Enquanto esperamos pelos resultados da nossa votação hoje para variar teremos uma obra sinfónica do período romântico, uma excelente sugestão do nosso leitor Fernando Manuel Ribeiro Couto. Coincidência interessante este leitor partilha comigo não só o gosto de Cesar Franck mas também os dois primeiros nomes, ou seja é mais um Fernando Manuel que gosta de música clássica :-)
Trata-se de uma obra (a ultima por acaso) do compositor belga, uma sinfonia, uma adição algo estranha na sua obra muito embora esta mantenha as características principais da obra de Franck.
Dizemos que é estranho porque em França onde César Franck residia e trabalhava a forma sinfónica era quase considerada uma traição por ser uma forma "germânica". Mais ainda era vista como uma forma ultrapassada e antiga. Temos de enquadrar esta polémica (porque a obra de Franck na altura foi mesmo polémica) numa intensa querela nacionalista em que a música era arma fundamental. Se a querela em si não me diz nada já o facto de esta ser feita musicalmente não deixa de ser mais interessante do que o arremesso doutro tipo de projécteis: Pelo menos neste caso o público na pior das hipóteses é massacrado com má música; desculpem a má piada. A sério se as nações se têm mesmo de confrontar para determinar algum tipo de superioridade pelo menos que o façam de forma pacifica. Na música e no desporto porque não ...
Esta obra no entanto não foi polémica apenas por isso. Não nos podemos esquecer que em 1886/1888 data em que esta sinfonia foi composta já Debussy havia iniciado uma verdadeira revolução musical e por isso esta sinfonia com o seu apelo às formas clássicas é também antagónica desse progresso. Ou seja César Franck pela escolha que faz da forma sinfónica (uma clara homenagem a Liszt e Beethoven, compositores que adorava) não só contraria a forma "francesa" como ainda por cima contraria o modernismo proposto por Debussy ou Ravel em menor grau.
A bem da verdade a obra de Cesar Franck está no entanto longe de ser apenas uma espécie de revivalismo germânico (aliás é totalmente injusta essa classificação). Na verdade esta sinfonia é totalmente característica das formas predilectas do compositor que são na verdade uma subtil fusão entre elementos de Liszt e de Beethoven e outros típicos da escola francesa. Fusão seria assim a palavra que escolheria para classificar esta obra o que obviamente deita por terra qualquer pretensão de reclamação nacional.
A obra é invulgar na forma por não utilizar os quatro andamentos normais na forma sinfónica (tem apenas 3) utilizando a forma cíclica tão do gosto de Franck e de que falamos na sua Sonata para Violino. Esta forma cíclica neste caso não deixa de recordar a outra sinfonia do período de que me lembro (a Sinfonia Fantástica de Berlioz) e a sua "idée fixe" embora neste caso sem a componente programática: esta é uma obra totalmente abstracta. Irei completar mais tarde hoje este post com uma descrição dos três andamentos mas por agora fiquem com o inicio do primeiro andamento.
A única música que precisa de embalagem é a música de plástico.
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Melhor obra para Violino Solo - Uma luta a dois
Faltam agora apenas 9 dias e neste momento podemos dizer que a vitória nesta votação está entre uma obra de referência do período barroco, As Sonatas e Partitas para Violino de Bach e uma obra do período romântico, a Sonata de Cesar Franck, ambas com 25 votos !
Para vos facilitar a escolha aqui ficam directamente duas referências ...
Depois dessas duas obras a luta pela terceira posição também está renhida entre as duas sonatas de Beethoven Primavera e Kreutzer e a Tzigane de Ravel embora a essa terceira posição outras obras como os Caprichos de Paganini ou Poeme de Chausson ainda possam aspirar.
Para potenciar uma eventual recuperação resolvi também à ultima da hora deixar-vos aqui referências para essas obras também ...
O número de votantes tem vindo a aumentar mas ainda não me satisfaz, 63 ainda é pouco ... Espero que assim vos seja mais fácil escolher uma destas ...
Para vos facilitar a escolha aqui ficam directamente duas referências ...
Depois dessas duas obras a luta pela terceira posição também está renhida entre as duas sonatas de Beethoven Primavera e Kreutzer e a Tzigane de Ravel embora a essa terceira posição outras obras como os Caprichos de Paganini ou Poeme de Chausson ainda possam aspirar.
Para potenciar uma eventual recuperação resolvi também à ultima da hora deixar-vos aqui referências para essas obras também ...
O número de votantes tem vindo a aumentar mas ainda não me satisfaz, 63 ainda é pouco ... Espero que assim vos seja mais fácil escolher uma destas ...
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Bigodes ou instrumentos de sopro ?
Descobri hoje o blog Fotografias Estranhas de Música Clássica e já me ri um bocado com algumas delas. Visitem o blog e comecem por aquela que o titulo sugere ...
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Há constantes no universo ...
Num post do blog The Rest is Noise ficamos a saber que segundo o British Film Institute Citizen Kane deixou de ser o filme mais popular de sempre passando esse titulo para Vertigo. Qual a constante então de que estamos a falar?
Bom do compositor da Banda Sonora claro ! Bernard Herrmann (1911-1975) que foi um dos mais originais compositores ligados à produção cinematográfica. Além destes dois filmes Bernard Herrmann foi ainda responsável pela música da transmissão original radiofónica da Guerra dos Mundos de Orson Wells e também das bandas sonoras de Taxi Driver e Psico entre outros (a maioria dos filmes de Hitchock).
Fora do cinema escreveu uma ópera e uma cantata e obviamente a sua fantástica suite baseada na banda sonora do filme Fahrnheit 451 do qual também foi autor. Obviamente para terminar com música aproveitamos esta obra absolutamente notável interpretada pela National Symphony Orchestra dirigida pelo próprio de que vos convidamos a ouvir uma parte.
Bom do compositor da Banda Sonora claro ! Bernard Herrmann (1911-1975) que foi um dos mais originais compositores ligados à produção cinematográfica. Além destes dois filmes Bernard Herrmann foi ainda responsável pela música da transmissão original radiofónica da Guerra dos Mundos de Orson Wells e também das bandas sonoras de Taxi Driver e Psico entre outros (a maioria dos filmes de Hitchock).
Fora do cinema escreveu uma ópera e uma cantata e obviamente a sua fantástica suite baseada na banda sonora do filme Fahrnheit 451 do qual também foi autor. Obviamente para terminar com música aproveitamos esta obra absolutamente notável interpretada pela National Symphony Orchestra dirigida pelo próprio de que vos convidamos a ouvir uma parte.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Digital Concert Hall da Berliner Philarmoniker
De vez em quando tenho falado deste projecto da Orquestra Filarmónica de Berlim que é sem dúvida inovador pela qualidade que consegue em transmissões via net e nos dá a oportunidade por um valor razoável de ter acesso a um programa de concertos bastante interessante.
Vem esta recomendação a propósito de duas coisas totalmente diversas. Primeiro a Filarmónica de Berlim acabou de publicar agora o documentário sobre o seu "Open Day". Vale a pena ver o trailer, é gratuito, e vale a pena também escrever à Gulbenkian: Para quando um Open Day? Não deveria ser muito complicado de organizar (haveria de certeza voluntários em excesso) e certamente contribuiria em trazer mais jovens à Gulbenkian um hábito que infelizmente está reservado a programa meritórios da parte educacional mas a que falta um pouco da dimensão dos grandes dias, digo eu. Mas vejam o vídeo e inspirem-se.
A segunda razão desta recomendação é mais prosaica. O Digital Concert Hall abre a sua época de 2012/2013 daqui a três dias e 18 horas com o segundo concerto para piano de Brahms por Yefim Bronfman, Orquestra dirigida por Sir Simon Rattle obviamente. Próxima Sexta-Feira às 18h , Hora portuguesa obviamente. Há descontos para estudantes, um bilhete digital normal para 48h custa €9,90.
Vem esta recomendação a propósito de duas coisas totalmente diversas. Primeiro a Filarmónica de Berlim acabou de publicar agora o documentário sobre o seu "Open Day". Vale a pena ver o trailer, é gratuito, e vale a pena também escrever à Gulbenkian: Para quando um Open Day? Não deveria ser muito complicado de organizar (haveria de certeza voluntários em excesso) e certamente contribuiria em trazer mais jovens à Gulbenkian um hábito que infelizmente está reservado a programa meritórios da parte educacional mas a que falta um pouco da dimensão dos grandes dias, digo eu. Mas vejam o vídeo e inspirem-se.
A segunda razão desta recomendação é mais prosaica. O Digital Concert Hall abre a sua época de 2012/2013 daqui a três dias e 18 horas com o segundo concerto para piano de Brahms por Yefim Bronfman, Orquestra dirigida por Sir Simon Rattle obviamente. Próxima Sexta-Feira às 18h , Hora portuguesa obviamente. Há descontos para estudantes, um bilhete digital normal para 48h custa €9,90.
Estatisticas e mensagens populares de 12 a 18 de Agosto 2012
Na semana de 12 a 18 de Agosto de 2012 tivemos 759 visitas (+22% - efeito do fim de férias?) de 574 (+14,2%) visitantes únicos que no seu conjunto leram 1.165 páginas diferentes (+33,8%) numa média de 1,53 páginas por visita (+9,4%) num tempo médio de 1:56 por visita (+118%). 70,0% dos visitantes foram novos, 30,0% repetentes.
O maior número de visitantes veio do Brasil 456 (+14,0%) seguindo-se Portugal 272 (+34,0%) e num longínquo terceiro os Estados Unidos com 6 visitas. Por cidades Lisboa reforça o primeiro posto 188 (+45,4%) seguindo-se São Paulo 70 (+55,6%) sendo que em terceiro mantendo uma certa alternância entre a invicta e o Rio de Janeiro voltou a ficar a cidade brasileira com 40 visitas (+2,6%)
Os nossos visitantes vieram em 73,9% como resultado de pesquisas, 12,1% de sites que nos referiram e 11,2% de tráfego directo (bookmarks, memória ou outros em que o endereço foi digitado directamente).
Se excluirmos as páginas de topo e as mensagens a elas relacionadas as mensagens mais lidas esta semana foram (antiga significa que não foi publicada esta semana e nova que o foi):
1º Fisiologia Musical (nova) .......................... 22
2º Poemas das Quatro Estações de Vivaldi (antiga)...... 13
3º As Dez melhores Obras para Violino (Lista) (antiga). 12
4º Sétima Sinfonia de Beethoven (antiga)............... 10
5º Concertos de Brandeburgo (antiga) ................... 7
No que diz respeito a essas páginas de topo ou mensagens relacionadas a estatística é a seguinte:
1º As melhores músicas clássicas ........................... 76
2º Lista dos melhores Violinistas .......................... 53
3º As dez melhores músicas clássicas ....................... 38
4º Lista dos Grandes Maestros .............................. 35
5º As 25 melhores Sinfonias ................................ 33
A página de entrada teve 316 visualizações representando 27,1% do tráfego.
O maior número de visitantes veio do Brasil 456 (+14,0%) seguindo-se Portugal 272 (+34,0%) e num longínquo terceiro os Estados Unidos com 6 visitas. Por cidades Lisboa reforça o primeiro posto 188 (+45,4%) seguindo-se São Paulo 70 (+55,6%) sendo que em terceiro mantendo uma certa alternância entre a invicta e o Rio de Janeiro voltou a ficar a cidade brasileira com 40 visitas (+2,6%)
Os nossos visitantes vieram em 73,9% como resultado de pesquisas, 12,1% de sites que nos referiram e 11,2% de tráfego directo (bookmarks, memória ou outros em que o endereço foi digitado directamente).
Se excluirmos as páginas de topo e as mensagens a elas relacionadas as mensagens mais lidas esta semana foram (antiga significa que não foi publicada esta semana e nova que o foi):
1º Fisiologia Musical (nova) .......................... 22
2º Poemas das Quatro Estações de Vivaldi (antiga)...... 13
3º As Dez melhores Obras para Violino (Lista) (antiga). 12
4º Sétima Sinfonia de Beethoven (antiga)............... 10
5º Concertos de Brandeburgo (antiga) ................... 7
No que diz respeito a essas páginas de topo ou mensagens relacionadas a estatística é a seguinte:
1º As melhores músicas clássicas ........................... 76
2º Lista dos melhores Violinistas .......................... 53
3º As dez melhores músicas clássicas ....................... 38
4º Lista dos Grandes Maestros .............................. 35
5º As 25 melhores Sinfonias ................................ 33
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domingo, 19 de agosto de 2012
Piazzolla e o Novo Tango - Adios Nonino, Libertango e Estaciones Porteñas
Também está na lista das 100 obras que recomendo para quem quer começar a ouvir música clássica. Pode parecer estranha esta recomendação mas o Tango de Piazzola incorpora na minha opinião (e na opinião de musicólogos vários elementos de composição que tornaram a sua forma de expressão clássica no sentido da definição que vos procurei dar por exemplo aqui: O que é a música clássica.
Claro que existem diferenças (e ainda bem) mas que não nos devem incomodar. A música de Gershwin por exemplo também foi igualmente polémica mas há outros exemplos mais clássicos se este não vos convencer, Ravel, Stravinsky, Bartok entre outros sofreram problemas semelhantes. Essencialmente todos os que rompem quer por inovação quer por tentativa de fusão de géneros são normalmente vistos como párias de ambos os universos ou pelo menos de um deles, se tiverem sorte.
A música de Piazzola incorpora elementos do Tango original, do Jazz e de música clássica propriamente dita nomeadamente na estruturação e na utilização de formas de composição como contraponto e fuga. Aliás convém referir que a formação clássica de Piazzola é indiscutível tanto com Ginastera em Buenos Aires como depois com Nádia Boulanger em Paris. Aliás Paris foi determinante na consolidação do seu estilo quer pelo incentivo de Nádia Boulanger à sua forma única de expressão quer também porque foi em Paris que exposto ao Jazz mentalmente incorporou algumas das suas características na sua música.
Mas na vasta obra de Piazzola quais são as obras que gostaria que ouvissem? Bem a selecção que vos apresento consta de três obras embora na verdade também pudessem ser consideradas seis por razões que vos explicarei adiante.
Sem qualquer ordem de mérito em primeiro lugar Adios Nonino de 1959. Escrito em homenagem ao seu pai , composto após ter conhecimento do seu falecimento enquanto se encontrava em tournée, Piazolla utiliza um tango que havia composto em 1954 e de que guardou a parte rítmica tendo-lhe justaposto uma melodia que exprime na perfeição a dor de um filho com as suas notas longas e melancólica melodia. Proponho-vos uma excelente interpretação do quinteto do próprio Piazzola.
Em segundo lugar Libertango. Gravado e editado em 1974 em Milão o nome desta obra resulta obviamente da fusão das palavras Liberdade e Tango com o duplo óbvio significado. Gravado em Itália na sequência de um acordo com Aldo Pagani que lhe havia oferecido um contrato de gravação para "todas as obras que compusesse". É uma obra com um ritmo fantástico inebriante mesmo mas que não deixa de ter paradoxalmente (e isso faz parte do seu encanto) uma certa, como dizer nostalgia?
Por fim a ultima obra na verdade são quatro obras que podem ser consideradas independentes. Trata-se do conjunto Estaciones Porteñas composto de 1965 a 1970 e logo cronologicamente anteriores ao Libertango de que vos falei antes. São obras separadas que foram posteriormente juntas por Piazzolla embora o autor tenha continuado a interpretá-las também de forma separada, muito à imagem das quatro estações de Vivaldi. A semelhança no entanto termina aqui porque por um lado não existe outra referência ao trabalho de Vivaldi, ou a que existe é insignificante e pouco relevante e tem mais a ver com a utilização de técnicas de composição do período barroco que de qualquer forma explicita e porque por outro lado Piazzolla sempre recusou qualquer tipo de intenção programática na sua música. Já agora "porteño" refere-se aos habitantes de Buenos Aires logo estas estações podem ser vista como as impressões dos sentimentos despertados pelas estações na capital argentina.
A primeira das quatro editada foi o Verão Porteño composto em 1965 e resultou de uma encomenda para um filme. É discutível se nessa altura o compositor tinha ou não intenção de completar o ciclo embora seja quase certo que se trate de uma ideia posterior até pelo tempo que decorre entre a primeira e a segunda obra e as três restantes. Para ilustrar esta obra escolhi uma interpretação completamente diferente das que vos tenho mostrado fugindo voluntariamente da composição para a qual foi originalmente escrita (o formato preferido de Piazzolla, o quinteto) para vos mostrar que as obras de Piazzolla podem perfeitamente ser interpretadas por formações apenas com cordas ou com cordas e piano. Neste caso é um trio Piano, Violino e Violoncelo, no violino Alissa Margulis (por imposição absurda da EMI neste caso tem de ser visto no You Tube razão pela qual não está aqui directamente incorporado). Podem ver o video aqui.
A segunda estação foi o Outono e data de 1969. Aqui sim é quase certo que Piazzolla já tivesse intenção de completar o ciclo. Alguns estudiosos vêm no inicio desta obra, uma espécie de fuga uma homenagem a Vivaldi. Pessoalmente embora reconheça ter muito menos conhecimento do que esses especialistas parece-me um pouco exagerada a conclusão sobretudo porque em muitas outras obras Piazzolla utiliza técnicas semelhantes e muito possivelmente apesar deste ser um ciclo quase homónimo da obra de Vivaldi penso que se Piazzolla quisesse homenagear alguém seria Bach em primeiro lugar por quem tinha uma profunda admiração. Em termos de interpretação mantemos a escolha anterior pelo que vos sugerimos que vejam o video aqui.
A terceira estação e quarta datam ambas de 1970 primeiro a Primavera (que também contém elementos de contraponto o que pela mesma razão anteriormente apontada é visto como uma homenagem) e por fim o Inverno onde também alguns vêm traços de diálogos instrumentais semelhantes a Vivaldi. Sempre com Alissa Margulis proponho que oiçam a Primavera e o Inverno de Piazzolla.
Poderia facilmente ter escolhido muitas outras obras de Piazzolla por exemplo Vuelvo al sur ou Obvilion só para citar algumas que me vêm à memória assim de repente, obras que aliás agora que estão certamente viciados neste grande compositor argentino vos convido a ouvir, certamente com uma nova atenção.
Claro que existem diferenças (e ainda bem) mas que não nos devem incomodar. A música de Gershwin por exemplo também foi igualmente polémica mas há outros exemplos mais clássicos se este não vos convencer, Ravel, Stravinsky, Bartok entre outros sofreram problemas semelhantes. Essencialmente todos os que rompem quer por inovação quer por tentativa de fusão de géneros são normalmente vistos como párias de ambos os universos ou pelo menos de um deles, se tiverem sorte.
A música de Piazzola incorpora elementos do Tango original, do Jazz e de música clássica propriamente dita nomeadamente na estruturação e na utilização de formas de composição como contraponto e fuga. Aliás convém referir que a formação clássica de Piazzola é indiscutível tanto com Ginastera em Buenos Aires como depois com Nádia Boulanger em Paris. Aliás Paris foi determinante na consolidação do seu estilo quer pelo incentivo de Nádia Boulanger à sua forma única de expressão quer também porque foi em Paris que exposto ao Jazz mentalmente incorporou algumas das suas características na sua música.
Mas na vasta obra de Piazzola quais são as obras que gostaria que ouvissem? Bem a selecção que vos apresento consta de três obras embora na verdade também pudessem ser consideradas seis por razões que vos explicarei adiante.
Sem qualquer ordem de mérito em primeiro lugar Adios Nonino de 1959. Escrito em homenagem ao seu pai , composto após ter conhecimento do seu falecimento enquanto se encontrava em tournée, Piazolla utiliza um tango que havia composto em 1954 e de que guardou a parte rítmica tendo-lhe justaposto uma melodia que exprime na perfeição a dor de um filho com as suas notas longas e melancólica melodia. Proponho-vos uma excelente interpretação do quinteto do próprio Piazzola.
Em segundo lugar Libertango. Gravado e editado em 1974 em Milão o nome desta obra resulta obviamente da fusão das palavras Liberdade e Tango com o duplo óbvio significado. Gravado em Itália na sequência de um acordo com Aldo Pagani que lhe havia oferecido um contrato de gravação para "todas as obras que compusesse". É uma obra com um ritmo fantástico inebriante mesmo mas que não deixa de ter paradoxalmente (e isso faz parte do seu encanto) uma certa, como dizer nostalgia?
Por fim a ultima obra na verdade são quatro obras que podem ser consideradas independentes. Trata-se do conjunto Estaciones Porteñas composto de 1965 a 1970 e logo cronologicamente anteriores ao Libertango de que vos falei antes. São obras separadas que foram posteriormente juntas por Piazzolla embora o autor tenha continuado a interpretá-las também de forma separada, muito à imagem das quatro estações de Vivaldi. A semelhança no entanto termina aqui porque por um lado não existe outra referência ao trabalho de Vivaldi, ou a que existe é insignificante e pouco relevante e tem mais a ver com a utilização de técnicas de composição do período barroco que de qualquer forma explicita e porque por outro lado Piazzolla sempre recusou qualquer tipo de intenção programática na sua música. Já agora "porteño" refere-se aos habitantes de Buenos Aires logo estas estações podem ser vista como as impressões dos sentimentos despertados pelas estações na capital argentina.
A primeira das quatro editada foi o Verão Porteño composto em 1965 e resultou de uma encomenda para um filme. É discutível se nessa altura o compositor tinha ou não intenção de completar o ciclo embora seja quase certo que se trate de uma ideia posterior até pelo tempo que decorre entre a primeira e a segunda obra e as três restantes. Para ilustrar esta obra escolhi uma interpretação completamente diferente das que vos tenho mostrado fugindo voluntariamente da composição para a qual foi originalmente escrita (o formato preferido de Piazzolla, o quinteto) para vos mostrar que as obras de Piazzolla podem perfeitamente ser interpretadas por formações apenas com cordas ou com cordas e piano. Neste caso é um trio Piano, Violino e Violoncelo, no violino Alissa Margulis (por imposição absurda da EMI neste caso tem de ser visto no You Tube razão pela qual não está aqui directamente incorporado). Podem ver o video aqui.
A segunda estação foi o Outono e data de 1969. Aqui sim é quase certo que Piazzolla já tivesse intenção de completar o ciclo. Alguns estudiosos vêm no inicio desta obra, uma espécie de fuga uma homenagem a Vivaldi. Pessoalmente embora reconheça ter muito menos conhecimento do que esses especialistas parece-me um pouco exagerada a conclusão sobretudo porque em muitas outras obras Piazzolla utiliza técnicas semelhantes e muito possivelmente apesar deste ser um ciclo quase homónimo da obra de Vivaldi penso que se Piazzolla quisesse homenagear alguém seria Bach em primeiro lugar por quem tinha uma profunda admiração. Em termos de interpretação mantemos a escolha anterior pelo que vos sugerimos que vejam o video aqui.
A terceira estação e quarta datam ambas de 1970 primeiro a Primavera (que também contém elementos de contraponto o que pela mesma razão anteriormente apontada é visto como uma homenagem) e por fim o Inverno onde também alguns vêm traços de diálogos instrumentais semelhantes a Vivaldi. Sempre com Alissa Margulis proponho que oiçam a Primavera e o Inverno de Piazzolla.
Poderia facilmente ter escolhido muitas outras obras de Piazzolla por exemplo Vuelvo al sur ou Obvilion só para citar algumas que me vêm à memória assim de repente, obras que aliás agora que estão certamente viciados neste grande compositor argentino vos convido a ouvir, certamente com uma nova atenção.
sábado, 18 de agosto de 2012
Beethoven - Sonata Primavera
Tendo em consideração que decorre neste momento uma votação este post pode ser visto como campanha eleitoral e bem de certa forma até é. Na verdade ao percorrer a lista das 100 obras que recomendo para começarem a ouvir música clássica encontrei também esta sonata sem que ainda exista um artigo que a descreva e que me satisfaça. Já falamos dela aqui e também neste outro post mas enquanto descrição já não me satisfazem.
A Sonata Primavera (Op. 24) em Fá Maior é a quinta das sonatas para violino de Beethoven tendo sido editada em 1801 e dedicada ao mecenas Conde Moritz von Fries (o mesmo da sétima sinfonia por exemplo).
É uma obra na qual é evidente que Beethoven já encontrou a sua própria voz estando neste momento já bastante distante do classicismo puro entrando já em pleno romantismo. Curiosamente esta obra inicialmente era para fazer parte de um conjunto que incluía também a Sonata Nº 4 em Lá Menor (Op. 23). Devemos notar que tal como Mozart Beethoven considerava estas obras mais como sonatas para piano com acompanhamento para violino do que o inverso. Porém os violinistas do século XIX e XX apropriaram-se destas obras de tal forma que neste momento tanto poderiam estar nesta lista como numa de obras para piano: É perfeitamente justo dizer que são desse ponto de vista obras em que os dois instrumentos têm papeis quase equilibrados dependendo a sua relevância mais dos interpretes do que da partitura, o que aliás não deixa de ter o seu interesse adicional.
O primeiro andamento da sonata (Allegro) começa com um tema maravilhoso, uma das minhas melodias preferidas em toda a música clássica primeiro introduzido pelo violino e depois repetido pelo piano. É um tema alegre que contrasta com o segundo tema desse mesmo andamento que mantendo alguma alegria não deixa de ter um certo tom de ansiedade digamos. O jogo que descrevemos entre o violino e o piano repete-se ao longo de todo este andamento quase como um desafio. Diz-se que Beethoven procurou que esta obra fosse especialmente fácil de ouvir e talvez por isso os temas são repetidos (são reexpostos) na sua totalidade antes do desenvolvimento que é bastante curto sendo depois de novo recapitulados antes do final do andamento. Esta repetição dos dois temas num andamento que é relativamente curto contribui certamente para que a obra seja de fácil memorização e incute alguma "familiaridade" ao ouvinte. Para ilustrar este primeiro andamento escolhemos David Oistrakh com Lev Oborin no piano.
O segundo andamento (adagio molto expressivo) é de uma tranquilidade absoluta, uma espécie de repouso tranquilo das emoções do primeiro andamento. Agora é o piano que assume a liderança sendo o primeiro a expor os temas seguido pelo violino que os repete. Também neste caso temos dois temas mas contrariamente ao primeiro andamento não estamos aqui na presença de uma forma sonata típica sendo que após a exposição os dois temas são revisitados em sequência com variações. Continuamos a ilustrar esta obra com os interpretes que utilizamos para o primeiro andamento.
O terceiro andamento (Scherzo - Allegro Molto) é particularmente curto apenas pouco mais de um minuto sendo constituído pelo Scherzo propriamente dito e um trio. É de novo um tema alegre e bastante rítmico como que para nos libertar da introspecção em que o segundo andamento nos coloca. Neste caso resolvi passar para uma interprete contemporânea. O video que vos mostro tem a sonata inteira pelo que se desejarem podem ouvi-la toda de seguida mas o terceiro andamento propriamente dito começa um pouco depois de 18:05. Fiquem portanto com Anne Sophie Mutter no violino e Lambert Orkis no piano.
Por fim o quarto andamento (Rondo: Allegro ma non troppo) voltamos a ter uma belíssima melodia com os dois instrumentos em pé de igualdade partilhando, repetindo-a. É um fim de peça bastante alegre que nos faz retornar ao inicio da obra. Ainda não como no período romântico com a forma cíclica de retoma do tema inicial - forma que aprecio particularmente pela sua unidade, aliás o santo graal de românticos como Schubert ou Schumann, mas já bastante próximo ... Para este andamento escolhi o violinista Augustin Dumay com a nossa Maria João Pires ao piano. Tal como no caso anterior a sonata está inteiramente reproduzida neste video sendo que o quarto andamento começa perto de 17:15. Tenho a sorte imensa de ter este disco autografado pela pianista e posso dizer-vos que esta é uma das interpretações de referência segundo muitos especialistas.
A Sonata Primavera (Op. 24) em Fá Maior é a quinta das sonatas para violino de Beethoven tendo sido editada em 1801 e dedicada ao mecenas Conde Moritz von Fries (o mesmo da sétima sinfonia por exemplo).
É uma obra na qual é evidente que Beethoven já encontrou a sua própria voz estando neste momento já bastante distante do classicismo puro entrando já em pleno romantismo. Curiosamente esta obra inicialmente era para fazer parte de um conjunto que incluía também a Sonata Nº 4 em Lá Menor (Op. 23). Devemos notar que tal como Mozart Beethoven considerava estas obras mais como sonatas para piano com acompanhamento para violino do que o inverso. Porém os violinistas do século XIX e XX apropriaram-se destas obras de tal forma que neste momento tanto poderiam estar nesta lista como numa de obras para piano: É perfeitamente justo dizer que são desse ponto de vista obras em que os dois instrumentos têm papeis quase equilibrados dependendo a sua relevância mais dos interpretes do que da partitura, o que aliás não deixa de ter o seu interesse adicional.
O primeiro andamento da sonata (Allegro) começa com um tema maravilhoso, uma das minhas melodias preferidas em toda a música clássica primeiro introduzido pelo violino e depois repetido pelo piano. É um tema alegre que contrasta com o segundo tema desse mesmo andamento que mantendo alguma alegria não deixa de ter um certo tom de ansiedade digamos. O jogo que descrevemos entre o violino e o piano repete-se ao longo de todo este andamento quase como um desafio. Diz-se que Beethoven procurou que esta obra fosse especialmente fácil de ouvir e talvez por isso os temas são repetidos (são reexpostos) na sua totalidade antes do desenvolvimento que é bastante curto sendo depois de novo recapitulados antes do final do andamento. Esta repetição dos dois temas num andamento que é relativamente curto contribui certamente para que a obra seja de fácil memorização e incute alguma "familiaridade" ao ouvinte. Para ilustrar este primeiro andamento escolhemos David Oistrakh com Lev Oborin no piano.
O segundo andamento (adagio molto expressivo) é de uma tranquilidade absoluta, uma espécie de repouso tranquilo das emoções do primeiro andamento. Agora é o piano que assume a liderança sendo o primeiro a expor os temas seguido pelo violino que os repete. Também neste caso temos dois temas mas contrariamente ao primeiro andamento não estamos aqui na presença de uma forma sonata típica sendo que após a exposição os dois temas são revisitados em sequência com variações. Continuamos a ilustrar esta obra com os interpretes que utilizamos para o primeiro andamento.
O terceiro andamento (Scherzo - Allegro Molto) é particularmente curto apenas pouco mais de um minuto sendo constituído pelo Scherzo propriamente dito e um trio. É de novo um tema alegre e bastante rítmico como que para nos libertar da introspecção em que o segundo andamento nos coloca. Neste caso resolvi passar para uma interprete contemporânea. O video que vos mostro tem a sonata inteira pelo que se desejarem podem ouvi-la toda de seguida mas o terceiro andamento propriamente dito começa um pouco depois de 18:05. Fiquem portanto com Anne Sophie Mutter no violino e Lambert Orkis no piano.
Por fim o quarto andamento (Rondo: Allegro ma non troppo) voltamos a ter uma belíssima melodia com os dois instrumentos em pé de igualdade partilhando, repetindo-a. É um fim de peça bastante alegre que nos faz retornar ao inicio da obra. Ainda não como no período romântico com a forma cíclica de retoma do tema inicial - forma que aprecio particularmente pela sua unidade, aliás o santo graal de românticos como Schubert ou Schumann, mas já bastante próximo ... Para este andamento escolhi o violinista Augustin Dumay com a nossa Maria João Pires ao piano. Tal como no caso anterior a sonata está inteiramente reproduzida neste video sendo que o quarto andamento começa perto de 17:15. Tenho a sorte imensa de ter este disco autografado pela pianista e posso dizer-vos que esta é uma das interpretações de referência segundo muitos especialistas.
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Resultados Provisórios - Melhor Obra para Violino Solo
Quando faltam apenas 19 dias para finalizar a votação temos neste momento 50 votantes num total de 179 votos expressos o que significa uma média de um pouco mais do que 3,5 votos por pessoa o que é um valor perfeitamente razoável. Entre esta lista de obras ser capaz de seleccionar 3 ou 4 preferidas não é fácil!
Na frente desta nossa votação com 40% dos votantes a terem preferido esta obra encontramos agora a Sonata de Cesar Franck que desde o meu post ontem ultrapassou as sonatas e partitas de Bach - um expoente do período barroco sem dúvida e um expoente da nossa civilização. É no entanto uma luta muito próxima entre estas duas obras com Beethoven e Ravel a espreitarem uma oportunidade e a degladiarem-se pelo terceiro posto.
No resto meus amigos, 50 votantes? Não é mau mas se considerarmos que num unico dia este blog tem mais de 100 visitantes não deixa de ser uma brutal taxa de abstenção. Votem que não custa nada! O Post com uma descrição de cada uma das obras e com links para o You Tube para que as possam ouvir está aqui.
Classificação a 15.08.2012
Cesar Franck - Sonata em Lá Maior............20
Bach - Sonatas e Partitas para Violino.......19
Ravel - Tzigane..............................14
Beethoven - Sonata Primavera.................13
Chausson - Poéme.............................11
Beethoven: Sonata Kreutzer...................10
Paganini - 24 Caprichos...................... 9
Mozart - Sonatas para Violino................ 9
Locatelli Op. 6 - 12 Sonatas para Violino.... 8
Ysaye - Sonatas.............................. 7
Schubert - Sonata em La Maior................ 7
Brahms - Violin Sonata Nº1 (Sonata da Chuva). 6
Prokofiev - Sonata nº1....................... 5
Schumann - Violin Sonata Nº 1................ 5
Bartok - Sonata nº 1......................... 4
Vaughan Williams : Sonata para Violino....... 3
Fritz Kreisler - Caprice Viennois............ 3
Grieg - Sonata Nº 3 em Dó Menor.............. 2
Janacek - Sonata para Violino e Piano........ 2
Elgar - Violin sonata em Mi Menor............ 2
Mendelssohn - Sonata em Fá Menor............. 2
Max Reger - Violin Sonata Nº1................ 1
Korngold Violin Sonata....................... 1
Na frente desta nossa votação com 40% dos votantes a terem preferido esta obra encontramos agora a Sonata de Cesar Franck que desde o meu post ontem ultrapassou as sonatas e partitas de Bach - um expoente do período barroco sem dúvida e um expoente da nossa civilização. É no entanto uma luta muito próxima entre estas duas obras com Beethoven e Ravel a espreitarem uma oportunidade e a degladiarem-se pelo terceiro posto.
No resto meus amigos, 50 votantes? Não é mau mas se considerarmos que num unico dia este blog tem mais de 100 visitantes não deixa de ser uma brutal taxa de abstenção. Votem que não custa nada! O Post com uma descrição de cada uma das obras e com links para o You Tube para que as possam ouvir está aqui.
Classificação a 15.08.2012
Cesar Franck - Sonata em Lá Maior............20
Bach - Sonatas e Partitas para Violino.......19
Ravel - Tzigane..............................14
Beethoven - Sonata Primavera.................13
Chausson - Poéme.............................11
Beethoven: Sonata Kreutzer...................10
Paganini - 24 Caprichos...................... 9
Mozart - Sonatas para Violino................ 9
Locatelli Op. 6 - 12 Sonatas para Violino.... 8
Ysaye - Sonatas.............................. 7
Schubert - Sonata em La Maior................ 7
Brahms - Violin Sonata Nº1 (Sonata da Chuva). 6
Prokofiev - Sonata nº1....................... 5
Schumann - Violin Sonata Nº 1................ 5
Bartok - Sonata nº 1......................... 4
Fauré - Sonata nº 1.......................... 4
Debussy - Sonata para Violino em Sol Menor... 3 Vaughan Williams : Sonata para Violino....... 3
Fritz Kreisler - Caprice Viennois............ 3
Grieg - Sonata Nº 3 em Dó Menor.............. 2
Janacek - Sonata para Violino e Piano........ 2
Elgar - Violin sonata em Mi Menor............ 2
Mendelssohn - Sonata em Fá Menor............. 2
Max Reger - Violin Sonata Nº1................ 1
Korngold Violin Sonata....................... 1
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Fisiologia Musical - Um momento de diversão
Não se abespinhem as leitoras do sexo feminino porque este post é obviamente uma brincadeira. O aviso seria eventualmente desnecessário mas tendo em consideração que no meio electrónico por vezes a ironia e o humor não são percepcionados da mesma forma aqui fica a declaração formal: Este post é uma brincadeira até indicação clara do autor do contrário - há uma ultima parte pedagógica, afinal temos de manter o nível :-).
Circula no Facebook uma deliciosa critica literária a um livro (desconhecido infelizmente - ver o fim deste post) que começo desde já por partilhar:
Ficamos assim a saber que existe um livro que nos indica importantes traços de carácter das senhoras função dos seus gostos musicais. Hoje em dia isto teria de forma geral pouca aplicação prática já que imagino que a maioria dos jovens se vissem confrontados com a ignorância das suas potenciais esposas. Aliás eles próprios teriam dificuldade em conduzir qualquer tipo de experiência porque a ignorância suponho seria simétrica.
Mas reside aqui uma oportunidade de negócio fantástica para os negócios de dating. Estou a imaginar laboratórios onde se pergunte aos candidatos: "Então gosta mais deste extracto musical ou prefere este". E função disso, zap uma qualificação de carácter expresso! Se alguém quiser montar semelhante negócio não se preocupe eu não exigirei nenhuma percentagem ou direito de autor.
Para além desta oportunidade não sei o que prefiro nesta critica. Se a qualificação do segundo paragrafo se a conclusão do critico: "qualidades preferíveis para serem boas esposas" ... que são? Isso sim seria uma revelação muito importante para a nossa juventude - e não só claro está, que estas coisas não têm idade!
Admitindo num acesso de loucura (momentaneamente gostei de Wagner) que estes princípios fisiológicos também se aplicam aos homens fiquem desde já as senhoras a saber que sou bastante frívolo (supondo que o Strauss de que se fala é um dos Strauss das valsas vienenses, porque caso contrário, se for o Richard Strauss então sou totalmente frívolo), saibam também que sofro de alguma ambição momentânea e de iguais momentos de sentimentalismo agudo. Não ignorem que felizmente sou menos pretensioso do que a média, não sei o que é ser estouvado e que raramente tenho acessos de loucura (este post foi uma excepção - as walkirias ressoam neste momento pela casa toda). O pior minhas senhoras e isso tenho de vos confessar neste meu retrato à luz desta brilhante peça literária é que sou totalmente, incondicionalmente e permanentemente impertinente o que fará de mim uma pessoa difícil. Estais avisadas ...
Proponho-vos caros leitores dois desafios: Primeiro que face a este critério nos revelem o vosso carácter. Digam-nos comentando este post qual o vosso grau de frivolidade ou de loucura. Quem sabe se este blog não poderá encontrar uma nova vocação :-). Não se escondam e revelem-nos tudo, eu já comecei por isso não têm desculpa. Melhor ainda e este é o segundo desafio se as vossas preferências forem para um qualquer outro autor clássico não hesitem em dizer-nos e em qualificá-lo, por exemplo eu diria que quem gosta de Bach é certamente uma pessoa serena.
Por fim devo confessar que estive à procura no arquivo digital da Biblioteca Nacional alguma referência a esta obra mas infelizmente a ausência de autor ou a incerteza no título dificultam um pouco as coisas. Se alguém tiver mais experiência nesse tipo de pesquisa e queira encontrar esta obra completa seria muito engraçado e agradeceria a partilha.
Prometi uma parte pedagógica e séria neste post e por isso resta-me obviamente dizer-vos que existem efectivamente estudos sérios sobre fisiologia musical nomeadamente (mas não apenas) na utilização da música como forma de investigação de determinados aspectos do funcionamento do sistema neuronal ou ainda na relação entre a música e algumas perturbações neurológicas ou ainda na utilização da música como forma terapêutica só para citar alguns exemplos.
Circula no Facebook uma deliciosa critica literária a um livro (desconhecido infelizmente - ver o fim deste post) que começo desde já por partilhar:
Ficamos assim a saber que existe um livro que nos indica importantes traços de carácter das senhoras função dos seus gostos musicais. Hoje em dia isto teria de forma geral pouca aplicação prática já que imagino que a maioria dos jovens se vissem confrontados com a ignorância das suas potenciais esposas. Aliás eles próprios teriam dificuldade em conduzir qualquer tipo de experiência porque a ignorância suponho seria simétrica.
Mas reside aqui uma oportunidade de negócio fantástica para os negócios de dating. Estou a imaginar laboratórios onde se pergunte aos candidatos: "Então gosta mais deste extracto musical ou prefere este". E função disso, zap uma qualificação de carácter expresso! Se alguém quiser montar semelhante negócio não se preocupe eu não exigirei nenhuma percentagem ou direito de autor.
Para além desta oportunidade não sei o que prefiro nesta critica. Se a qualificação do segundo paragrafo se a conclusão do critico: "qualidades preferíveis para serem boas esposas" ... que são? Isso sim seria uma revelação muito importante para a nossa juventude - e não só claro está, que estas coisas não têm idade!
Admitindo num acesso de loucura (momentaneamente gostei de Wagner) que estes princípios fisiológicos também se aplicam aos homens fiquem desde já as senhoras a saber que sou bastante frívolo (supondo que o Strauss de que se fala é um dos Strauss das valsas vienenses, porque caso contrário, se for o Richard Strauss então sou totalmente frívolo), saibam também que sofro de alguma ambição momentânea e de iguais momentos de sentimentalismo agudo. Não ignorem que felizmente sou menos pretensioso do que a média, não sei o que é ser estouvado e que raramente tenho acessos de loucura (este post foi uma excepção - as walkirias ressoam neste momento pela casa toda). O pior minhas senhoras e isso tenho de vos confessar neste meu retrato à luz desta brilhante peça literária é que sou totalmente, incondicionalmente e permanentemente impertinente o que fará de mim uma pessoa difícil. Estais avisadas ...
Proponho-vos caros leitores dois desafios: Primeiro que face a este critério nos revelem o vosso carácter. Digam-nos comentando este post qual o vosso grau de frivolidade ou de loucura. Quem sabe se este blog não poderá encontrar uma nova vocação :-). Não se escondam e revelem-nos tudo, eu já comecei por isso não têm desculpa. Melhor ainda e este é o segundo desafio se as vossas preferências forem para um qualquer outro autor clássico não hesitem em dizer-nos e em qualificá-lo, por exemplo eu diria que quem gosta de Bach é certamente uma pessoa serena.
Por fim devo confessar que estive à procura no arquivo digital da Biblioteca Nacional alguma referência a esta obra mas infelizmente a ausência de autor ou a incerteza no título dificultam um pouco as coisas. Se alguém tiver mais experiência nesse tipo de pesquisa e queira encontrar esta obra completa seria muito engraçado e agradeceria a partilha.
Prometi uma parte pedagógica e séria neste post e por isso resta-me obviamente dizer-vos que existem efectivamente estudos sérios sobre fisiologia musical nomeadamente (mas não apenas) na utilização da música como forma de investigação de determinados aspectos do funcionamento do sistema neuronal ou ainda na relação entre a música e algumas perturbações neurológicas ou ainda na utilização da música como forma terapêutica só para citar alguns exemplos.
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Haydn - Concertos para Violoncelo (Segunda Parte)
O Segundo Concerto para Violoncelo, em Ré Maior Hob. VIIb/2 (Op. 101) foi composto em 1783 para Antonín Kraft ele também violoncelista da corte do príncipe Eskenhazy. Esta obra composta uns anos depois do Primeiro Concerto para Violoncelo já assume uma forma muito mais próxima do concerto clássico com uma disposição rápido-lento-rápido.
Também relativamente a este concerto tal como o primeiro escrito durante os férteis anos em que Haydn esteve na corte do príncipe Eskenhazy subsistiram durante muitos anos dúvidas quanto à autoria desta obra no inicio atribuída ao próprio violoncelista. Grande parte das dúvidas deveram-se à extraordinária produtividade de Haydn mesmo tendo em consideração os seus padrões - não se esqueçam que Haydn, o pai das sinfonias escreveu por exemplo mais de 100 sinfonias, uma autêntica bofetada "avant la lettre" à maldição da nona mas isso é assunto para falarmos daqui por uns dias quando abordarmos as sinfonias de Haydn no ambito desta nossa revisão das 100 Obras que recomendo para se iniciarem à música clássica. No entanto estas dúvidas dissiparam-se quando foi encontrada uma assinatura de Haydn no manuscrito aliás apenas descoberto em 1951.
1º Andamento (Allegro moderato) : Uma clara forma de sonata com um fantástico primeiro tema, para mim uma das mais belas melodias escritas por Haydn. É aliás uma melodia que certamente vos soará familiar, tão próxima que nos parece. Para ilustrar este andamento escolhi uma gravação de 1935 de um violoncelista algo esquecido Emanuel Feuermann (1902-1942) muito possivelmente por ter falecido muito jovem com apenas 40 anos e em plena Segunda Guerra.
O 2º Andamento (Adagio) tal como acontece nos andamentos lentos do primeiro concerto é muito mais expressivo e mesmo lírico do que é tradicional nas obras do período clássico. Não chega a ser romântico, Haydn não se permite tal expansão emocional que continua contida numa forma perfeita mas ainda assim é dos andamentos em que mais facilmente podemos ouvir a sua alma. Que me desculpem mas terei de voltar a Jacqueline du Pré numa gravação de 1967 com Barborolli e a Sinfónica de Londres.
Por fim o 3º Andamento - Rondo (Allegro) em que vos propomos Mischa Maisky que nos parece adequado para o carácter alegre e conscientemente virtuoso exigido ao solista. A forma de Rondo com o alegre tema recorrente (mesmo quando volta numa tonalidade menor) contribui para uma impressão de ligeireza, luz e alegria com que termina o concerto. Atenção que em algumas cadências utilizadas neste andamento existem por vezes momentos algo sombrios que rapidamente são esquecidos por uma coda brilhante.
Também relativamente a este concerto tal como o primeiro escrito durante os férteis anos em que Haydn esteve na corte do príncipe Eskenhazy subsistiram durante muitos anos dúvidas quanto à autoria desta obra no inicio atribuída ao próprio violoncelista. Grande parte das dúvidas deveram-se à extraordinária produtividade de Haydn mesmo tendo em consideração os seus padrões - não se esqueçam que Haydn, o pai das sinfonias escreveu por exemplo mais de 100 sinfonias, uma autêntica bofetada "avant la lettre" à maldição da nona mas isso é assunto para falarmos daqui por uns dias quando abordarmos as sinfonias de Haydn no ambito desta nossa revisão das 100 Obras que recomendo para se iniciarem à música clássica. No entanto estas dúvidas dissiparam-se quando foi encontrada uma assinatura de Haydn no manuscrito aliás apenas descoberto em 1951.
1º Andamento (Allegro moderato) : Uma clara forma de sonata com um fantástico primeiro tema, para mim uma das mais belas melodias escritas por Haydn. É aliás uma melodia que certamente vos soará familiar, tão próxima que nos parece. Para ilustrar este andamento escolhi uma gravação de 1935 de um violoncelista algo esquecido Emanuel Feuermann (1902-1942) muito possivelmente por ter falecido muito jovem com apenas 40 anos e em plena Segunda Guerra.
O 2º Andamento (Adagio) tal como acontece nos andamentos lentos do primeiro concerto é muito mais expressivo e mesmo lírico do que é tradicional nas obras do período clássico. Não chega a ser romântico, Haydn não se permite tal expansão emocional que continua contida numa forma perfeita mas ainda assim é dos andamentos em que mais facilmente podemos ouvir a sua alma. Que me desculpem mas terei de voltar a Jacqueline du Pré numa gravação de 1967 com Barborolli e a Sinfónica de Londres.
Por fim o 3º Andamento - Rondo (Allegro) em que vos propomos Mischa Maisky que nos parece adequado para o carácter alegre e conscientemente virtuoso exigido ao solista. A forma de Rondo com o alegre tema recorrente (mesmo quando volta numa tonalidade menor) contribui para uma impressão de ligeireza, luz e alegria com que termina o concerto. Atenção que em algumas cadências utilizadas neste andamento existem por vezes momentos algo sombrios que rapidamente são esquecidos por uma coda brilhante.
De volta de férias
Caros leitores, depois de umas férias onde sinceramente o meu acesso à net voltou aos tempos pré-históricos, em alguns casos literalmente pois estive em Lascaux :-) em outros menos literalmente porque também fui a Londres a ver alguns eventos olímpicos. É verdade que visitei o museu de história natural mas não sei se isso conta para a pré-história ! A verdade é que por motivos de tempo ou simplesmente de ausência de infraestrutura não consegui fazer um único post.
Ao voltar constato que temos já 42 votantes na nossa votação da melhor obra para Violino Solo (ou com acompanhamento ao piano) o que representa uma duplicação do número de votantes desde o ultima vez que tinha feito um post sobre este assunto. Hoje à noite farei um post sobre o assunto por agora fiquem com a informação que Bach está destacado no primeiro lugar com 19 votos seguido da Tzigane de Ravel com 14 e da Sonata de Franck com 13 votos. Faltam ainda 40 dias para terminar esta votação e gostaria que tivéssemos pelo menos 100 votantes, por isso votem sem inibições :-)
Porque não poderia voltar de férias sem música aqui fica a tocatta que estou a terminar de aprender a interpretar, uma belissima obra de Carlos de Seixas magistralmente aqui interpretada por Rui Paiva. Uma pista para uma série de posts que faremos até ao final do ano. Fica também prometido que em breve colocarei aqui a "minha" versão embora obviamente fiquem a perder relativamente a esta :-)
Ao voltar constato que temos já 42 votantes na nossa votação da melhor obra para Violino Solo (ou com acompanhamento ao piano) o que representa uma duplicação do número de votantes desde o ultima vez que tinha feito um post sobre este assunto. Hoje à noite farei um post sobre o assunto por agora fiquem com a informação que Bach está destacado no primeiro lugar com 19 votos seguido da Tzigane de Ravel com 14 e da Sonata de Franck com 13 votos. Faltam ainda 40 dias para terminar esta votação e gostaria que tivéssemos pelo menos 100 votantes, por isso votem sem inibições :-)
Porque não poderia voltar de férias sem música aqui fica a tocatta que estou a terminar de aprender a interpretar, uma belissima obra de Carlos de Seixas magistralmente aqui interpretada por Rui Paiva. Uma pista para uma série de posts que faremos até ao final do ano. Fica também prometido que em breve colocarei aqui a "minha" versão embora obviamente fiquem a perder relativamente a esta :-)
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