quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

L´ Estro Armonico (Vivaldi)

Embora já tivéssemos abordado esta obra aqui na verdade foi na altura um mero apontamento sem grande explicação da importância da obra.

Esta obra, a terceira obra publicada de Vivaldi (Op. 3) é considerada uma das mais relevantes publicações do século XVIII (a obra foi publicada em 1711). É relevante sabermos que dos concertos de Vivaldi que Bach transcreveu para piano seis são desta série. A tradução do titulo da obra não é fácil ficando algo entre Inspiração Harmónica ou Inspiração Harmoniosa não sei qual das duas formas será melhor

Foi uma obra que no século XVIII surpreendeu o publico pela sua inovação. Claro que hoje habituados que estamos às Quatro Estações (cronologicamente posteriores a estes concertos) esse efeito de surpresa já não se consegue registar. Convém no entanto notar e registar a inovação sobretudo num compositor como Vivaldi tantas e tantas vezes injustamente diminuído na sua importância nomeadamente relativamente a Bach. Este trabalho na altura inspirou literalmente centenas de imitações.

Os 12 concertos têm formas relativamente homogéneas a maioria deles sendo no formato que se viria a tornar canónico com três andamentos na sucessão rápido-lento-rápida (há apenas três que seguem uma forma mais tradicional e mais próxima do concerto grosso). No seu conjunto são obras curtas com cerca de 10 minutos cada uma. Procurei na lista dos concertos dar-vos várias interpretações possíveis umas mais modernas outras procurando preservar o "espírito da época". No fim recomendarei duas mas para já oiçam os vários concertos porque estes merecem.
  • Concerto Nº 1 (Três Andamentos) : Concerto para 4 violinos em Ré.
  • Concerto Nº 2 (Quatro Andamentos) : Concerto para 2 Violinos e Violoncelos em Sol. Interpretação de Il Concerto Italiano dirigido por Rinaldo Alessandrini
  • Concerto Nº 3 (Três Andamentos): Concerto para violino em Sol.  Interpretação da Academy of Ancient Music dirigida por Christopher Hogwood
  • Concerto Nº 4 (Quatro Andamentos) : Concerto para 4 Violinos em Mi. Interpretação Europa Galante dirigida por Fábio Biondi
  • Concerto Nº 5 (Três Andamentos) : Duplo Concerto para Violino em Lá. Interpretação da Academy of St. Martin in the Fields dirigida por Neville Marriner
  • Concerto Nº 6 (Três Andamentos): Concerto para Violino em Lá. Interpretação da Tafelmusik dirigida por Jeanne Lamon. Este concerto confesso-vos que é para mim especial. Particularmente porque como todos os familiares de quem teve alguém na família que aprendeu violino devo ter ouvido este concerto mais de uma centena de vezes (pelo menos o primeiro andamento). Mais ainda na altura era capaz de seguir na pauta o dito. Escolhi esta interpretação porque pela sua diferença consegue devolver a este concerto toda a sua frescura. O problema canónico das peças que fazem parte do reportório de aprendizagem :-).
  • Concerto Nº 7 (5 Andamentos) : Concerto para 4 violinos e Violoncelo em Fá. Neste caso um Ensemble de que não conheço o nome.
  • Concerto Nº8 (3 Andamentos) : Duplo Concerto para Violino. Voltamos à Europa Galante e Fábio Biondi. Este também é um daqueles que já ouvi uma centena de vezes.
  • Concerto Nº 9 (3 Andamentos) : Concerto para Violino em Ré. Agora a interpretação é de um grupo de música de câmara Polaco: A Orquestra de Câmara da Academia de Cracóvia.
  • Concerto Nº 10 (3 Andamentos): Concerto para 4 violinos e Violoncelo. Possivelmente o meu preferido mesmo sendo também um dos tais que já quase conheço de cor. Il Giardino Armonico dirigido por Giovanni Antonini. 
  • Concerto Nº11 (3 Andamentos) : Concerto para dois violinos e violoncelo. Interpretação pela Accademia Bizantina dirigida por Octavio Dantone.
  • Concerto Nº 12 (3 Andamentos) : Concerto para Violino em Mi. Interpretação pela Orchestra CONCERTO dirigida por Roberto Gini, solista Cinzia Barbagelata (violino).

Proponho-vos ainda antes da minha recomendação que oiçam a Filarmónica de Berlin dirigida por Karajan para perceberem como o efeito da interpretação e mesmo da dimensão da Orquestra pode mudar uma obra (mudar não significa destruir mas antes recriar, nada de errado nisso).

Confesso que para estes concertos prefiro uma orquestra mais pequena, penso que o diálogo resulta mais claro e espontâneo dessa forma. Dos vários agrupamentos que vos mostrei nesta lista há vários excelentes exemplos. Embora goste muito do Il Giardini Armonico a escolha que vos proponho para esta obra é a Academy of Ancient Music dirigida por Christopher Hogwood mas não deixem que este vos prenda a apenas essa visão, explorem porque porventura poderão encontrar uma outra que prefiram. A música de Época tem piada na sua Época ... Fora de brincadeira obviamente é interessante a reconstrução histórica e é uma das formas em que faz sentido ouvir mas não é a única, por isso reitero: Explorem !




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