Eu sei que tinha prometido que seria com mais antecedência mas ... Bom hoje à tarde no São Luís às 18:30 teremos de novo o Concerto Moderno com um programa totalmente romântico. Chopin e o segundo concerto para piano (numa adaptação para orquestra de cordas e piano), Arensky e Tchaikovsky. Mais romântico é impossível.
Nota: A obra de Arensky que será interpretada não deverá ser a do link é só para terem uma ideia do estilo do compositor dado que é menos conhecido que os dois outros.
A única música que precisa de embalagem é a música de plástico.
sábado, 30 de junho de 2012
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Para ti com amor
Tinhas na carteira dois versos de Vinicius entre outras orações . Um deles guardo para daqui a um mês quando precisamente fizer um ano que partiste. O outro meus amigos partilho hoje sem muitos comentários. É mesmo uma oração este poema do Vinicius. E para ti com Amor relembro mesmo uma das tuas canções, obviamente para além do Arco Íris ... A canção da bem amada, audível o tesouro que armazenavas, não para além do Arco Íris mas dentro de ti, bem dentro de ti: o Amor que tinhas pela vida e pelo bem estar dos outros, sobretudo pelo bem-estar dos outros. Essa música é felizmente inesquecível, o reflexo da tua alma eterna.
A Você, com amor
O amor é o murmúrio da terra
quando as estrelas se apagam
e os ventos da aurora vagam
no nascimento do dia ...
O ridente abandono,
a rútila alegria
dos lábios, da fonte
e da onda que arremete do mar ...
O amor é a memória
que o tempo não mata,
a canção bem-amada
feliz e absurda ...
E a música inaudível ...
O silêncio que treme
e parece ocupar
o coração que freme
quando a melodia
do canto de um pássaro
parece ficar ...
O amor é Deus em plenitude
a infinita medida
das dádivas que vêm
com o sol e com a chuva
seja na montanha
seja na planura
a chuva que corre
e o tesouro armazenado
no fim do arco-íris
A Você, com amor
O amor é o murmúrio da terra
quando as estrelas se apagam
e os ventos da aurora vagam
no nascimento do dia ...
O ridente abandono,
a rútila alegria
dos lábios, da fonte
e da onda que arremete do mar ...
O amor é a memória
que o tempo não mata,
a canção bem-amada
feliz e absurda ...
E a música inaudível ...
O silêncio que treme
e parece ocupar
o coração que freme
quando a melodia
do canto de um pássaro
parece ficar ...
O amor é Deus em plenitude
a infinita medida
das dádivas que vêm
com o sol e com a chuva
seja na montanha
seja na planura
a chuva que corre
e o tesouro armazenado
no fim do arco-íris
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Ligeti - No Artist ou No Composer?
Em primeiro lugar que fique claro que se trata de uma brincadeira. A foto é real e "roubada" do site do Alex Ross , The Rest is Noise sem permissão (se ele objectar obviamente será prontamente retirada), a reflexão que se segue é minha e nada tem a ver com o post original (a propósito recomenda-se a leitura) a não ser que ... bom foi o que me ocorreu quando li o dito post.
Uma vez escrito este preâmbulo maior que a mensagem propriamente dita a minha reflexão ao ver a fotografia foi:
"Hum ... no artist talvez não - agora no composer é capaz ... será que temos o primeiro caso de um leitor de CDs com opinião formada?"
Volto a dizer para que fique claro, isto é uma brincadeira. Não gosto de Ligeti é verdade mas este post não deixa de ser uma brincadeira por isso. De qualquer forma aceitam-se comentários polémicos e/ou insultuosos para o autor deste blog (atenção que só podem mesmo insultar o autor não demais compositores ou géneros) como forma de represália.
Compositores contemporâneos eventualmente leitores deste blog uni-vos contra um "inimigo" comum! :-) :-) :-) :-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-)
Uma vez escrito este preâmbulo maior que a mensagem propriamente dita a minha reflexão ao ver a fotografia foi:
"Hum ... no artist talvez não - agora no composer é capaz ... será que temos o primeiro caso de um leitor de CDs com opinião formada?"
Volto a dizer para que fique claro, isto é uma brincadeira. Não gosto de Ligeti é verdade mas este post não deixa de ser uma brincadeira por isso. De qualquer forma aceitam-se comentários polémicos e/ou insultuosos para o autor deste blog (atenção que só podem mesmo insultar o autor não demais compositores ou géneros) como forma de represália.
Compositores contemporâneos eventualmente leitores deste blog uni-vos contra um "inimigo" comum! :-) :-) :-) :-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-):-) :-) :-)
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Podem Votar ...
Pronto o poll está agora online até ao inicio de Setembro ... podem votar em tantas obras quantas entendam. Para seleccionarem as obras preferidas podem consultar este post. Por outro lado de tempos a tempos irei dando conta da votação e falando um pouco mais de algumas das obras menos conhecidas da lista.
domingo, 24 de junho de 2012
As 10 Melhores Obras para Violino - Lista a Votação (25 Obras)
Bom já percebi que não há muita inspiração nos leitores deste blog. Assim sendo fica oficialmente definida a lista de obras que vão estar a votação para a melhor obra de Violino.
Esta votação irá decorrer até ao final do mês de Agosto pelo que têm tempo para discutir e apreciar todas as obras. Infelizmente após o inicio da votação não poderei aceitar mais candidaturas (o software do Blogger não permite adições em polls que já se iniciaram). No fim da votação as 10 melhores desta lista de 25 irão para a nossa lista das 10 Melhores Músicas Clássicas nesta nova categoria !
A lista comentada e "ilustrada" é então a seguinte (se ouvirem os extractos que vos proponho têm cerca de umas quatro horas de grande música para ouvir) e está ordenada cronologicamente pela data de edição das obras ou do conjunto de obras quando é esse o caso.
A votação começará assim que colocar o Poll online ... Não vale votarem no post ... mas podem comentar à vontade !
1. Bach - Sonatas e Partitas para Violino : Este extenso conjunto de obras foi composto entre 1703 e 1720 sendo composto por três Sonatas e três partitas. Apesar das obras apresentarem características diferentes optamos por não as individualizar porque senão teríamos nesta lista umas quatro ou cinco entradas diferentes só de Bach: Fica assim a concurso este majestoso conjunto. Das Sonatas escolhemos para vos ilustrar o Quarto Andamento da Terceira Sonata em Dó Maior - oiçam como as duas melodias se misturam de forma sublime na interpretação de Arthur Grumiaux, da Segunda Sonata em Lá Menor proponho o Primeiro Andamento interpretados agora por Hilary Hahn e por fim no que diz respeito às Sonatas , para a Primeira Sonata em Sol Menor voltamos aos dois primeiros andamentos agora numa interpretação de Nathan Milstein. No que diz respeito às Partitas como decerto sabem há uma peça que é obrigatória e que se tivéssemos de escolher uma representante para ilustrar este conjunto seria ela a escolhida, estamos obviamente a falar da Chaconne daSegunda Partita em Ré em que vos propomos Itzhak Perlman. Poderiamos também falar-vos da Gavotte da Terceira Partita que aqui fica como um segundo exemplo, afinal de contas faz parte do Disco Dourado da Voyager e se um dia um extra-terrestre vos perguntar fica-vos bem saber ...
2. Locatelli Op. 6 - 12 Sonatas para Violino : Locatelli foi um dos alunos de Corelli e é certamente um dos compositores do período barroco que conseguiu uma profundidade sublime na sua música. Do conjunto das suas obras o Op. 6 que seleccionamos contém 12 sonatas compostas em 1737. Escolhemos para efeitos de ilustração uma interpretação de Leonid Kogan da Sonata Nº 7 em Fá Menor (por acaso num arranjo de Ysaye).
3. Mozart - Sonatas para Violino : Se no caso de Bach pensamos em apresentar-vos o conjunto das obras porque nos é impossível escolher no caso de Mozart a razão é ligeiramente diferente. Se excluirmos as sonatas da sua juventude estas obras de Mozart apresentam características tão semelhantes que me é difícil escolher apenas uma. Algumas más línguas dizem que na verdade uma boa parte destas sonatas são na realidade obras para piano com acompanhamento de Violino e não o contrário. Não entraremos nessa polémica. Propomos o segundo andamento da Sonata K.526 em Lá Maior um maravilhoso e profundo Andante numa interpretação dificilmente igualável de Grumiaux. As obras que vos apresentamos a votação foram compostas entre 1778 e 1788 (sonatas 17 a 36).
4. Beethoven - Sonata Primavera : Este é um dos casos em que vamos individualizar duas obras do mesmo compositor. A primeira esta Sonata em Fá Maior composta em 1801 de que vos proponho o primeiro andamento numa interpretação fabulosa de Szeryng com Rubinstein ao piano.
5. Beethoven: Sonata Kreutzer : Esta sonata composta apenas dois anos depois (1803) da Sonata Primavera distingue-se pelo facto de ter uma duração substancial (mais de 40 minutos) - isto claro para além da qualidade excepcional da obra. A titulo de curiosidade o nome Kreutzer é obviamente o do famoso violinista a quem acabou por ser dedicada mas a quem não se destinava e que aliás nunca lhe ligou absolutamente nenhuma. Proponho-vos o primeiro andamento em três partes: Parte 1, Parte 2 e Parte 3. Uma interpretação de Argerich (Piano) e Kremer (Violino).
6. Schubert - Sonata em La Maior - Esta obra na verdade também poderia estar na lista das obras de Piano já que os dois instrumentos têm partes iguais em relevância, não obstante como há uma maior inflação nas obras para Piano fica nesta lista onde tem uma maior possibilidade de ter a atenção que merece. Composta em 1817 apenas foi publicada postumamente. É notável pela sua unidade temática característica deste período e que sinceramente eu aprecio particularmente. Bom é também notável pela beleza melódica mas isso vindo de Schubert já seria esperado. Para ilustrar esta obra escolhemos uma das violinistas da nova geração Janine Jansen com Itamar Golan no piano. Sonata D574 Grand Duo Primeiro Andamento.
7. Paganini - 24 Caprichos: Compostos entre 1802 e 1817 e publicados em 1819 são uma obra típica do período romântico no que diz respeito ao virtuosismo exigido do interprete, virtuosismos aliás que muitas vezes se sobrepõem à música. Porém não seria justo reduzir este conjunto de obras a essa dimensão. Não só porque na verdade resistiram à passagem do tempo (que apagou outras amostras deste tipo) como também para além disso a sua estrutura em muitos casos pode ser considerada quase como um manual técnico avançado de domínio do instrumento. Entre os 24 Caprichos a escolha não é fácil mas seguindo o critério de vos mostrar os mais conhecidos teríamos obviamente de falar do Capricho Nº 13 em Si Sustenido Maior (seleccionamos uma interpretação de Heifetz) o famoso "Riso do Diabo" e claro também o Capricho Nº 24 em Lá Menor famoso não só por ser especialmente difícil mas também pelas inúmeras utilizações em outras obras, de transcrições a homenagens, ...
8. Mendelssohn - Sonata em Fá Menor (Op. 4) : Esta obra da juventude de Mendelssohn (1825) tinha o compositor 16 anos portanto não tem a intensidade dramática de outras obras mas foi na verdade a única obra deste tipo editada em vida do compositor (as duas outras sonatas nunca foram editadas tendo mesmo uma delas sido apenas recentemente descoberta e editada por Yehudi Menuhin). Por outro lado apesar do seu carácter essencialmente "clássico" quase que fugindo ao período romântico em que claramente se insere tem por essa razão uma frescura interessante.Não foi fácil encontrar uma interpretação para esta peça mas depois de alguma pesquisa encontrei uma excelente gravação de Shlomo Mintz.
9. Schumann - Violin Sonata Nº 1 : Composta em 1851 a Sonata nº 1 em Lá Menor Op. 105 não era das preferidas do compositor porém nós gostamos e por isso decidimos incluí-la nesta lista. Para a ilustrar escolhemos uma interpretação de Augustin Hadelich.
10. Fauré - Sonata nº 1 : Composta em 1875/1876 esta sonata em Lá Maior interpretada para ilustração por Zuckermann.
11. Brahms - Violin Sonata Nº1 (Sonata da Chuva) : Composta entre 1878 e 1879 o nome desta sonata provém do facto do seu material temático ser inspirado de duas canções de Brahms "Regenlied" e "Nachklang" Op. 59. Para ilustrar esta obra escolhemos uma interpretação de Heifetz do terceiro andamento: Regen Sonate em Sol Maior 3º Andamento.
12. Cesar Franck - Sonata em Lá Maior : Composta em 1886 penso que esta sonata dispensa grandes apresentações. Os leitores deste blog estão cansados de saber que é das minhas obras preferidas. É dificil encontrar mais uma interpretação de referência mas como ainda não vos mostramos Isaac Stern é esta que seleccionamos. Uma gravação de 1985 com vídeo um documento só por si histórico com Jean-Bernard Pommier ao Piano.
13. Grieg - Sonata Nº 3 em Dó Menor : Composta em 1887 é a ultima das sonatas para Violino escritas por Grieg. Baseada num tema popular caracteriza-se pelo seu tema inspirador e quase obsessivo. Escolhemos uma interpretação de Heifetz bastante antiga para ilustrar esta obra.
14. Max Reger - Violin Sonata Nº 1 : Max Reger sofreu muito por ser nitidamente um compositor cuja forma de escrita estava nitidamente fora dos "padrões" da época. Esta obra composta em 1890 é precisamente o seu Op. 1. Propomos para ilustrar esta obra uma interpretação e gravação histórica (1939) de Georg Kulenkampff.
15. Chausson - Poéme : Composta em 1896 por pedido de Ysaye de quem Ernest Chausson era amigo esta obra resultou da modéstia do compositor que se acreditava incapaz de compor um concerto para Violino (o que realmente tinha sido o pedido original). Em vez disso compôs uma espécie de poema sinfónico para violino e Orquestra tendo posteriormente editado várias outras versões entre as quais a que vos propomos para Violino e Piano. É uma obra de grande intensidade de que vos propomos uma interpretação de Olivier Colbentson.
16. Fritz Kreisler - Caprice Viennois : Escolhemos uma interpretação de um compositor que também está nesta lista, EugeneYsaye uma gravação histórica de um dos melhores violinistas de sempre. Composto em 1910 (op. 2). Esta obra é uma sugestão de uma das fieis leitoras deste blog, ematejoca!
17. Korngold Violin Sonata : Korngold é outros dos compositores cuja presença nesta lista pode surpreender e sobretudo com esta obra sendo o seu concerto para violino (aliás também esteve a votação nessa competição) muito mais conhecido. Porém não é justo esse esquecimento dado que esta obra é conforme poderão ouvir belíssima (composta em 1912 estreada em 1916). Foi difícil encontrar uma interpretação ao nível das restantes desta lista mas acabei por encontrar uma de um violinista checo. Fiquem portanto com o Adagio da Sonata para Violino de Korngold.
18. Debussy - Sonata para Violino em Sol Menor : Esta composição de 1917 foi possivelmente a ultima que terminou sendo também a ultima que provavelmente interpretou em publico a 5 de Maio de 1917 precisamente na estreia da obra. Optámos neste caso por uma interpretação de Christian Ferras no caso o terceiro e ultimo andamento.
19. Elgar - Violin sonata em Mi Menor : Esta obra composta em 1918 quando o compositor trabalhava em simultâneo em várias outras obras de música de câmara é marcada pelo mesmo carácter introspectivo e não deixa de ser marcado tragicamente pelo falecimento de uma amiga do casal Elgar a quem a obra era dedicada. Optamos neste caso por uma interpretação de Yehudi Menuhin.
20. Ravel - Tzigane : Composta nos inícios dos anos (1919/1920) esta obra destinava-se a promover um novo instrumento entretanto falecido. Foi posteriormente orquestrado por Ravel para Violino e Orquestra porém a versão a que fazemos referência nesta lista é a versão para Violino e Piano. Para a ilustrar escolhemos uma interpretação de Henryk Szeryng.
21. Janacek - Sonata para Violino e Piano : Esta obra foi escrita no dealbar da primeira guerra mundial (1914) embora tenha apenas sido publicada na sua totalidade em 1922 (houve publicações parciais de alguns andamentos logo a partir de 1915). Para a interpretação tentamos escolher um violinista que entendesse a linguagem musical do compositor e para isso nada melhor do que Joseph Suk (Violino) e Jan Panenka (Piano).
22. Bartok - Sonata nº 1 - Para ilustrar a Sonata Nº1 de Bela Bartok escolhemos o segundo andamento numa interpretação de Oistrakh (Violino) e Richter (Piano). Obra composta em 1921.
23. Ysaye - Sonatas : Compostas em 1923 segundo o compositor como uma forma de representar a evolução das formas musicais de expressão do seu tempo e cada uma dedicada a um violinista contemporâneo de Ysaye. Um pouco como Bach conseguiu resumir e cristalizar as formas de expressão da sua época assim o tentou Ysaye (na segunda Sonata podemos ouvir citações a Bach). Não sei se o terá conseguido porém é notável a enorme influência deste violinista na interpretação e composição para este instrumento entre os seus contemporâneos e mesmo posteriormente. Aliás vemos pelo número de vezes que foi citado nesta lista a sua indiscutível relevância. escolhemos para ilustração uma jovem violinista que interpretou uma parte da segunda sonata como um encore. Julia Fischer . Não é a melhor interpretação disponível mas é uma cedência neste fim de post a outros critérios. Se efectivamente alguém chegar a este ponto que os critique :-) :-).
24. Prokofiev - Sonata nº1 - Composta entre 1938 e 1946 veio a ser efectivamente publicada após a Sonata Nº 2. Foi uma das obras que Oistrakh interpretou no funeral do compositor e por isso a interpretação de ilustração só poderia ser precisamente de um dos andamentos interpretados e por Oistrakh claro.
25. Vaughan Williams : Sonata para Violino . Composta em 1952 mostramos aqui o primeiro andamento desta obra em Lá Menor.
Esta votação irá decorrer até ao final do mês de Agosto pelo que têm tempo para discutir e apreciar todas as obras. Infelizmente após o inicio da votação não poderei aceitar mais candidaturas (o software do Blogger não permite adições em polls que já se iniciaram). No fim da votação as 10 melhores desta lista de 25 irão para a nossa lista das 10 Melhores Músicas Clássicas nesta nova categoria !
A lista comentada e "ilustrada" é então a seguinte (se ouvirem os extractos que vos proponho têm cerca de umas quatro horas de grande música para ouvir) e está ordenada cronologicamente pela data de edição das obras ou do conjunto de obras quando é esse o caso.
A votação começará assim que colocar o Poll online ... Não vale votarem no post ... mas podem comentar à vontade !
1. Bach - Sonatas e Partitas para Violino : Este extenso conjunto de obras foi composto entre 1703 e 1720 sendo composto por três Sonatas e três partitas. Apesar das obras apresentarem características diferentes optamos por não as individualizar porque senão teríamos nesta lista umas quatro ou cinco entradas diferentes só de Bach: Fica assim a concurso este majestoso conjunto. Das Sonatas escolhemos para vos ilustrar o Quarto Andamento da Terceira Sonata em Dó Maior - oiçam como as duas melodias se misturam de forma sublime na interpretação de Arthur Grumiaux, da Segunda Sonata em Lá Menor proponho o Primeiro Andamento interpretados agora por Hilary Hahn e por fim no que diz respeito às Sonatas , para a Primeira Sonata em Sol Menor voltamos aos dois primeiros andamentos agora numa interpretação de Nathan Milstein. No que diz respeito às Partitas como decerto sabem há uma peça que é obrigatória e que se tivéssemos de escolher uma representante para ilustrar este conjunto seria ela a escolhida, estamos obviamente a falar da Chaconne daSegunda Partita em Ré em que vos propomos Itzhak Perlman. Poderiamos também falar-vos da Gavotte da Terceira Partita que aqui fica como um segundo exemplo, afinal de contas faz parte do Disco Dourado da Voyager e se um dia um extra-terrestre vos perguntar fica-vos bem saber ...
2. Locatelli Op. 6 - 12 Sonatas para Violino : Locatelli foi um dos alunos de Corelli e é certamente um dos compositores do período barroco que conseguiu uma profundidade sublime na sua música. Do conjunto das suas obras o Op. 6 que seleccionamos contém 12 sonatas compostas em 1737. Escolhemos para efeitos de ilustração uma interpretação de Leonid Kogan da Sonata Nº 7 em Fá Menor (por acaso num arranjo de Ysaye).
3. Mozart - Sonatas para Violino : Se no caso de Bach pensamos em apresentar-vos o conjunto das obras porque nos é impossível escolher no caso de Mozart a razão é ligeiramente diferente. Se excluirmos as sonatas da sua juventude estas obras de Mozart apresentam características tão semelhantes que me é difícil escolher apenas uma. Algumas más línguas dizem que na verdade uma boa parte destas sonatas são na realidade obras para piano com acompanhamento de Violino e não o contrário. Não entraremos nessa polémica. Propomos o segundo andamento da Sonata K.526 em Lá Maior um maravilhoso e profundo Andante numa interpretação dificilmente igualável de Grumiaux. As obras que vos apresentamos a votação foram compostas entre 1778 e 1788 (sonatas 17 a 36).
4. Beethoven - Sonata Primavera : Este é um dos casos em que vamos individualizar duas obras do mesmo compositor. A primeira esta Sonata em Fá Maior composta em 1801 de que vos proponho o primeiro andamento numa interpretação fabulosa de Szeryng com Rubinstein ao piano.
5. Beethoven: Sonata Kreutzer : Esta sonata composta apenas dois anos depois (1803) da Sonata Primavera distingue-se pelo facto de ter uma duração substancial (mais de 40 minutos) - isto claro para além da qualidade excepcional da obra. A titulo de curiosidade o nome Kreutzer é obviamente o do famoso violinista a quem acabou por ser dedicada mas a quem não se destinava e que aliás nunca lhe ligou absolutamente nenhuma. Proponho-vos o primeiro andamento em três partes: Parte 1, Parte 2 e Parte 3. Uma interpretação de Argerich (Piano) e Kremer (Violino).
6. Schubert - Sonata em La Maior - Esta obra na verdade também poderia estar na lista das obras de Piano já que os dois instrumentos têm partes iguais em relevância, não obstante como há uma maior inflação nas obras para Piano fica nesta lista onde tem uma maior possibilidade de ter a atenção que merece. Composta em 1817 apenas foi publicada postumamente. É notável pela sua unidade temática característica deste período e que sinceramente eu aprecio particularmente. Bom é também notável pela beleza melódica mas isso vindo de Schubert já seria esperado. Para ilustrar esta obra escolhemos uma das violinistas da nova geração Janine Jansen com Itamar Golan no piano. Sonata D574 Grand Duo Primeiro Andamento.
7. Paganini - 24 Caprichos: Compostos entre 1802 e 1817 e publicados em 1819 são uma obra típica do período romântico no que diz respeito ao virtuosismo exigido do interprete, virtuosismos aliás que muitas vezes se sobrepõem à música. Porém não seria justo reduzir este conjunto de obras a essa dimensão. Não só porque na verdade resistiram à passagem do tempo (que apagou outras amostras deste tipo) como também para além disso a sua estrutura em muitos casos pode ser considerada quase como um manual técnico avançado de domínio do instrumento. Entre os 24 Caprichos a escolha não é fácil mas seguindo o critério de vos mostrar os mais conhecidos teríamos obviamente de falar do Capricho Nº 13 em Si Sustenido Maior (seleccionamos uma interpretação de Heifetz) o famoso "Riso do Diabo" e claro também o Capricho Nº 24 em Lá Menor famoso não só por ser especialmente difícil mas também pelas inúmeras utilizações em outras obras, de transcrições a homenagens, ...
8. Mendelssohn - Sonata em Fá Menor (Op. 4) : Esta obra da juventude de Mendelssohn (1825) tinha o compositor 16 anos portanto não tem a intensidade dramática de outras obras mas foi na verdade a única obra deste tipo editada em vida do compositor (as duas outras sonatas nunca foram editadas tendo mesmo uma delas sido apenas recentemente descoberta e editada por Yehudi Menuhin). Por outro lado apesar do seu carácter essencialmente "clássico" quase que fugindo ao período romântico em que claramente se insere tem por essa razão uma frescura interessante.Não foi fácil encontrar uma interpretação para esta peça mas depois de alguma pesquisa encontrei uma excelente gravação de Shlomo Mintz.
9. Schumann - Violin Sonata Nº 1 : Composta em 1851 a Sonata nº 1 em Lá Menor Op. 105 não era das preferidas do compositor porém nós gostamos e por isso decidimos incluí-la nesta lista. Para a ilustrar escolhemos uma interpretação de Augustin Hadelich.
10. Fauré - Sonata nº 1 : Composta em 1875/1876 esta sonata em Lá Maior interpretada para ilustração por Zuckermann.
11. Brahms - Violin Sonata Nº1 (Sonata da Chuva) : Composta entre 1878 e 1879 o nome desta sonata provém do facto do seu material temático ser inspirado de duas canções de Brahms "Regenlied" e "Nachklang" Op. 59. Para ilustrar esta obra escolhemos uma interpretação de Heifetz do terceiro andamento: Regen Sonate em Sol Maior 3º Andamento.
12. Cesar Franck - Sonata em Lá Maior : Composta em 1886 penso que esta sonata dispensa grandes apresentações. Os leitores deste blog estão cansados de saber que é das minhas obras preferidas. É dificil encontrar mais uma interpretação de referência mas como ainda não vos mostramos Isaac Stern é esta que seleccionamos. Uma gravação de 1985 com vídeo um documento só por si histórico com Jean-Bernard Pommier ao Piano.
13. Grieg - Sonata Nº 3 em Dó Menor : Composta em 1887 é a ultima das sonatas para Violino escritas por Grieg. Baseada num tema popular caracteriza-se pelo seu tema inspirador e quase obsessivo. Escolhemos uma interpretação de Heifetz bastante antiga para ilustrar esta obra.
14. Max Reger - Violin Sonata Nº 1 : Max Reger sofreu muito por ser nitidamente um compositor cuja forma de escrita estava nitidamente fora dos "padrões" da época. Esta obra composta em 1890 é precisamente o seu Op. 1. Propomos para ilustrar esta obra uma interpretação e gravação histórica (1939) de Georg Kulenkampff.
15. Chausson - Poéme : Composta em 1896 por pedido de Ysaye de quem Ernest Chausson era amigo esta obra resultou da modéstia do compositor que se acreditava incapaz de compor um concerto para Violino (o que realmente tinha sido o pedido original). Em vez disso compôs uma espécie de poema sinfónico para violino e Orquestra tendo posteriormente editado várias outras versões entre as quais a que vos propomos para Violino e Piano. É uma obra de grande intensidade de que vos propomos uma interpretação de Olivier Colbentson.
16. Fritz Kreisler - Caprice Viennois : Escolhemos uma interpretação de um compositor que também está nesta lista, EugeneYsaye uma gravação histórica de um dos melhores violinistas de sempre. Composto em 1910 (op. 2). Esta obra é uma sugestão de uma das fieis leitoras deste blog, ematejoca!
17. Korngold Violin Sonata : Korngold é outros dos compositores cuja presença nesta lista pode surpreender e sobretudo com esta obra sendo o seu concerto para violino (aliás também esteve a votação nessa competição) muito mais conhecido. Porém não é justo esse esquecimento dado que esta obra é conforme poderão ouvir belíssima (composta em 1912 estreada em 1916). Foi difícil encontrar uma interpretação ao nível das restantes desta lista mas acabei por encontrar uma de um violinista checo. Fiquem portanto com o Adagio da Sonata para Violino de Korngold.
18. Debussy - Sonata para Violino em Sol Menor : Esta composição de 1917 foi possivelmente a ultima que terminou sendo também a ultima que provavelmente interpretou em publico a 5 de Maio de 1917 precisamente na estreia da obra. Optámos neste caso por uma interpretação de Christian Ferras no caso o terceiro e ultimo andamento.
19. Elgar - Violin sonata em Mi Menor : Esta obra composta em 1918 quando o compositor trabalhava em simultâneo em várias outras obras de música de câmara é marcada pelo mesmo carácter introspectivo e não deixa de ser marcado tragicamente pelo falecimento de uma amiga do casal Elgar a quem a obra era dedicada. Optamos neste caso por uma interpretação de Yehudi Menuhin.
20. Ravel - Tzigane : Composta nos inícios dos anos (1919/1920) esta obra destinava-se a promover um novo instrumento entretanto falecido. Foi posteriormente orquestrado por Ravel para Violino e Orquestra porém a versão a que fazemos referência nesta lista é a versão para Violino e Piano. Para a ilustrar escolhemos uma interpretação de Henryk Szeryng.
21. Janacek - Sonata para Violino e Piano : Esta obra foi escrita no dealbar da primeira guerra mundial (1914) embora tenha apenas sido publicada na sua totalidade em 1922 (houve publicações parciais de alguns andamentos logo a partir de 1915). Para a interpretação tentamos escolher um violinista que entendesse a linguagem musical do compositor e para isso nada melhor do que Joseph Suk (Violino) e Jan Panenka (Piano).
22. Bartok - Sonata nº 1 - Para ilustrar a Sonata Nº1 de Bela Bartok escolhemos o segundo andamento numa interpretação de Oistrakh (Violino) e Richter (Piano). Obra composta em 1921.
23. Ysaye - Sonatas : Compostas em 1923 segundo o compositor como uma forma de representar a evolução das formas musicais de expressão do seu tempo e cada uma dedicada a um violinista contemporâneo de Ysaye. Um pouco como Bach conseguiu resumir e cristalizar as formas de expressão da sua época assim o tentou Ysaye (na segunda Sonata podemos ouvir citações a Bach). Não sei se o terá conseguido porém é notável a enorme influência deste violinista na interpretação e composição para este instrumento entre os seus contemporâneos e mesmo posteriormente. Aliás vemos pelo número de vezes que foi citado nesta lista a sua indiscutível relevância. escolhemos para ilustração uma jovem violinista que interpretou uma parte da segunda sonata como um encore. Julia Fischer . Não é a melhor interpretação disponível mas é uma cedência neste fim de post a outros critérios. Se efectivamente alguém chegar a este ponto que os critique :-) :-).
24. Prokofiev - Sonata nº1 - Composta entre 1938 e 1946 veio a ser efectivamente publicada após a Sonata Nº 2. Foi uma das obras que Oistrakh interpretou no funeral do compositor e por isso a interpretação de ilustração só poderia ser precisamente de um dos andamentos interpretados e por Oistrakh claro.
25. Vaughan Williams : Sonata para Violino . Composta em 1952 mostramos aqui o primeiro andamento desta obra em Lá Menor.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Requiem Mozart - Versão de Robert D. Levin
Como vos disse fui ouvir a versão desta obra de Mozart uma das que prefiro do compositor nesta versão do musicólogo e compositor norte-americano. Nunca tinha antes ouvido e confesso-vos que relativamente à versão "normal" não tenho ainda uma opinião formada.
Para já deixo-vos aqui um link para Lacrimosa (donde podem facilmente chegar às restantes partes nesta versão).
Para já deixo-vos aqui um link para Lacrimosa (donde podem facilmente chegar às restantes partes nesta versão).
domingo, 17 de junho de 2012
Algumas ideias inspiradoras
Bom relativamente ao post de ontem só para vos dar uma ideia das obras que estou a pensar colocar à vossa consideração (na ausência de mais sugestões vossas) aqui vai uma lista prévia para vos inspirar a outras sugestões ... São apenas sugestões ainda não decidi a primeira lista nem como vou colocar a votação dado que em alguns casos estou a propor conjuntos que contêm mais do que uma obra individual ... e claro ainda aguardo mais sugestões da vossa lavra :-)
Violino
Bach - Sonatas e Partitas para violino solo
Mozart - Sonatas para Violino
Beethoven: Sonata Primavera, Kreutzer
Schubert - Sonata em La Maior
Paganini - 24 Caprichos
Fauré - Sonata nº 1
Cesar Franck - Sonata em Lá Maior
Ysaye - Sonatas
Ravel - Sonata
Bartok - Sonata nº 1
Prokofiev - Sonata nº1
Piano
Bach - Prelúdios, Cantatas e fugas (sim bem sei que são para órgão ...)
Bach - Partitas
Bach - Variações Goldberg
Couperin - Vingt Sept Ordres
Handel - Suites para Teclas
Scarlatti - Sonatas para Teclas
Haydn - Sonatas para Piano
Mozart - Sonatas para Piano
Beethoven - Sonata "ao Luar",Appassionata, Les Adieux, Op 110, Op 111
Mendelssohn - Canções sem Palavras
Schubert - Sonata em Ré Maior (D850), Sonata em Sol Maior (D894), D960
Chopin - Nocturnos, Baladas, Prelúdios, Sonata nº 2 em Si bemol menor
Schumann - Sonata para Piano nº 1, Kinderszenen, Kreisleriana
Liszt - Transcrições, Estudos Transcendentes, Prelúdios
Satie - Gymnopédies e Gnossienes
Rachmaninov - Sonata nº 2
Voz
Dowland - Lute Songs
Lowe - Baladas
Schubert - Die Schone Mullerin
Schubert - Winterreise
Schumann - Dichterliebe
Schumann - Liedekreis (op24) e Liederkreis (op. 39)
Brahms - Lieder
Berlioz - Noites de Verão
Wagner - Wesendonk Lieder
Tchaikovsky - Songs
Grieg - Songs
Mahler - Lieder eines Fahrenden Gesellen
Richard Strauss - Lieder (Vier Letzte Lieder)
Chausson - Poéme de l´amour et la mer
Rachmaninov - Vocalise e outras canções
Violino
Bach - Sonatas e Partitas para violino solo
Mozart - Sonatas para Violino
Beethoven: Sonata Primavera, Kreutzer
Schubert - Sonata em La Maior
Paganini - 24 Caprichos
Fauré - Sonata nº 1
Cesar Franck - Sonata em Lá Maior
Ysaye - Sonatas
Ravel - Sonata
Bartok - Sonata nº 1
Prokofiev - Sonata nº1
Piano
Bach - Prelúdios, Cantatas e fugas (sim bem sei que são para órgão ...)
Bach - Partitas
Bach - Variações Goldberg
Couperin - Vingt Sept Ordres
Handel - Suites para Teclas
Scarlatti - Sonatas para Teclas
Haydn - Sonatas para Piano
Mozart - Sonatas para Piano
Beethoven - Sonata "ao Luar",Appassionata, Les Adieux, Op 110, Op 111
Mendelssohn - Canções sem Palavras
Schubert - Sonata em Ré Maior (D850), Sonata em Sol Maior (D894), D960
Chopin - Nocturnos, Baladas, Prelúdios, Sonata nº 2 em Si bemol menor
Schumann - Sonata para Piano nº 1, Kinderszenen, Kreisleriana
Liszt - Transcrições, Estudos Transcendentes, Prelúdios
Satie - Gymnopédies e Gnossienes
Rachmaninov - Sonata nº 2
Voz
Dowland - Lute Songs
Lowe - Baladas
Schubert - Die Schone Mullerin
Schubert - Winterreise
Schumann - Dichterliebe
Schumann - Liedekreis (op24) e Liederkreis (op. 39)
Brahms - Lieder
Berlioz - Noites de Verão
Wagner - Wesendonk Lieder
Tchaikovsky - Songs
Grieg - Songs
Mahler - Lieder eines Fahrenden Gesellen
Richard Strauss - Lieder (Vier Letzte Lieder)
Chausson - Poéme de l´amour et la mer
Rachmaninov - Vocalise e outras canções
sábado, 16 de junho de 2012
Participação ...
Oh meus amigos ... Ainda não recebi uma única proposta de obra para piano solo ou violino solo ... Daqui a pouco vou sair para assistir a dois concertos entre os quais o Requiem de Mozart de que vos falei (o outro no Teatro Camões às 17h é o concerto solidário dos Violinhos com a Fundação Make-A-Wish) e espero que quando voltar tenha a caixa de comentários cheia de propostas ...
Caso tenham vergonha ou não queiram assumir publicamente as vossas preferências basta no comentário indicarem no texto que não querem que eu publique o mesmo. Recolherei as vossas propostas mas manterei segredo ... Agora não têm mesmo desculpa. Participem ou zango-me e começo a colocar por aqui Celine Dion!
Caso tenham vergonha ou não queiram assumir publicamente as vossas preferências basta no comentário indicarem no texto que não querem que eu publique o mesmo. Recolherei as vossas propostas mas manterei segredo ... Agora não têm mesmo desculpa. Participem ou zango-me e começo a colocar por aqui Celine Dion!
quinta-feira, 14 de junho de 2012
As 10 Melhores Músicas
Publiquei ontem uma página com os apanhados das várias eleições que temos vindo a fazer ao longo destes anos neste blog. Talvez um dia destes recuperemos essas votações para ver se o nosso gosto colectivo se manteve ou não. Por agora proponho-vos mais dois desafios. Vamos eleger três conjuntos de 10 em simultâneo:
10 Melhores Obras para Violino Solo
10 Melhores Obras para Piano Solo
10 Melhores Canções (Voz e Piano ou outro instrumento de acompanhamento)
Tal como em todas as outras votações a primeira fase é livre. espero as vossas propostas em comentário a este post. Participem - Podem propor tantas quantas quiserem para cada uma das categorias ...
10 Melhores Obras para Violino Solo
10 Melhores Obras para Piano Solo
10 Melhores Canções (Voz e Piano ou outro instrumento de acompanhamento)
Tal como em todas as outras votações a primeira fase é livre. espero as vossas propostas em comentário a este post. Participem - Podem propor tantas quantas quiserem para cada uma das categorias ...
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Na Outra Margem - Programa desta Semana já Disponível
Hoje começamos por vos relembrar que a nova edição do programa "Na Outra Margem" já está online.
Para vos facilitar vou passar a incluir nestes posts uma forma de ouvir o programa directamente deste post.
Primeira Parte
Segunda Parte
Neste programa destacamos a entrevista a Vasco Pearce de Azevedo e Paulo Lourenço, sobre o Festival Coral de Verão e os novos programas, com estreias de obras portuguesas, da Sinfonietta de Lisboa mas também destacamos logo a abrir a nota (e um extracto) sobre a versão do Requiem de Mozart do musicólogo americano Robert Levin que todos poderemos ouvir no próximo Sábado às 21h no CCB integrado no Festival Coral de Verão.
Para mais informações sobre este programa de Manuela Paraíso podem também:
Visitar a página do Facebook (e obviamente fazerem like se ainda não o fizeram)
Visitar o Blog do Programa
Para vos facilitar vou passar a incluir nestes posts uma forma de ouvir o programa directamente deste post.
Primeira Parte
Segunda Parte
Neste programa destacamos a entrevista a Vasco Pearce de Azevedo e Paulo Lourenço, sobre o Festival Coral de Verão e os novos programas, com estreias de obras portuguesas, da Sinfonietta de Lisboa mas também destacamos logo a abrir a nota (e um extracto) sobre a versão do Requiem de Mozart do musicólogo americano Robert Levin que todos poderemos ouvir no próximo Sábado às 21h no CCB integrado no Festival Coral de Verão.
Para mais informações sobre este programa de Manuela Paraíso podem também:
Visitar a página do Facebook (e obviamente fazerem like se ainda não o fizeram)
Visitar o Blog do Programa
domingo, 10 de junho de 2012
Dia de Portugal - 2011
Não queria deixar passar este dia de Portugal sem pelo menos publicar uma música portuguesa. Ontem ouvi várias de vários compositores portugueses deste século e alguns do século XX.
Hoje, este ano, só poderia voltar a falar-vos de Sassetti. Ou melhor ainda de deixar que Sassetti e a sua música falem por ele. Sem nenhuma ordem em particular que não seja a ordem das emoções, a ordem que resolvi seguir à medida que ia percorrendo no You Tube os vários vídeos que ia encontrando e que de link em link me recordavam outras composições, outras emoções.
Se alguma coisa este post deve demonstrar à exaustão, além da incrível versatilidade de Sassetti tão óbvia pelos vários géneros abordados, é a sua capacidade absoluta de resistir ao fenómeno das capelinhas tão tipicamente português.
Também por isso foi (É) grande ! E agora o ensaio de uma homenagem em forma de sequência de links comentados.
A Palavra (com os Da Waesel). A caminho da essência verifico a cadência da matéria que se mostra ... Nos Sonhos dos Outros e Reflexos (Bernardo Sassetti ao Piano). Com o tempo tudo pode passar, pode? Avec le Temps (com Carlos do Carmo) - Uma interpretação fabulosa, única, mesmo considerando a referência - Leo Ferré. Mas nem tudo se vai, nem tudo. Na Lisboa que Amanhece (com Carlos do Carmo, arranjo de Sassetti da música de Sérgio Godinho), como no Bolero de Ravel (com Pedro Burmester e Mário Laginha no concerto Três Pianos) tudo pode ser um crescendo. Nos filmes Tema Principal do Filme Alice (Bernardo Sassetti ao Piano), The Raven King (do Filme Second Life) na nossa memória não podendo ser na vida.
Hoje, este ano, só poderia voltar a falar-vos de Sassetti. Ou melhor ainda de deixar que Sassetti e a sua música falem por ele. Sem nenhuma ordem em particular que não seja a ordem das emoções, a ordem que resolvi seguir à medida que ia percorrendo no You Tube os vários vídeos que ia encontrando e que de link em link me recordavam outras composições, outras emoções.
Se alguma coisa este post deve demonstrar à exaustão, além da incrível versatilidade de Sassetti tão óbvia pelos vários géneros abordados, é a sua capacidade absoluta de resistir ao fenómeno das capelinhas tão tipicamente português.
Também por isso foi (É) grande ! E agora o ensaio de uma homenagem em forma de sequência de links comentados.
A Palavra (com os Da Waesel). A caminho da essência verifico a cadência da matéria que se mostra ... Nos Sonhos dos Outros e Reflexos (Bernardo Sassetti ao Piano). Com o tempo tudo pode passar, pode? Avec le Temps (com Carlos do Carmo) - Uma interpretação fabulosa, única, mesmo considerando a referência - Leo Ferré. Mas nem tudo se vai, nem tudo. Na Lisboa que Amanhece (com Carlos do Carmo, arranjo de Sassetti da música de Sérgio Godinho), como no Bolero de Ravel (com Pedro Burmester e Mário Laginha no concerto Três Pianos) tudo pode ser um crescendo. Nos filmes Tema Principal do Filme Alice (Bernardo Sassetti ao Piano), The Raven King (do Filme Second Life) na nossa memória não podendo ser na vida.
Corelli - 12 Concerti Grossi (Op. 6)
Imagem retirada daqui. Página inicial da edição original de 1714 |
Como o nome indica esta obra agrupa 12 concertos que curiosamente são de géneros diferentes. Na verdade os oito primeiros são "concerti da chiesa" enquanto os quatro últimos são "concerti da camara".
Contrariamente ao que se possa pensar (e é um erro comum) a expressão "concerti da chiesa" não indica que estes se destinavam a uma utilização litúrgica embora fossem na verdade interpretados em igrejas destinavam-se ao entretenimento e não à liturgia. A diferença entre os dois tipos de concertos provém mais da sua forma, dado que o primeiro era tipicamente construído com base em andamentos de carácter contrastante (andamento rápido sucedido de andamento lento) enquanto os segundos - os concerti da camara eram construídos na base de "suites" compostas pela maior ou menor estilização de danças da corte normalmente precedidas de uma introdução (Prelúdio).
O conjunto destes concertos inclui o famoso "fatto per la notte de natale" o número oito da sequência mas nós vamos mostrar-vos todos. Este conjunto foi na época e durante muito tempo considerado a mais influente obra musical publicada. É difícil hoje entender isso mas esta obra está na base do trabalho de Vivaldi e de Bach que se inspiraram nestas formas para a levarem à perfeição do final do barroco mas sem este fundamento não existiria o pináculo.
Concerto Nº1 em Ré Maior
I. Largo - Allegro - Largo - Allegro
II. Largo
III. Allegro
IV. Allegro
Philharmonia Baroque Orchestra dirigida por Nicholas McGegan.
Concerto Nº2 em Fá Maior
I. Vivace, allegro, adagio
II. Allegro
III. Grave, andante largo
IV. Allegro
Europa Galante dirigida por Fabio Biondi
Concerto Nº3 em Dó Menor
I. Largo - Allegro
II. Grave - Vivace
III. Allegro
Slovak Chamber Orchestra dirigida por Bohdan Warchal
Concerto Nº 4 em Ré Maior (Concerto em Ré Maior - Segunda Parte)
I. Adagio – Allegro
II. Adagio
III. Vivace
IV. Allegro – Giga: Presto
Chiara Banchini e o Ensemble 415 com a direcção de Jesper Christensen (dir.)
Notem o detalhe deste concerto apesar de ser um concerti di chiesa conter um andamento, o ultimo, em que aparece uma dança. Faço-vos notar isto porque embora se distingam os dois tipos de concertos que referi essas duas formas não eram estanques, representam experiências de forma nem sempre totalmente explicitas.
Concerto Nº 5 em Si Bemol Maior
I. Adagio-Allegro;
II. Adagio;
III. Fugue;
IV. Largo-Allegro
Para este concerto seleccionei uma gravação muito antiga, de 1952, que segundo o poster no You Tube é a primeira gravação completa deste opus 6. A Orquestra foi criada explicitamente para festejar o tri-centenário do nascimento de Corelli e é dirigida por Dean Eckertsen.
Concerto Nº6 em Fá Maior (Concerto Nº 6 em Fá Maior - Segunda Parte)
I. Adagio
II. Allegro
III. Largo
IV. Vivace
V. Allegro
Mantive a escolha anterior no que diz respeito à interpretação. Escolha é um pouco forte dado que na verdade não encontrei outra interpretação satisfatória esta sendo a melhor mesmo considerando o som "mono" e apenas um dos canais (o esquerdo).
Concerto Nº7 em Ré Maior
I. Vivace - Allegro – Adagio
II. Allegro
III. Adagio
IV. Vivace
V. Allegro
Fabio Biondi dirige o ensemble Europa Galante
Concerto Nº 8 em Sol Menor (Concerto Nº8 Op. 6 em Sol Menor - Parte 2)
I. Vivace – Grave
II. Allegro
III. Adagio – Allegro – Adagio
IV. Vivace
V. Allegro
VI. Pastorale: Largo
Para este concerto escolhi uma gravação do The Brandenburg Consort dirigido por Roy Goodman.
De longe o concerto desta série mais vezes interpretado, este concerto é conhecido pelo seu sub-titulo "fatto per la notte di natale" sendo regularmente interpretado nessa ocasião em todo o mundo. Aliás não só nessa ocasião. É uma peça extraordinária e uma das razões (individualmente a principal) pelas quais este conjunto se encontra na nossa lista de 100 obras. Não há muito mais que possamos dizer quando ouvimos o ultimo andamento, a Pastoral.
Concerto Nº 9 em Fá Maior
I. Preludio: Largo
II. Allemanda: Allegro
III. Corrente: Vivace
IV. Gavotta: Allegro
V. Adagio
VI. Minuetto: Vivace
Southwest German Chamber Orchestra dirigida por Paul Angerer
Com este concerto Corelli abandona a forma Concerti di Chiesa passando a utilizar a forma Concerti de Camara. Notem o nome das danças estilizadas que dão origem aos andamentos II, III, IV e VI. Notem também no entanto que grosso-modo se mantém a alternancia entre andamentos rápidos e lentos e que existem alguns casos em que mesmo dentro da suite o andamento não opta por nenhum tipo de dança, isto para além da introdução (prelúdio) típico desta forma de suite. Na primeira ocorrência de cada um dos tipos de dança coloquei um link para o nosso dicionário de termos musicais (ainda muito incompleto confesso) mas que no diz respeito aos tipos de danças barroco está relativamente bem (prometo-vos a Allemande, o Minuetto e a Corrente para breve).
Concerto Nº 10 em Dó Maior
I. Preludio: Largo
II. Allemanda: Allegro
III. Adagio
IV. Corrente: Vivace
V. Giga: Presto
VI. Minuetto: Vivace
Fabio Biondi dirige o ensemble Europa Galante
Concerto Nº 11 em Si Bemol Maior
I. Preludio: Largo
II. Allemanda: Allegro
III. Adagio
IV. Largo
V. Sarabanda: Largo
VI. Giga: Vivace
Fabio Biondi dirige o ensemble Europa Galante
Concerto Nº 12 em Fá Maior
I. Preludio: Adagio
II. Allegro
III. Adagio
IV. Sarabanda: Vivace
V. Giga: Allegro
Fabio Biondi dirige o ensemble Europa Galante
sábado, 9 de junho de 2012
Música Portuguesa hoje na ESML
Bem sei que hoje joga Portugal mas isso acontece apenas às 19:45. Dá tempo para saírem do sofá deixarem os Dinamarqueses entenderem-se com os Holandeses e deslocarem-se ao Grande Auditório da Escola Superior de Música (Auditório Vianna da Motta) (para quem não sabe a ESML fica no campus do IPL situado no fim da segunda circular, também podem ver no site a localização).
Além de todas as restantes razões é uma forma de começarem mais cedo a ver Portugal já que todo o programa é composto por autores portugueses do século XX e XXI. Poderemos ouvir obras de Alberto Colla, Joly Braga Santos, Armando Mota e Carlos Marecos. A obra de Alberto Colla para guitarra é uma estreia em Portugal. O programa completo pode ser lido aqui.
Para quem não conhece (ainda) o auditório como já referi neste blog por várias vezes, só o auditório, vale a pena uma visita - para mim lindíssimo.
Actualização: Acabaram de me informar que existe um "penetra" no grupo de compositores :-). Alberto Colla não é português mas sim Italiano! Não importa, vamos já naturaliza-lo. Assim estamos ainda mais perto da realidade futebolística ...
Além de todas as restantes razões é uma forma de começarem mais cedo a ver Portugal já que todo o programa é composto por autores portugueses do século XX e XXI. Poderemos ouvir obras de Alberto Colla, Joly Braga Santos, Armando Mota e Carlos Marecos. A obra de Alberto Colla para guitarra é uma estreia em Portugal. O programa completo pode ser lido aqui.
Para quem não conhece (ainda) o auditório como já referi neste blog por várias vezes, só o auditório, vale a pena uma visita - para mim lindíssimo.
Actualização: Acabaram de me informar que existe um "penetra" no grupo de compositores :-). Alberto Colla não é português mas sim Italiano! Não importa, vamos já naturaliza-lo. Assim estamos ainda mais perto da realidade futebolística ...
sexta-feira, 8 de junho de 2012
In Memoriam Ray Bradbury (1920-2012)
Faleceu no passado dia 5 de Junho Ray Bradbury. Confesso que fui ontem surpreendido com a notícia, embora Bradbury tivesse já 91 anos, num post de um amigo no Facebook.
Para mim Bradbury representou uma importante parte na descoberta da literatura. Comecei a ler Bradbury traduzido para francês, aliás numa excelente tradução da colecção Mille Soleils se não estou em erro quando tinha 12 anos talvez. O livro fazia parte das obras estudadas no Liceu Francês - sim estão a ler correctamente ensinava-se nesse liceu obras traduzidas de autores não franceses.
O livro que estudamos foram as Crónicas Marcianas - que revelação. Que revelação. A partir daí nunca mais deixei de apreciar o autor e seguiram-se não vos prometo que por esta ordem Fahrenheit 451 (para muitos incluindo talvez para o próprio) a sua obra-prima, The Golden Apples of the Sun - que fantástica recolha de contos o género em Bradbury em meu entender não tem rival - The illustrated man, Something Whicked this Way Comes ou ainda I Sing the Body Electric - todas estas já as li na sua versão original em Inglês (infelizmente as traduções portuguesas que existem de algumas destas obras não estão ao nível da linguagem de Bradbury).
Na verdade catalogar Ray Bradbury como um escritor de ficção cientifica é um triplo erro. Primeiro porque como ele próprio afirmava o que ele escreve é mais fantasia do ficção e dificilmente cientifica. Depois porque o enclausura num género em que tantas vezes se pensa não existir grande qualidade literária - percepção errada claro porque como em quase todos os géneros existem bons e maus escritores e Bradbury era dos muito bons e finalmente o terceiro erro dizia dá-se porque ao fazê-lo quase que ignoramos a poesia dos seus textos. E disse poesia de propósito porque em muitos casos é de poesia que se trata.
Como na música deixo-vos com a arte do autor, com o inicio das Crónicas Marcianas. Se nunca leram este livro tenho de vos dizer três coisas: Primeiro invejo a revelação que vão ter quando o fizerem, segundo não se deixem enganar pelo título (as histórias são muito mais profundas do que podem parecer e do que o título deixa sugerir), terceiro não percam mais tempo e vão já comprar um exemplar ...
Aqui fica portanto o "Verão do Foguetão", o primeiro capítulo ... Pura prosa poética ... não me atrevo para já a traduzir mas não se atrevam a utilizar o Google Translate :-) , senão prometo-vos que arrisco uma tradução :-)
One minute it was Ohio winter, with doors closed, windows locked, the panes blind with frost, icicles fringing every roof, children skiing on slopes, housewives lumbering like great black bears in their furs along the icy streets.
And then a long wave of warmth crossed the small town. A flooding sea of hot air; it seemed as if someone had left a bakery door open. The heat pulsed among the cottages and bushes and children. The icicles dropped, shattering, to melt. The doors flew open. The windows flew up. The children worked off their wool clothes. The housewives shed their bear disguises. The snow dissolved and showed last summer's ancient green lawns. Rocket summer. The words passed among the people in the open, airing houses.
Rocket summer. The warm desert air changing the frost patterns on the windows, erasing the art work. The skis and sleds suddenly useless. The snow, falling from the cold sky upon the town, turned to a hot rain before it touched the ground. Rocket summer. People leaned from their dripping porches and watched the reddening sky.
The rocket lay on the launching field, blowing out pink clouds of fire and oven heat. The rocket stood in the cold winter morning, making summer with every breath of its mighty exhausts. The rocket made climates, and summer lay for a brief moment upon the land....
February 2030
Para mim Bradbury representou uma importante parte na descoberta da literatura. Comecei a ler Bradbury traduzido para francês, aliás numa excelente tradução da colecção Mille Soleils se não estou em erro quando tinha 12 anos talvez. O livro fazia parte das obras estudadas no Liceu Francês - sim estão a ler correctamente ensinava-se nesse liceu obras traduzidas de autores não franceses.
O livro que estudamos foram as Crónicas Marcianas - que revelação. Que revelação. A partir daí nunca mais deixei de apreciar o autor e seguiram-se não vos prometo que por esta ordem Fahrenheit 451 (para muitos incluindo talvez para o próprio) a sua obra-prima, The Golden Apples of the Sun - que fantástica recolha de contos o género em Bradbury em meu entender não tem rival - The illustrated man, Something Whicked this Way Comes ou ainda I Sing the Body Electric - todas estas já as li na sua versão original em Inglês (infelizmente as traduções portuguesas que existem de algumas destas obras não estão ao nível da linguagem de Bradbury).
Na verdade catalogar Ray Bradbury como um escritor de ficção cientifica é um triplo erro. Primeiro porque como ele próprio afirmava o que ele escreve é mais fantasia do ficção e dificilmente cientifica. Depois porque o enclausura num género em que tantas vezes se pensa não existir grande qualidade literária - percepção errada claro porque como em quase todos os géneros existem bons e maus escritores e Bradbury era dos muito bons e finalmente o terceiro erro dizia dá-se porque ao fazê-lo quase que ignoramos a poesia dos seus textos. E disse poesia de propósito porque em muitos casos é de poesia que se trata.
Como na música deixo-vos com a arte do autor, com o inicio das Crónicas Marcianas. Se nunca leram este livro tenho de vos dizer três coisas: Primeiro invejo a revelação que vão ter quando o fizerem, segundo não se deixem enganar pelo título (as histórias são muito mais profundas do que podem parecer e do que o título deixa sugerir), terceiro não percam mais tempo e vão já comprar um exemplar ...
Aqui fica portanto o "Verão do Foguetão", o primeiro capítulo ... Pura prosa poética ... não me atrevo para já a traduzir mas não se atrevam a utilizar o Google Translate :-) , senão prometo-vos que arrisco uma tradução :-)
One minute it was Ohio winter, with doors closed, windows locked, the panes blind with frost, icicles fringing every roof, children skiing on slopes, housewives lumbering like great black bears in their furs along the icy streets.
And then a long wave of warmth crossed the small town. A flooding sea of hot air; it seemed as if someone had left a bakery door open. The heat pulsed among the cottages and bushes and children. The icicles dropped, shattering, to melt. The doors flew open. The windows flew up. The children worked off their wool clothes. The housewives shed their bear disguises. The snow dissolved and showed last summer's ancient green lawns. Rocket summer. The words passed among the people in the open, airing houses.
Rocket summer. The warm desert air changing the frost patterns on the windows, erasing the art work. The skis and sleds suddenly useless. The snow, falling from the cold sky upon the town, turned to a hot rain before it touched the ground. Rocket summer. People leaned from their dripping porches and watched the reddening sky.
The rocket lay on the launching field, blowing out pink clouds of fire and oven heat. The rocket stood in the cold winter morning, making summer with every breath of its mighty exhausts. The rocket made climates, and summer lay for a brief moment upon the land....
February 2030
Kathleen Ferrier (1912-1953)
Aproveitando o facto da Diapason lhe ter dedicado este mês umas excelentes páginas e também tendo em consideração que o canto lírico não é dos tipos de música clássica mais representados neste blog o post de hoje é inteiramente dedicado a esta contralto tragicamente falecida vitima de cancro no auge da sua carreira. Claro que o facto de este ano se celebrar o centésimo aniversário do seu nascimento também teria sido uma excelente razão. A biografia que hoje aqui vos deixo é baseada essencialmente no artigo referido da Diapason e também na página da Kathleen Ferrier Society.
Kathleen Ferrier nasceu a 22 de Abril de 1922 em Higher Walton aldeia do Lancashire. O pai cantor amador ensinou-lhe os rudimentos do canto mas Kathleen não começou por optar pelo canto antes dedicando-se ao piano. Aliás a bem dizer a curtíssima carreira de cantora de Kathleen Ferrier quase se deve ao acaso.
Na verdade aos 23 anos tendo-se casado com o gestor de um banco em Silloth este desafiou-a a entrar simultâneamente num concurso de piano e de canto. Kathleen que nunca recusava uma aposta aceitou o desafio e não só se inscreveu nesse concurso como venceu em ambas as categorias. Carlisle em 1937 marca assim o inicio da sua carreira embora na verdade profissionalmente isso apenas viesse a acontecer uns anos mais tarde em plena Segunda Guerra Mundial.
Na verdade nesses anos particularmente dificeis a CEMA (Council for the Encouragement ar of Music and the Arts) procurava artistas que pudessem levar a música às populações inglesas como uma forma adicional de manter o moral e a possível normalidade. A CEMA abordou Kathleen que aceitou esse desafio cantando literalmente por todo o país nos mais variados locais.
Kathleen no entanto sentia necessidade de formação que nunca tinha tido e por essa razão tentou uma audição em Manchester com o Director Musical da BBC que foi recusada. Em 1942 no entanto conseguiu uma audição com o maestro Malcom Sargent que viria a ser o segundo ponto de viragem da sua carreira dando literalmente uma projecção mundial a Kathleen.
Malcolm recomendou-a a Ibbs e Tillet, gestores de carreiras musicais em Londres que de imediato aceitaram ser seus agentes. Entretanto Kathleen conseguiu também convencer o barítono Roy Henderson a ser seu professor.
Ainda esse ano (1942) ocorre o que foi possivelmente o seu primeiro contacto com o palco em termos "clássicos" num recital que ocorreu a 28 de Dezembro na National Gallery. Estávamos ainda em guerra e por essa razão Kathleen continuava a percorrer o país com recitais um pouco por toda a Inglaterra.
Em 1944 faz a sua primeira gravação com a EMI (embora fosse apenas um teste foi recentemente editado) mas as relações com o produtor eram más o que a levou rapidamente a mudar para a Deca, editora para quem gravou entre 1946 e 1952.
Em 1944 canta o papel do Anjo na obra de Elgar The Dream of Gerontius no que se viria a tornar um dos seus papeis de referência e infelizmente nunca gravado. Em Dezembro desse mesmo ano quando trabalhava numa outra obra de Elgar viria a conhecer o maestro John Barbirolli que se viria a tornar um dos seus grandes amigos e defensores ao mesmo titulo que Benjamin Britten, Neville Cardus, Roy Henderson (o barítono de quem já falamos), Gerald Moore e Bruno Walter.
Kathleen Ferrier não apreciava especialmente a ópera. Na verdade o seu talento enquanto actriz era discutível. No entanto não pode dizer não ao seu amigo Benjamin Britten que a convenceu a aceitar o papel de Lucretia na ópera "The Rape of Lucretia" no que se viria a tornar uma colaboração interessante com o festival de Glyndebourne.
Esta colaboração aliás viria a ser de capital importância musical pois foi o director do festival que apresentou Kathleen Ferrier a Bruno Walter iniciando assim uma colaboração artisticamente relevante e que nos deixou gravada uma das mais representativas interpretações de Mahler - Das Lied von der Erde. Bruno Walter um dos maiores maestros do século XX afirmou que os maiores privilégios da sua carreira foram ter trabalhado com Kathleen Ferrier e com Mahler por essa ordem, nas suas palavras ...
Em 1948 faz a sua primeira tournée internacional viajando pelos Estados Unidos, Canadá e Escandinávia seguindo-se 18 meses de actividade frenética que podem ser considerados o pico da sua curta carreira. No inicio de 1951 depois de ter sido diagnosticado um cancro nos seios é operada retomando a sua carreira uns meses depois com a Missa em Si Menor. Em 1952 apesar de continuar doente e com considerável nível de dor grava em Viena com Bruno Walter e a Filarmónica de Viena "Das Liede von der Erde" precisamente a "tal" gravação que serve de referência a todas as gravações desta obra. Hoje não temos percepção da importância que na altura teve na difusão da obra de Mahler na altura praticamente desconhecida. É com esta obra que iniciamos o conjunto de extractos com que pretendemos ilustrar este post e precisamente nessa gravação histórica pelo momento e histórica pela excelência artística (coincidência nem sempre verificada)
Além da já referida obra de Mahler e na ausência da obra de Elgar não é fácil escolher outras obras sobretudo na ausência de outras obras que eram a imagem de marca de Kathleen. Vamos porém tentar e mantendo Mahler temos obviamente de vos falar de Kindertotenlieder também com Bruno Walter nesta gravação com a Filarmónica de Nova Iorque.
Depois de Mahler teriamos claramente de pelo menos incluir um extracto de Handel e do Messiah que Kathleen gostava particularmente mas de que não existe nenhuma gravação completa. Propomos uma gravação de 1952 (uma das ultimas certamente) com Adrian Boult.
Não podemos também deixar de vos mostrar uma parte da Paixão segundo s. Mateus uma das outras obras da qual infelizmente não existe uma gravação completa de Kathleen, no entanto o extracto que vos proponho Erbame Dich mein Got" é suficiente para nos deixar verdadeiramente apaixonados.
Por fim deixo-vos com uma canção popular uma das que tornou Kathleen Ferrier conhecida no Reino Unido. Não é inocente terminar assim. Esta interpretação de uma canção, digamos, vulgar no sentido em que não é diferente de tantas outras, ganha na voz uma dimensão espiritual única. Uma dimensão que apenas as vozes especiais podem dar. Aquelas que são capazes de nos transportar a alma ...
Kathleen Ferrier faleceu em Londres a 8 de Outubro de 1953.
Kathleen Ferrier nasceu a 22 de Abril de 1922 em Higher Walton aldeia do Lancashire. O pai cantor amador ensinou-lhe os rudimentos do canto mas Kathleen não começou por optar pelo canto antes dedicando-se ao piano. Aliás a bem dizer a curtíssima carreira de cantora de Kathleen Ferrier quase se deve ao acaso.
Na verdade aos 23 anos tendo-se casado com o gestor de um banco em Silloth este desafiou-a a entrar simultâneamente num concurso de piano e de canto. Kathleen que nunca recusava uma aposta aceitou o desafio e não só se inscreveu nesse concurso como venceu em ambas as categorias. Carlisle em 1937 marca assim o inicio da sua carreira embora na verdade profissionalmente isso apenas viesse a acontecer uns anos mais tarde em plena Segunda Guerra Mundial.
Na verdade nesses anos particularmente dificeis a CEMA (Council for the Encouragement ar of Music and the Arts) procurava artistas que pudessem levar a música às populações inglesas como uma forma adicional de manter o moral e a possível normalidade. A CEMA abordou Kathleen que aceitou esse desafio cantando literalmente por todo o país nos mais variados locais.
Kathleen no entanto sentia necessidade de formação que nunca tinha tido e por essa razão tentou uma audição em Manchester com o Director Musical da BBC que foi recusada. Em 1942 no entanto conseguiu uma audição com o maestro Malcom Sargent que viria a ser o segundo ponto de viragem da sua carreira dando literalmente uma projecção mundial a Kathleen.
Malcolm recomendou-a a Ibbs e Tillet, gestores de carreiras musicais em Londres que de imediato aceitaram ser seus agentes. Entretanto Kathleen conseguiu também convencer o barítono Roy Henderson a ser seu professor.
Ainda esse ano (1942) ocorre o que foi possivelmente o seu primeiro contacto com o palco em termos "clássicos" num recital que ocorreu a 28 de Dezembro na National Gallery. Estávamos ainda em guerra e por essa razão Kathleen continuava a percorrer o país com recitais um pouco por toda a Inglaterra.
Em 1944 faz a sua primeira gravação com a EMI (embora fosse apenas um teste foi recentemente editado) mas as relações com o produtor eram más o que a levou rapidamente a mudar para a Deca, editora para quem gravou entre 1946 e 1952.
Em 1944 canta o papel do Anjo na obra de Elgar The Dream of Gerontius no que se viria a tornar um dos seus papeis de referência e infelizmente nunca gravado. Em Dezembro desse mesmo ano quando trabalhava numa outra obra de Elgar viria a conhecer o maestro John Barbirolli que se viria a tornar um dos seus grandes amigos e defensores ao mesmo titulo que Benjamin Britten, Neville Cardus, Roy Henderson (o barítono de quem já falamos), Gerald Moore e Bruno Walter.
Kathleen Ferrier não apreciava especialmente a ópera. Na verdade o seu talento enquanto actriz era discutível. No entanto não pode dizer não ao seu amigo Benjamin Britten que a convenceu a aceitar o papel de Lucretia na ópera "The Rape of Lucretia" no que se viria a tornar uma colaboração interessante com o festival de Glyndebourne.
Esta colaboração aliás viria a ser de capital importância musical pois foi o director do festival que apresentou Kathleen Ferrier a Bruno Walter iniciando assim uma colaboração artisticamente relevante e que nos deixou gravada uma das mais representativas interpretações de Mahler - Das Lied von der Erde. Bruno Walter um dos maiores maestros do século XX afirmou que os maiores privilégios da sua carreira foram ter trabalhado com Kathleen Ferrier e com Mahler por essa ordem, nas suas palavras ...
Em 1948 faz a sua primeira tournée internacional viajando pelos Estados Unidos, Canadá e Escandinávia seguindo-se 18 meses de actividade frenética que podem ser considerados o pico da sua curta carreira. No inicio de 1951 depois de ter sido diagnosticado um cancro nos seios é operada retomando a sua carreira uns meses depois com a Missa em Si Menor. Em 1952 apesar de continuar doente e com considerável nível de dor grava em Viena com Bruno Walter e a Filarmónica de Viena "Das Liede von der Erde" precisamente a "tal" gravação que serve de referência a todas as gravações desta obra. Hoje não temos percepção da importância que na altura teve na difusão da obra de Mahler na altura praticamente desconhecida. É com esta obra que iniciamos o conjunto de extractos com que pretendemos ilustrar este post e precisamente nessa gravação histórica pelo momento e histórica pela excelência artística (coincidência nem sempre verificada)
Além da já referida obra de Mahler e na ausência da obra de Elgar não é fácil escolher outras obras sobretudo na ausência de outras obras que eram a imagem de marca de Kathleen. Vamos porém tentar e mantendo Mahler temos obviamente de vos falar de Kindertotenlieder também com Bruno Walter nesta gravação com a Filarmónica de Nova Iorque.
Depois de Mahler teriamos claramente de pelo menos incluir um extracto de Handel e do Messiah que Kathleen gostava particularmente mas de que não existe nenhuma gravação completa. Propomos uma gravação de 1952 (uma das ultimas certamente) com Adrian Boult.
Não podemos também deixar de vos mostrar uma parte da Paixão segundo s. Mateus uma das outras obras da qual infelizmente não existe uma gravação completa de Kathleen, no entanto o extracto que vos proponho Erbame Dich mein Got" é suficiente para nos deixar verdadeiramente apaixonados.
Por fim deixo-vos com uma canção popular uma das que tornou Kathleen Ferrier conhecida no Reino Unido. Não é inocente terminar assim. Esta interpretação de uma canção, digamos, vulgar no sentido em que não é diferente de tantas outras, ganha na voz uma dimensão espiritual única. Uma dimensão que apenas as vozes especiais podem dar. Aquelas que são capazes de nos transportar a alma ...
Kathleen Ferrier faleceu em Londres a 8 de Outubro de 1953.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
A Capa da Diapason deste mês é linda ...
Já por várias vezes ouvi dizer que a música clássica se deixou vender às caras bonitas. Não sei se será verdade ou não. Facto é que a capa da Diapason deste mês com Patrícia Petitbon (não vale fazerem jogos de palavras com o nome da menina, acreditem que já tentei todos) é belíssima. Melhor ainda é ouvi-la dizer: " Je ne chante pas pour arrondir les angles".
Da Homenagem a Kathleen Ferrier e das sinfonias de Schubert falaremos ainda esta semana.
Da Homenagem a Kathleen Ferrier e das sinfonias de Schubert falaremos ainda esta semana.
domingo, 3 de junho de 2012
Heinrich Albert (1604-1651)
Embora muito menos conhecido do que o primo Heinrich Schütz de quem falaremos a seguir Heinrich Albert não deixa de ser um músico relevante no período barroco alemão.
Heinrich Albert nasceu a 28 de Junho de 1604 em Lobenstein. Seguindo os desejos da família estudou direito em Leipzig. Depois de ter tentado um esquema para escapar à guerra dos 30 anos e ser preso pelos Suecos acabou por se fixar em Konisgberg onde se fixou. Trabalhou como organista da Catedral a partir de 1930 e até à sua morte a 6 de Outubro de 1651.
O seu trabalho mais conhecido é a recolha de canções intitulada "Arien oder Melodeyen" (Arias ou Melodias) constituído por 170 composições baseadas em poemas seus ou do seu amigo e também poeta Simon Dach e eventualmente outros poetas alemães membros da Königsberger Dichterkreis uma espécie de sociedade de poetas. Compôs igualmente um número considerável de cânticos destinados à prática da igreja Luterana alguns dos quais continuam a ser utilizados hoje em dia.
Como ilustração da sua música escolhemos vários extractos começando por uma interpretação de Andreas
Scholl (1: Turpe senex miles, turpe senilis amor 2: Veneris miseras resonare querelas)
Depois uma linda canção intitulada "Maio o mês em que o Ano começa". Curiosamente este video contem na verdade duas interpretações da mesma canção ambas excepcionais embora prefira a segunda.
Por fim mais duas cantatas belíssimas - Wer das Alter schätzt erhaben / Wie ist der Mensch doch so betört
Heinrich Albert nasceu a 28 de Junho de 1604 em Lobenstein. Seguindo os desejos da família estudou direito em Leipzig. Depois de ter tentado um esquema para escapar à guerra dos 30 anos e ser preso pelos Suecos acabou por se fixar em Konisgberg onde se fixou. Trabalhou como organista da Catedral a partir de 1930 e até à sua morte a 6 de Outubro de 1651.
O seu trabalho mais conhecido é a recolha de canções intitulada "Arien oder Melodeyen" (Arias ou Melodias) constituído por 170 composições baseadas em poemas seus ou do seu amigo e também poeta Simon Dach e eventualmente outros poetas alemães membros da Königsberger Dichterkreis uma espécie de sociedade de poetas. Compôs igualmente um número considerável de cânticos destinados à prática da igreja Luterana alguns dos quais continuam a ser utilizados hoje em dia.
Como ilustração da sua música escolhemos vários extractos começando por uma interpretação de Andreas
Scholl (1: Turpe senex miles, turpe senilis amor 2: Veneris miseras resonare querelas)
Depois uma linda canção intitulada "Maio o mês em que o Ano começa". Curiosamente este video contem na verdade duas interpretações da mesma canção ambas excepcionais embora prefira a segunda.
Por fim mais duas cantatas belíssimas - Wer das Alter schätzt erhaben / Wie ist der Mensch doch so betört
sábado, 2 de junho de 2012
Gershwin - Um Americano em Paris
Cena do bailado final - Um Americano em Paris |
Bom esta semana supostamente deveria ter ido por 5 vezes à Cinemateca por causa deste ciclo. Acabei por ir apenas uma, que semana mais desgraçada. Porém na única vez que pude ir tive a sorte de coincidir com o filme Um Americano em Paris com música de Gershwin. Desculpa mana as baldas consecutivas :-)
A obra que dá nome ao filme, filme esse que aliás termina com um soberbo bailado de 17 minutos numa soberba interpretação desse poema sinfónico, foi composta em 1928. A obra foi uma encomenda da Filarmónica de Nova Iorque tendo sido estreada a 13 de Dezembro de 1928 no Carnegie Hall.
A peça tem uma história curiosa e pode de certa forma ser vista como auto-biográfica dado que a sua inspiração de base provém de uma outra pequena peça de 1926 - Trés Parisienne - escrita quando Gershwin esteve em Paris pela primeira vez.
Em 1928 viaja de novo para Paris inicialmente para estudar com Nadia Boulanger visita essa que se revelou infrutífera dado que Boulanger desde logo afirmou nada ter a ensinar a Gershwin. Curiosamente Gershwin tinha ido a Paris com a recomendação de um outro compositor francês - Ravel, que tinha conhecido quando este fez a sua tournée nos Estados Unidos. Há várias histórias que circulam sobre esse encontro e o que esses dois grandes compositores se terão dito mas pode muito bem ser que essas histórias não passem de lendas urbanas.
Facto é que se conheceram e que Ravel escreveu uma carta de recomendação a Gershwin para o tal encontro com Boulanger. Facto também é que tanto a primeira visita como a segunda inspiraram Gershwin a compor uma obra que nas suas palavras:
"My purpose here is to portray the impressions of an American visitor in Paris as he strolls about the city, listens to the various street noises, and absorbs the French atmosphere."
"O meu objectivo é retratar as impressões de um visitante americano em Paris à medida que ele passeia pela cidade, ouve os vários sons das ruas e absorve a atmosfera francesa"
A influência dessa atmosfera francesa na música de Gershwin é notória pela utilização de técnicas de composição próximas de Debussy - impressionistas nas palavras de Gershwin que eventualmente Debussy não gostaria.
Como poema sinfónico é obviamente programático embora como muitos compositores Gershwin não gostasse particularmente de uma associação demasiado próxima a uma qualquer descrição narrativa textual, isto não obstante não se ter oposto a que no programa de sala da estreia essa mesma descrição fosse bastante detalhada. Há histórias muito engraçadas da parte da composição feita em Paris que envolvem selecção de buzinas de táxi por exemplo que vos convidamos a ler nesta excelente análise. Uma parte considerável da mesma preocupasse especificamente com a versão para dois pianos (nunca publicada em vida por Gerswin e que eu não sabia que existia sequer) mas a introdução e o contexto são excelentes com um insight muito profundo da obra.
Para quem deseje uma visão mais sumária dir-vos-ei que a obra se organiza numa forma ABA´ também tipicamente debussiana passe a expressão dividida em sete cenas:
Primeira Parte (A)
1. Walking along the Champs Elysées with honking taxis (a tal parte em que supostamente Gershwin fez uma selecção de várias buzinas de táxis - da próxima vez que fizerem piadas sobre a cultura dos taxistas lembrem-se desta !)
2. Passing a church
3. Episodes on the Left Bank
Segunda Parte (B)
4. The blues
5. Meeting with a friend
6. Second fit of blues
Terceira Parte (A´)
7. Do as Parisians do
Existem quatro temas principais e dois sub-temas cada um dos quais é utilizado apenas numa das partes com a excepção da terceira e ultima parte que não contém nenhum novo tema. Aliás essa foi uma das criticas mais acesas à obra - a sua aparente descontinuidade e desconexão. Mesmo Bernstein grande fã da obra dizia que esta obra tinha coisas absolutamente fantásticas (as várias melodias ou temas) mas depois longos interavalos de transição sem verdadeiro desenvolvimento. É discutível embora seja claro que não existe ligação entre os temas nem tão pouco técnicas convencionais de desenvolvimento o que aliás levou alguns críticos da época a discutir a pertinência da estreia da obra em programas com Cesar Franck e Wagner.
Os temas são apresentados nas secções 1, 2 , 5 e 6 . Nas secções 3 e 4 temos o que podemos chamar sub-temas (ou seja temas um pouco menos desenvolvidos). A ultima parte (razão pela qual se chama A´) recupera material das três primeiras partes.
Terminando com música penso que agora poderão apreciar esta composição de forma um pouco diferente.
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