quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Vibrato

Técnica que consiste em fazer variar de forma ligeira (tipicamente menos do que meio-tom) a frequência de uma nota. A forma de conseguir este efeito depende obviamente do instrumento em causa sendo mesmo impossível (no sentido estrito em alguns como por exemplo o piano).

A polémica quanto a esta técnica é acesa começando pela própria definição da sua natureza. Trata-se de um ornamento - com um trilo por exemplo - ou será antes um elemento integrante da produção do som, algo que deve ser utilizado de forma constante, embora de forma adequada à musicalidade da peça em questão ?

Abundam hoje opiniões contra esta técnica fundamentadas nas mais diversas razões que variam desde o "respeito pelo desejo do compositor" até a concepções estéticas minimalistas em que todo e qualquer tipo de eventual ornamentação é considerada mau gosto.

A polémica é forte sendo perfeitamente possível assistir-se a verdadeiros duelos verbais que só não resultam em duelos físicos com espada ou pistola porque esses hábitos (essas tradições) ficaram felizmente circunscritas ao passado.

É verdade que, sobretudo na voz, os excessos por vezes praticados são bastante irritantes mais parecendo que se está a ouvir um agrupamento de bezerros ...

Há quem defenda que em determinados períodos nomeadamente no barroco e no período clássico este efeito é contra-natura e de todo não adequado ao espírito da época. Esta opinião embora seja defensável não é completamente rigorosa do ponto de vista histórico dado que não há provas que o vibrato não fosse realmente utilizado tanto na voz como instrumentalmente.

6 comentários:

  1. Não suporto vibrato em vozes, dá-me cá uns nervos!

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  2. julgo que falta identificar um período no último parágrafo ou tem esta palavra a mais.
    Já agora, aquele modo de cantar as óperas de rossini são vibratos em série?

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  3. Há alguns anos, o criticomusical.blogspot.com/ apresentou um paper em que se demonstrava, através de gravações muito antigas que a moda do vibrato nas orquestras e instrumentos solísticos é relativamente recente (salvo erro, a partir dos anos 30).

    Na música vocal, e dadas as inúmeras evidências de vedetismo e exuberância dos profissionais líricos, acredito que a moda seja bem mais antiga.


    Pessoalmente irrita-me o vibrato permanente, esteja ele justificado do ponto de vista histórico ou não. O vibrato e os ornamentos perdem a sua eficácia se forem constantemente usados já que deviam ser elementos expressivos. Mal comparado, ouvir uma peça cantada em vibrato permanente é como ler um romance com hipérboles em todas as frases.

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  4. geocrusoe: tem razão faltava a palavra "clássico".
    Eu não disse que era polémico ? mais comentários sobre as vossas observações hoje à noite.

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  5. A utilização do Vibrato é realmente polémica, mas, como em quase tudo na vida, depende do bom-senso.
    Em meados do Século XVIII, Leopold Mozart escreveu num tratado para violino exercícios para praticar algo a que ele chamou de "tremolato" mas que qualquer aluno de violino reconhece como o que se chama vibrato actualmente.
    No entanto, o próprio Leopold Mozart queixa-se do uso indiscriminado desse recurso por parte dos violinistas. Isto não significa que não se usava vibrato naquele tempo, mas sim que se usava demais. Isto, obviamente, não significa que não se use vibrato de todo.

    A respeito do uso do vibrato, lembro-me de uma enorme polémica que aconteceu nos Proms do ano passado. Isto porque o maestro Roger Norrington decidiu que iria tocar a famosa "Pomp and Circunstance" de Elgar (e também a sua Sinfonia No.1) SEM NENHUM vibrato, pois, segundo ele, o vibrato foi uma invenção do início do Século XX e toda a música anterior a essa data deverá ser tocada sem vibrato. Assim, segundo ele, cumprem-se as intenções de Elgar.

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  6. Publiquei no Livro de Areia um post referido a este seu Vibrato,

    http://olivrodaareia.blogspot.com/2009/09/vibrato-qb-de-david-daniels.html

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