Fevereiro às 17h no Museu da Electricidade terá o concerto de apresentação dos bolsistas. A Entrada é livre. Serão interpretadas obras de Beethoven, Mendelssohn, Tchaikovsky e Verdi.

Em Alcobaça o Moscow Piano Quartet (II) apresentar-se-à no Cine-Teatro de Alcobaça no Domingo às 18h. Entrada: EUR 5,00. Reservas: 262580890. O Moscow Piano Quartet (Quarteto com Piano de Moscovo, MPQ), criado em Moscovo 1989 pelo pianista Alexei Eremine e pelo violoncelista Guenrikh Elessine, é uma das mais destacadas formações de música de câmara residentes em Portugal. O grupo inclui desde 2005 o violinista José Pereira e o violetista e compositor Alexandre Delgado.

No Porto, mais precisamente na Casa da Música do Porto o Quarteto Remix apresentará no ambito do Festival Suggia, que celebra o legado artístico da maior violoncelista portuguesa do século XX, obras de Cláudio Carneiro - Quarteto de Arcos e Benjamin Britten - Quarteto de Cordas n.º 2. Sábado, 12h. Entrada: EUR 5,00. Reservas: 220120220

Em Braga no Museu Museu Nogueira da Silva Nuno Fonseca e Nataliya Kuznyetsov apresentam-se num recital de canto e piano. Sábado 18h. Entrada: EUR 7,00 / EUR 4,00 (Estudantes). Reservas: 253275391.

Finalmente, um local para onde nunca tinhamos dado uma sugestão, onde provavelmente não temos qualquer leitor, mas nunca se sabe :-) . Em Porto Santo (Madeira) no Centro Cultural e de Congressos o Quinteto de Metais do GCEA, constituído por dois trompetes, uma trompa, um trombone e uma tuba, (maioritariamente professores) instrumentos estes que pertencem à classe dos metais da Orquestra de Sopros do GCEA apresentar-se-á em concerto no Sábado às 21:30. Não sabemos os valores das entradas. Reservas: 291980600

E não se esqueçam que no site cultura.sapo.pt pelos nossos amigos da Sercultur poderão encontrar muito mais sugestões para além das que destaquei aqui. Lembrem-se que o critério tem sido por um lado procurar dar sugestões para todo o país e por outro lado promover os espectáculos de entrada livre ou com preços mais reduzidos. Procuramos também aqueles espectáculos que mais necessitem de promoção pela sua natureza mais "intimista".

Já sabem, não arranjem desculpas, não cedam ao sofá, deixem a televisão descansar que também precisa, não fiquem em casa. Venham ouvir música ao vivo porque: Ao vivo é outra coisa !

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Recomendações da Quinta - As recomendações dos vizinhos

Para este fim de semana temos várias sugestões que nos foram propostas por leitores do nosso blog ou recomendações que resultam das nossas leituras de alguns blogs na nossa vizinhança.

Começamos esta lista de recomendações dos nossos vizinhos pelo cartaz que vêem desde a passada Terça-Feira neste blog. Assim se estiverem na zona de Castelo Branco na Sexta-Feira à noite no Governo Civil de Castelo Branco não percam às 21:30 o CONCERTO pelo vencedor da COUPE MONDIALE 2007 - ALEXANDER SEVASTIAN (acordeão solo – Canada)

No Sábado, 23 de Fevereiro ainda no Governo Civil de Castelo Branco e a partir das 10h terão o 2º Concurso de Acordeão de Castelo Branco. Ás 21:30 de Sábado poderão ouvir o concerto dos Laureados. Todas as actividades deste festival são de ENTRADA LIVRE.

A outra recomendação é para a zona de Lisboa. Assim Sábado às 15:30 no Pavilhão do Conhecimento há um programa que junta música e matemática. Curiosos ? Leiam a restante informação no site do Pavilhão do Conhecimento ou no site da Sociedade Portuguesa de Matemática. A entrada é livre.

Finalmente a terceira recomendação é uma proposta diferente, neste caso de visita a um site que tem algumas ilustrações interessantes e algumas mascotes conhecidas dos mais pequenos e que nos foi sugerido por uma das nossas leitoras. Apontem os vossos browsers para aqui.

Leiam o "post normal" para as restantes recomendações musicais.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Dennis Brain (1921 – 1957)

Vida

Dissemos no nosso post sobre a sonata para Trompa e Piano de beethoven (op. 17) que Dennis Brain era uma espécie de James Dean dos instrumentistas de sopro. Na verdade conheceu uma morte estúpida e prematura aos 36 anos de idade quando voltava de carro do Festival de Edinburgo onde tinha tocado com o seu quinteto de sopros.

Oriundo de uma familia de músicos desde muito cedo começou a aprender orgão e piano já que o seu pai acreditava que apenas se devia aprender Trompa a partir do fim da adolescência quando a boca e dentes estivessem perfeitamente formados.

Com 21 anos foi alistado no exercito britanico na eclosão da Segunda-Guerra mundial tendo percorrido os estados Unidos com a recém criada Sinfónica da Royal Air force numa tournée de "Boa Vontade".

Conhecido por ser manifestamente pouco cuidadoso com os instrumentos musicais de que dispunha Dennis Brain gostava igualmente de carros desportivos. Tal como James Dean faleceu num acidente automóvel quando voltava de um concerto em Edimburgo para a sua residência em Londres no seu Triumph TR2.

Obra

Deve-se a Dennis Brain a elevação da Trompa à categoria de instrumento solista. Deve-se em particular a ele as melhores interpretações dos concertos para Trompa de Mozart, a divulgação dos dois concertos para Trompa de Richard Strauss tendo também sido o primero instrumentista (nos tempos actuais) a tocar o concerto para Trompa de Haydn.

A excelência da sua interpretação incentivou numerosos compositores a comporem obras especificamente para ele, entre os quais poderemos salientar Britten e Hindemith.

Estes factos permitem-nos dizer que o reportório de solista de Trompa hoje e inclusivamente os standards pelos quais os instrumentistas neste instrumento são aferidos se devem a Dennis Brain.

Veja aqui uma interpretação da sonata para trompa e piano de Beethoven.

Beethoven - Sonata para piano e trompa - Op. 17

Hoje vamos ouvir uma sonata para um instrumento completamente diferente. Trata-se da Sonata para Piano e Trompa Op. 17 em Fá maior publicada em 1800.

Tem três andamentos . Para ilustrar a sua interpretação encontramos no You Tube um filme de Dennis Brain que é uma espécie de James Dean dos instrumentistas de Sopro. Porque não teremos talvez tão cedo uma outra oportunidade para contar a sua história resolvi fazê-lo num segundo post hoje, que poderá ler aqui.

No que diz respeito a esta sonata o primeiro andamento é um allegro moderato, o segundo Poco Adagio, quasi Andante e finalmente o terceiro andamento é um Allegro Moderato. Podem ouvir esta Sonata dividida em duas partes: aqui e aqui. O primeiro filme tem ainda uma excelente introdução sobre a trompa e especificamente a diferença entre a trompa do tempo de Beethoven e a dos nossos dias. Só por essa introdução vale a pena ouvir.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Beethoven - Quartetos para cordas Op. 18 (nº1)

Hoje vamos voltar as peças para cordas mais especificamente aos quartetos para cordas incluídos no Op. 18 compostos entre os anos de 1798 e 1800.

Confesso que a razão pela qual escolhi hoje esta peça é essencialmente porque o meu filho a está a aprender uma delas e quis ver se encontrava uma execução que pudesse servir de modelo. Na verdade encontrei uma excelente, mas sobre isto falaremos daqui a pouco.

O Op. 18 é composto por seis composições todas para dois violinos, viola e violoncelo. Foram compostos para satisfazer uma encomenda do Prince Lobkowitz patrão do violinista Karl Amenda, amigo de Beethoven.

O quarteto nº1 em Fá Maior que vos vou mostrar hoje - e que é o tal de que andei à procura - tem quatro andamentos. O quarteto segue a organização normal da forma sonata. O primeiro andamento (Allegro con brio) pode ser ouvido aqui, tal como os restantes numa interpretação excelente do quarteto Alban Berg. Podem ouvir o segundo andamento (Adagio affettuoso ed appassionato) aqui, o terceiro andamento (Scherzo: Allegro molto) aqui e finalmente o quarto andamento (Allegro) aqui.

E estamos quase, quase, a iniciar a nossa viagem pelas nove sinfonias de Beethoven ...

Haydn (1732-1809)

Não é ainda uma biografia de Haydn. Essa terá que esperar um dia de férias ou um fim de semana menos atarefado mas vamos aqui listar os posts que fizemos sobre este compositor classificando-os pelo tipo de música. Se quiser ver a lista toda dos posts que fizemos sobre este compositor não hesitem em utilizar a caixa de pesquisa .... ainda não pusemos todos os links nesta lista.

Música Instrumental

Haydn - Concertos para Violoncelo
Haydn - O Pai da Sinfonia
Haydn - O Pai dos Quartetos para Cordas
Haydn - Concerto para Trompete

Música Vocal religiosa


Haydn - As Estações

Música Vocal não religiosa

Haydn - "Gott erhalte Franz den Kaiser"

Operas

As Operas de Haydn

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Beethoven - Sonata para piano nº 17 "A Tempestade"

Continuando a saga das sonatas para piano hoje vamos debruçar-nos sobre a Sonata Nº17 para piano em Ré Maior, op. 31 #2 chamada "A Tempestade" e composta em 1801/1802

Esta sonata possui 3 andamentos não seguindo o esquema "clássico" das sonatas. Começa com um andamento relativamente rápido embora tenha um inicio muito suave (Largo - Allegro) para depois prosseguir com um andamento lento (Adagio) e terminar com um andamento rápido (Allegretto).

Para a interpretação desta sonata (os seus três andamentos) voltamos a escolher o grande pianista alemão Wilhelm Kempff . Se quiserem o meu conselho comecem com o terceiro andamento ... o meu preferido (isto não é nada "normal" mas o importante mesmo é que aprendam a gostar :-))


Primeiro andamento (Largo - Allegro)
Segundo Andamento (Adagio)
Terceiro Andamento (Allegretto)

Prevejo que para o fim desta semana (talvez no fim de semana) entraremos finalmente nas nove sinfonias e aí iremos vê-las todas, uma a uma por ordem ...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Beethoven - Sonata para piano nº 14 (parte do Op. 27)

Esta sonata é uma das mais conhecidas de Beethoven. Quando ouvirem vão concerteza exclamar "ah sonata ao luar" ou "Moonlight" conforme a língua ... Certamente haverá expressões em Alemão, françês (au clair de lune) ...

Esta sonata em Dó Sustenido Menor foi composta em 1801 e dedicada à sua aluna a condessa Giulietta Guicciardi por quem Beethoven estaria (ou teria estado, ou sempre esteve - escolham o tempo verbal de vossa preferência) apaixonado .

Nas notas Beethoven escreveu "quase uma fantasia" essencialmente porque esta sonata não segue o esquema clássico. A designação nasceu já em meados do século XIX quando o poeta Ludwig Rellstab comparou o primeiro andamento à luz do luar sobre o lago de Lucerna.

Assim ao invés temos um primeiro andamento relativamente lento (Adagio sostenuto). Para ilustrar este andamento escolhemos uma interpretação de Wilhelm Kempff que podem ouvir aqui.

Para o segundo andamento voltamos ao nosso conhecido Glenn Gould que podem ouvir aqui.

Para o terceiro andamento (Presto agitato)não nos conseguimos decidir entre Horwitz e Brendel. Escolham e digam-me qual preferem ...

A propósito dos comentários que muitas vezes encontramos nestes videos do You Tube sobre grandes pianistas vejam este vídeo que é uma recolha e uma "charge" espectacular aos vários tipos de comentários que se encontram ... de morrer a rir (sobre fundo músical adequado ... )

Concerto de ontem da Filarmónica de S. Petersburgo

Como prometido aqui fica um relatório do que ouvi. Não é bem uma critica porque não tenho capacidade suficiente para a fazer. São impressões pessoais a que devem dar o devido desconto por serem feitas por um amador ...

Como disse a uma nossa leitora à pouco o concerto de ontem deu-me a sensação de ir a um restaurante bonzito com um chefe de primeira e excelentes cozinheiros um pouco aborrecidos por saberem que estão nesse tal restaurante apenas médio. Por acaso nesse restaurante tocava uma pianista que se situou acima do panorama anteriormente descrito.

Ou seja em detalhe: Eu gostei do concerto, tanto o Concerto nº1 para Piano de Tchaikovsky como a suite dos Lago dos Cisnes não foram chacinados. Foram bem tocados, certinhos com quase tudo no lugar certo mas faltou qualquer coisa para que fosse memorável. E estes músicos são capazes de o fazer ...

Começando pelo concerto para piano, como disse a pianista (Elisso Virsaladze) realmente esforçou-se mas nitidamente o Coliseu não é o local ideal para estas peças. Na minha opinião faltava potência ao som da Filarmónica de S. Petersburgo e ou muito me engano ou em alguns momentos pianista e orquestra estiveram ligeiramente desacertados. No conjunto gostei da pianista mais do que da orquestra ... Para quem não conhece este concerto (bem conhecer de certeza que conhecem, podem é não relacionar com o nome ... ) eis o que ouvi interpretado por Boris Berezovski , aqui (a primeira parte do primeiro andamento) e aqui (o resto do primeiro andamento).

Na segunda parte a orquestra esteve melhor mas também houve algumas passagens onde não fiquei completamente convencido. Gostei do som do concertino (bem audível no solo) mas não do primeiro violoncelo (que falhou logo na entrada do seu solo). Vejam aqui alguns extractos da suite, confesso que com bailarinos fica ainda melhor, sobretudo quando são Margot Fonteyn e Rudolf Nureyev.

O encore, Salut d´Amour de Elgar e depois a sequência final do Quebra Nozes souberam a pouco embora no primeiro caso tenha servido para um conjunto de piadas familiares com o meu filho que toca aquela peça ... numa tonalidade diferente diz ele. Para terem uma ideia aqui ficam os Violinhos no CCB nessa mesa peça (numa tonalidade diferente e sem sopros ;-)). Se este extracto vos interessou poderão assistir no próximo dia 16 de Março de 2008 ao concerto dos Violinhos no mesmo local. É sempre uma tarde muito bem passada, mas sobre este concerto do CCB falaremos mais em breve ...

Ao todo foi uma noite (muito) bem passada mas estava à espera de mais daí talvez o (ligeiro) amargo de boca.

Informação adicional sobre o concerto em Évora

Já tínhamos falado do Concerto pelo Coro Gregoriano de Lisboa no Convento dos Remédios Évora às 18h nas nossas recomendações de sexta-feira, aqui estão alguns detalhes sobre o programa e a ocasião.

Atenção também à hora que erradamente tínhamos mencionado como sendo 18:30. As nossas desculpas.

Se estiverem perto de Évora não hesitem !

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Uma sugestão de ultima hora e uma promessa

Bem para quem estiver em Lisboa acabei de ler agora num jornal que Gerardo Ribeiro irá tocar amanhã no CCB com a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Gerardo Ribeiro é um dos maiores violinistas portugueses (lecciona actualmente nos Estados Unidos). Se tiverem oportunidade não percam a ocasião. É às 17h de amanhã no CCB os preços são entre €10 e €20. Integrado no ciclo Diálogos poderão ouvir obras de dois compositores sem duvida contrastantes: Berg e Schumann.

Por mim estou agora de saída para o Coliseu para ouvir a Filarmónica de São Petersburgo que irá tocar duas das minhas composições preferidas: O Concerto nº1 para Piano e Orquestra de Tchaikovsky e a suite do Lago dos Cisnes. Programa familiar com mulher e filho, o que torna a coisa ainda melhor ... A promessa é que amanhã vos contarei como foi.

PS: Acabei agora de vir do Estádio Universitário onde vi os nossos Lobos derrotar a Republica Checa por um expressivo 42-6. Foi muito engraçado ver o ambiente de tantos miúdos das escolas de Râguebi a invadirem o relvado no intervalo e no fim do jogo e poderem estar com os jogadores da nossa selecção sénior. Excelente promoção da modalidade, num jogo de que gosto muito ... deve ser a minha costela francesa :-) :-) ou talvez não ...

Beethoven Sonata nº 12 Op. 26 (Marcha Fúnebre)

Esta sonata é bastante original na sua forma. Em primeiro lugar porque tem quatro andamentos. Em segundo lugar porque se inicia com um andamento relativamente lento para depois retomar o esquema "normal" que por agora os leitores mais atentos deste blog já conhecem ... rápido-lento-rápido.

Esta peça, em Lá Bemol Maior foi composta em 1800-1801 aproximadamente na mesma altura que Beethoven compunha a sua primeira sinfonia.

Para vos ilustrar esta peça escolhi um pianista de quem já falámos. Poderão ver aqui Emil Gilels (1916-1985), pianista russo considerado um especialista de Beethoven interpretar o primeiro andamento (Andante com variações).

Podem ouvir o segundo andamento (Scherzo, allegro molto) aqui pelo mesmo pianista como vos disse.

O terceiro andamento (Maestoso andante, marcia funebre sulla morte d'un eroe) que de certa forma prenuncia a terceira sinfonia de Beethoven (Eroica e aquele fantástico andamento lento). Oiçam este andamento aqui.

O andamento final (Allegro) pode ser ouvido aqui.

Conforme poderão ter constatado se leram os comentários a interpretação de Emil Gilel não é consensual. Poderão ouvir uma outra interpretação de um outro fantástico pianista Benno Moiseiwitsch para poderem comparar ... A primeira parte aqui e a segunda aqui (não está dividido por andamentos como no caso de Gilels) e é apenas o som (não tem video) mas garanto-vos que vale a pena ouvir.

Se me perguntarem qual dos dois prefiro tenho confessar que gosto mais da interpretação de Moiseiwitsch mas penso que é uma questão de detalhe porque realmente as duas interpretações são fora-de-série.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Beethoven - Sonata para piano nº 8 Op. 13 (Pathétique)

Voltamos hoje às obras de Beethoven iniciando agora um ciclo sobre as suas sonatas para piano solo. Não vamos nesta fase ouvir todas as sonatas irei - sinceramente - manter o meu critério de vos mostrar em primeiro lugar aquelas que são mais "fáceis" de ouvir. Para quem não conhece é uma boa forma de se introduzir no mundo da música clássica. Para quem já conhece - é sempre bom recordar. Por outro lado tento sempre trazer interpretes que estejam eles também ligados à história da música clássica.

Esta Sonata para piano tem claro três andamentos dispostos na sequência tradicional: (andamento rápido-lento-rápido), embora o primeiro andamento comece de forma bastante "sombria". Esta sonata está cheia de melodias que todos trauteamos sem saber que fazem parte desta obra. Se quiserem comecem por ouvir logo o segundo andamento para perceberem o que vos estou a dizer.

Foi composta em 1798 tendo sido publicada no ano seguinte. A Sonata em Dó menor foi dedicada ao seu amigo o Prince Karl von Lichnowsky. Embora se pensasse que o nome tivesse sido escolhido por Beethoven considera-se mais provável que tenha sido determinado pelo editor embora com a concordância do compositor.

Para o primeiro andamento (Grave - Allegro di molto e con brio) escolhemos o jovem pianista Inglês Freddy Kempf. Podem ouvir este andamento aqui.

O segundo andamento (Adagio cantabile) poderão ouvi-lo na interpretação de Wilhelm Kempff (1895-1991) Como vos disse é talvez o andamento mais conhecido desta sonata e é lindíssimo. Oiçam esta interpretação fantástica aqui.

Para o terceiro andamento (Rondo: Allegro) escolhemos um pianista de que já por várias vezes falamos Glenn Gould . Podem ouvir este andamento aqui.

Recomendações da Quinta à Sexta

Atenção à correcção da hora do concerto em Évora! 18h em vez de 18:30!

Bem voltamos de novo às Sextas-Feira. Desta vez temos uma boa desculpa, é que o nosso computador mostrou sinais de cansaço e resolveu funcionar a tempo parcial ... enfim esperamos resolver isto rapidamente. Não se esqueçam do nosso lema (embora emprestado) : Ao vivo é outra coisa ! Saiam dos vossos sofás e vão ouvir música ao vivo. A maioria das recomendações feitas são de entrada livre ou a preços muito razoáveis, nem sequer há a desculpa do orçamento !

Não se esqueçam da recomendação que temos vindo a fazer para o concerto em Alcains hoje às 21:30, detalhes aqui.

No que diz respeito ao resto do país começando pelo sul como é costume, no Algarve em Tavira na Igreja da Misericórdia poderão ouvir Sábado 16 de Fevereiro pelas 18h um recital de piano por João Almeida. Entrada Livre.

No dia 17 de Fevereiro (Domingo) em Évora no Convento dos Remédios pelas 18h poderão ouvir o Coro Gregoriano de Lisboa. Não tenho mais detalhes sobre programa ou preço dos bilhetes por isso se alguém souber por favor que se pronuncie ...

Em Lisboa na Fundação Calouste Gulbenkian para quem gosta de António Rosado (eu confesso que sou fã) poderão ouvir na Segunda-Feira 18 de Fevereiro às 19h um trio com
António Rosado, David Lefèvre e Maria José Falcão. Entrada €10. Reservas: 217823000

No Porto a Orquestra Nacional do Porto e Ana Bela Chaves dirigidos por Cristian Orosanu na Casa da Música. É uma oportunidade para poderem ouvir a nossa grande violetista por isso se estiverem nessa zona do país aproveitem. É já hoje, sexta-feira 15 de Fevereiro às 21h. Entrada: EUR 15,00. Reservas: 220120220. O programa é composto por obras de Luís de Freitas Branco - Suite Alentejana n.º 1; Astor Piazzolla - Aconcagua, para viola e orquestra e L. van Beethoven - Sinfonia n.º 4.

Finalmente na Madeira e porque há muito tempo que já não faziamos uma recomendação para esta região do país no Sabádo dia 16 de Janeiro às 21:30 na Igreja de Santa Clara (Funchal)poderão ouvir o Coro Juvenil e Ensemble Vocal Regina Pacis do GCEA dirigidos por Zélia Ferreira Gomes. Sendo dois grupos de jovens artistas aqui fica uma breve descrição de ambos os grupos para finalizar o nosso post.

O Coro Juvenil do Gabinete Coordenador de Educação Artística foi constituído em Janeiro de 1991, na dependência da Secretaria Regional de Educação. Actualmente é composto por 35 jovens com idades compreendidas entre os 13 e os 22 anos.

O Ensemble vocal "Regina Pacis" do Gabinete Coordenador de Educação Artística, foi constituído em Fevereiro de 2001 na dependência da Secretaria Regional de Educação, com principal objectivo de dar a conhecer ao público a polifonia renascentista Portuguesa, embora o seu repertório não se limite a este género musical. Constituído por sete jovens estudantes de canto ( 3 Sopranos, 2 Altos, 1 Tenor, 1 Baixo) com idades compreendidas entre os 17 e os 26 anos.

A direcção artística é da responsabilidade da Prof.ª Zélia Ferreira Gomes.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Dia 14 de Fevereiro - Dia dos Namorados - Para a Mafalda

Bem hoje vão-me perdoar mas vou interromper momentaneamente a música clássica para fazer um post dedicado ao dia dos namorados. Não é que ligue muito a este tipo de dias mas acho piada a este em particular. Suponho que deve ser a minha faceta romântica. A minha sugestão não vai ser "Eu sou romântico" do Tony de Matos que poderiam ver aqui embora pudesse ...

Não, como este post é totalmente dedicado à Mafalda minha namorada de há mais de 20 anos e minha esposa teria que ser uma música da MPB. Hesitei entre uma das várias canções da Simone e um poema do grande Vinicius. Fiquei pelo Vinicius numa canção (das muitas) mas esta é especial ...

Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar

Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.

Como nota de rodapé ouvi hoje na Antena 1 uma fabulosa crónica de João Gobern sobre Henri Salvador que faleceu ontem. Poucas pessoas terão a noção da influência deste homem na história da música popular mas sem exagero é uma referência na música popular françesa, tendo trabalhado entre outros com o grande Django Reinhardt, ou criado o Rock Françês com uma canção baseada num poema de Boris Vian como também e sobretudo influênciado com a sua canção "Dans mon ile" António Carlos Jobim a criar o estilo "Bossa Nova". Bem hajas João Gobern por nos teres lembrado tudo isto.

É triste que ontem tenha falecido um dos grandes simbolos da canção françesa e que ninguém hoje lhe faça menção. Como dizia Gobern "La Fin de la Chanson Douce". Fiquem com uma canção bem disposta bem à imagem do que Henri sempre foi ... Estará agora concerteza na companhia de Jobim, onde quer que acreditem que estejam, possivelmente compondo com uma garrafita de Whisky ...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Beethoven - Concerto para Piano e Orquestra nº 4 Op. 58

Como não foi ontem tinha de ser hoje o dia para ouvirmos o 4º Concerto para piano Op. 58 de Beethoven. é tal como o 5º concerto que já ouvimos aqui, uma obra extraordinariamente poderosa e emocionante (aliás desse ponto de vista até talvez que o 5º).

Este concerto composto em 1805-1806 tendo sido estreado numa sessão privada no palácio do patrono de Beethoven Prince Lobkowitz em 1807. Foi estreada publicamente no ano seguinte em Viena durante uma espécie de concerto maratona que durou mais de 4 horas e que incluiu também as estreias da quinta e da sexta sinfonias. Imaginem o privilégio de ter podido assistir a essa sessão.

O concerto em Sol Maior segue a estrutura normal de um concerto do período clássico com três andamentos (rápido-lento-rápido)

Para o primeiro andamento (Allegro Moderato - Sol Maior) escolhi de novo um pianista de que já vos mostrei algumas interpretações por várias razões. Em primeiro lugar porque é para mim um dos melhores de sempre, em segundo porque este vídeo escapando à regras do You Tube, não me perguntem como, tem mais de 10 minutos pelo que poderão ver o andamento todo sem interrupções. Oiçam assim Rubinstein aqui.

Estou especialmente feliz hoje porque finalmente consegui ilustrar uma das peças que escolhi com um exemplo totalmente falado em Português e que junta os dois lados do Atlântico. Portugal e o país irmão, Brasil. Na verdade para o segundo andamento (Andante con moto em Mi minor) encontrei a Maria João Pires a tocar com a orquestra sinfónica da Bahia dirigida por Ricardo Castro no Teatro Castro Alves em Salvador da Bahia. Oiçam o segundo andamento aqui.

Para o terceiro andamento (
Rondo Vivace Sol Maior) encontrei uma interpretação fabulosa de um pianista da "velha guarda", Wilhelm Backhaus. Oiçam este andamento aqui.

Concerto em Alcains - 15 de Fevereiro às 21:30

O blog de uma das nossas mais fieis leitoras deu-nos conta de um concerto que terá lugar em Alcains no dia 15 de Fevereiro no Auditório do Centro Cultural de Alcains pelas 21:30. Eu sei que ainda não é quinta-feira mas assim terão mais tempo para preparar a vossa agenda. Leitores de Alcains, Castelo Branco e arredores não percam mesmo. Nada de preguiça já sabem o lema (que me desculpem os praticantes de outras fés mas aqui vou pedir emprestado um slogan cuja cor não é universal mas que é a minha) ... Ao Vivo é Outra Coisa !

Muito mais informações sobre o programa, bilhetes, artistas, ..... Aqui ! E não se preocupem que ainda vou repetir este primeiro aviso para os mais esquecidos :-)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Beethoven - Missa Solemnis

Hesitei hoje entre o 4º concerto para piano e orquestra e uma das duas missas que Beethoven compôs. Como hoje foi um dia muito intenso para muitos dos músicos e estudantes de música no nosso país (leiam o que se passou no conservatório hoje no Episema e orgulhem-se dos alunos de música que temos) resolvi que precisávamos todos de um pouco de calma para retemperar forças.

Para mim nada faz isso melhor do que uma chávena de café (eu sei que não é nada canónico, ficaria melhor dizer chá ou cacau mas sinceramente o café é mesmo o meu vício) e uma composição como esta, dirigida por Bernstein.

Fiquem com o Kyrie da Missa Solemnis de Beethoven que podem ouvir aqui. Se ainda tiverem forças, se a adrenalina do dia ainda vos estiver a roer então podem continuar com o Glória (primeira parte e segunda parte) , Credo (primeira e segunda parte) e o Sanctus.

Se depois de tudo isto ainda estiverem com forças bem então podem sempre dedicar o vosso tempo a ler mais alguns dos meus posts antigos. Garanto-vos que ao terceiro ou quarto estarão prontos para uma noite de sono ou um novo dia de trabalho consoante as horas de leitura ...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Christoph von Gluck (1714-1787)

Este compositor alemão não alcançou obviamente a notoriedade dos três compositores que formam a linha condutora do período clássico (Haydn-Mozart-Beethoven) mas não deixou de criar algumas obras primas.

VIDA

Nasceu a 2 de Julho de 1714 em Erasbach e morreu a 15 de Novembro de 1787 em Viena de Áustria. Foi um viajante quase compulsivo tendo estado em Itália (Milão), Londres, Dresden, Praga, Viena e Paris. Foi nesta ultima cidade onde acabou por conhecer os seus maiores sucessos e onde esteve praticamente até à sua morte.

OBRA

Gluck notabilizou-se essencialmente pelas suas óperas. Dessas óperas Iphigénie en Aulide (1774)a primeira que realizou na sua estada em Paris e baseada numa peça de Racine, Alceste (1767) mas depois largamente revista para uma segunda interpretação em Paris (1776) e também Orfeo e Euridice (1762) também ela fortemente revista para a interpretação em Paris (1774).

Para complicar ainda mais a história Berlioz fez uma versão desta ópera em 1859 onde utilizou uma parte do material introduzido em 1774 mas encurtou a ópera para três actos. A versão que é hoje interpretada é uma mistura destas várias versões.

Uma obra interessante de Gluck que nunca chegou a ser estreada foi a "La Corona". Esta obra que deveria ser estreada em 1765 foi interpretada pela Cecilia Bartoli que como os mais atentos sabem esteve este fim de semana em Lisboa. Assim escolhi uma belíssima aria desta ópera para vos ilustrar o génio de Gluck que podem ouvir aqui.

Da sua obra mais conhecida Orfeo e Euridice por agora gostava de vos mostrar esta transcrição que o grande violinista fez de uma das melodias da ópera. Vejam aqui.

Beethoven - Triplo Concerto para Piano, Violino e Violoncelo

Este concerto para violino, piano e violoncelo Opus 56 é normalmente referido como o "Triplo concerto". Foi composto em 1803 embora a primeira apresentação pública conhecida apenas tenha ocorrido em 1808.

Este concerto segue a estrutura "tradicional" de um concerto com a habitual estrutura andamento rápido-lento-rápido. O segundo andamento funciona como uma espécie de introdução longa para o terceiro que é tocado sem interrupção.

1. Allegro
2. Largo
3. Rondo alla Polacca

Para vos mostrar este concerto tenho obviamente que começar por uma interpretação absolutamente histórica (aliás admito que é uma das razões pelas quais hoje vos falo desta obras). Estávamos então em 1970 em plena guerra fria e em Moscovo por ocasião do 50º Aniversário da Filarmónica de Moscovo reunem-se Rostropovich no Violoncelo, Richter no Piano e Oistrack no Violino. A orquestra foi dirigida por Kyril Kondrachin.

Oiçam aqui a primeira parte do primeiro andamento.

Uma interpretação melhor do que esta é sem dúvida praticamente impossível. Porém estamos muito perto com a segunda interpretação que vos vou propôr. Uns anos mais tarde mais um trio infernal desta vez
Itzhak Perlman (Violino), Yo-Yo Ma (Violoncelo), e Daniel Barenboim no piano e na direcção de orquestra que neste caso era a Filarmónica de Berlim. Por mim declaro um empate técnico mas julguem por vós próprios depois de terem ouvido aproximadamente o mesmo extracto por estes três aqui.

Se fosse possível fazer essa mistura eu ficava com o Rostropovich da primeira interpretação e tudo o resto da segunda (embora no violino e no piano na verdade não me importaria de ficar com qualquer uma das interpretações). No violoncelo, na orquestra e na sua direcção aí sim tenho uma preferência marcada ...

A propósito tanto no You Tube como em DVD podem assistir a estes dois concertos, claro que em DVD terão o som e a imagem no seu máximo esplendor ...

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Beethoven - Sonata para Violoncelo nº3 Opus 69

Como temos estado centrados no Violino e no Piano há muito que não ouvimos uma peça para Violoncelo. Ora Beethoven pode ter sido o primeiro a compor uma Sonata para este instrumento.

Esta sonata nº3 composta em 1808 rompe também com a habitual construção (andamento rápido-lento-rápido) sendo ao invés o andamento lento o ultimo. Temos assim a seguinte sequência:

1. Allegro, ma non tanto
2. Scherzo
3. Adagio cantabile – Allegro vivace

Para vos ilustrar esta magnifica peça escolhi uma interprete que é daquelas que quase não precisa de tocar para fazer música. Neste caso não vão poder ver (é apenas o audio com uma foto) mas a sua presença em palco é algo de inexplicável. Fiquem então com o primeiro andamento desta composição interpretado por Jacqueline du Pré aqui.

Recital de Ontem da Maria Viseu - Beethoven , Brahms e Mendelssohn

Como prometido hoje vou falar-vos um pouco mais do recital que fui ouvir ontem. Como vos tinha dito era um recital quase completamente do período romântico (excepção feita à peça de Beethoven). Como verão pelos extractos das peças que escolhi foi um recital muito interessante em que a Maria Viseu mais uma vez demonstrou ser já mais do que uma simples promessa. Claro que há ainda muito trabalho a fazer antes de estar ao nível dos que vamos aqui ouvir de seguida mas em meu entender tem potencial para lá chegar.

O programa começou com o primeiro andamento da Sonata Primavera (Opus. 24) de Beethoven. Foi um excelente começo. Já vos mostrei na Quinta duas interpretações excelentes deste primeiro andamento hoje ficam com uma das meninas bonitas do violino Nos dias de hoje deveria dizer "senhora", "menina" era mais no tempo de Karajan como também já vos mostrei neste blog. É uma interpretação muito diferente das que vos mostrei ontem (reparem nas variações de tempo). Podem ver este vídeo aqui.

De seguida pudemos ouvir a segunda sonata de Brahms para violino e piano. No Youtube não encontrei nenhuma interpretação aceitável por isso tive de criar o meu pequeno vídeo. Na realidade limitei-me a juntar uma fotografia do Brahms e do violinista Vladimir Kogan com uma interpretação do primeiro andamento desta sonata. Podem ver este pseudo-video aqui.

O programa do recital terminou com o ultimo andamento do concerto para violino em Mi Menor de Mendelssohn. Escolhi para ilustrar este andamento uma jovem violinista Sarah Chang que poderão ouvir com a Filarmónica de Nova Iorque dirigida por Kurt Masur aqui.

Mais concertos para o fim de semana (Cascais/Oeiras)

Sei que é um pouco em cima da hora, a primeira das recomendações adicionais é para daqui a 3 horas. Como dizia um anúncio há uns largos anos "seria impulse" :-)

Hoje Sábado, 9 de Fevereiro às 18h00 no Museu Música Portuguesa - Casa Verdades Faria "GRANDES OBRAS DE MÚSICA DE CÂMARA" pelos Solistas da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras. Grazia di Venere estará no piano.

Programa:
C. Frank
Quinteto para piano, dois violinos, viola e violoncelo em Fá menor
R. Schumann
"Phantasiestucke" para piano, violino e violoncelo Op. 88

Amanhã (aqui já têm mais tempo para pensar),Domingo, 10 de Fevereiro às 18h30 no auditório do Centro Cultural de Cascais o "CARNAVAL CONCERTO" para a família. Serão interpretadas obras de O. Riding, G. Rossini, J. Haydn, L. Anderson e outros. Pela orquestra de Oeiras e Cascais dirigida pelo maestro Nikolay Lalov.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Beethoven - Für Elise WoO 59

Para variar um pouco do violino não falarei agora do concerto que vi no fim da tarde de hoje. Fica para amanhã. Para hoje e porque já é tarde tenho um pequeno "doce" : Uma especie de "Mon Cheri" virtual passe a publicidade.

Aliás à imagem destes chocolates melhor seria que esta música também se retirasse de quando em vez para guardar a frescura. É que de tanto a ouvirmos às vezes bem ... é como os Nocturnos de Chopin, são belíssimos mas já os ouvimos tantas vezes "chacinados" como música de fundo, em elevadores em casas de banho ou mesmo em restaurantes românticos onde o romance não correu assim tão bem que quase (e sublinho o quase) já não nos conseguimos recuperar o gosto.

Certamente já advinharam que estou a falar de "Für Elise" uma Bagatelle composta por volta de 1810 em Lá menor. Pensa-se que terá sido dedicada a Therese Malfatti von Rohrenbach zu Dezza por quem Beethoven teria estado apaixonado.

Na missão impossível de nos lavar os ouvidos das versões "midi" e de casa de banho vamos ouvir uma versão do pianista Holandês Gerard Hengeveld (1910-2001) aqui.

Concerto em Sétubal - Mais uma sugestão

A Liga dos amigos do Fórum Luísa Todi recém criada para ajudar a angariar fundos para a recuperação daquele espaço vital na vida cultural da cidade vai realizar no próximo dia 9 pelas 21:30 um concerto cujo objectivo é precisamente a angariação de fundos.

Porque já tive oportunidade de naquele espaço ouvir alguns concertos não podia deixar de fazer a minha parte na divulgação deste espectáculo.

De acordo com o site www.setubalnarede.pt o espectáculo apelidado "Volto Já Forum" contará com os seguintes intervenientes:

Toy, Coro de Câmara de Setúbal, Teatro Animação de Setúbal, Academia de Dança Contemporânea, tenor Marcos Santos, pianistas Rui Serôdio e António Laertes, fadistas Georgette de Jesus e António Severino e grupo de violinos Paganinus, do Conservatório Regional de Setúbal, entre outros.

Fórum Municipal Luísa Todi, Sábado 9 de Fevereiro às 21:30h
Preço 10 € (plateia e tribuna); 5 € (balcão)

Se estiverem perto de Sétubal, não faltem.

Beethoven - Sonata "Primavera"

Antecipando um pouco o concerto de logo à tarde (sim porque já é Sexta-Feira) prosseguindo na nossa viagem pelas peças de Beethoven hoje vamos muito simplesmente dar-vos a conhecer a peça Primavera pela simples razão que é uma das peças que irei ouvir às 18h no concerto de que já vos falei e que está em destaque aqui na "caixa" ao lado deste texto.

É assim apenas um aperitivo para quem queira ir como eu assistir ... já que amanhã continuaremos a examinar a totalidade desta obra.

Mais uma vez não há problema na escolha. Apenas há a dificuldade face a pelo menos duas duplas de interpretes que são verdadeiros monstros da história da música. Como não conseguimos escolher aqui ficam os dois. Oiçam só estes 7/8 minutos e perceberão porque razão vale a pena ouvir música clássica. Quanto à escolha é como vos digo, venha Deus e que o faça. Eu tenho uma preferência para esta peça em particular, acho que o som do Szeryng é mais "doce" do que o do Oistrakh e logo mais adequado, mas isto sou eu o eterno romântico, outras preferências podem ser aplicadas com igual justiça.

David Oistrakh e Lev Oborin

Szeryng e Rubinstein

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

As Recomendações de Quinta

Como de costume hoje é dia das nossas recomendações para o próximo fim de semana.

Começamos pelo sul do país no Algarve na Sexta-Feira (8 de Fevereiro) às 21:30, no Teatro das Figuras, Faro. Poderá ouvir a Orquestra do Algarve dirigida pelo Maestro Cesário Costa sendo Solistas: Sónia Alcobaça (Soprano), Raquel Camarinha (Soprano) Patrícia Quinta (Meio-soprano). Um programa variado desde Vivaldi até Bizet com uma estreia absoluta Minha partilha de mim de João Antunes.

Em Lisboa não esqueçam que na Sexta ás 18h poderão assistir ao concerto da jovem violinista Maria Viseu (mais informação aqui).

Também em Lisboa no Domingo sugerimos a Orquestra Académica Metropolitana, sob direcção de Jean-Marc Burfin no Centro Cultural de Belém (CCB) às 17h00. Entrada: EUR 5,00. Reservas: 213612444. O programa será constituído por obras de Brahms, Weber e Schumann.

Indo agora para os Açores e mesmo a propósito do nosso tema Beethoviano e para o caso de existir algum leitor nas ilhas (pelas minhas estatisticas não, mas nunca se sabe :-))poderão ouvir a «Sinfonia nº 1 e 2» de Beethoven por - António Rosado e Alexei Eremine. Teatro Micaelense - Centro Cultural e de Congressos. Dia 09 (Sábado) às 21:30. Entrada: EUR 15,00. Reservas: 296308340 / 296308350 / 214346304

Finalmente no Norte duas recomendações desta vez ambas para a zona do Porto. A primeira um programa para os mais novos. Integrado nos «Concertos Promenade 2008» poderão ouvir «A Floresta», de Eurico Carrapatoso no Coliseu do Porto dia 10 (Domingo)às 11h30. Entrada: EUR 10,00 / EUR 5,00.Reservas: 223394948

No Auditório de Espinho como sempre muita variedade e qualidade na programação desta vez com um grupo vindo da Holanda . Hans Hof Ensemble e Ensemble SOIL - Under Construction - Dias 8 e 9 de Fevereiro, Sexta-feira e Sábado às 21:30. Bilhete normal: 5 euros. Preço reduzido: maiores de 65 e menores 25 anos: 3 euros.

Um espectáculo onde o teatro, a dança e a música encontram-se numa peça em que cinco pessoas alimentam o seu pequeno e próprio universo. Assiste-se à construção de um sítio para viver, presencia-se a forma como todos se arrastam uns aos outros nos seus desejos, sonhos e até pesadelos. Insistentemente, trabalham de forma enérgica e tentam obter o controlo do mundo. Um cenário que se repete vezes sem conta – na esperança, no desespero e nas ruínas.

Mais uma vez agradecemos aos nossos amigos da Sercultur algumas destas sugestões e recomendamos a visita cultura.sapo.pt para outras propostas que não destacamos aqui.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Claudio Arrau, Beethoven e a Liberdade

Hoje o pianista chileno Claudio Arrau faria 105 anos. Se têm seguido o meu blog lembram-se certamente de algumas das suas interpretações por exemplo esta. Tinha preparado um post com uma pequena biografia de Arrau mas o nosso blog de referência Desnorte antecipou-se e certamente fê-lo melhor do que eu , por isso leiam aqui o resumo da vida de um homem que sempre batalhou pelos direitos humanos, pela liberdade contra a tirania, tal como Beethoven.

Talvez por isso Arrau foi um dos melhores interpretes de Beethoven. Tinha também planeado mostrar-vos uma sonata de Beethoven que encontrei no You Tube mas mais uma vez outro dos nossos sites de referência antecipou-se. Por isso vejam aqui o que o site do curso de piano do conservatório de Setúbal preparou para vós sobre Arrau (a propósito é a efeméride 101, pena que não seja a 105, era giro !)

Poderia ainda falar-vos das inúmeras glórias e sucessos que Arrau foi juntando ao longo da sua carreira. Prefiro no entanto terminar apenas com três videos de cerca de 36 minutos no total em que Claudio Arrau responde a uma série de perguntas sobre a sua vida e sobre a arte. Não sei que impressão vos causará a vós. O que vos posso dizer é que conhecia a voz do seu piano e esta emocionava-me. A voz dele a falar de arte transmite pelo tom calmo, pela forma de falar exactamente a mesma dimensão transcendental que apenas os grandes génios podem conseguir.
As perguntas nem sempre são as mais inteligentes, mas até aí Claudio Arrau se supera.

Entrevista a Claudio Arrau - Parte 1
Entrevista a Claudio Arrau - Parte 2
Entrevista a Claudio Arrau - Parte 3

Concerto Aberto Antena 2 com a jovem violinista Maria Viseu

Ainda não é quinta-feira mas como este concerto é Sexta a uma hora complicada fica já aqui a divulgação. Se puderem não faltem. Garanto-vos que vale a pena! Beethoven, Brahms e Mendelssohn para um concerto quase totalmente romântico :-)

A jovem violinista Maria Viseu, vencedora do Prémio Jovens Músicos em 2006, apresenta-se em Recital com o pianista Ian Mikirtoumov na próxima 6ª feira, 8 de Fevereiro, às 18 horas no Auditório da Fundação Portuguesa das Comunicações (Rua do Instituto Industrial, 16 - próximo do Mercado da Ribeira). Entrada Livre.

Neste Recital, integrado no programa "Concerto Aberto" da Antena 2 da RDP, Maria Viseu, oriunda da Academia de Música de Lisboa e elemento dos Violinhos, interpreta um aliciante programa de onde se destacam a Sonata "Primavera" de Beethoven, a Sonata Nº2 de Brahms, e o Concerto de Mendelssohn.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Beethoven - 5º Concerto para Piano

Se ontem falámos de uma das grandes obras de Beethoven hoje iremos abordar uma outra que é não menos importante. O 5º concerto para Piano em Mi Bemol Maior.

Este concerto foi composto entre 1809 e 1810 em Viena tendo sido estreado em 1810 em Leipzig. É conhecido pela sua grandiosidade como "Imperador" mas conhecendo o gosto de Beethoven duvido que aprovasse a designação!

O primeiro andamento (Allegro em Mi Bemol Maior) é profundamente inovador na forma (como aliás o quarto já tinha sido ao abrir directamente com o solista) ao criar uma série de "pseudo-cadencias" como resposta a alguns acordes da orquestra. Quebrando mais uma tradição não existe cadência no fim do andamento (uma cadência num concerto para os que não estão familiarizados com este termo significa uma passagem em que o instrumento solista interpreta uma passagem sozinho sem acompanhamento da orquestra, normalmente uma passagem de grande virtuosismo. A este propósito falámos ontem das cadências que Kreisler escreveu a para o concerto para Violino. Na verdade na tradição dos grandes instrumentistas do século XIX e princípios do século XX era normal estes escreverem esta parte das obras que funcionavam como uma demonstração de virtuosismo (esta tradição vem desde o barroco). Bem o parênteses já vai longo por isso fiquemos com Claudio Arrau pianista Chileno no primeiro andamento deste magnifico concerto. Dada a extensão do mesmo está dividido em duas partes, poderão ouvi-lo Aqui - Parte1 e Aqui - Parte 2.

O segundo andamento (Adagio un poco mosso em Si Maior) é um dos meus andamentos preferidos. Por vezes parece que estamos a ouvir Chopin (e tratando-se de piano isto é um elogio). Aliás é melhor que Chopin porque não temos apenas o piano, temos o piano e uma orquestração genial. São apenas subtis aflorar de cordas e de sopros mas que contribuem para o grande lirismo deste andamento. Para ilustrar este andamento escolhi uma interpretação de Van Cliburn o grande pianista norte-americano que em 1958 conquistou o primeiro prémio Tchaikovsky. Podem ouvir este andamento aqui.

O terceiro andamento (Rondo: Allegro ma non troppo - Mi Bémol Maior) é bastante exuberante e um claro contraste com o segundo andamento. Note-se que este andamento é "atacado súbito" - não existe paragem entre o segundo e o terceiro andamento. Para ilustrar este andamento escolhemos uma interpretação do grande pianista Russo Lev Oborin vencedor do primeiro prémio Chopin em 1927 que podem ouvir aqui.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Beethoven - Concerto para Violino em Ré Maior

Das obras para piano solo passamos hoje para o concerto para Violino em Ré Maior Opus 61. Este concerto foi composto para o seu colega violonista Franz Clement. No entanto o concerto não foi um sucesso imediato e na verdade só por uma vez voltou a ser executado na vida de Beethoven (Berlim 1812).

Devemos mais uma vez a sua redescoberta a um compositor de quem já falamos algumas vezes Mendelssohn que em 1844 dirigiu uma interpretação sendo o solista o famoso violinista Joseph Joachim (de que iremos falar mais tarde a propósito de Brahms por exemplo). Nunca é demais salientar o papel que Felix Mendelssohn teve no redescobrir de tantas e tantas obras (S. Mateus de Bach por exemplo). Na verdade este concerto já tinha sido tocado em 1834 por Vieuxtemps que tinha na altura 14 anos mas esse facto passou desapercebido. Em grande parte porque contrariamente a atitude prevalecente na época o concerto de Beethoven é na verdade um concerto para Violino e Orquestra e não apenas um concerto para fazer brilhar o solista com uma orquestra subserviente e secundária.

Desde essa data (1844) este concerto passou a ser uma peça das mais executadas do repertório de violino o que é aliás inteiramente merecido. Sendo como é uma das peças mais significativas do reportório de um violinista não admira que seja fácil encontrar várias interpretações deste concerto no You Tube. Tivemos mesmo uma tremenda dificuldade de escolha ...

O primeiro andamento (Allegro ma non troppo - Ré Maior) caracteriza-se pela utilização orquestral dos timbales e das madeiras prática em que Beethoven levou as experiências anteriores de Mozart às ultimas consequências. Para ilustrar este primeiro andamento escolhemos Yehudi Menuhin que podem ouvir aqui . Orquestra dirigida por Colin Davis.

O segundo andamento (Larghetto - Sol Maior) caracteriza-se por uma melodia "leve", "etérea". Para este segundo andamento escolhemos Isaac Stern com a Orquestra Nacional de Paris dirigida por Claudio Abbado. Podem ouvir este andamento aqui.

O terceiro andamento (Rondo - Allegro) caracteriza-se pelo aparecimento sucessivo de um tema que provavelmente muitos de nós já ouvimos ... só não sabemos de que se trata ... Para este andamento escolhemos uma gravação de 1968 com a Filarmónica de Londres dirigida por Sir Adrian Boult. O solista é David Oistrakh (1908-1974) sem margem para duvidas um dos grandes violinistas do século XX. Podem ouvir este andamento aqui.

Em extra proponho-vos também que oiçam este concerto numa interpretação que vou considerar histórica já que é de Kreisler o autor das cadências que são normalmente interpretadas com este concerto (o tema das cadências seria só por si um post que irei eventualmente um dia fazer) mas por agora se quiserem ouvir esta gravação de 1926 cliquem aqui (nota: só para ver o gira-discos em que isto é tocado vale a pena .... ).

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Beethoven - Sonata para piano "Appassionata"

Esta sonata (Opus 57) em Fá menor foi composta em 1804-1805 sendo na altura da sua composição e estreia (1807) uma autêntica revolução na composição para piano. Na verdade esta peça levava os instrumentos da época de Beethoven aos limites (alguns consideravam mesmo para além dos seus limites). O nome pela qual é referida não foi escolhido por Beethoven mas pelo editor da partitura. Porém aparentemente Beethoven aprovou a designação razão pela qual esta se mantém nos nossos dias.

É uma peça apaixonada de fortes alternâncias entre passagens calmas e outras de violentos acordes. Os três andamentos da Sonata seguem a forma "clássica" (rápido-lento-rápido). Como de costume nestes casos escolhemos três interpretes diferentes para cada um dos andamentos para vos dar a conhecer ou relembrar grandes instrumentistas. Desta vez escolhemos Gilels, Arrau e Rubinstein.

O primeiro andamento (Allegro Assai) é composto com base em dois temas que se entrecruzam com grandes variações de dinâmica, registo e andamento. Para vos ilustrar este andamento escolhemos mais uma gravação de 1957 do grande pianista Russo Emil Gilels (1916-1985). Podem ouvir este primeiro andamento aqui.

O segundo andamento (Andante con moto - attacca) começa com um tema em acordes sendo repetido por três variações cada vez mais agudas e mais complexas. Este andamento termina de forma bastante misteriosa. Já falamos de Claudio Arrau - que escolhi para vos mostrar o segundo andamento - aqui. Podem ouvir o segundo andamento aqui.

O terceiro andamento (Allegro ma non troppo - Presto) é composto por um tema que é repetido até à coda que contém um tema completamente novo. Para este terceiro andamento escolhemos uma interpretação de Artur Rubinstein. Podem ouvir o terceiro andamento aqui.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Beethoven : Fidélio a sua única opera

Beethoven compôs uma única opera mas que ópera ! composta em 1804 em dois actos conta a história de Leonore que disfarçada de Fidélio salva o seu marido Fleurian de uma prisão politica.

A história retrata a vitória do livre arbítrio e da liberdade sobre a opressão e a tirania. Como em muitos das composições que realizou Beethoven teve de se esforçar consideravelmente até chegar ao resultado final que conhecemos hoje.

Fidelio na sua versão original tinha três actos e conheceu uma primeira exibição com pouco sucesso (note-se que na altura Viena estava ocupada pelos exércitos franceses o que também diz muito da coragem de Beethoven ao propor uma peça que sem duvida não lhes agradava muito). Após esta primeira exibição Beethoven com a ajuda do seu amigo Stephan van Breuning, encurtou a ópera para 2 actos. A própria abertura conheceu uma nova versão sendo hoje a peça conhecida por Leonore nº 3.

Leonore nº 3 dirigida por Bruno Walter em 1941.

Entre a data desta segunda revisão e a versão final de 1814 Beethoven efectuou uma revisão bastante profunda da obra tendo inclusivamente substituído a abertura (Beethoven achava que a abertura existente pelo seu excessivo peso retirava o brilhantismo às primeiras arias do primeiro acto) escrevendo assim uma abertura totalmente nova que é a utilizada hoje.

Esta opera está profundamente ligada à reconstrução da Europa pelo menos do ponto de vista musical dado que foi a composição escolhida para marcar a reabertura das operas de Berlim e Viena. É precisamente desta ultima reabertura que vos quero mostrar os últimos minutos.

Veja a Reabertura da Opera de Viena com a Opera Fidélio aqui.

A Educação Musical em Portugal - Mais um atentado

Como se não chegasse já o facto da educação musical ser vista como algo "dispensável" ou superfluo vem o ministério da educação agravar esse estado de coisas com um projecto de lei - que embora eu acredite seja proposto com a melhor das intenções - na prática se vai revelar de acordo com a opinião da esmagadora maioria dos intervenientes (de que prezo a independência, a inteligência e a lucidez) uma verdadeira catástrofe.

Desda forma este blog vai passar a pedir de forma destacada que os seus leitores se informem e depois de se terem devidamente informado procedam à assinatura (caso concordem claro) de uma das duas petições que conheço e que pedem a imediata anulação deste projecto de lei.

É assim que fazemos a democracia funcionar. Protestando, debatendo, falando, procurando melhores soluções. Não se acomodem! Participem activamente. No mínimo informem-se e assinem (ou não se acharem que a ministra tem razão) como vos aprouver, mas não sucumbam à indiferença!

As petições são diferentes no tom por isso escolham aquela com que mais se identificarem (ou as duas se acharem que ambas são pertinentes) ...
Já agora e porque acho que as decisões se devem tomar de forma consciente gostava de vos dar acesso ao texto completo do estudo que segundo a ministra fundamentou esta proposta. Se alguém souber onde este texto pode ser encontrado por favor comente e coloque o endereço ...

O Pianoman gentilmente informou-nos que o texto do estudo está aqui. Podem também ler o texto do manifesto de suporte à petição que vos explicará o que está em causa.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

As Recomendações de Quinta-Feira à Sexta-Feira

Pois, temos mesmo flutuado nesta tradição entre quinta às quintas e quintas à sexta. Enfim desta vez como é fim de semana prolongado resolvemos estender um pouco as nossas recomendações até à próxima terça-feira. Podem brincar ao Carnaval se quiserem (eu confesso que não faz muito o meu género) mas sobretudo façam-no com música. Fiquem bem !

Começando pelo Algarve já para o dia de hoje (Sexta-Feira 1 de Fevereiro de 2008)às 21:30 em Sagres no Salão Paroquial da Igreja de Sagres a Orquestra do Algarve dirigida por José Miguel Rodilla e Rui Lopes no Fagote que irá tocar o concerto para Fagote e orquestra K. 191 de Mozart (um dos concertos de Mozart de que ainda não falámos). Destacamos também do programa a peça do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959) "Ciranda das sete notas para Fagote e Orquestra". A entrada é livre. Este concerto repete em Loulé no Sábado e em parte no Domingo em Faro (consultem o site da Orquestra do Algarve para mais informações sobre estes dois concertos).

Na zona de Lisboa, no Sábado (02.02.2008) a OCCO (Orquestra de Camâra de Cascais e Oeiras) apresenta um concerto intitulado «Carnaval Concerto» dirigida por Nikolay Lalov no Auditório Municipal Ruy de Carvalho (Carnaxide) às 18:00. A entrada é livre.

Mais a Norte, em Espinho (auditório de Espinho) no Domingo (03.02.2008) a Orquestra Académica Metropolitana, sob direcção de Jean-Marc Burfin apresenta às 18:00h um concerto preenchido com música alemã oitecentista (Carl Maria von Weber, Johannes Brahms e Robert Schumann. Reservas: 227341145 / 227340469. Bilhete normal: 5 euros Preço reduzido: maiores de 65 e menores 25 anos: 3 euros.

Por agora é tudo mas iremos certamente publicar mais recomendações durante todo este fim de semana que vamos querer muito musical !

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