Hoje pela primeira vez estas recomendações serão também publicadas em Folhas Pautadas, blog em que com muito gosto passei a colaborar e cujo objectivo está profundamente relacionado com estas recomendações da Quinta-Feira: Divulgação da Música Erudita (nesse blog utiliza-se essa designação e assim neste caso não vamos contrariar :-). Gostavamos de vos convidar também a visitarem o site cultura.sapo.pt onde poderão encontrar algumas destas recomendações ...
Esta semana para variar um pouco não vamos começar pelo Sul mas sim pela lindíssima cidade de Lamego onde poderão ouvir "Wintereise" de Franz Schubert. Falámos de cada uma das canções que compõe o ciclo incluindo uma tradução aqui de forma que recomendamos que se decidirem ir a Lamego (óptima decisão) não deixem de ler primeiro esta série de posts.
Será hoje Sexta-Feira 31 às 22:00 no Teatro Ribeiro Conceição. Angel Gonzalez estará no piano e António Salgado na voz (baixo barítono). Os preços variam entre €5 e €24. Reservas: 254612656
Retomando agora a ordem geográfica normal teremos no Sábado 1 de Novembro às 21:30 no Auditório Municipal de Lagoa a Orquestra do Algarve dirigida por Alberto Roque. Programa muito interessante que inclui Haydn e Mendelssohn.
Um pouco mais a norte em Vila Viçosa no Paço Ducal teremos Ana Leonor Pereira e António Ferreira num recital de canto e piano. Será Sexta-Feira dia 31 de Outubro pelas 21:00. A entrada é livre. O programa será composto por Schumann e Schubert.
Para a zona de Lisboa temos várias recomendações. Assim no Domingo dia 2 de Novembro teremos o «Requiem à memória de Passos Manuel» de Eurico Carrapatoso pela Sinfonietta de Lisboa e Coro Ricercare na Igreja de Nossa Senhora da Conceição (Sé Catedral) às 18h. A entrada é livre.
No Sábado teremos pelas 16h na Fundação Calouste Gulbenkian a Orquestra Gulbenkian dirigida por Joana Carneiro. A razão deste destaque é que será interpretada uma obra do compositor Piotr Ilitch Tchaikovsky que será o nosso próximo tema de fundo (assim que tivermos terminado Brahms e que está quase ... )
Ainda no Sábado 1 de Novembro às 18h no Cinema São Jorge (Lisboa) teremos a Orquestra Académica da Metropolitana sobre a direcção de Jean-Marc Burfin. Programa clássico e romântico com Beethoven, Elgar e Schubert. Eu lá estarei.
Na zona de Lisboa mais precisamente em Oeiras no Auditório Municipal Ruy de Carvalho no Sábado 1 de Novembro às 18h00 teremos a OCCO com um concerto intitulado "Novos Caminhos". A orquestra será dirigida pelo Maestro Nikolay Lalov. Obras de N. Sokolov, Al. Kopylow, E. Carrapatoso e Borodin. Este programa repete Domingo no Centro Cultural de Cascais.
Continuando em Lisboa no dia 1 de Novembro teremos às 21:00 na Igreja de S. Roque o Requiem de Mozart e viajando um pouco mais para norte no dia 2 de Novembro em Santarém na Sé teremos o Requiem de Eurico Carrapatoso (21:30). Para mais informação leiam o blog Belogue de Notas.
No Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha teremos António Rosa com o Ensemble Contraponto. Sexta-Feira dia 31 de Outubro às 21:30. Obras de Mozart e de Brahms. O Ensemble Contraponto é composto por José Pereira (1º violino), Arthur Soulès (2º violino), Alexandre Delgado (violeta) e Guenrikh Elessine (violoncelo).
Na Figueira da Foz no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz teremos no dia 31 de Outubro e no dia 1 de Novembro às 21:30 a «L'italiana in Algeri», de Gioachino Rossini (II) uma produção do Teatro São Carlos.
Finalmente na invicta cidade do Porto teremos a Anu Komsi com a Orquestra Sinfónica da Rádio Finlandesa dirigida por Sakari Oramo. Será na Casa da Música do Porto no Sábado às 18h. Obras do também finlandês Sibelius. Entrada: €25. Reservas: 220120220
Bom já sabem, deixem as pantufas em casa, não se deixem intimidar pela chuva e vão ouvir música porque como já sabem, Ao Vivo é Outra Coisa !
A única música que precisa de embalagem é a música de plástico.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Brahms - As Valsas Op. 39
Em 1865 Brahms compôs um conjunto de 16 valsas que contrariamente às expectativas tiveram uma excelente recepção. A obra foi dedicada a Eduard Hanslick (1825-1904) critico musical que desde aproximadamente 1862 era bastante próximo de Brahms (antes tinha estado no campo de Wagner).
Destas valsas a Nº15 em Lá Bemol Maior é sem dúvida a mais conhecida. Podem ouvir aqui Evgeny Kissin a interpreta-la.
Por outro lado a interpretação de Wilhelm Backhaus do conjunto destas valsas é ainda hoje provavelmente a mais notável de sempre. Podem ouvir aqui a valsa nº2 em Mi Maior ou aqui a Nº3 em Sol Sustenido Menor.
Destas valsas a Nº15 em Lá Bemol Maior é sem dúvida a mais conhecida. Podem ouvir aqui Evgeny Kissin a interpreta-la.
Por outro lado a interpretação de Wilhelm Backhaus do conjunto destas valsas é ainda hoje provavelmente a mais notável de sempre. Podem ouvir aqui a valsa nº2 em Mi Maior ou aqui a Nº3 em Sol Sustenido Menor.
Wilhelm Backhaus (1884 – 1969)
Wilhelm Backhaus é um pianista e pedagogo alemão nascido em Leipzig a 26 de Março de 1884. É conhecido como especialista de Beethoven e de Brahms e outro reportório romântico.
Wilhelm Backhaus faleceu em Villach na Austria a 5 de Julho de 1969.
Wilhelm Backhaus faleceu em Villach na Austria a 5 de Julho de 1969.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Richard Strauss - 4 Ultimas Canções e a minha irmã Lucia
Hoje a minha irmã Lucia faz anos. Irei dar-lhe uma prenda "física" mas porque no Domingo ao escrever o post sobre as pesquisas da semana e ao traduzir "Im Abendrot" não pude esquecer o seu gosto especial pelo canto lírico resolvi escrever este pequeno post na forma de uma prenda virtual. São as traduções das quatro ultimas canções de Richard Strauss e quatro links para quatro interpretações de cortar a respiração. Os três primeiros poemas são de Hesse o quarto de Eichendorff como sabem.
A ordem das canções tem sido muitas vezes alterada dado que Richard Strauss não especificou qualquer ordem antes de falecer. Saliente-se aliás que Strauss não chegou a ouvir a sua obra interpretada. Na verdade pouco tempo antes de falecer legou - por carta - à Soprano Kirsten Flagstad a honra de estrear esta peça. A Soprano então reuniu o melhor maestro - Wilhelm Furtwangler e a melhor Orquestra (a Sinfónica de Londres) e estrearam a composição (oiçam na canção Setembro uma interpretação dessa estreia.
Frühling
Margaret Price com a Orquestra Sinfónica de Londres dirigida por Prévin.
Em Cavernas na penumbra
sonhei muitas vezes
com as vossas árvores e céus azuis
o vosso cheiro e canto dos passaros
Agora que te deitas, revelada
num brilhante esplendor,
banhada na luz,
como num milagre, à frente dos meus olhos
Reconheces-me de novo
sentes-me ternamente
Todo o meu corpo treme
na tua divina presença.
Beim SchlafengehenGundula Janowitz com a Sinfónica de Berlim dirigida por Herbert von Karajan
Agora que sinto o cansaço
do dia,
O meu desejo profundo
acolhe com prazer a noite estrelada
tanto quanto uma criança cansada
Mão parem com os vossos afazeres
cabeça, para de pensar,
porque todos os meus sentidos
anseiam por mergulhar no inconsciente
E o espírito liberto
quer flutuar em livres asas dado que
no mágico ciclo da noite
Possa mil vezes viver profundamente.
Setembro
Kirsten Flagstad com a London Philharmonia Orchestra dirigida por Wilhelm Furtwangler
(gravação da estreia mundial desta composição)
O jardim está de luto
fria cai a chuva nas flores
aguaceiros de verão, calmamente
chegam ao fim
Folha após folha dourada caiem
da alta acácia
O verão sorri surpreendido e cansado
pelo sonho de morte deste jardim
Porém resiste pelas rosas,
ansiando pelo descanço.
Depois devagar fecha os seus
grandes olhos cansados
Im Abendrot "No Brilho do Entardecer"
Elisabeth Schwarzkopf com a Berlin Radio Symphony Orchestra dirigida por Georg Szell.
Através de preocupações e alegrias nós
andamos mão na mão;
Podemos agora descansar dos nossos passeios sem rumo
por cima do calmo campo
Os vales fogem à nossa volta
e o céu já escurece
apenas um par de cotovias sobem
sonhando no ar cheio de odores
Vem até aqui e deixa-os voar
porque em breve será altura de dormir
E não podemos perder o nosso caminho
nesta solidão
Oh paz larga e feliz
Tão profunda no brilho do pôr do sol
Tão exaustos que estamos com a nossa caminhada -
Pode isto ser a morte ?
A ordem das canções tem sido muitas vezes alterada dado que Richard Strauss não especificou qualquer ordem antes de falecer. Saliente-se aliás que Strauss não chegou a ouvir a sua obra interpretada. Na verdade pouco tempo antes de falecer legou - por carta - à Soprano Kirsten Flagstad a honra de estrear esta peça. A Soprano então reuniu o melhor maestro - Wilhelm Furtwangler e a melhor Orquestra (a Sinfónica de Londres) e estrearam a composição (oiçam na canção Setembro uma interpretação dessa estreia.
Frühling
Margaret Price com a Orquestra Sinfónica de Londres dirigida por Prévin.
Em Cavernas na penumbra
sonhei muitas vezes
com as vossas árvores e céus azuis
o vosso cheiro e canto dos passaros
Agora que te deitas, revelada
num brilhante esplendor,
banhada na luz,
como num milagre, à frente dos meus olhos
Reconheces-me de novo
sentes-me ternamente
Todo o meu corpo treme
na tua divina presença.
Beim SchlafengehenGundula Janowitz com a Sinfónica de Berlim dirigida por Herbert von Karajan
Agora que sinto o cansaço
do dia,
O meu desejo profundo
acolhe com prazer a noite estrelada
tanto quanto uma criança cansada
Mão parem com os vossos afazeres
cabeça, para de pensar,
porque todos os meus sentidos
anseiam por mergulhar no inconsciente
E o espírito liberto
quer flutuar em livres asas dado que
no mágico ciclo da noite
Possa mil vezes viver profundamente.
Setembro
Kirsten Flagstad com a London Philharmonia Orchestra dirigida por Wilhelm Furtwangler
(gravação da estreia mundial desta composição)
O jardim está de luto
fria cai a chuva nas flores
aguaceiros de verão, calmamente
chegam ao fim
Folha após folha dourada caiem
da alta acácia
O verão sorri surpreendido e cansado
pelo sonho de morte deste jardim
Porém resiste pelas rosas,
ansiando pelo descanço.
Depois devagar fecha os seus
grandes olhos cansados
Im Abendrot "No Brilho do Entardecer"
Elisabeth Schwarzkopf com a Berlin Radio Symphony Orchestra dirigida por Georg Szell.
Através de preocupações e alegrias nós
andamos mão na mão;
Podemos agora descansar dos nossos passeios sem rumo
por cima do calmo campo
Os vales fogem à nossa volta
e o céu já escurece
apenas um par de cotovias sobem
sonhando no ar cheio de odores
Vem até aqui e deixa-os voar
porque em breve será altura de dormir
E não podemos perder o nosso caminho
nesta solidão
Oh paz larga e feliz
Tão profunda no brilho do pôr do sol
Tão exaustos que estamos com a nossa caminhada -
Pode isto ser a morte ?
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Projecto Folhas Pautadas
Projecto de "sociedade" a que aderi cujo objectivo é promover o conhecimento da música Erudita. Como sabem não gosto muito da designação de erudita mas objectivos desta sociedade são de tal forma os meus que decidi passar ao lado dessa divergência de semântica.
Lê-se no blog da sociedade:
"Bem vindo ao Folhas Pautadas, ponto de encontro de músicos e amantes da música erudita. O Folhas Pautadas é uma Sociedade que pretende levar até si o melhor da música que se faz no país. Se deseja ser sócio, leia os Estatutos aqui e preencha o formulário de inscrição aqui "
Visitem o blog aqui e se entenderem peçam o registo.
Lê-se no blog da sociedade:
"Bem vindo ao Folhas Pautadas, ponto de encontro de músicos e amantes da música erudita. O Folhas Pautadas é uma Sociedade que pretende levar até si o melhor da música que se faz no país. Se deseja ser sócio, leia os Estatutos aqui e preencha o formulário de inscrição aqui "
Visitem o blog aqui e se entenderem peçam o registo.
domingo, 26 de outubro de 2008
As pesquisas interessantes da semana (#9)
significado fur elise : Für Elise sigifica literalmente "Para Elisa" em Alemão. Falamos desta peça aqui. Na verdade completando a informação dada na altura é pouco provável que Elise alguma vez tenha existido, ou melhor que se tenha chamado Elisa. Mais provavelmente esta obra é dedicada a Teresa Malfatti. Na verdade o mito de Elise surgiu do trabalho de um historiador que se baseou num manuscrito entretanto desaparecido. Como o manuscrito não foi nunca encontrado surgiram várias explicações. Primeiro que na verdade Elise era Terese e que devido à má ortografia de Beethoven as duas coisas teriam sido confundidas. Explicação um pouco forçada. Segundo que na verdade o que estaria escrito era efectivamente Elise que seria na altura uma designação genérica de "bem amada" um pouco como se hoje disséssemos "A minha Maria". Muito pouco provável também sobretudo conhecendo a forma como Beethoven dedicava as suas obras. Em suma não sabemos o verdadeiro significado desta expressão e/ou se tão pouco ela é verdadeira.
nona sinfonia Chopin: Não . Isto não existe. Aliás brincando um pouco (não me leve a mal o leitor que terá procurado por esta coisa) obviamente isto lembra-me o concerto para violino de Chopin que um famoso politico da nossa praça (portuguesa - leitores brasileiros estejam descansados que a ignorância foi de um dos nossos :-)) ouviu. Eu estou ainda hoje persuadido que houve algum tipo de comunicação transcendental ... Bom chega de brincadeira. Agora mais a sério Chopin nunca compôs uma sinfonia sequer. Os únicos trabalhos orquestrais de relevo são dois concertos para piano de que falamos aqui e que aliás são muitas vezes criticados precisamente pela falta de dimensão orquestral. Injusto talvez. A verdade é que Chopin é por excelência um compositor para piano (além de fabuloso interprete) e por isso e por ter morrido bastante jovem nunca chegou a amadurecer a sua técnica de composição para Orquestra. Provavelmente nunca teria composto uma sinfonia mas certamente que alguns outros concertos para piano e orquestra teria feito e nesse género se tivesse tido tempo talvez tivesse chegado aos nove.
letra abendrot: Uma das quatro ultimas canções de Richard Strauss com base no Poema de Joseph Eichendorff de que falamos aqui e em que pode ouvir a interpretação de Elisabeth Schwarzkopf. A letra ou melhor o poema traduzido a partir do inglês (não domino suficientemente bem o alemão para arriscar a partir do original):
Im Abendrot "No Brilho do Entardecer"
Através de preocupações e alegrias nós
andamos mão na mão;
Podemos agora descansar dos nossos passeios sem rumo
por cima do calmo campo
Os vales fogem à nossa volta
e o céu já escurece
apenas um par de cotovias sobem
sonhando no ar cheio de odores
Vem até aqui e deixa-os voar
porque em breve será altura de dormir
E não podemos perder o nosso caminho
nesta solidão
Oh paz larga e feliz
Tão profunda no brilho do pôr do sol
Tão exaustos que estamos com a nossa caminhada -
Pode isto ser a morte ?
vengerov 2008 fim de carreira : Bem não exactamente o fim. Por agora anunciou que vai deixar de tocar durante uns tempos para abraçar outros projectos. Dirigir orquestras, a sua escola de música, ... Mas também afirma que voltará a tocar. Leiam este artigo do Times para uma informação mais completa. Afirma também que sabe que voltará a tocar (o violino diz ele é a a sua língua materna) simplesmente também não sabe quando.
Sergej Bolkhovets : Violinista Russo nascido em São Petersburgo aluno de vários professores famosos entre os quais Zakhar Bron e um já solista notável. Por nossa sorte podemos ouvi-lo frequentemente já que é regularmente concertino e solista com a Orquestra do Algarve.
grandes violinistas : Sigam a lista aqui. Vai sendo regularmente actualizada até termos para cada um dos violinistas presentes na mesma uma verdadeira biografia.
grandes maestros : Sigam a lista aqui. Também a iremos actualizando aos poucos.
fabricante de violoncelos capela : Já tínhamos falado deste Luthier português aqui. Está cada vez a apetecer-me mais fazer um especial sobre os actuais artesãos em Portugal mas tenho receio de não conseguir informação suficiente. Pessoalmente conheço três mas deve haver mais. Algum leitor sabe por onde poderia começar? E no Brasil ? Alguém sabe ?
quem foi beethoven o flautista: Bem juntamente com a nona sinfonia de Chopin esta ganha o prémio "Perplexidade da Semana". Não faço a mínima ideia ... Quereria o autor da pesquisa encontrar obras de Beethoven para flauta ?
nona sinfonia Chopin: Não . Isto não existe. Aliás brincando um pouco (não me leve a mal o leitor que terá procurado por esta coisa) obviamente isto lembra-me o concerto para violino de Chopin que um famoso politico da nossa praça (portuguesa - leitores brasileiros estejam descansados que a ignorância foi de um dos nossos :-)) ouviu. Eu estou ainda hoje persuadido que houve algum tipo de comunicação transcendental ... Bom chega de brincadeira. Agora mais a sério Chopin nunca compôs uma sinfonia sequer. Os únicos trabalhos orquestrais de relevo são dois concertos para piano de que falamos aqui e que aliás são muitas vezes criticados precisamente pela falta de dimensão orquestral. Injusto talvez. A verdade é que Chopin é por excelência um compositor para piano (além de fabuloso interprete) e por isso e por ter morrido bastante jovem nunca chegou a amadurecer a sua técnica de composição para Orquestra. Provavelmente nunca teria composto uma sinfonia mas certamente que alguns outros concertos para piano e orquestra teria feito e nesse género se tivesse tido tempo talvez tivesse chegado aos nove.
letra abendrot: Uma das quatro ultimas canções de Richard Strauss com base no Poema de Joseph Eichendorff de que falamos aqui e em que pode ouvir a interpretação de Elisabeth Schwarzkopf. A letra ou melhor o poema traduzido a partir do inglês (não domino suficientemente bem o alemão para arriscar a partir do original):
Im Abendrot "No Brilho do Entardecer"
Através de preocupações e alegrias nós
andamos mão na mão;
Podemos agora descansar dos nossos passeios sem rumo
por cima do calmo campo
Os vales fogem à nossa volta
e o céu já escurece
apenas um par de cotovias sobem
sonhando no ar cheio de odores
Vem até aqui e deixa-os voar
porque em breve será altura de dormir
E não podemos perder o nosso caminho
nesta solidão
Oh paz larga e feliz
Tão profunda no brilho do pôr do sol
Tão exaustos que estamos com a nossa caminhada -
Pode isto ser a morte ?
vengerov 2008 fim de carreira : Bem não exactamente o fim. Por agora anunciou que vai deixar de tocar durante uns tempos para abraçar outros projectos. Dirigir orquestras, a sua escola de música, ... Mas também afirma que voltará a tocar. Leiam este artigo do Times para uma informação mais completa. Afirma também que sabe que voltará a tocar (o violino diz ele é a a sua língua materna) simplesmente também não sabe quando.
Sergej Bolkhovets : Violinista Russo nascido em São Petersburgo aluno de vários professores famosos entre os quais Zakhar Bron e um já solista notável. Por nossa sorte podemos ouvi-lo frequentemente já que é regularmente concertino e solista com a Orquestra do Algarve.
grandes violinistas : Sigam a lista aqui. Vai sendo regularmente actualizada até termos para cada um dos violinistas presentes na mesma uma verdadeira biografia.
grandes maestros : Sigam a lista aqui. Também a iremos actualizando aos poucos.
fabricante de violoncelos capela : Já tínhamos falado deste Luthier português aqui. Está cada vez a apetecer-me mais fazer um especial sobre os actuais artesãos em Portugal mas tenho receio de não conseguir informação suficiente. Pessoalmente conheço três mas deve haver mais. Algum leitor sabe por onde poderia começar? E no Brasil ? Alguém sabe ?
quem foi beethoven o flautista: Bem juntamente com a nona sinfonia de Chopin esta ganha o prémio "Perplexidade da Semana". Não faço a mínima ideia ... Quereria o autor da pesquisa encontrar obras de Beethoven para flauta ?
Arthur Grumiaux (1921–1986)
Arthur Grumiaux nasceu a 21 de Março de 1921 em Villers-Perwin. Começou a estudar música com apenas 4 anos. Conta o site oficial a descoberta do "ouvido absoluto" que se dizia possuir pelo seu avô que lhe deu as primeiras lições até à idade de 6 anos. Oiçam aqui Grumiaux contar a história da descoberta desse dom. Depois até aos onze anos aprendeu piano e violino no conservatório de Charleroi onde não é exagero afirmar que ganhou todos os prémios possíveis (desde o violino ao piano) .
Com apenas 11 anos considerou-se que seria altura de escolher um instrumento - violino ou piano. O seu avô numa sábia decisão afirma então que dado existirem mais pianistas que violinistas o violino é preferível. Assim sendo Grumiaux vai para Bruxelas onde irá estudar com o professor Alfred Dubois, pedagogo notável e que seria para Grumiaux uma inspiração, e penso eu, um modelo de vida.
Entre 1932 e 1941 no conservatório de Bruxelas Grumiaux acumulou prémios tanto de violino como de composição. Ainda quando no conservatório de Bruxelas tem a oportunidade de estudar em Paris com Enescu (notável professor e notável violinista). Embora num primeiro tempo Grumiaux não fique muito entusiasmado com a experiência mais tarde viria a afirmar "Passado dois anos apercebi-me que estava a evoluir no sentido que ele me havia proposto e observei-me a tornar minhas as frases que ele então me havia dito". Sem dúvida uma singela homenagem ao grande professor que Enescu sempre foi.
Em 1936 (portanto com 15 anos na altura) estreia-se em concerto fora do conservatório precisamente em Charleroi quando toca com o seu professor Charles Dubois o concerto de Bach para dois violinos. Em 1939 Grumiaux vence o prémio Vieuxtemps e interpreta publicamente o concerto de Mendelssohn em Bruxelas sobre a direcção de Marcel Cuvelier. A sua carreira parecia lançada mas Grumiaux era Belga e a guerra estava prestes a ser declarada.
Durante a guerra Grumiaux recusou-se, embora de forma sempre astuciosa a colaborar com os ocupantes e quando em 1943 foi "convidado" a ser concertino numa cidade como Dresden ou equivalente passou à clandestinidade. Em 1949 o seu professor Dubois faleceu o que o deixou na verdade musicalmente órfão . Era o seu mentor, o seu amigo. Convidado a substituí-lo no Conservatório de Bruxelas aceita mas humildemente reconhece que lhe faltam muitas qualidades para chegar à altura do seu mestre.
Uns anos mais tarde em 1953 o destino iria felizmente encarregar-se de lhe fazer conhecer aquela que se iria tornar uma espécie de alma gémea musical. Na verdade em Junho de 1953 é convidado por Casals para participar no seu festival de Prades. Nesse festival iria conhecer Clara Haskil com quem viria a gravar várias peças e sobretudo criar uma parceria. Na verdade curiosamente Clara tinha aprendido violino na sua infância pelo que por vezes os dois músicos trocavam de instrumentos para um melhor entendimento comum. Quando Clara morreu num acidente numa estação em Bruxelas quando vinha ao encontro de Grumiaux para um concerto será escusado referir o sentimento de perda que o músico Belga sentiu. Oiçam aqui a sonata de Beethoven "Primavera" com Haskil ao piano e Grumiaux no violino.
A história de Grumiaux a seguir à guerra é uma história de gravações e concertos de elevadíssima qualidade e onde se afirma em especial como grande especialista de Bach e de Mozart. Em 1973 o Rei da Bélgica concede-lhe o titulo de barão pelos seus serviços à musica. Em 1977 a sua gravação da "Gavotte en Rondeau" da terceira partita de Bach faz parte do famoso disco dourado colocado a bordo da nave Voyager. As gravações de Grumiaux das obras de Bach permanecem um exemplo de musicalidade e da forma de interpretação que estas peças merecem. Oiçam aqui a Chaconne da segunda partita de Bach. Quanto a Mozart proponho-vos também uma interpretação ao vivo com Haskil do segundo andamento da sonata em Mi Bemol, aqui.
Grumiaux faleceu em Bruxelas a 16 de Outubro de 1986 vitima de um ataque cardíaco resultante de várias complicações decorrentes da sua condição de diabético.
Com apenas 11 anos considerou-se que seria altura de escolher um instrumento - violino ou piano. O seu avô numa sábia decisão afirma então que dado existirem mais pianistas que violinistas o violino é preferível. Assim sendo Grumiaux vai para Bruxelas onde irá estudar com o professor Alfred Dubois, pedagogo notável e que seria para Grumiaux uma inspiração, e penso eu, um modelo de vida.
Entre 1932 e 1941 no conservatório de Bruxelas Grumiaux acumulou prémios tanto de violino como de composição. Ainda quando no conservatório de Bruxelas tem a oportunidade de estudar em Paris com Enescu (notável professor e notável violinista). Embora num primeiro tempo Grumiaux não fique muito entusiasmado com a experiência mais tarde viria a afirmar "Passado dois anos apercebi-me que estava a evoluir no sentido que ele me havia proposto e observei-me a tornar minhas as frases que ele então me havia dito". Sem dúvida uma singela homenagem ao grande professor que Enescu sempre foi.
Em 1936 (portanto com 15 anos na altura) estreia-se em concerto fora do conservatório precisamente em Charleroi quando toca com o seu professor Charles Dubois o concerto de Bach para dois violinos. Em 1939 Grumiaux vence o prémio Vieuxtemps e interpreta publicamente o concerto de Mendelssohn em Bruxelas sobre a direcção de Marcel Cuvelier. A sua carreira parecia lançada mas Grumiaux era Belga e a guerra estava prestes a ser declarada.
Durante a guerra Grumiaux recusou-se, embora de forma sempre astuciosa a colaborar com os ocupantes e quando em 1943 foi "convidado" a ser concertino numa cidade como Dresden ou equivalente passou à clandestinidade. Em 1949 o seu professor Dubois faleceu o que o deixou na verdade musicalmente órfão . Era o seu mentor, o seu amigo. Convidado a substituí-lo no Conservatório de Bruxelas aceita mas humildemente reconhece que lhe faltam muitas qualidades para chegar à altura do seu mestre.
Uns anos mais tarde em 1953 o destino iria felizmente encarregar-se de lhe fazer conhecer aquela que se iria tornar uma espécie de alma gémea musical. Na verdade em Junho de 1953 é convidado por Casals para participar no seu festival de Prades. Nesse festival iria conhecer Clara Haskil com quem viria a gravar várias peças e sobretudo criar uma parceria. Na verdade curiosamente Clara tinha aprendido violino na sua infância pelo que por vezes os dois músicos trocavam de instrumentos para um melhor entendimento comum. Quando Clara morreu num acidente numa estação em Bruxelas quando vinha ao encontro de Grumiaux para um concerto será escusado referir o sentimento de perda que o músico Belga sentiu. Oiçam aqui a sonata de Beethoven "Primavera" com Haskil ao piano e Grumiaux no violino.
A história de Grumiaux a seguir à guerra é uma história de gravações e concertos de elevadíssima qualidade e onde se afirma em especial como grande especialista de Bach e de Mozart. Em 1973 o Rei da Bélgica concede-lhe o titulo de barão pelos seus serviços à musica. Em 1977 a sua gravação da "Gavotte en Rondeau" da terceira partita de Bach faz parte do famoso disco dourado colocado a bordo da nave Voyager. As gravações de Grumiaux das obras de Bach permanecem um exemplo de musicalidade e da forma de interpretação que estas peças merecem. Oiçam aqui a Chaconne da segunda partita de Bach. Quanto a Mozart proponho-vos também uma interpretação ao vivo com Haskil do segundo andamento da sonata em Mi Bemol, aqui.
Grumiaux faleceu em Bruxelas a 16 de Outubro de 1986 vitima de um ataque cardíaco resultante de várias complicações decorrentes da sua condição de diabético.
James Galway
Deveria hoje publicar o especial prometido referente à nossa ultima votação. Porém infelizmente não estou satisfeito com o post que escrevi e por isso vou pedir-vos um pouco mais de paciência (especialmente a quem votou em James Galway). Estou à espera da autobiografia que o famoso flautista escreveu para completar o post com alguns elementos que creio são fundamentais para entenderem o homem e o artista.
Claro que existe muita informação na net inclusivamente o seu site oficial aqui mas para o fim que pretendo não é suficiente.
No entretanto fiquem com este teste a 16 flautas que tinha descoberto através do blog "O Flautista" onde poderão encontrar muitas outras referências a Sir James Galway.
Claro que existe muita informação na net inclusivamente o seu site oficial aqui mas para o fim que pretendo não é suficiente.
No entretanto fiquem com este teste a 16 flautas que tinha descoberto através do blog "O Flautista" onde poderão encontrar muitas outras referências a Sir James Galway.
sábado, 25 de outubro de 2008
Leonard Bernstein - Quarta Parte - O famoso concerto com Gould
No ultimo post tínhamos terminado com o problema que Bernstein sentia com o facto de não ser tomado a sério como compositor ao mesmo nível que a sua actividade como Maestro. Na verdade o problema era bem mais abrangente dado que Leonard Bernstein também escrevia e a sua composição não só abrangia o espectro clássico como também a Broadway onde aliás teve vários sucessos do qual provavelmente West Side Story é o mais conhecido.
Aliás muitos amigos de Leonard Bernstein insistiram por várias vezes com ele para deixar a música clássica e dedicar-se na totalidade à música para a Broadway.
Porém o post de hoje diz respeito a um caso bem conhecido na biografia de Bernstein e que para além disso está relacionado com um concerto para piano do compositor de que estamos neste momento a falar: Brahms. O que se passou nessa noite de 6 de Abril de 1962 (alguns sites dão datas diferentes suponho que devido à transmissão radiofónica ter sido efectuada foi que Bernstein para relativo espanto do público decide falar antes do concerto. A peça era o Concerto nº 1 para piano de Brahms. O solista o nosso conhecido Glenn Gould. Nessa noite Leonard Bernstein resolve dizer o seguinte (podem ouvir o extracto ao vivo aqui) - a tradução a partir de uma transcrição inglesa é minha:
"Não tenham receio Glenn Gould está cá. Vai aparecer dentro em breve. Como sabem não tenho por hábito falar antes dos concertos excepto nas Previews de Quinta-Feira à noite mas levantou-se uma situação curiosa que penso merece uma ou duas palavras. Vão ouvir dentro em breve uma interpretação, digamos, muito pouco ortodoxa do Concerto de Brahms em Ré menor, uma interpretação que é completamente diferente de qualquer uma que eu já tenho ouvido ou que tenha mesmo sonhado ouvir, pelos seus tempos incrivelmente lentos e frequentes alterações às dinâmicas indicadas por Brahms. Não posso dizer que estou totalmente de acordo com a interpretação de Glenn Gould o que levanta a interessante questão: Porque razão estou a dirigi-la ? Estou a dirigi-la porque Glenn Gould é um artista tão válido e sério que tenho de tomar a sério tudo o que ele concebe em boa fé e a sua interpretação é suficientemente interessante para que eu ache que também a devem ouvir também.
Porém a velha questão permanece. Num concerto quem é o "patrão" ? O solista ou o maestro ? A resposta é claro é que uma vez é um outra vez outro dependendo das pessoas envolvidas. Mas quase sempre os dois conseguem chegar a acordo por persuasão, sedução ou mesmo ameaça. Apenas uma vez na minha vida, antes desta, tive de me submeter a solista com uma visão completamente nova e incompatível com a minha e essa vez foi da ultima vez que dirigi um concerto com Glenn Gould. Porém desta vez a diferença é tão grande que sinto dever fazer este pequeno aviso prévio. Então repetindo a questão: Estou a dirigi-lo? Porque não faço eu um pequeno escândalo, contrato um solista substituto ou deixo um assistente dirigir a orquestra? Bem porque estou fascinado, feliz de tido a oportunidade de ter observado um novo olhar a uma obra tantas vezes interpretada e porque - por acréscimo - há momentos na interpretação de Glenn Gould de que emergem uma frescura e convicção absolutamente surpreendentes. Em Terceiro lugar porque todos podemos aprender qualquer coisa com este artista extraordinário, que é um artista que pensa e finalmente porque na música há um elemento a que Dimitri Mitropulos tinha por hábito chamar "o elemento desportivo" o tal factor de curiosidade, de aventura e de experimentação. Posso assegurar-vos que tem sido efectivamente uma aventura esta semana a colaboração com Glenn Gould neste concerto de Brahms. É portanto nesse espírito de aventura que o vamos apresentar.
Este discurso foi tomado durante muito tempo como uma atitude de desresponsabilização de Bernstein face à interpretação de Gould e por isso mesmo um ataque ao pianista. Bernstein manteve que esta introdução tinha o acordo de Gould. A verdade é que este é um momento único em que verdadeiramente se coloca na prática uma questão interessante. E que por acaso Berstein até nem aborda dessa forma. A questão que Bernstein poderia abordar e escolhe não o fazer (e notem - quem conhece os Concertos para jovens por exemplo sabe do que estou a falar)
é precisamente se na música clássica o fundamental é a interpretação ou a precisão, a total aderência ao que está escrito. Tivesse-o feito Bernstein estaria a colocar Gould contra Brahms, o interprete face ao compositor. Bernstein embora tenha referido as diferenças com o que Brahms escreveu não o coloca nessa perspectiva. Coloca-o na diferença de interpretações entre ele e Gould o que certamente é não só elegante como lhe permite sustentar a aceitabilidade das suas diferenças.
Este episódio pode parecer apenas isso. Um episódio. Porém para mim reflecte muito do carácter de Bernstein a forma como encarava a vida e a música e sinceramente acho que é uma lição, uma das melhores lições de como embora divergindo nas opiniões - desde que acreditando na honestidade intelectual e na seriedade do outro - se pode fazer música. E sim esta é uma metáfora para a vida e outras áreas.
Se quiserem comprar o disco que regista este momento único saibam que durante muito tempo apenas existiram cópias pirata resultantes da transmissão radiofónica. As versões legais que existem hoje resultam também dessa mesma emissão radiofónica e logo em termos de som não são fantásticas mas para quem queira ouvir a diferença têm um valor histórico. Hoje graças à net podem facilmente obter um disco já utilizado na Amazon.co.uk (aqui não têm o problema dos direitos de alfandega - os portugueses, desculpem os nossos amigos leitores brasileiros). Podem também adquirir uma versão electrónica no ITunes. Para quem queira apenas ouvir uma parte do concerto consegui encontrar aqui uma versão que tem a introdução inicial de Bernstein e o final do terceiro andamento.
Aliás muitos amigos de Leonard Bernstein insistiram por várias vezes com ele para deixar a música clássica e dedicar-se na totalidade à música para a Broadway.
Porém o post de hoje diz respeito a um caso bem conhecido na biografia de Bernstein e que para além disso está relacionado com um concerto para piano do compositor de que estamos neste momento a falar: Brahms. O que se passou nessa noite de 6 de Abril de 1962 (alguns sites dão datas diferentes suponho que devido à transmissão radiofónica ter sido efectuada foi que Bernstein para relativo espanto do público decide falar antes do concerto. A peça era o Concerto nº 1 para piano de Brahms. O solista o nosso conhecido Glenn Gould. Nessa noite Leonard Bernstein resolve dizer o seguinte (podem ouvir o extracto ao vivo aqui) - a tradução a partir de uma transcrição inglesa é minha:
"Não tenham receio Glenn Gould está cá. Vai aparecer dentro em breve. Como sabem não tenho por hábito falar antes dos concertos excepto nas Previews de Quinta-Feira à noite mas levantou-se uma situação curiosa que penso merece uma ou duas palavras. Vão ouvir dentro em breve uma interpretação, digamos, muito pouco ortodoxa do Concerto de Brahms em Ré menor, uma interpretação que é completamente diferente de qualquer uma que eu já tenho ouvido ou que tenha mesmo sonhado ouvir, pelos seus tempos incrivelmente lentos e frequentes alterações às dinâmicas indicadas por Brahms. Não posso dizer que estou totalmente de acordo com a interpretação de Glenn Gould o que levanta a interessante questão: Porque razão estou a dirigi-la ? Estou a dirigi-la porque Glenn Gould é um artista tão válido e sério que tenho de tomar a sério tudo o que ele concebe em boa fé e a sua interpretação é suficientemente interessante para que eu ache que também a devem ouvir também.
Porém a velha questão permanece. Num concerto quem é o "patrão" ? O solista ou o maestro ? A resposta é claro é que uma vez é um outra vez outro dependendo das pessoas envolvidas. Mas quase sempre os dois conseguem chegar a acordo por persuasão, sedução ou mesmo ameaça. Apenas uma vez na minha vida, antes desta, tive de me submeter a solista com uma visão completamente nova e incompatível com a minha e essa vez foi da ultima vez que dirigi um concerto com Glenn Gould. Porém desta vez a diferença é tão grande que sinto dever fazer este pequeno aviso prévio. Então repetindo a questão: Estou a dirigi-lo? Porque não faço eu um pequeno escândalo, contrato um solista substituto ou deixo um assistente dirigir a orquestra? Bem porque estou fascinado, feliz de tido a oportunidade de ter observado um novo olhar a uma obra tantas vezes interpretada e porque - por acréscimo - há momentos na interpretação de Glenn Gould de que emergem uma frescura e convicção absolutamente surpreendentes. Em Terceiro lugar porque todos podemos aprender qualquer coisa com este artista extraordinário, que é um artista que pensa e finalmente porque na música há um elemento a que Dimitri Mitropulos tinha por hábito chamar "o elemento desportivo" o tal factor de curiosidade, de aventura e de experimentação. Posso assegurar-vos que tem sido efectivamente uma aventura esta semana a colaboração com Glenn Gould neste concerto de Brahms. É portanto nesse espírito de aventura que o vamos apresentar.
Este discurso foi tomado durante muito tempo como uma atitude de desresponsabilização de Bernstein face à interpretação de Gould e por isso mesmo um ataque ao pianista. Bernstein manteve que esta introdução tinha o acordo de Gould. A verdade é que este é um momento único em que verdadeiramente se coloca na prática uma questão interessante. E que por acaso Berstein até nem aborda dessa forma. A questão que Bernstein poderia abordar e escolhe não o fazer (e notem - quem conhece os Concertos para jovens por exemplo sabe do que estou a falar)
é precisamente se na música clássica o fundamental é a interpretação ou a precisão, a total aderência ao que está escrito. Tivesse-o feito Bernstein estaria a colocar Gould contra Brahms, o interprete face ao compositor. Bernstein embora tenha referido as diferenças com o que Brahms escreveu não o coloca nessa perspectiva. Coloca-o na diferença de interpretações entre ele e Gould o que certamente é não só elegante como lhe permite sustentar a aceitabilidade das suas diferenças.
Este episódio pode parecer apenas isso. Um episódio. Porém para mim reflecte muito do carácter de Bernstein a forma como encarava a vida e a música e sinceramente acho que é uma lição, uma das melhores lições de como embora divergindo nas opiniões - desde que acreditando na honestidade intelectual e na seriedade do outro - se pode fazer música. E sim esta é uma metáfora para a vida e outras áreas.
Se quiserem comprar o disco que regista este momento único saibam que durante muito tempo apenas existiram cópias pirata resultantes da transmissão radiofónica. As versões legais que existem hoje resultam também dessa mesma emissão radiofónica e logo em termos de som não são fantásticas mas para quem queira ouvir a diferença têm um valor histórico. Hoje graças à net podem facilmente obter um disco já utilizado na Amazon.co.uk (aqui não têm o problema dos direitos de alfandega - os portugueses, desculpem os nossos amigos leitores brasileiros). Podem também adquirir uma versão electrónica no ITunes. Para quem queira apenas ouvir uma parte do concerto consegui encontrar aqui uma versão que tem a introdução inicial de Bernstein e o final do terceiro andamento.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Brahms - Sonatas para Clarinete
Depois das sonatas para Violoncelo hoje vamos falar muito brevemente das sonatas para Clarinete de Brahms. Estas duas obras fazem parte do Op. 120 e foram escritas depois de Brahms se ter retirado oficialmente. Estava sem ideias e sem vontade de compor. Porém conheceu o clarinetista Richard Mühlfeld que o levou a ter novas ideias e a quem dedicou estas sonatas.
A propósito destas obras e porque falámos aqui sobre a escassez de obras para viola estas peças são muitas vezes interpretadas também em Viola numa transcrição do próprio Brahms.
A primeira das duas sonatas utiliza a forma clássica em quatro andamentos enquanto que a a segunda apenas tem três andamentos que como vimos é uma solução que Brahms utiliza com frequência.
Oiçam aqui Robyn Cho interpretar esta peça.
A propósito destas obras e porque falámos aqui sobre a escassez de obras para viola estas peças são muitas vezes interpretadas também em Viola numa transcrição do próprio Brahms.
A primeira das duas sonatas utiliza a forma clássica em quatro andamentos enquanto que a a segunda apenas tem três andamentos que como vimos é uma solução que Brahms utiliza com frequência.
Oiçam aqui Robyn Cho interpretar esta peça.
Recomendações de Quinta Feira (24.10.2008)
Nas habituais recomendações da Quinta-Feira começamos como é tradição pelo sul. Em Portimão teremos Aída numa versão de Concerto pela Orquestra do Norte dirigida por José Ferreira Lobo no Auditório Municipal de Portimão às 21:30 de Sexta-Feira 24 de Outubro. Entrada: €15. Reservas: 282470783. Serão solistas Alexandra Wilson (soprano), Constantin Nica (tenor), Maria Luísa de Freitas (meio-soprano), Luís Rodrigues (barítono), Ruben Amoretti (baixo), Bruno Pereira (baixo), Carla Simões (soprano). Para mais informações sobre a Orquestra do Norte aponte o seu browser para aqui.
Um pouco mais a norte mais precisamente em Portalegre vai decorrer o sexto "Encontro de Música Coral Juvenil de Portalegre" no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre. Será no Sábado a partir das 15h. A entrada é livre. Participam este ano neste encontro o Coro Infantil dos Assentos, o Coro Infantil do Centro Social de Soutelo e o Coral Infanto-Juvenil de Gondomar.
Na zona de Lisboa mais precisamente em Alcoentre teremos no Salão da Associação H. dos Bombeiros Voluntários de Alcoentre um concerto pela Orquestra Metropolitana de Lisboa. Será na Sexta-Feira às 21:30. A entrada é livre. Este concerto está inserido no ciclo "Outubro- Mês da música" organizado pela camâra municipal da Azambuja.
Agora em Lisboa mesmo na Gulbenkian teremos no Sábado a partir das 17h a Maratona Rachmaninov inserida no ciclo de piano da referida fundação. Teremos o Toradze Piano Studio formado por Ketevan Badridze, Sean Botkin, Vakhtang Kodanashvili, Maxim Mogilevsky, Tinatin Saralidze, Edisher Savitski e Svetlana Smolina e ainda os artistas convidados The Georgian Orthodox Christian Choir, Daria Scarano (Piano), Anastasia Volchok (Piano), Agnieszka Slawinska (Soprano) e David Matchavariani (Violoncelo). Não sei muito sobre o programa a não ser que obviamente serão interpretadas obras de Sergei Rachmaninov !
Agora um pouco mais a norte, em Alcobaça teremos o Coro de Câmara de Alcobaça e Anders Paulsson, Luís Bourgard dirigidos por Pedro Marques na Sexta-Feira dia 24 de Outubro às 21:30. Entrada: €5.
No Porto teremos a Orquestra Nacional do Porto dirigida por Michael Zilm no Sábado 25 às 18h. Entrada : €15. Será interpretado o poema sinfónico de Richard Wagner "Tristão e Isolda" e "Tristão" de Hans Werner Henze que devo confessar em toda a honestidade não ser exactamente "my cup of tea".
A propósito disso estive ontem no Instituto Franco Português num concerto com obras de música electrónica de alguns alunos de composição da Escola Superior de Música de Lisboa e não é que até gostei de algumas peças ? Não de todas, não de todas ... Mas já é um progresso :-) .
Fiquem bem e façam como lhes digo. Vençam a inércia e vão ouvir música ao vivo. Qualquer tipo de música. Clássica seria melhor mas ... Não se esqueçam que ao Vivo é Outra Coisa.
Um pouco mais a norte mais precisamente em Portalegre vai decorrer o sexto "Encontro de Música Coral Juvenil de Portalegre" no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre. Será no Sábado a partir das 15h. A entrada é livre. Participam este ano neste encontro o Coro Infantil dos Assentos, o Coro Infantil do Centro Social de Soutelo e o Coral Infanto-Juvenil de Gondomar.
Na zona de Lisboa mais precisamente em Alcoentre teremos no Salão da Associação H. dos Bombeiros Voluntários de Alcoentre um concerto pela Orquestra Metropolitana de Lisboa. Será na Sexta-Feira às 21:30. A entrada é livre. Este concerto está inserido no ciclo "Outubro- Mês da música" organizado pela camâra municipal da Azambuja.
Agora em Lisboa mesmo na Gulbenkian teremos no Sábado a partir das 17h a Maratona Rachmaninov inserida no ciclo de piano da referida fundação. Teremos o Toradze Piano Studio formado por Ketevan Badridze, Sean Botkin, Vakhtang Kodanashvili, Maxim Mogilevsky, Tinatin Saralidze, Edisher Savitski e Svetlana Smolina e ainda os artistas convidados The Georgian Orthodox Christian Choir, Daria Scarano (Piano), Anastasia Volchok (Piano), Agnieszka Slawinska (Soprano) e David Matchavariani (Violoncelo). Não sei muito sobre o programa a não ser que obviamente serão interpretadas obras de Sergei Rachmaninov !
Agora um pouco mais a norte, em Alcobaça teremos o Coro de Câmara de Alcobaça e Anders Paulsson, Luís Bourgard dirigidos por Pedro Marques na Sexta-Feira dia 24 de Outubro às 21:30. Entrada: €5.
No Porto teremos a Orquestra Nacional do Porto dirigida por Michael Zilm no Sábado 25 às 18h. Entrada : €15. Será interpretado o poema sinfónico de Richard Wagner "Tristão e Isolda" e "Tristão" de Hans Werner Henze que devo confessar em toda a honestidade não ser exactamente "my cup of tea".
A propósito disso estive ontem no Instituto Franco Português num concerto com obras de música electrónica de alguns alunos de composição da Escola Superior de Música de Lisboa e não é que até gostei de algumas peças ? Não de todas, não de todas ... Mas já é um progresso :-) .
Fiquem bem e façam como lhes digo. Vençam a inércia e vão ouvir música ao vivo. Qualquer tipo de música. Clássica seria melhor mas ... Não se esqueçam que ao Vivo é Outra Coisa.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Leonard Bernstein - Parte 3
Também em 1951 Leonard Bernstein dirigiu a estreia da sinfonia nº2 de Charles Ives. Notem que esta obra datava de 1901 mas nunca tinha sido estreada. Aliás este é um ponto muitas vezes ignorado da vida e obra de Bernstein que convém por isso salientar. O ponto que queremos enfatisar é o trabalho extraordinário que o maestro desenvolveu para conseguir divulgar e promover a obra de compositores americanos (e não só) contemporâneos. Foi o caso de Charles Ives mas foi também o caso de Copland (Bernstein tocou ao piano as "Variações" de Copland tantas vezes que estas eram quase consideradas a sua "marca" enquanto pianista) como também de Olivier Messiaen ou Carl Nielsen.
Talvez por ser ele próprio compositor e conhecer as dificuldades de conseguir fazer a sua música ser ouvida Leonard Bernstein revelou sempre muita disponibilidade para este tipo de divulgação.
Em 1957 Bernstein iniciou uma relação com a Filarmónica de Nova Iorque que iria durar até 1969. Neste período fez a série de 53 programas "Concertos para Jovens" que o tornaram conhecido na América e no Mundo. Uma parte destes concertos como já vos disse aqui pode ser adquirido em DVD que é uma colecção que recomendo obviamente. Há alguns programas que são pura e simplesmente geniais do ponto de vista da divulgação da música. Ia dizer da música clássica mas na verdade seria fazer-lhe uma grande injustiça. Não se fala apenas de uma das formas de música nos programas de Leonard Bernstein. Fala-se de música simplesmente.
Em 1960 grava o primeiro ciclo completo das sinfonias de Mahler, compositor com o qual é óbvio que Bernstein se identifica muitíssimo. Aliás para terminar e ligando com o tópico anterior basta ouvir o programa que Bernstein lhe dedicou (a Mahler) no ciclo de Concertos para Jovens para percebermos que Bernstein compreendia o drama do compositor. Não ser tomado a sério como compositor por ser também Maestro!
Aliás no mundo de hoje em que a especialização é palavra de ordem e em que se dá muita importância a uma total concentração num tópico exclusivo esse programa é extraordinariamente didáctico. Claro que podem também ler Saint-Exupery dividido entre a aviação e a literatura ...
Talvez por ser ele próprio compositor e conhecer as dificuldades de conseguir fazer a sua música ser ouvida Leonard Bernstein revelou sempre muita disponibilidade para este tipo de divulgação.
Em 1957 Bernstein iniciou uma relação com a Filarmónica de Nova Iorque que iria durar até 1969. Neste período fez a série de 53 programas "Concertos para Jovens" que o tornaram conhecido na América e no Mundo. Uma parte destes concertos como já vos disse aqui pode ser adquirido em DVD que é uma colecção que recomendo obviamente. Há alguns programas que são pura e simplesmente geniais do ponto de vista da divulgação da música. Ia dizer da música clássica mas na verdade seria fazer-lhe uma grande injustiça. Não se fala apenas de uma das formas de música nos programas de Leonard Bernstein. Fala-se de música simplesmente.
Em 1960 grava o primeiro ciclo completo das sinfonias de Mahler, compositor com o qual é óbvio que Bernstein se identifica muitíssimo. Aliás para terminar e ligando com o tópico anterior basta ouvir o programa que Bernstein lhe dedicou (a Mahler) no ciclo de Concertos para Jovens para percebermos que Bernstein compreendia o drama do compositor. Não ser tomado a sério como compositor por ser também Maestro!
Aliás no mundo de hoje em que a especialização é palavra de ordem e em que se dá muita importância a uma total concentração num tópico exclusivo esse programa é extraordinariamente didáctico. Claro que podem também ler Saint-Exupery dividido entre a aviação e a literatura ...
Nova Votação
Como estamos ultimamente a falar muitas vezes de Violoncelo e ainda relativamente pouco de Violoncelistas vamos lançar uma votação para um especial. Desta vez para votação vamos propor um conjunto de verdadeiro luxo. Vai ser difícil a vossa escolha:
Pablo Casals (1876 – 1973)
Mstislav Rostropovich (1927 – 2007)
Jacqueline du Pré(1945 – 1987)
Julian Lloyd Webber (1951)
Por sugestão do nosso atento leitor Pianoman vamos adicionar a nossa grande violoncelista Guilhermina Suggia. Para isso vamos ter de refazer a votação. Os votos já colocados serão adicionados no final.
Temos até agora 7 votantes e 10 votos:
Pablo Casals: 4
Mstislav Rostropovich: 1
Jacqueline du Pré: 4
Julian Lloyd Webber: 1
Pablo Casals (1876 – 1973)
Mstislav Rostropovich (1927 – 2007)
Jacqueline du Pré(1945 – 1987)
Julian Lloyd Webber (1951)
Por sugestão do nosso atento leitor Pianoman vamos adicionar a nossa grande violoncelista Guilhermina Suggia. Para isso vamos ter de refazer a votação. Os votos já colocados serão adicionados no final.
Temos até agora 7 votantes e 10 votos:
Pablo Casals: 4
Mstislav Rostropovich: 1
Jacqueline du Pré: 4
Julian Lloyd Webber: 1
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Brahms - As Sonatas para Violoncelo (Parte 1)
Na sequência de uma das questões de ontem vamos hoje falar das duas Sonatas para Violoncelo que Brahms compôs. A primeira dessas sonatas em Mi Menor Op. 38 foi composta entre 1862 e 1865. Brahms não utilizou aqui a forma canónica da Sonata tendo a sonata apenas três andamentos.
A Sonata foi dedicada ao seu amigo Dr. Josef Gänsbacher, professor de canto na Academia de Viena e violoncelista amador. Aliás conta-se a esse propósito uma história com alguma piada e que revela o humor negro de Brahms. Numa apresentação privada Brahms estava ao piano e Josef ao Violoncelo. Brahms estaria a tocar tão alto que o próprio Josef se queixou de que não conseguia sequer ouvir o Violoncelo. Ao que Brahms terá respondido "Sorte a tua".
O primeiro andamento (Allegro non troppo) começa com um tom sombrio para rapidamente chegarem ao Allegro que no entanto nunca perde uma característica de relativa tristeza. Ouçam aqui Julian Lloyd Webber (Violoncelo) e Rebecca Woolcock (Piano) numa gravação de 1999 no festival de Cheltenham.
O segundo andamento (Allegretto quasi Menuetto) é uma das várias experiências de Brahms na utilização de formas do período clássico e mesmo do período barroco. Na realidade este andamento tem um toque do período clássico em muitas partes perto da dança calma e estilizada, do minueto. Ouçam aqui Rostropovich (Violoncelo) e Serkin (Piano) a interpretar este andamento.
O terceiro andamento (Allegro) por seu lado em muitos pontos é uma fuga que termina com uma coda bastante rápida. Ouçam aqui Jacqueline du Pré (Violoncelo) e Daniel Barenboim (piano) numa interpretação deste andamento.
A Sonata foi dedicada ao seu amigo Dr. Josef Gänsbacher, professor de canto na Academia de Viena e violoncelista amador. Aliás conta-se a esse propósito uma história com alguma piada e que revela o humor negro de Brahms. Numa apresentação privada Brahms estava ao piano e Josef ao Violoncelo. Brahms estaria a tocar tão alto que o próprio Josef se queixou de que não conseguia sequer ouvir o Violoncelo. Ao que Brahms terá respondido "Sorte a tua".
O primeiro andamento (Allegro non troppo) começa com um tom sombrio para rapidamente chegarem ao Allegro que no entanto nunca perde uma característica de relativa tristeza. Ouçam aqui Julian Lloyd Webber (Violoncelo) e Rebecca Woolcock (Piano) numa gravação de 1999 no festival de Cheltenham.
O segundo andamento (Allegretto quasi Menuetto) é uma das várias experiências de Brahms na utilização de formas do período clássico e mesmo do período barroco. Na realidade este andamento tem um toque do período clássico em muitas partes perto da dança calma e estilizada, do minueto. Ouçam aqui Rostropovich (Violoncelo) e Serkin (Piano) a interpretar este andamento.
O terceiro andamento (Allegro) por seu lado em muitos pontos é uma fuga que termina com uma coda bastante rápida. Ouçam aqui Jacqueline du Pré (Violoncelo) e Daniel Barenboim (piano) numa interpretação deste andamento.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Pesquisas interessantes da semana (#8)
musica clássica violoncelo mais conhecida: Bem é dificil dizer qual é a mais conhecida mas a escolher uma teria de escolher as suites para violoncelo de Bach. Entretanto neste post ou neste outro podem descobrir algumas outras composições para este fantástico instrumento.
existe a oitava sinfonia de bach: Não não existe. Aliás a bem dizer nem a primeira existe. A sinfonia é uma forma criada no período clássico e não no período barroco a que Bach pertence. Se estivermos a falar de concertos na realidade Bach no total compôs mais de 8 concertos porém foram para instrumentos diferentes pelo que não é usual contabilizá-los em conjunto. Assim a resposta clara e curta para a pergunta formulada por todas as razões mencionadas é: Não , não existe. Para saber um pouco mais sobre a obra de Bach recomendamos este post.
vida jan sibelius para quem não gosta de musica clássica: Ora bem, suponho que não pretendem propriamente uma novela estilo Morangos com Açúcar embora talvez fosse possível tentar. Não esperem, não dá. Sibelius foi demasiado "certinho" ou "betinho" para sermos mais "radicais" para uma história desse tipo. Brinco claro. Falando agora mais a sério na verdade para mim Sibelius foi um dos mais geniais compositores do século XX mas esta opinião está longe de ser consensual. É preciso notar que Sibelius persistiu até à data da sua morte na composição estritamente tonal quando em outras partes da Europa tínhamos um Stockhausen ou um Schoenberg para já não falar em Stravinsky. Foi amado e odiado. Dele escreveram alguns críticos tratar-se do pior compositor de sempre, do mais incapaz de todos. Injusto na minha modesta opinião. Fica prometido para breve uma história detalhada sobre este compositor. Vale a pena para fundamentar uma reflexão sobre conservadorismo e progressismo na arte.
tota pulchra de José Maurício : Primeira obra publicada de José Maurício. Trata-se de uma antífona conjunto de textos bíblicos utilizados na liturgia. Do Padre José Maurício Garcia já tínhamos falamos aqui.
primeira catata de natal fernando lopes graça pauta : Não temos pautas neste site por enquanto. Esta obra de um dos grandes compositores portugueses foi composta entre 1945 e 1950 e repousa em cantos tradicionais portugueses da natividade.
paganini melhor concerto: Se estivermos a falar de um concerto "mesmo" sem dúvida o melhor é o Concerto nº1 em Ré Maior de que por acaso já falamos aqui.
musica clássica viola de arco : Bem é uma boa sugestão. Falámos em tempos aqui do primeiro concerto para Viola de Telemann. É um instrumento para o qual existe relativamente pouca obra publicada (para solista bem entendido) e logo é uma boa ideia falarmos disto. Fica prometido.
musica de mischa elman: Excelente escolha. Mischa Elman foi um excelente violinista ucraniano. Como estamos a completar a nossa lista de grandes violinistas do século XX este fica na lista como o próximo de quem vamos falar.
existe a oitava sinfonia de bach: Não não existe. Aliás a bem dizer nem a primeira existe. A sinfonia é uma forma criada no período clássico e não no período barroco a que Bach pertence. Se estivermos a falar de concertos na realidade Bach no total compôs mais de 8 concertos porém foram para instrumentos diferentes pelo que não é usual contabilizá-los em conjunto. Assim a resposta clara e curta para a pergunta formulada por todas as razões mencionadas é: Não , não existe. Para saber um pouco mais sobre a obra de Bach recomendamos este post.
vida jan sibelius para quem não gosta de musica clássica: Ora bem, suponho que não pretendem propriamente uma novela estilo Morangos com Açúcar embora talvez fosse possível tentar. Não esperem, não dá. Sibelius foi demasiado "certinho" ou "betinho" para sermos mais "radicais" para uma história desse tipo. Brinco claro. Falando agora mais a sério na verdade para mim Sibelius foi um dos mais geniais compositores do século XX mas esta opinião está longe de ser consensual. É preciso notar que Sibelius persistiu até à data da sua morte na composição estritamente tonal quando em outras partes da Europa tínhamos um Stockhausen ou um Schoenberg para já não falar em Stravinsky. Foi amado e odiado. Dele escreveram alguns críticos tratar-se do pior compositor de sempre, do mais incapaz de todos. Injusto na minha modesta opinião. Fica prometido para breve uma história detalhada sobre este compositor. Vale a pena para fundamentar uma reflexão sobre conservadorismo e progressismo na arte.
tota pulchra de José Maurício : Primeira obra publicada de José Maurício. Trata-se de uma antífona conjunto de textos bíblicos utilizados na liturgia. Do Padre José Maurício Garcia já tínhamos falamos aqui.
primeira catata de natal fernando lopes graça pauta : Não temos pautas neste site por enquanto. Esta obra de um dos grandes compositores portugueses foi composta entre 1945 e 1950 e repousa em cantos tradicionais portugueses da natividade.
paganini melhor concerto: Se estivermos a falar de um concerto "mesmo" sem dúvida o melhor é o Concerto nº1 em Ré Maior de que por acaso já falamos aqui.
musica clássica viola de arco : Bem é uma boa sugestão. Falámos em tempos aqui do primeiro concerto para Viola de Telemann. É um instrumento para o qual existe relativamente pouca obra publicada (para solista bem entendido) e logo é uma boa ideia falarmos disto. Fica prometido.
musica de mischa elman: Excelente escolha. Mischa Elman foi um excelente violinista ucraniano. Como estamos a completar a nossa lista de grandes violinistas do século XX este fica na lista como o próximo de quem vamos falar.
domingo, 19 de outubro de 2008
Ganhou James Galway
Bom, desta vez não houve grande emoção na votação e também e eventualmente por causa disso não se bateu nem de perto nem de longe o record de votos. Tivemos 28 votantes sendo que James Galway conseguiu mais de metade desses conseguindo 15 votos (53%). Os restantes flautistas ficaram muito próximos Marcel Moyse e Julius Baker com 7 votos (25% cada) e por fim Elaine Shaffer com 6 votos (21%). Sim nós sabemos que o total dá mais do que 28 o que acontece porque nós permitimos mais do que uma escolha por votante.
Assim vamos ter em breve o especial sobre este flautista que juntamente com Jean Pierre Rampal recriaram este instrumento enquanto solista no século XX.
Assim vamos ter em breve o especial sobre este flautista que juntamente com Jean Pierre Rampal recriaram este instrumento enquanto solista no século XX.
sábado, 18 de outubro de 2008
Jascha Heifetz (1901–1987)
Jascha Heifetz nasceu na Lituânia (Vilnius) em 1901 então parte do império russo.
Alguns historiadores pensam que Heifetz terá na verdade nascido ainda no século XIX e que a sua mãe atrasou voluntariamente a data de nascimento para incrementar o factor de menino prodígio. Na verdade Heifetz ensinado pelo pai também ele violinista começou a tocar com apenas três anos tendo tocado pela primeira vez em público com apenas sete anos em Kaunas tocando apenas o concerto em Mi Menor de Mendelssohn. Não temos obviamente registo desse evento mas encontramos aqui um extracto de um filme (They Shall Have Music - 1939) em que Heifetz entra "as himself" e salva uma escola de música de ser fechada tocando Mendelssohn (os jovens que estão na orquestra são os alunos dessa escola).
Em 1910 ou seja com 9 anos entrou no conservatório de São Petersburgo para estudar com Leopold Auer . Com apenas 12 anos numa tournée na Alemanha teve a oportunidade de tocar para Fritz Kreisler (o grande violinista) que disse "Bem podemos partir já os nossos violinos".
A 27 de Outubro de 1917 estreou-se no Carnegie Hall sendo desde esse instante e absolutamente do dia para a noite uma autêntica estrela nos Estados Unidos. A história de amor foi felizmente reciproca tendo Heifetz rapidamente assumido a cultura norte americana e tornado-se cidadão americano em 1925. Este facto valeu-lhe ser considerado como traidor na União Soviética durante a guerra fria só tendo por uma vez deslocado-se ao seu país Natal.
Em 1930 transcreve a toca a peça "Hora Staccatto" de Grigoras Dinicu de quem Heifetz disse ser o melhor violinista que ouviu. Oiçam aqui Heifetz numa interpretação dessa peça.
Durante a guerra Heifetz participou no esforço de guerra dando inúmeros concertos nomeadamente nas frentes africanas sendo que logo a seguir à guerra e sob pseudónimo escreve "When You Make Love To Me - Don't Make Believe." canção gravada tanto por Bing Crosby como por Margaret Whiting.
Em 1958 torna-se professor na UCLA tendo posteriormente (1960) mudado para a University of Southern California onde ensinou durante largos anos e onde ficaram famosas as suas master classes. Vejam por exemplo aqui um aluno interpretar uma canção brasileira "Ao pé da Fogueira" do compositor Valle num arranjo do próprio Heifetz (penso).
Heifetz foi aos poucos deixando de tocar em público devido a uma lesão no ombro tendo o seu ultimo concerto decorrido em Los Angeles em 1972. A gravação deste concerto é também a sua ultima edição discográfica.
Em 1983 terminou a sua longa associação com a USC embora tenha continuado a ensinar em privado.
Heifetz é ainda hoje considerado por muitos o maior violinista de sempre pela qualidade do seu som e afinação impecável. Dizia-se que era incapaz de falhar uma nota. Foi muitas vezes criticado por ser demasiado mecânico e pouco emotivo. Tinha um feitio difícil e terá abandonado a carreira como interprete de obras orquestrais por não conseguir conviver com visões diferentes da sua.
Do ponto de vista pessoal era também uma pessoa de extremos dando muita importância ao dinheiro mas sendo também capaz de participar em actividades altruístas como campanhas para a criação do número de emergência na Califórnia.
Uma personagem sem dúvida complexa que provavelmente se exprimia no seu melhor pela música. Por isso fiquem aqui com um trio de Mendelssohn com o seu amigo Violoncelista Piatigorsky e o pianista Arthur Rubinstein.
Heifetz faleceu em Los Angeles a 10 de Dezembro de 1987.
Alguns historiadores pensam que Heifetz terá na verdade nascido ainda no século XIX e que a sua mãe atrasou voluntariamente a data de nascimento para incrementar o factor de menino prodígio. Na verdade Heifetz ensinado pelo pai também ele violinista começou a tocar com apenas três anos tendo tocado pela primeira vez em público com apenas sete anos em Kaunas tocando apenas o concerto em Mi Menor de Mendelssohn. Não temos obviamente registo desse evento mas encontramos aqui um extracto de um filme (They Shall Have Music - 1939) em que Heifetz entra "as himself" e salva uma escola de música de ser fechada tocando Mendelssohn (os jovens que estão na orquestra são os alunos dessa escola).
Em 1910 ou seja com 9 anos entrou no conservatório de São Petersburgo para estudar com Leopold Auer . Com apenas 12 anos numa tournée na Alemanha teve a oportunidade de tocar para Fritz Kreisler (o grande violinista) que disse "Bem podemos partir já os nossos violinos".
A 27 de Outubro de 1917 estreou-se no Carnegie Hall sendo desde esse instante e absolutamente do dia para a noite uma autêntica estrela nos Estados Unidos. A história de amor foi felizmente reciproca tendo Heifetz rapidamente assumido a cultura norte americana e tornado-se cidadão americano em 1925. Este facto valeu-lhe ser considerado como traidor na União Soviética durante a guerra fria só tendo por uma vez deslocado-se ao seu país Natal.
Em 1930 transcreve a toca a peça "Hora Staccatto" de Grigoras Dinicu de quem Heifetz disse ser o melhor violinista que ouviu. Oiçam aqui Heifetz numa interpretação dessa peça.
Durante a guerra Heifetz participou no esforço de guerra dando inúmeros concertos nomeadamente nas frentes africanas sendo que logo a seguir à guerra e sob pseudónimo escreve "When You Make Love To Me - Don't Make Believe." canção gravada tanto por Bing Crosby como por Margaret Whiting.
Em 1958 torna-se professor na UCLA tendo posteriormente (1960) mudado para a University of Southern California onde ensinou durante largos anos e onde ficaram famosas as suas master classes. Vejam por exemplo aqui um aluno interpretar uma canção brasileira "Ao pé da Fogueira" do compositor Valle num arranjo do próprio Heifetz (penso).
Heifetz foi aos poucos deixando de tocar em público devido a uma lesão no ombro tendo o seu ultimo concerto decorrido em Los Angeles em 1972. A gravação deste concerto é também a sua ultima edição discográfica.
Em 1983 terminou a sua longa associação com a USC embora tenha continuado a ensinar em privado.
Heifetz é ainda hoje considerado por muitos o maior violinista de sempre pela qualidade do seu som e afinação impecável. Dizia-se que era incapaz de falhar uma nota. Foi muitas vezes criticado por ser demasiado mecânico e pouco emotivo. Tinha um feitio difícil e terá abandonado a carreira como interprete de obras orquestrais por não conseguir conviver com visões diferentes da sua.
Do ponto de vista pessoal era também uma pessoa de extremos dando muita importância ao dinheiro mas sendo também capaz de participar em actividades altruístas como campanhas para a criação do número de emergência na Califórnia.
Uma personagem sem dúvida complexa que provavelmente se exprimia no seu melhor pela música. Por isso fiquem aqui com um trio de Mendelssohn com o seu amigo Violoncelista Piatigorsky e o pianista Arthur Rubinstein.
Heifetz faleceu em Los Angeles a 10 de Dezembro de 1987.
Brahms - As sonatas para Violino - Terceira Parte
Embora tenha sido começada a ser composta quase a seguir à Sonata nº 2 Brahms acabou por por de lado este trabalho para apenas o retomar em 1888 o que explica de certa forma a profunda diferença entre as duas obras. Enquanto que o Op. 100 é uma obra que radia emoção de uma forma calma quase pacifica a Op. 108 em Ré Menor é precisamente o inverso. Também ela é extraordinariamente emotiva mas aqui estamos a falar de uma forma de expressão muito mais épica e atlética.
Também na estrutura esta obra é diferente dado que Brahms voltou aos quatro andamentos clássicos na forma de Sonata.
O carácter forte da obra, nervoso, é marcado logo no primeiro andamento ou melhor logo destas as primeiras notas que são quase preocupantes pela energia que transmitem que não deixa de ter um certo tom sinistro transmitido pelo ritmo quebrado. Podem ouvir aqui este andamento por uma dupla de luxo que aliás vamos acompanhar ao longo desta obra - com a excepção do ultimo andamento onde serão substituídos por uma outra dupla de igual peso - Perlman no Violino e Daniel Barenboim ao piano.
O segundo andamento é sem exagero um autentico "Lied" sem palavras. Uma composição de que Schubert não desdenharia com certeza a melodia. Uma melodia quase inteiramente exposta pelo Violino tendo aqui o piano um papel secundário. Podem ouvir aqui este andamento.
O terceiro andamento "Um Poco presto e com sentimento" foi descrito de formas muito diferentes. A mais curiosa de todas terá sido a de Clara Schumann que disse deste andamento ser "a imagem de uma bela jovem brincando com o seu amante". Outros viram neste andamento melancolia ou tristeza. Neste andamento o piano ganha o protagonismo cedido ao violino no segundo andamento. Podem ouvir aqui este andamento.
Retomando a forma clássica da Sonata o grande dramatismo, as grandes explosões de emoções estão reservadas para o quarto andamento (Presto Agitato) que é também o mais virtuoso dos quatro como é normal nesta forma musical. Podem ouvir aqui este andamento por David Oistrack e Karl Richter como vêem outra dupla de peso.
A obra foi interpretada em publico pela primeira vez em Budapeste no dia 22 de Dezembro de 1888. Brahms estava nessa altura ao piano sendo Jenö Hubay o violinista escolhido.
As duas restantes partes deste conjunto de posts sobre as sonatas de Brahms para Violino (e piano) podem ser lidas aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte).
Também na estrutura esta obra é diferente dado que Brahms voltou aos quatro andamentos clássicos na forma de Sonata.
O carácter forte da obra, nervoso, é marcado logo no primeiro andamento ou melhor logo destas as primeiras notas que são quase preocupantes pela energia que transmitem que não deixa de ter um certo tom sinistro transmitido pelo ritmo quebrado. Podem ouvir aqui este andamento por uma dupla de luxo que aliás vamos acompanhar ao longo desta obra - com a excepção do ultimo andamento onde serão substituídos por uma outra dupla de igual peso - Perlman no Violino e Daniel Barenboim ao piano.
O segundo andamento é sem exagero um autentico "Lied" sem palavras. Uma composição de que Schubert não desdenharia com certeza a melodia. Uma melodia quase inteiramente exposta pelo Violino tendo aqui o piano um papel secundário. Podem ouvir aqui este andamento.
O terceiro andamento "Um Poco presto e com sentimento" foi descrito de formas muito diferentes. A mais curiosa de todas terá sido a de Clara Schumann que disse deste andamento ser "a imagem de uma bela jovem brincando com o seu amante". Outros viram neste andamento melancolia ou tristeza. Neste andamento o piano ganha o protagonismo cedido ao violino no segundo andamento. Podem ouvir aqui este andamento.
Retomando a forma clássica da Sonata o grande dramatismo, as grandes explosões de emoções estão reservadas para o quarto andamento (Presto Agitato) que é também o mais virtuoso dos quatro como é normal nesta forma musical. Podem ouvir aqui este andamento por David Oistrack e Karl Richter como vêem outra dupla de peso.
A obra foi interpretada em publico pela primeira vez em Budapeste no dia 22 de Dezembro de 1888. Brahms estava nessa altura ao piano sendo Jenö Hubay o violinista escolhido.
As duas restantes partes deste conjunto de posts sobre as sonatas de Brahms para Violino (e piano) podem ser lidas aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte).
Brahms - As sonatas para Violino - Segunda Parte
A Sonata para Piano e Violino (a ordem pela qual os instrumentos é apresentada foi especificada pelo próprio Brahms) Op. 100 nº 2 em Lá Maior foi composta em 1886 num período altamente produtivo para Brahms. Na verdade compôs nesse período algumas das suas obras de música de câmara mais relevantes . O Op. 99 é a segunda sonata para violoncelo de que falaremos em breve e a Op. 101 é o Trio para piano em Dó menor que obviamente iremos abordar. Se bem se lembram já tínhamos falado desta sonata aqui quando vos reportamos o que se havia passado no recital na jovem violinista portuguesa Maria Viseu.
Esta sonata é das três a mais curta e possivelmente a mais lírica das três. Foi tal como a primeira escrita em três andamentos em parte utilizando o facto do segundo andamento conter em ele próprio várias diferenças de ritmo. O primeiro andamento um Allegro Amabile pode efectivamente ser resumido na palavra que modifica o tempo Allegro. É composto por dois temas tão calmos, tão habilmente conjugados e por um dialogo tão homogéneo entre o violino e o piano que nos parece que nada pode tocar nessa graça. Podem ouvir este andamento aqui por Leonid Kogan. Já o segundo andamento é bastante diferente na sua natureza pois contém diferenças de ritmo acentuadas. Começa na verdade com um Andante Tranquillo para depois caminhar para um Vivace voltar ao Andante retornar a um vivace mas agora anotado como "di piu" - ainda mais para ainda ter tempo para voltar ao Andante e terminar num Vivace. Uma verdadeira montanha russa de emoções. Pode ouvir este segundo andamento por Richter e Oistrack aqui. O terceiro andamento Allegretto Grazioso (quasi andante) é um rondo que apresenta um tema de tal forma rico e aveludado e que escapa à "loucura" normal dos terceiros andamentos das sonatas românticas.
Esta sonata foi tocada pela primeira vez em Viena umas escassas semanas antes do Natal de 1886 com Brahms ao piano e no violino Joseph Hellmesberger.
O primeiro post desta série sobre as sonatas de Brahms para violino pode ser lido aqui.
O terceiro e ultimo post desta série sobre as sonatas de Brahms pode ser lido aqui.
Esta sonata é das três a mais curta e possivelmente a mais lírica das três. Foi tal como a primeira escrita em três andamentos em parte utilizando o facto do segundo andamento conter em ele próprio várias diferenças de ritmo. O primeiro andamento um Allegro Amabile pode efectivamente ser resumido na palavra que modifica o tempo Allegro. É composto por dois temas tão calmos, tão habilmente conjugados e por um dialogo tão homogéneo entre o violino e o piano que nos parece que nada pode tocar nessa graça. Podem ouvir este andamento aqui por Leonid Kogan. Já o segundo andamento é bastante diferente na sua natureza pois contém diferenças de ritmo acentuadas. Começa na verdade com um Andante Tranquillo para depois caminhar para um Vivace voltar ao Andante retornar a um vivace mas agora anotado como "di piu" - ainda mais para ainda ter tempo para voltar ao Andante e terminar num Vivace. Uma verdadeira montanha russa de emoções. Pode ouvir este segundo andamento por Richter e Oistrack aqui. O terceiro andamento Allegretto Grazioso (quasi andante) é um rondo que apresenta um tema de tal forma rico e aveludado e que escapa à "loucura" normal dos terceiros andamentos das sonatas românticas.
Esta sonata foi tocada pela primeira vez em Viena umas escassas semanas antes do Natal de 1886 com Brahms ao piano e no violino Joseph Hellmesberger.
O primeiro post desta série sobre as sonatas de Brahms para violino pode ser lido aqui.
O terceiro e ultimo post desta série sobre as sonatas de Brahms pode ser lido aqui.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Brahms - As sonatas para violino - Primeira parte
Curiosamente também são três as sonatas que Brahms compôs para violino (exactamente o mesmo número das peças que compôs para piano).
A primeira destas obras a Sonata nº 1 Op. 78 em Sol Maior foi composta logo após o seu concerto para violino e é uma obra extraordinariamente lírica, com melodias complexas e maravilhosas. A sonata foi desenvolvida em três andamentos. O primeiro andamento (Vivace ma non troppo) é mais lento do que o usual na forma de sonata temperado que é pela indicação "ma non troppo". Podemos ouvir este andamento aqui interpretado por Jascha Heifetz (1901–1987). O segundo andamento (Adagio) é uma daquelas melodias que parece ter sido escrita directamente com o coração tal a sua pungência. Podemos ouvir aqui a violinista Kyung-Wha Chung numa interpretação fabulosa . Do terceiro andamento (Allegro molto moderato) chamamos a atenção para a coda final que é digna do resto desta lindíssima sonata. Para este andamento escolhemos Pinchas Zukerman que podem ouvir aqui.
A segunda parte deste post sobre as sonatas de Brahms onde iremos falar da intrigante Op. 100 pode ser lida aqui. A terceira parte que será sobre a Op. 108 pode ser lida aqui.
A primeira destas obras a Sonata nº 1 Op. 78 em Sol Maior foi composta logo após o seu concerto para violino e é uma obra extraordinariamente lírica, com melodias complexas e maravilhosas. A sonata foi desenvolvida em três andamentos. O primeiro andamento (Vivace ma non troppo) é mais lento do que o usual na forma de sonata temperado que é pela indicação "ma non troppo". Podemos ouvir este andamento aqui interpretado por Jascha Heifetz (1901–1987). O segundo andamento (Adagio) é uma daquelas melodias que parece ter sido escrita directamente com o coração tal a sua pungência. Podemos ouvir aqui a violinista Kyung-Wha Chung numa interpretação fabulosa . Do terceiro andamento (Allegro molto moderato) chamamos a atenção para a coda final que é digna do resto desta lindíssima sonata. Para este andamento escolhemos Pinchas Zukerman que podem ouvir aqui.
A segunda parte deste post sobre as sonatas de Brahms onde iremos falar da intrigante Op. 100 pode ser lida aqui. A terceira parte que será sobre a Op. 108 pode ser lida aqui.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Recomendações da Quinta de Musica Classica
As recomendações desta semana começam como sempre pelo Sul onde paradoxalmente estará a Orquestra e Coro do Norte sobre a direcção de José Ferreira Lobo dias 17 e 18 (Sexta e Sábado) pelas 21:30 no Auditório Municipal de Portimão interpretando o Barbeiro de Sevilha. Entrada: €15.
Também no Algarve mas em Tavira na Igreja da Misericórdia Josué Nunes dará um recital de guitarra no Sábado dia 18 pelas 18h inserido no ciclo "Música nas Igrejas". A entrada é livre.
Na região de Lisboa (Oeiras) mais precisamente na Capela do Senhor Jesus dos Navegantes (para mais informações veja o site da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras) no Sábado 18 de Outubro às 17h poderá ouvir obras de Mozart, Hoffmeister e Beethoven pelos solistas da OCCO. A entrada é livre.
No Domingo os mesmos solistas agora acompanhados do Acordeonista Gonçalo Pescada apresentarão "Os Sonos do Acordeão". Obras de G. Beytelmann, P. Jorge Ferreira, Piazzola. Será às 17h no Palácio dos Aciprestes.
Na Sexta-Feira dia 17 de Outubro no Teatro Cine em Torres Vedras pelas 21:30 poderão ouvir canções de Cole Porter pelo Ensemble Darcos. Não sei por agora mais detalhes vou tentar descobrir.
Ainda no centro do país agora em Santarém e integrado no VIII Festival Internacional de Teatro de Santarém poderão ouvir o Vienna Glass Armonica Duo no espectáculo «The Whisper of the Stars» no Teatro Sá da Bandeira (Santarém). Será na Sexta-Feira dia 17 às 21:30. Entrada: €7,5. Este espectáculo vale pela originalidade dos instrumentos a "glass armonica" e o "verrophone".
Continuando no Centro do País teremos um concerto integrado no ciclo Concertos Pedagógico no Pavilhão Centro de Portugal . No domingo às 11h teremos um concerto pedagógico sobre o tema Violino e Contrabaixo pela Orquestra do Centro. Informações: 916994160.
Chegando ao Porto teremos englobado no Ciclo de Piano 2008 Nicolai Lugansky num recital de piano. Será no Sábado dia 18 pelas 18h. Entrada: €25. Sei que não é barato mas se encontrarem bilhetes vae a pena. Trata-se de um excelente pianista.
Ainda no Porto teremos um Recital de Canto e Alaúde e Tiorba por Isabel Nogueira e Tiago Matias no Clube Literário do Porto . Sexta-Feira 23h. Entrada Livre.
Finalmente no dia 23 Outubro na Câmara Municipal de Matosinhos às 21:30 teremos Fernando Lapa - Quarteto (estreia) e Felix Mendelssohn - Quarteto op.12 em Mi b M.
Também no Algarve mas em Tavira na Igreja da Misericórdia Josué Nunes dará um recital de guitarra no Sábado dia 18 pelas 18h inserido no ciclo "Música nas Igrejas". A entrada é livre.
Na região de Lisboa (Oeiras) mais precisamente na Capela do Senhor Jesus dos Navegantes (para mais informações veja o site da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras) no Sábado 18 de Outubro às 17h poderá ouvir obras de Mozart, Hoffmeister e Beethoven pelos solistas da OCCO. A entrada é livre.
No Domingo os mesmos solistas agora acompanhados do Acordeonista Gonçalo Pescada apresentarão "Os Sonos do Acordeão". Obras de G. Beytelmann, P. Jorge Ferreira, Piazzola. Será às 17h no Palácio dos Aciprestes.
Na Sexta-Feira dia 17 de Outubro no Teatro Cine em Torres Vedras pelas 21:30 poderão ouvir canções de Cole Porter pelo Ensemble Darcos. Não sei por agora mais detalhes vou tentar descobrir.
Ainda no centro do país agora em Santarém e integrado no VIII Festival Internacional de Teatro de Santarém poderão ouvir o Vienna Glass Armonica Duo no espectáculo «The Whisper of the Stars» no Teatro Sá da Bandeira (Santarém). Será na Sexta-Feira dia 17 às 21:30. Entrada: €7,5. Este espectáculo vale pela originalidade dos instrumentos a "glass armonica" e o "verrophone".
Continuando no Centro do País teremos um concerto integrado no ciclo Concertos Pedagógico no Pavilhão Centro de Portugal . No domingo às 11h teremos um concerto pedagógico sobre o tema Violino e Contrabaixo pela Orquestra do Centro. Informações: 916994160.
Chegando ao Porto teremos englobado no Ciclo de Piano 2008 Nicolai Lugansky num recital de piano. Será no Sábado dia 18 pelas 18h. Entrada: €25. Sei que não é barato mas se encontrarem bilhetes vae a pena. Trata-se de um excelente pianista.
Ainda no Porto teremos um Recital de Canto e Alaúde e Tiorba por Isabel Nogueira e Tiago Matias no Clube Literário do Porto . Sexta-Feira 23h. Entrada Livre.
Finalmente no dia 23 Outubro na Câmara Municipal de Matosinhos às 21:30 teremos Fernando Lapa - Quarteto (estreia) e Felix Mendelssohn - Quarteto op.12 em Mi b M.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Leonard Bernstein (Segunda Parte)
Continuando a série de Posts sobre Leonard Bernstein deixamos ontem aqui a nossa história logo após a estreia do Maestro.
Após a segunda guerra a carreira de Bernstein começou facilmente a ganhar velocidade. Em 1946 dirige a sua primeira opera nada menos que a estreia nos Estados Unidos da Ópera Peter Grimmes de Benjamin Britten. Oiça aqui Bernstein a falar deste compositor fantástico. Em 1949 estreia mundialmente a Sinfonia Turangalîla de Olivier Messiaen.
Leonard Bernstein tinha entretando sido director artistico da Orquestra da Cidade de Nova Iorque (não confundir com a Filarmónica que viria a dirigir alguns anos depois) entre 1945-48, período que do ponto de vista artistico foi bastante interessante.
Quando Koussevitzky faleceu em 1951 tendo em consideração a elevada opinião que este Maestro tinha de Bernstein (apesar das óbvias diferenças de estilo), Koussevitzky teria por exemplo dito "Este jovem é novo Koussevitzky" foi quase natural que Bernstein assumisse a direcção da Orquestra.
Após a segunda guerra a carreira de Bernstein começou facilmente a ganhar velocidade. Em 1946 dirige a sua primeira opera nada menos que a estreia nos Estados Unidos da Ópera Peter Grimmes de Benjamin Britten. Oiça aqui Bernstein a falar deste compositor fantástico. Em 1949 estreia mundialmente a Sinfonia Turangalîla de Olivier Messiaen.
Leonard Bernstein tinha entretando sido director artistico da Orquestra da Cidade de Nova Iorque (não confundir com a Filarmónica que viria a dirigir alguns anos depois) entre 1945-48, período que do ponto de vista artistico foi bastante interessante.
Quando Koussevitzky faleceu em 1951 tendo em consideração a elevada opinião que este Maestro tinha de Bernstein (apesar das óbvias diferenças de estilo), Koussevitzky teria por exemplo dito "Este jovem é novo Koussevitzky" foi quase natural que Bernstein assumisse a direcção da Orquestra.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Fritz Reiner (1888 - 1963)
Maestro norte-americano de origem Hungára nascido em Budapeste a 19 de Dezembro de 1888. Foi durante nove anos (entre 1922-1931) director musical da Orquestra Sinfónica de Cincinatti tendo começado a ensinar no Curtis Institute of Music em 1928 onde foi professor de Leonard Bernstein. Conta a história que Bernstein terá sido o único aluno a quem Fritz Reiner terá dado a classificação máxima.
História que não deixa de ser curiosa pelo facto dos dois maestros possuírem estilos altamente contrastantes. Frizt Reiner era caracterizado pela absoluta precisão e economia de gestos numa sobriedade de estilo muito à imagem de Toscaninni por exemplo, já Bernstein é o exacto oposto.
De 1953 a 1963 Fritz Reiner foi director musical da Sinfónica de Chicago. Estes dez anos são considerados o ponto alto da sua carreira artistica. Embora sendo geralmente considerado como um especialista de Richard Strauss e de Bartok Fritz Reiner possuía na verdade um reportório bastante vasto sendo conhecido o seu gosto especial por Mozart.
O seu ultimo trabalho, gravado para as Selcções Readers Digest foi uma interpretação da Quarta Sinfonia de Brahms. A titulo de exemplo do seu trabalho e do seu estilo vejam aqui uma gravação de um extracto da sua direcção da Sinfonia Nº 39 de Mozart.
Fritz Reiner faleceu em Nova Iorque a 15 de Novembro de 1963.
História que não deixa de ser curiosa pelo facto dos dois maestros possuírem estilos altamente contrastantes. Frizt Reiner era caracterizado pela absoluta precisão e economia de gestos numa sobriedade de estilo muito à imagem de Toscaninni por exemplo, já Bernstein é o exacto oposto.
De 1953 a 1963 Fritz Reiner foi director musical da Sinfónica de Chicago. Estes dez anos são considerados o ponto alto da sua carreira artistica. Embora sendo geralmente considerado como um especialista de Richard Strauss e de Bartok Fritz Reiner possuía na verdade um reportório bastante vasto sendo conhecido o seu gosto especial por Mozart.
O seu ultimo trabalho, gravado para as Selcções Readers Digest foi uma interpretação da Quarta Sinfonia de Brahms. A titulo de exemplo do seu trabalho e do seu estilo vejam aqui uma gravação de um extracto da sua direcção da Sinfonia Nº 39 de Mozart.
Fritz Reiner faleceu em Nova Iorque a 15 de Novembro de 1963.
Leonard Bernstein (1918-1990) - Primeira Parte
Faz hoje 17 anos que Leonard Bernstein faleceu. O ano passado neste mesmo dia escrevíamos este post. Este ano vamos tentar contar-vos um pouco mais sobre a vida deste maestro que devo confessar admiro muito. Se hoje gosto de música clássica há duas pessoas que não posso esquecer: Leonard Bernstein e António Vitorino de Almeida. Para celebrar este dia começamos hoje uma série paralela sobre este compositor em iremos abordar a sua vida e a sua obra.
Leonard Bernstein nasceu a 25 de Agosto de 1918 em Lawrence (Massachussets).
Leonard Bernstein não nasceu numa família de músicos. Porém desde muito cedo o gosto pelo piano foi evidente. Existem várias anedotas sobre a forma na qual esta paixão se revelou. A mais angraçada de todas envolve a sua tia que estando aparentemente a divorciar-se do marido (esta parte não tem nada de engraçado) teria enviado o seu piano vertical para casa dos Bernstein. Leonard então com dez anos teria tocado imediatamente nas teclas e exclamado num acto contínuo para a sua mãe: Quero ter lições! Porém teve de contar com a oposição do pai que apenas conseguiu vencer após terminar o secundário.
Estudou então música em Harvard com Walter Piston. Depois de ter terminado a licenciatura mudou-se para o Curtis Institute of Music onde estudou direcção de orquestra com Fritz Reiner . Conta a lenda que Fritz Reiner terá dado a Bernstein a única nota máxima em toda a sua carreira enquanto professor.
Bernstein continuou os seus estudos para a direcção de orquestra quando em 1940 começou a estudar com Serge Koussevitzky no Boston Symphony Orchestra's summer institute em Tanglewood. Mais tarde Bernstein viria a tornar-se assistente do grande maestro e dedicar-lhe uma das suas sinfonias (a sinfonia nº 2 - oiçam aqui um dos andamentos desta sinfonia).
A sua estreia enquanto maestro aconteceu totalmente por acaso quando a 14 de Novembro de 1943 Bruno Walter não pode dirigir a Filarmónica de Nova Iorque por estar engripado. O concerto foi transmitido pela rádio e no dia seguinte mereceu uma crítica favorável do New York Times. Do dia para a noite o nome Bernstein era famoso. Sorte típica de Bernstein diz-se. A verdade porém é que Bernstein tinha estudado meticulosamente as peças podendo assim substituir Bruno Walter se necessário. Por outras palavras Bernstein sempre foi um trabalhador incansável preparando meticulosamente o seu trabalho.
Leonard Bernstein nasceu a 25 de Agosto de 1918 em Lawrence (Massachussets).
Leonard Bernstein não nasceu numa família de músicos. Porém desde muito cedo o gosto pelo piano foi evidente. Existem várias anedotas sobre a forma na qual esta paixão se revelou. A mais angraçada de todas envolve a sua tia que estando aparentemente a divorciar-se do marido (esta parte não tem nada de engraçado) teria enviado o seu piano vertical para casa dos Bernstein. Leonard então com dez anos teria tocado imediatamente nas teclas e exclamado num acto contínuo para a sua mãe: Quero ter lições! Porém teve de contar com a oposição do pai que apenas conseguiu vencer após terminar o secundário.
Estudou então música em Harvard com Walter Piston. Depois de ter terminado a licenciatura mudou-se para o Curtis Institute of Music onde estudou direcção de orquestra com Fritz Reiner . Conta a lenda que Fritz Reiner terá dado a Bernstein a única nota máxima em toda a sua carreira enquanto professor.
Bernstein continuou os seus estudos para a direcção de orquestra quando em 1940 começou a estudar com Serge Koussevitzky no Boston Symphony Orchestra's summer institute em Tanglewood. Mais tarde Bernstein viria a tornar-se assistente do grande maestro e dedicar-lhe uma das suas sinfonias (a sinfonia nº 2 - oiçam aqui um dos andamentos desta sinfonia).
A sua estreia enquanto maestro aconteceu totalmente por acaso quando a 14 de Novembro de 1943 Bruno Walter não pode dirigir a Filarmónica de Nova Iorque por estar engripado. O concerto foi transmitido pela rádio e no dia seguinte mereceu uma crítica favorável do New York Times. Do dia para a noite o nome Bernstein era famoso. Sorte típica de Bernstein diz-se. A verdade porém é que Bernstein tinha estudado meticulosamente as peças podendo assim substituir Bruno Walter se necessário. Por outras palavras Bernstein sempre foi um trabalhador incansável preparando meticulosamente o seu trabalho.
As pesquisas interessantes da semana (#8)
4 andamentos da 9ª sinfonia : Sim é verdade que o quarto andamento da nona sinfonia de Beethoven está escrito quase que como uma pequena sinfonia dentro de uma sinfonia, com os 4 andamentos que caracterizam uma sinfonia clássica. Obviamente a introdução do coro foi na época absolutamente inovador. Tinhamos abordado este aspecto neste post.
significado de minueto na musica classica: Dança de origem françesa provavelmente datada da corte do Rei Luis XIV. "menuet" significa literalmente pequeno ou delicado. Esta dança caracteriza-se efectivamente por ser bastante delicada e fina. Lully estilizou a dança introduzindo-a na Ópera. A partir daí e sobretudo no período clássico esta forma passou a fazer parte da maioria das composições nomeadamente quando no período clássico um dos andamentos era tipicamente uma forma estilizada de um minueto.
que periodo é bramhs : Do ponto de vista cronológico não há dúvida que Brahms pertence ao período romântico. Muitos analistas no entanto apontam as suas obras como essencialmente clássicas na estrutura. Não tendo formação suficiente para julgar essa opinião (embora uma simples análise da estrutura de algumas das composições de Brahms demonstre que há várias com inovações que dificilmente o colocam no período clássico), mas dizia, não tendo formação suficiente para avaliar essa opinião por aí analisando o espírito das melodias dos Lied de Brahms e mesmo a sua vida não posso deixar de sem rodeios dizer: Brahms é do período romântico.
quantz método de flauta : Sim efectivamente Quantz escreveu um famoso método de flauta. Tinhamos falado disso neste post.
nomes de violinistas: Bem podem começar por consultar a nossa extensa lista aqui. Se quiserem informação adicional sobre algum em particular, basta pedirem num comentário ou num email por exemplo. Não sejam tímidos !
musica de violoncelo : Falamos relativamente pouco deste instrumento neste blog é verdade. Porém já lhe dedicamos integralmente dois posts este (primeira parte) e este (segunda parte). Podem começar por aí ... Se tiverem mais perguntas, já sabem ... comentários!
antonio capela luthier violoncelo: Já falei por várias vezes deste Luthier português nomeadamente aqui quando falei do Concurso Capela. Na verdade António Capela não só fabrica violinos como violoncelos conforme esta pesquisa inquiria. Aliás uma das fotografias que poderão encontrar na sua oficina é precisamente uma com o famoso violoncelista Rostropovich para quem fabricou um violoncelo. Em Portugal fazem-se neste momento nesta oficina alguns dos melhores violinos e violoncelos do mundo.
qual parte aquario gosta ser tocado: Esta ganha o prémio "perplexidade da semana". É que não só não faço ideia do que era pretendido por quem fez esta pesquisa como também não faço a minima ideia porque razão o Google achou que tinha a resposta para isto ...
significado de minueto na musica classica: Dança de origem françesa provavelmente datada da corte do Rei Luis XIV. "menuet" significa literalmente pequeno ou delicado. Esta dança caracteriza-se efectivamente por ser bastante delicada e fina. Lully estilizou a dança introduzindo-a na Ópera. A partir daí e sobretudo no período clássico esta forma passou a fazer parte da maioria das composições nomeadamente quando no período clássico um dos andamentos era tipicamente uma forma estilizada de um minueto.
que periodo é bramhs : Do ponto de vista cronológico não há dúvida que Brahms pertence ao período romântico. Muitos analistas no entanto apontam as suas obras como essencialmente clássicas na estrutura. Não tendo formação suficiente para julgar essa opinião (embora uma simples análise da estrutura de algumas das composições de Brahms demonstre que há várias com inovações que dificilmente o colocam no período clássico), mas dizia, não tendo formação suficiente para avaliar essa opinião por aí analisando o espírito das melodias dos Lied de Brahms e mesmo a sua vida não posso deixar de sem rodeios dizer: Brahms é do período romântico.
quantz método de flauta : Sim efectivamente Quantz escreveu um famoso método de flauta. Tinhamos falado disso neste post.
nomes de violinistas: Bem podem começar por consultar a nossa extensa lista aqui. Se quiserem informação adicional sobre algum em particular, basta pedirem num comentário ou num email por exemplo. Não sejam tímidos !
musica de violoncelo : Falamos relativamente pouco deste instrumento neste blog é verdade. Porém já lhe dedicamos integralmente dois posts este (primeira parte) e este (segunda parte). Podem começar por aí ... Se tiverem mais perguntas, já sabem ... comentários!
antonio capela luthier violoncelo: Já falei por várias vezes deste Luthier português nomeadamente aqui quando falei do Concurso Capela. Na verdade António Capela não só fabrica violinos como violoncelos conforme esta pesquisa inquiria. Aliás uma das fotografias que poderão encontrar na sua oficina é precisamente uma com o famoso violoncelista Rostropovich para quem fabricou um violoncelo. Em Portugal fazem-se neste momento nesta oficina alguns dos melhores violinos e violoncelos do mundo.
qual parte aquario gosta ser tocado: Esta ganha o prémio "perplexidade da semana". É que não só não faço ideia do que era pretendido por quem fez esta pesquisa como também não faço a minima ideia porque razão o Google achou que tinha a resposta para isto ...
domingo, 12 de outubro de 2008
Brahms - As sonatas para piano
Agora que estamos quase a terminar esta nossa primeira viagem ao universo de Brahms é lógico falar das Sonatas para piano. Na verdade a primeira obra registada de Brahms (registada como op. 1) é precisamente uma sonata para piano.
As sonatas para piano são aliás todas obras da juventude do compositor. Na verdade as três sonatas foram publicadas entre 1852 e 1853 (a primeira sonata teria sido composta em 1848) tendo posteriormente Brahms abandonado esta forma musical no que diz respeito ao piano. Curiosamente as sonatas para Violino e Clarinete são obras da fase mais adulta do compositor.
Estas sonatas pela proximidade temporal da sua composição podem ser vistas como um ciclo que culmina na terceira sonata de dimensões verdadeiramente épicas (tem mais de 50 minutos e cinco andamentos). Esta obra foi a ultima que Brahms submeteu à apreciação de Schumann e também por isso tem um valor especial desse ponto de vista. Aliás considerando as relações pessoais existentes entre Brahms e Schumann eu pessoalmente especulo se não terá sido precisamente esse facto que levou Brahms a não mais considerar esta forma musical.
É assim precisamente esta sonata que vos convidamos a ouvir nas versões de quatro extraordinários pianistas. A obra divide-se como dissemos em cinco andamentos, na seguinte disposição:
1º Andamento (Allegro maestoso): Podem ouvir este andamento aqui na interpretação de Harold Bauer (1873-1951) numa gravação de 1939. Bauer curiosamente começou por ser violinista tendo segundo alguns "visto a luz" já com vinte anos quando teve a oportunidade de estudar em Paris com Ignacy Paderewski (1892). Na verdade depois disso embora mantendo-se como violinista durante algum tempo todo o seu interesse passou a ser no piano tendo inclusivamente chegado a estrear uma peça de Debussy em Paris em 1908. Sem dúvida extraordinário e razoavelmente invulgar.
2º Andamento (Andante. Andante espressivo - Andante molto) : Para este andamento escolhemos Claudio Arrau pianista chileno de que já havíamos falado aqui e que dispensa mais apresentações. Pode assim ouvir (e ver) este andamento interpretado por este pianista fora de série numa interpretação que para além do mais marca o regresso do pianista ao Chile em 1984 depois de ter estado praticamente toda a vida fora do seu país natal. Primeira parte aqui , segunda parte aqui.
3º Andamento (Scherzo. Allegro enérgico com trio)
4º Adamento (Intermezzo - Rückblick / Um olhar para trás - Um resumo - Andante molto)
Para estes dois andamentos escolhemos a pianista russa Maria Yudina (1899 - 1970) cuja vida daria certamente um romance. A pianista favorita de Stalin nunca deixou de por isso criticá-lo ferozmente. Oiçam aqui a interpretação destes dois andamentos.
5º Andamento (Finale. Allegro moderato ma rubato)
Para este ultimo andamento escolhemos um dos pianistas mais reconhecidos da actualidade (embora também razoavelmente polémico) Boris Berezovsky (1969). Podem ouvir aqui este quinto andamento.
As sonatas para piano são aliás todas obras da juventude do compositor. Na verdade as três sonatas foram publicadas entre 1852 e 1853 (a primeira sonata teria sido composta em 1848) tendo posteriormente Brahms abandonado esta forma musical no que diz respeito ao piano. Curiosamente as sonatas para Violino e Clarinete são obras da fase mais adulta do compositor.
Estas sonatas pela proximidade temporal da sua composição podem ser vistas como um ciclo que culmina na terceira sonata de dimensões verdadeiramente épicas (tem mais de 50 minutos e cinco andamentos). Esta obra foi a ultima que Brahms submeteu à apreciação de Schumann e também por isso tem um valor especial desse ponto de vista. Aliás considerando as relações pessoais existentes entre Brahms e Schumann eu pessoalmente especulo se não terá sido precisamente esse facto que levou Brahms a não mais considerar esta forma musical.
É assim precisamente esta sonata que vos convidamos a ouvir nas versões de quatro extraordinários pianistas. A obra divide-se como dissemos em cinco andamentos, na seguinte disposição:
1º Andamento (Allegro maestoso): Podem ouvir este andamento aqui na interpretação de Harold Bauer (1873-1951) numa gravação de 1939. Bauer curiosamente começou por ser violinista tendo segundo alguns "visto a luz" já com vinte anos quando teve a oportunidade de estudar em Paris com Ignacy Paderewski (1892). Na verdade depois disso embora mantendo-se como violinista durante algum tempo todo o seu interesse passou a ser no piano tendo inclusivamente chegado a estrear uma peça de Debussy em Paris em 1908. Sem dúvida extraordinário e razoavelmente invulgar.
2º Andamento (Andante. Andante espressivo - Andante molto) : Para este andamento escolhemos Claudio Arrau pianista chileno de que já havíamos falado aqui e que dispensa mais apresentações. Pode assim ouvir (e ver) este andamento interpretado por este pianista fora de série numa interpretação que para além do mais marca o regresso do pianista ao Chile em 1984 depois de ter estado praticamente toda a vida fora do seu país natal. Primeira parte aqui , segunda parte aqui.
3º Andamento (Scherzo. Allegro enérgico com trio)
4º Adamento (Intermezzo - Rückblick / Um olhar para trás - Um resumo - Andante molto)
Para estes dois andamentos escolhemos a pianista russa Maria Yudina (1899 - 1970) cuja vida daria certamente um romance. A pianista favorita de Stalin nunca deixou de por isso criticá-lo ferozmente. Oiçam aqui a interpretação destes dois andamentos.
5º Andamento (Finale. Allegro moderato ma rubato)
Para este ultimo andamento escolhemos um dos pianistas mais reconhecidos da actualidade (embora também razoavelmente polémico) Boris Berezovsky (1969). Podem ouvir aqui este quinto andamento.
Harold Bauer (28 de Abril de 1873 - 12 de Março de1951)
Harold Bauer nasceu em Londres a 28 de Abril de 1873. Filho de um violinista alemão e de uma inglesa. Estudou violino com o seu pai e com Adolf Pollitzer. Manteve o seu interesse neste instrumento até 1892 quando teve a oportunidade de estudar piano em Paris com Ignacy Paderewski.
Nessa altura segundo a sua auto-biografia Harold Bauer já tinha concluído que no violino não conseguiria rivalizar com jovens violinistas como Thibaud, Henri Marteau ou Kreisler. Desta forma resolveu trocar de instrumento dedicando-se ao piano.
Acabou por conseguir tornar-se uma referência nesse instrumento tendo nomeadamente estreado em Paris a obra de Debussy "Children Corners" e em Nova Iorque o concerto em Sol de Ravel. Aliás embora seja essencialmente conhecido pelo seu reportório de obras alemãs (Schubert, Schumann, Brahms e Beethoven) Bauer foi um notável divulgador dos compositores franceses da geração de Debussy e Ravel. Ouçam por exemplo aqui uma interpretação de "Reverie" de Debussy, verdadeiramente fantástico.
Acabou por se dedicar também ao ensino tendo o seu departamento de piano na Manhattan School of Music constituído uma referência.
Para quem quiser saber mais sobre a carreira deste pianista recomendamos a sua auto-biografia disponível na net aqui.
Harold Bauer faleceu a 12 de Março de 1951 em Miami.
Nessa altura segundo a sua auto-biografia Harold Bauer já tinha concluído que no violino não conseguiria rivalizar com jovens violinistas como Thibaud, Henri Marteau ou Kreisler. Desta forma resolveu trocar de instrumento dedicando-se ao piano.
Acabou por conseguir tornar-se uma referência nesse instrumento tendo nomeadamente estreado em Paris a obra de Debussy "Children Corners" e em Nova Iorque o concerto em Sol de Ravel. Aliás embora seja essencialmente conhecido pelo seu reportório de obras alemãs (Schubert, Schumann, Brahms e Beethoven) Bauer foi um notável divulgador dos compositores franceses da geração de Debussy e Ravel. Ouçam por exemplo aqui uma interpretação de "Reverie" de Debussy, verdadeiramente fantástico.
Acabou por se dedicar também ao ensino tendo o seu departamento de piano na Manhattan School of Music constituído uma referência.
Para quem quiser saber mais sobre a carreira deste pianista recomendamos a sua auto-biografia disponível na net aqui.
Harold Bauer faleceu a 12 de Março de 1951 em Miami.
sábado, 11 de outubro de 2008
Dia Mundial dos Cuidados Paliativos
Celebra-se hoje o dia Mundial dos Cuidados Paliativos. Este post existe em grande parte porque a Mafalda, voluntária em Cuidados Paliativos, me tem vindo a sensibilizar para a necessidade de existir no nosso país uma muito maior consciência do que são este tipo de cuidados e do direito que todos temos à sua existência.
A nossa sociedade preocupa-se muito com o tratamento dos que têm ainda oportunidade para contribuir - numa perspectiva egoísta enquanto sociedade - de forma material para o nosso progresso.
Esquecemos-nos porém que quem está a morrer (e estamos todos) merece exactamente a mesma atenção não só pelo que já contribuiu mas sobretudo porque ao fazê-lo estamos também a realizar a verdadeira dimensão do ser humano, que é precisamente a capacidade de cuidar de todos independentemente do seu destino imediato, ou longínquo, ou do seu valor material ou imaterial.
O que nos deve importar é apenas uma coisa: em qualquer circunstância da nossa vida o nosso semelhante deve poder viver com qualidade, com respeito e com dignidade. É nosso absoluto dever garantir que isto acontece, sempre.
O que podemos fazer?
Muito. Para quem queira ser activo neste âmbito recomendo que visitem o site da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos aqui. Podem também ler o post da Laurinda Alves sobre este tema aqui.
Numa das minhas composições preferidas diz Schiller com a música de Beethoven : Os Homens são todos iguais. E são-no, sempre, desde o nascimento até à morte. Lutemos para que isto aconteça de verdade e fiquem com o andamento final da Nona de Beethoven aqui.
A nossa sociedade preocupa-se muito com o tratamento dos que têm ainda oportunidade para contribuir - numa perspectiva egoísta enquanto sociedade - de forma material para o nosso progresso.
Esquecemos-nos porém que quem está a morrer (e estamos todos) merece exactamente a mesma atenção não só pelo que já contribuiu mas sobretudo porque ao fazê-lo estamos também a realizar a verdadeira dimensão do ser humano, que é precisamente a capacidade de cuidar de todos independentemente do seu destino imediato, ou longínquo, ou do seu valor material ou imaterial.
O que nos deve importar é apenas uma coisa: em qualquer circunstância da nossa vida o nosso semelhante deve poder viver com qualidade, com respeito e com dignidade. É nosso absoluto dever garantir que isto acontece, sempre.
O que podemos fazer?
Muito. Para quem queira ser activo neste âmbito recomendo que visitem o site da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos aqui. Podem também ler o post da Laurinda Alves sobre este tema aqui.
Numa das minhas composições preferidas diz Schiller com a música de Beethoven : Os Homens são todos iguais. E são-no, sempre, desde o nascimento até à morte. Lutemos para que isto aconteça de verdade e fiquem com o andamento final da Nona de Beethoven aqui.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Sarah Chang (1980-)
Há um ano atrás falávamos neste mesmo dia de Sarah Chang aqui. Na verdade mostrávamos um clip no You Tube com a interpretação da ária de Bach na corda Sol que faz parte da suite orquestral nº 3.
Sarah Chang nasceu a 10 de Dezembro de 1980 em Filadélfia. Os pais são de ascendência coreana sendo ambos músicos. O pai é violinista e a mãe compositora tendo ambos deslocado-se da Coreia para os Estados Unidos antes do nascimento da jovem violinista para prosseguirem os estudos em música.
Sarah Chang desde muito cedo revelou-se uma criança prodígio. As seis anos fez uma audição para a Juilliard School de Nova Iorque interpretando o concerto de Bruch para violino (oiçam-na aqui uns anos mais tarde só para terem uma ideia do concerto de que estamos a falar) e orquestra. Aos oito anos fez audições com Zubin Mehta e Riccardo Muti que estavam na altura a trabalhar com a Filarmónica de Nova Iorque e de Filadelfia. Ambos contrataram-na de imediato. Aos nove anos foi a mais jovem violonista de sempre a gravar um disco, que no entanto apenas foi publicado cerca de três anos mais tarde em 1992 (o disco chama-se Debut e é da Emi Classics).
Desde essa idade tem tocado com as mais reputadas orquestras mundiais sobre a direcção de maestros como Mariss Jansons, Daniel Barenboim, Sir Colin Davis, Lorin Maazel, Kurt Masur, Zubin Mehta, Riccardo Muti, Sir Simon Rattle entre muitos outros.
Ganhou vários prémios entre os quais por exemplo o da Gramophone Magazine "Young Artist of the Year" (1993).
Apesar da sua juventude a sua discografia é já extensa tendo gravado 14 discos (e participado em algumas compilações).
O violino roubado de Sarah Chang está aqui !
Sarah Chang nasceu a 10 de Dezembro de 1980 em Filadélfia. Os pais são de ascendência coreana sendo ambos músicos. O pai é violinista e a mãe compositora tendo ambos deslocado-se da Coreia para os Estados Unidos antes do nascimento da jovem violinista para prosseguirem os estudos em música.
Sarah Chang desde muito cedo revelou-se uma criança prodígio. As seis anos fez uma audição para a Juilliard School de Nova Iorque interpretando o concerto de Bruch para violino (oiçam-na aqui uns anos mais tarde só para terem uma ideia do concerto de que estamos a falar) e orquestra. Aos oito anos fez audições com Zubin Mehta e Riccardo Muti que estavam na altura a trabalhar com a Filarmónica de Nova Iorque e de Filadelfia. Ambos contrataram-na de imediato. Aos nove anos foi a mais jovem violonista de sempre a gravar um disco, que no entanto apenas foi publicado cerca de três anos mais tarde em 1992 (o disco chama-se Debut e é da Emi Classics).
Desde essa idade tem tocado com as mais reputadas orquestras mundiais sobre a direcção de maestros como Mariss Jansons, Daniel Barenboim, Sir Colin Davis, Lorin Maazel, Kurt Masur, Zubin Mehta, Riccardo Muti, Sir Simon Rattle entre muitos outros.
Ganhou vários prémios entre os quais por exemplo o da Gramophone Magazine "Young Artist of the Year" (1993).
Apesar da sua juventude a sua discografia é já extensa tendo gravado 14 discos (e participado em algumas compilações).
- Debut (1991) : Obras de Sarasate, Elgar, Paganini . Oiçam-na aqui a interpretar uma das composições que interpreta neste seu primeiro disco: Salut d´Amour de Elgar aproximadamente com a mesma idade.
- Tchaikovsky Violin Concert op 35 / Johannes Brahms: Danças Hungaras (1993) com a Orquestra Sinfónica de Londres dirigida por Colin Davis. Oiçam aqui Sarah Chang interpretar o concerto para violino de Tchaikovsky aproximadamente com a mesma idade.
- Édouard Lalo: Symphonie Espagnole/Henri Vieuxtemps: Violin concert Nr. 5 (2005 ). Orquestras : Concertgebouw (Lalo) e Philharmonia Orchestra (Vieuxtemps) dirigida por Charles Dutoit.
- Simply Sarah (1997)
- Felix Mendelssohn Bartholdy, Jean Sibelius: Concertos para Violino (1998) com a Orquestra Filarmónica de Berlim dirigida por Maris Jansons . Oiçam aqui a interpretação da artista deste concerto para violino de Mendelssohn (não é a da gravação do disco mas fazia parte da série como o locutor explica logo no início).
- Sweet Sorrow (1999). Peças de Vitali, Gluck, Brahms, Lalo, Vieuxtemps, Paganini, Sibelius, Liszt, Tschaikowsky, Saint-Saens. Oiçam aqui uma interpretação de uma das peça de Vitali que faz parte do disco.
- Richard Strauss (1999): Concerto para Violino, Sonata para Violino. Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks dirigida por Wolfgang Sawallisch. Ao piano na sonata para violino também está Wolfgang Sawallisch.
- Karl Goldmark: Concerto para violino op. 29 (2000 ). Orquestra: Gürzenich-Orchester dirigida por James Conlon
- Fire and Ice (2001 ). Sarasate, Massenet, Ravel, Beethoven, J. S. Bach, com a Filarmónica de Berlim dirigida por Plácido Domingo . Oiçam aqui um extracto deste concerto.
- Antonín Dvořák e Tchaikovsky (2002) com outros artistas.
- French Violin Sonatas (2004). Piano: Lars Vogt
- Andrew Lloyd Webber: Phantasia (2005) : Com o violoncelista Julian Lloyd Webber. Oiçam aqui uma entrevista com Sarah Chang sobre a gravação e a música.
- Dmitri Shostakovich Concerto para Violino nº1, Sergej Prokofieff: Concerto para Violino nº1(2006). Orquestra: Filarmónica de Berlim dirigida por Simon Rattle
- Antonio Vivaldi: The Four Seasons e Concerto para violino em Sol, op 12 no 1, RV 317 (2007 ). Orquestra: Orpheus Chamber Orchestra
O violino roubado de Sarah Chang está aqui !
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Recomendações de Música ao Vivo às Quinta
Voltando às recomendações da quinta-feira já sabem que para a zona da Grande Lisboa a minha grande recomendação é a Gala dos Violinhos que tem estado em destaque aqui toda esta semana.
Já sabem que é no Sábado às 16h na sala Dom Carlos do Palácio da Ajuda, uma sala lindissima que vale a pena conhecer e um concerto que decerto ficará na memória de todos. A entrada é livre sujeita à lotação da sala. Lá vos espero !
Para o resto do país e começando pelo Sul no Algarve continua o X Encontro de Música Antiga de Loulé. Para Sábado dia 11 de Outubro recomendamos «Ave Sponsa et Mater: O Amor Místico na obra de Hildegard von Bingen» pelo Mediae Vox Ensemble que terá lugar na Igreja de São Francisco (Loulé) pelas 21:30h. Se quiserem saber mais sobre este agrupamento não deixem de visitar o seu site oficial : Mediae Vox Ensemble . O programa incluirá obras de Hildegard von Bingen, Oswald Von Wolkenstein e Pérotin.
Continuando no sul do país agora no Centro de Artes de Sines teremos também no Sábado 11 de Outubro «Tesouros da Ópera Barroca» - Vox Angelis às 22:00. Entradas: €5. Para mais informações sobre este agrupamento visitem o seu site oficial: Vox Angelis . Neste concerto serão apresentadas obras de Haendel, Gluck, Stradella e Mozart.
Passando agora para a Grande Lisboa teremos na Igreja de S. Roque o Magnificat em Talha Dourada de Eurico Carrapatoso no dia 11 de Outubro pelas 21:00 concerto integrado nas celebrações do 20º aniversário dos concertos em S. Roque. Para mais informações não deixe de visitar o site oficial da iniciativa aqui.
Ainda em Lisboa recomendamos a Orquestra Metropolitana de Lisboa dirigida por Michael Zilm que estará no CCB no Domingo dia 12 de Outubro pelas 17h. Os preços variam entre €18 e €6. Como solista estará entre nós o violinista austriaco Benjamin Schmid
Neste concerto a Orquestra Metropolitana de Lisboa apresenta um programa inteiramente dedicado a Beethoven, incluindo o Concerto para violino e orquestra interpretado pelo violinista austríaco Benjamin Schmid vencedor de várias competições internacionais e um dos excelentes violinistas que a OML nos trará este ano. Não percam sobretudo porque será interpretado Beethoven (isto claro na minha opinião pouco imparcial, já sabem da minha preferência :-))
Ainda na zona da Grande Lisboa teremos o Quinteto Diaphonia (IV) no Centro Cultural de Cascais nos dias 10 e 11 de Outubro pelas 21:30. Entradas €5. Serão interpretadas obras de Darius Milhaud, Samuel Barber, Paul HIndemith e Luís Tinoco.
Passando rapidamente para a invicta cidade do Porto teremos Marta Eufrázio e Constantin Sandu num recital de Violino e Piano no Clube Literário do Porto na Sexta-Feira dia 10 de Outubro pelas 23h. Entrada Livre. No mesmo local mas no dia seguinte poderão ouvir Sandra Botelho e Alberto Mendonça num recital de Canto e Piano também pelas 23h.
Na Casa da Música do Porto retomamos as propostas de Domingo às 12h. Este Domingo poderão ouvir as Nordic Voices. Entrada: €5
Ainda no Porto na Fnac do GaiaShopping não percam o recital de lançamento do disco de Bruno Monteiro e João Paulo Santos pelas 17h no Domingo dia 12 de Outubro. Em Lisboa também o poderão ouvir no Sábado dia 11 na Fnac do Colombo pelas 18:30 e do Chiado pelas 16:00.
Finalmente e porque há muito que não tinhamos sugestões para a Madeira recomendamos a Orquestra de Bandolins da Madeira dirigida por Eurico Martins na Igreja Inglesa hoje dia 10 de Outubro pelas 21h. Entrada Livre.
Já sabem que é no Sábado às 16h na sala Dom Carlos do Palácio da Ajuda, uma sala lindissima que vale a pena conhecer e um concerto que decerto ficará na memória de todos. A entrada é livre sujeita à lotação da sala. Lá vos espero !
Para o resto do país e começando pelo Sul no Algarve continua o X Encontro de Música Antiga de Loulé. Para Sábado dia 11 de Outubro recomendamos «Ave Sponsa et Mater: O Amor Místico na obra de Hildegard von Bingen» pelo Mediae Vox Ensemble que terá lugar na Igreja de São Francisco (Loulé) pelas 21:30h. Se quiserem saber mais sobre este agrupamento não deixem de visitar o seu site oficial : Mediae Vox Ensemble . O programa incluirá obras de Hildegard von Bingen, Oswald Von Wolkenstein e Pérotin.
Continuando no sul do país agora no Centro de Artes de Sines teremos também no Sábado 11 de Outubro «Tesouros da Ópera Barroca» - Vox Angelis às 22:00. Entradas: €5. Para mais informações sobre este agrupamento visitem o seu site oficial: Vox Angelis . Neste concerto serão apresentadas obras de Haendel, Gluck, Stradella e Mozart.
Passando agora para a Grande Lisboa teremos na Igreja de S. Roque o Magnificat em Talha Dourada de Eurico Carrapatoso no dia 11 de Outubro pelas 21:00 concerto integrado nas celebrações do 20º aniversário dos concertos em S. Roque. Para mais informações não deixe de visitar o site oficial da iniciativa aqui.
Ainda em Lisboa recomendamos a Orquestra Metropolitana de Lisboa dirigida por Michael Zilm que estará no CCB no Domingo dia 12 de Outubro pelas 17h. Os preços variam entre €18 e €6. Como solista estará entre nós o violinista austriaco Benjamin Schmid
Neste concerto a Orquestra Metropolitana de Lisboa apresenta um programa inteiramente dedicado a Beethoven, incluindo o Concerto para violino e orquestra interpretado pelo violinista austríaco Benjamin Schmid vencedor de várias competições internacionais e um dos excelentes violinistas que a OML nos trará este ano. Não percam sobretudo porque será interpretado Beethoven (isto claro na minha opinião pouco imparcial, já sabem da minha preferência :-))
Ainda na zona da Grande Lisboa teremos o Quinteto Diaphonia (IV) no Centro Cultural de Cascais nos dias 10 e 11 de Outubro pelas 21:30. Entradas €5. Serão interpretadas obras de Darius Milhaud, Samuel Barber, Paul HIndemith e Luís Tinoco.
Passando rapidamente para a invicta cidade do Porto teremos Marta Eufrázio e Constantin Sandu num recital de Violino e Piano no Clube Literário do Porto na Sexta-Feira dia 10 de Outubro pelas 23h. Entrada Livre. No mesmo local mas no dia seguinte poderão ouvir Sandra Botelho e Alberto Mendonça num recital de Canto e Piano também pelas 23h.
Na Casa da Música do Porto retomamos as propostas de Domingo às 12h. Este Domingo poderão ouvir as Nordic Voices. Entrada: €5
Ainda no Porto na Fnac do GaiaShopping não percam o recital de lançamento do disco de Bruno Monteiro e João Paulo Santos pelas 17h no Domingo dia 12 de Outubro. Em Lisboa também o poderão ouvir no Sábado dia 11 na Fnac do Colombo pelas 18:30 e do Chiado pelas 16:00.
Finalmente e porque há muito que não tinhamos sugestões para a Madeira recomendamos a Orquestra de Bandolins da Madeira dirigida por Eurico Martins na Igreja Inglesa hoje dia 10 de Outubro pelas 21h. Entrada Livre.
Brahms - As obras em falta
Das obras de Brahms falta-nos analisar dois tipos de composições. A música de câmara e os Lied. Como há já algum tempo que não ouvimos composições com voz hoje ficamos com três belissimas canções de que vos ofereço também uma tradução ainda que muito livre.
As três canções que podem ouvir aqui fazem parte do Op. 105 : Five Songs (cinco canções).
As canções que compõe este ciclo são:
Nº1 É como se as Melodias (Wie Melodien Zieht Es Mir)
Nº 2 O meu sone está cada vez mais ligeiro (Immer Leiser Wird Mein Schlummer)
Nº 3 Fundamento (Klage)
Nº 4 No Cemetierio (Auf Dem Kirchhofe)
Nº 5 Traição (Verrat)
É como se as melodias - Wie Melodien
É como se as melodias derivassem lentamente para o meu cérebro
como flores que desabrocham enchendo-me da sua fragância
Tento capturá-las em palavras mas desfazem-se como nevoeiro, como o sopro da respiração
Apenas um traço do seu aroma se agarra à rima ajudado pelas lágrimas que escorrem.
Sempre mais leve - Immer leiser
O meu sono é sempre mais leve
e a dor está sobre mim
como um veu que treme
Nos meus sonhos chamas à minha porta
Ninguém te abre a porta
E acordo chorando
Sim tenho de morrer
E vais beijar outro
Quando for pó
Antes que cheguem as brisas de Maio
E os passaros cantem no bosque
se me pudesses ver
Volta depressa, volta depressa.
No cemitério (Im Kirchhöfe)
Num dia chuvoso de tempestade
Andei entre túmulos esquecidos
percorri lápides e cruzes
Destinos apagados, nomes iligíveis
Num dia chuvoso de tempestade
Uma palavra em cada túmulo: "Era"
Na tempestade dormem os caixões
De cada palavra outra palavra se derrama: "Curado"
As três canções que podem ouvir aqui fazem parte do Op. 105 : Five Songs (cinco canções).
As canções que compõe este ciclo são:
Nº1 É como se as Melodias (Wie Melodien Zieht Es Mir)
Nº 2 O meu sone está cada vez mais ligeiro (Immer Leiser Wird Mein Schlummer)
Nº 3 Fundamento (Klage)
Nº 4 No Cemetierio (Auf Dem Kirchhofe)
Nº 5 Traição (Verrat)
É como se as melodias - Wie Melodien
É como se as melodias derivassem lentamente para o meu cérebro
como flores que desabrocham enchendo-me da sua fragância
Tento capturá-las em palavras mas desfazem-se como nevoeiro, como o sopro da respiração
Apenas um traço do seu aroma se agarra à rima ajudado pelas lágrimas que escorrem.
Sempre mais leve - Immer leiser
O meu sono é sempre mais leve
e a dor está sobre mim
como um veu que treme
Nos meus sonhos chamas à minha porta
Ninguém te abre a porta
E acordo chorando
Sim tenho de morrer
E vais beijar outro
Quando for pó
Antes que cheguem as brisas de Maio
E os passaros cantem no bosque
se me pudesses ver
Volta depressa, volta depressa.
No cemitério (Im Kirchhöfe)
Num dia chuvoso de tempestade
Andei entre túmulos esquecidos
percorri lápides e cruzes
Destinos apagados, nomes iligíveis
Num dia chuvoso de tempestade
Uma palavra em cada túmulo: "Era"
Na tempestade dormem os caixões
De cada palavra outra palavra se derrama: "Curado"
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Brahms - Concerto para piano e Orquestra nº 2 (Op. 83) em Si bemol Maior
Este concerto foi composto por Brahms entre 1878 e 1881 tendo sido dedicado ao seu professor Eduard Marxsen.
Podem notar que mais de 20 anos decorrem entre o primeiro e o segundo concerto para Piano de Brahms. Isto não aconteceu por acaso e obviamente está relacionado com a péssima recepção do seu primeiro concerto para piano. Brahms terá dito aos seus amigos "O próximo vai soar diferente".
E é sem dúvida diferente ! O concerto foi estreado a 9 de Novembro de 1881 em Budapeste com Brahms no papel de solista tendo tido uma recepção muito favorável estabelecendo-se rapidamente como uma peça do reportório pianistico.
É um concerto diferente até na forma que opta pelos quatro andamentos típicos de uma sinfonia ao invés dos três do concerto clássico.
O primeiro andamento - Allegro non troppo (Si Bemol Maior) - utiliza a forma de sonata. Podem ouvir este andamento aqui e aqui por Von Cliburn.
Do segundo andamento - Allegro appassionato (Ré Menor) - Brahms disse que se tratava de "uma pequena amostra de um Scherzo". Mais uma das provas da ironia que este compositor gostava tanto de utilizar. Na verdade este andamento é profundamente agitado emocionalmente tumultuoso mesmo. Por outras palavras, para amostra não está nada mal ! Para este andamento e para os restantes optamos por vos mostrar Daniel Barenboim com a Orquestra Filármonica de Berlim sobre a direcção do Maestro Sergiu Celibidache. Pode ouvir este andamento aqui.
O terceiro andamento - Andante (Si Bemol Maior/Fá Sustenido Maior) o andamento lento deste concerto tem como principal originalidade incluir um solo de violoncelo que aliás mais tarde Brahms viria a re-utilizar para construir uma canção de que viremos a falar. Pode ouvir este andamento aqui e aqui.
O quarto andamento - Andante (Si Bemol Maior/Fá Sustenido Maior) está construído no que poderiamos chamar um misto de forma sonata e rondó. Pode ouvir este andamento aqui e aqui.
Podem notar que mais de 20 anos decorrem entre o primeiro e o segundo concerto para Piano de Brahms. Isto não aconteceu por acaso e obviamente está relacionado com a péssima recepção do seu primeiro concerto para piano. Brahms terá dito aos seus amigos "O próximo vai soar diferente".
E é sem dúvida diferente ! O concerto foi estreado a 9 de Novembro de 1881 em Budapeste com Brahms no papel de solista tendo tido uma recepção muito favorável estabelecendo-se rapidamente como uma peça do reportório pianistico.
É um concerto diferente até na forma que opta pelos quatro andamentos típicos de uma sinfonia ao invés dos três do concerto clássico.
O primeiro andamento - Allegro non troppo (Si Bemol Maior) - utiliza a forma de sonata. Podem ouvir este andamento aqui e aqui por Von Cliburn.
Do segundo andamento - Allegro appassionato (Ré Menor) - Brahms disse que se tratava de "uma pequena amostra de um Scherzo". Mais uma das provas da ironia que este compositor gostava tanto de utilizar. Na verdade este andamento é profundamente agitado emocionalmente tumultuoso mesmo. Por outras palavras, para amostra não está nada mal ! Para este andamento e para os restantes optamos por vos mostrar Daniel Barenboim com a Orquestra Filármonica de Berlim sobre a direcção do Maestro Sergiu Celibidache. Pode ouvir este andamento aqui.
O terceiro andamento - Andante (Si Bemol Maior/Fá Sustenido Maior) o andamento lento deste concerto tem como principal originalidade incluir um solo de violoncelo que aliás mais tarde Brahms viria a re-utilizar para construir uma canção de que viremos a falar. Pode ouvir este andamento aqui e aqui.
O quarto andamento - Andante (Si Bemol Maior/Fá Sustenido Maior) está construído no que poderiamos chamar um misto de forma sonata e rondó. Pode ouvir este andamento aqui e aqui.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Brahms - Duplo Concerto para Violino, Violoncelo e Orquestra em Lá Menor (Op. 102)
Este concerto foi composto em 1887 tendo sido a ultima obra para orquestra de Brahms. Esta é mais uma obra que demonstra que Brahms não foi assim tão conservador como se pensa. Na verdade à época em que Brahms escreveu este concerto existiam muito poucos exemplos deste tipo de trabalho. Claro que existia o conceito de concerto Grosso do período barroco mas não obstante este é um conceito diferente, estilizado deste ultimo. Nos nossos dias chamaríamos a isso um "remix" :-) ... Estou a brincar claro. O facto é que este concerto é original na escolha dos dois instrumentos solistas.
A forma do concerto em si segue a estrutura normal de um concerto clássico. Três andamentos numa sequência Rápido-Lento-Rápido.
Pode ouvir o primeiro andamento em Lá menor (Allegro) aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte). Para este concerto propomos a Orquestra dirigida por Leonard Bernstein, Mischa Maisky (Violoncelo) e Gidon Kremer (violino).
O segundo andamento em Ré Maior (Andante) pode ouvir aqui e o Terceiro andamento (Vivace non troppo) que começa em Lá menor para terminar em Lá Maior pode ser ouvido aqui.
O concerto teve uma recepção pouco entusiástica quando foi estreado em Colónia a 18 de Outubro de 1887. Os dois solistas foram Joachim (violino) and Hausmann (violoncelo). A este ultimo Brahms tinha prometido uma obra a solo mas não tinha conseguido concluír o concerto prometido. Em relação ao primeiro esta obra serviu como reconciliação depois de ter sido acusado de ter ficado do lado da mulher no processo de divórcio o que tinha estragado durante anos a amizade entre os dois músicos. O concerto foi dirigido pelo próprio Brahms.
A forma do concerto em si segue a estrutura normal de um concerto clássico. Três andamentos numa sequência Rápido-Lento-Rápido.
Pode ouvir o primeiro andamento em Lá menor (Allegro) aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte). Para este concerto propomos a Orquestra dirigida por Leonard Bernstein, Mischa Maisky (Violoncelo) e Gidon Kremer (violino).
O segundo andamento em Ré Maior (Andante) pode ouvir aqui e o Terceiro andamento (Vivace non troppo) que começa em Lá menor para terminar em Lá Maior pode ser ouvido aqui.
O concerto teve uma recepção pouco entusiástica quando foi estreado em Colónia a 18 de Outubro de 1887. Os dois solistas foram Joachim (violino) and Hausmann (violoncelo). A este ultimo Brahms tinha prometido uma obra a solo mas não tinha conseguido concluír o concerto prometido. Em relação ao primeiro esta obra serviu como reconciliação depois de ter sido acusado de ter ficado do lado da mulher no processo de divórcio o que tinha estragado durante anos a amizade entre os dois músicos. O concerto foi dirigido pelo próprio Brahms.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Brahms - Concerto para Piano nº 1 em Ré Menor Op. 15
Depois de uma série de interrupções retomamos as obras de Brahms com Piano e o seu primeiro concerto para piano. Curiosamente esta peça é simultaneamente conservadora e inovadora. Conservadora na forma dos andamentos e mesmo na fortíssima inspiração de algumas obras de Beethoven mas muito inovadora na importância relativa dada ao instrumento solista e a forma como ele se mescla com a orquestra.
Tal como em muitos casos Brahms demorou bastante tempo até considerar este concerto pronto. Na verdade começou-o em 1854 quando residia em casa dos Schumann em Dusseldorf tendo sido terminado em 1858. Pelo meio Schumann foi internado num asilo e Brahms ficou em casa de Clara Schumann ajudando-a na educação dos filhos do casal Schumann.
A obra foi estreada a 22 de Janeiro de 1859 em Hannover com o próprio Brahms ao piano. A obra nessa altura foi recebida com frieza. Mas o pior estaria para vir quando apenas cinco dias depois foi tocada em Leipzig sendo aí recebida com assobios, fruto da inovação de que falámos. A obra na verdade demorou a ser entendida e apenas se foi estabelecendo graças a persistência de Brahms.
O concerto está organizado nos habituais três andamentos da forma clássica sendo o primeiro andamento organizado na forma de sonata. Nada mais clássico como decerto agora já sabem.
O primeiro andamento (Maestoso em Ré menor) começa com uma introdução bastante longa para um concerto de piano começando aqui a inovação de "mistura" de que falámos. Este tipo de composição parecia na altura mais apropriado para uma sinfonia do que para um concerto de piano que supostamente existia (agora vou exagerar muito mas é para perceberem a ideia) para exaltar o virtuosismo do pianista. Este concerto não é nada disso. É uma fusão completa entre o piano e a orquestra. Brahms é tido por conservador, justamente em alguns casos mas aqui apesar da inspiração retida de Beethoven neste ponto em particular é especialmente inovador.
Oiçam aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte) Nelson Freire e a Orquestra Sinfónica de Tóquio dirigida por Andrey Boreyko interpretarem este andamento.
O segundo andamento (Adagio - Ré Maior) como já sabem nas estruturas clássicas é um andamento calmo - Adagio - como podem ler em cima. Pessoalmente gosto bastante deste andamento porque me transmite bastante paz mas aceito que possa parecer um pouco longo. Para vos mostrar este andamento vamos escolher um outro pianista. Assim podem ouvir Carlo Maria Giulini e a Filarmónica de Los Angeles dirigida por Vladimir Ashkenazy aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte).
O terceiro andamento (Allegro non troppo : Ré Menor / Ré Maior) está escrito na forma de Rondo. Para este andamento escolhi uma performance notável de Horowitz sendo a orquestra dirigida por Bruno Walter. Podem ouvir aqui.
Finalmente para uma sugestão de uma gravação deste concerto podem visitar o blog Desnorte que aqui vos fala em detalhe de uma excelente hipótese. Não se esqueçam a este respeito que os videos que vos mostro no You Tube são uma excelente forma de tomarem conhecimento com as obras (até de verem os artistas de que vos falo executarem obras ao vivo), porém estes vídeos dizia, não têm a qualidade sonora de uma "verdadeira" gravação e acreditem que notam a diferença!
Tal como em muitos casos Brahms demorou bastante tempo até considerar este concerto pronto. Na verdade começou-o em 1854 quando residia em casa dos Schumann em Dusseldorf tendo sido terminado em 1858. Pelo meio Schumann foi internado num asilo e Brahms ficou em casa de Clara Schumann ajudando-a na educação dos filhos do casal Schumann.
A obra foi estreada a 22 de Janeiro de 1859 em Hannover com o próprio Brahms ao piano. A obra nessa altura foi recebida com frieza. Mas o pior estaria para vir quando apenas cinco dias depois foi tocada em Leipzig sendo aí recebida com assobios, fruto da inovação de que falámos. A obra na verdade demorou a ser entendida e apenas se foi estabelecendo graças a persistência de Brahms.
O concerto está organizado nos habituais três andamentos da forma clássica sendo o primeiro andamento organizado na forma de sonata. Nada mais clássico como decerto agora já sabem.
O primeiro andamento (Maestoso em Ré menor) começa com uma introdução bastante longa para um concerto de piano começando aqui a inovação de "mistura" de que falámos. Este tipo de composição parecia na altura mais apropriado para uma sinfonia do que para um concerto de piano que supostamente existia (agora vou exagerar muito mas é para perceberem a ideia) para exaltar o virtuosismo do pianista. Este concerto não é nada disso. É uma fusão completa entre o piano e a orquestra. Brahms é tido por conservador, justamente em alguns casos mas aqui apesar da inspiração retida de Beethoven neste ponto em particular é especialmente inovador.
Oiçam aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte) Nelson Freire e a Orquestra Sinfónica de Tóquio dirigida por Andrey Boreyko interpretarem este andamento.
O segundo andamento (Adagio - Ré Maior) como já sabem nas estruturas clássicas é um andamento calmo - Adagio - como podem ler em cima. Pessoalmente gosto bastante deste andamento porque me transmite bastante paz mas aceito que possa parecer um pouco longo. Para vos mostrar este andamento vamos escolher um outro pianista. Assim podem ouvir Carlo Maria Giulini e a Filarmónica de Los Angeles dirigida por Vladimir Ashkenazy aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte).
O terceiro andamento (Allegro non troppo : Ré Menor / Ré Maior) está escrito na forma de Rondo. Para este andamento escolhi uma performance notável de Horowitz sendo a orquestra dirigida por Bruno Walter. Podem ouvir aqui.
Finalmente para uma sugestão de uma gravação deste concerto podem visitar o blog Desnorte que aqui vos fala em detalhe de uma excelente hipótese. Não se esqueçam a este respeito que os videos que vos mostro no You Tube são uma excelente forma de tomarem conhecimento com as obras (até de verem os artistas de que vos falo executarem obras ao vivo), porém estes vídeos dizia, não têm a qualidade sonora de uma "verdadeira" gravação e acreditem que notam a diferença!
Este Blog faz hoje um ano
Pois é, fazemos hoje um ano ... Não por coincidência na data do meu aniversário também, 6 de Outubro. Na realidade foi uma decisão de aniversário ... Num balanço rápido posso dizer-vos que neste primeiro ano aprendi muito sobre o meu hobby, graças aos vossos comentários (790 à data deste post) e leitura atenta dos mais de 500 posts (511 à data em que escrevo este) que fiz neste primeiro ano. É para continuar claro, ao mesmo ritmo espera-se ...
Foram 33.844 visitas de 23.614 visitantes únicos de 81 países diferentes. Destes países Portugal com 16.806 visitas e o Brasil com 14.533 foram como seria de esperar os mais relevantes mas mesmo assim tivemos 815 de França, 361 de Espanha, 346 dos Estados Unidos, 144 do Reino Unido, 116 da Alemanha, 78 da Holanda, 64 da Argentina e 55 da Itália para completar o Top 10.
Confesso que destes números há dois que me deixam muito feliz. Em primeiro lugar o facto dos nossos irmãos brasileiros virem ler este site mesmo com a enorme oferta cultural que têm do outro lado do Atlântico. Fico sensibilizado, acreditem. Depois embora não apareçam nestas estatísticas (não estão no Top 10) as visitas que tive de África dos países de expressão portuguesa.
O post que gerou mais comentários foi este em que festejei os 16 anos do meu filho. Foi um post que gostei muito de escrever mas o post que me deixou mais feliz, mais perto do objectivo que me havia fixado ao começar este blog foi este outro em que recordei a minha avó, Lucienne Petit, a sua farmácia em Monbahus, a sua música e a sua poesia.
Voltando aos vossos numerosos comentários é dificil destacar um, houve muitos que me deixaram nas nuvens. Desde as correcções atentas do pianoman, até aos comentários de incentivo da AP, dos comentários sempre tão belos do Raul, passando por alguns comentários verde e branco da Gi, de outros de várias cores sempre vivas da Raquel Alão, da Tinta Azul ou da mdsol. E o que dizer dos comentários do FM sempre incentivando, da Moura Aveirense e do Geocrusuoe presentes desde quase o inicio (pelo menos virtualmente :-)). Eu sei que não consigo citar todos estou a fazer esta lista de memória e nessas condições alguma coisa há de falhar. Que me desculpem os que não listei aqui. Todos foram e são importantes.
Temos muitos planos e ideias para este segundo ano e por isso espero continuar a contar com a vossa presença e os vossos comentários.
Abraços e beijinhos a quem de direito, Abreijos para os mais gulosos.
Foram 33.844 visitas de 23.614 visitantes únicos de 81 países diferentes. Destes países Portugal com 16.806 visitas e o Brasil com 14.533 foram como seria de esperar os mais relevantes mas mesmo assim tivemos 815 de França, 361 de Espanha, 346 dos Estados Unidos, 144 do Reino Unido, 116 da Alemanha, 78 da Holanda, 64 da Argentina e 55 da Itália para completar o Top 10.
Confesso que destes números há dois que me deixam muito feliz. Em primeiro lugar o facto dos nossos irmãos brasileiros virem ler este site mesmo com a enorme oferta cultural que têm do outro lado do Atlântico. Fico sensibilizado, acreditem. Depois embora não apareçam nestas estatísticas (não estão no Top 10) as visitas que tive de África dos países de expressão portuguesa.
O post que gerou mais comentários foi este em que festejei os 16 anos do meu filho. Foi um post que gostei muito de escrever mas o post que me deixou mais feliz, mais perto do objectivo que me havia fixado ao começar este blog foi este outro em que recordei a minha avó, Lucienne Petit, a sua farmácia em Monbahus, a sua música e a sua poesia.
Voltando aos vossos numerosos comentários é dificil destacar um, houve muitos que me deixaram nas nuvens. Desde as correcções atentas do pianoman, até aos comentários de incentivo da AP, dos comentários sempre tão belos do Raul, passando por alguns comentários verde e branco da Gi, de outros de várias cores sempre vivas da Raquel Alão, da Tinta Azul ou da mdsol. E o que dizer dos comentários do FM sempre incentivando, da Moura Aveirense e do Geocrusuoe presentes desde quase o inicio (pelo menos virtualmente :-)). Eu sei que não consigo citar todos estou a fazer esta lista de memória e nessas condições alguma coisa há de falhar. Que me desculpem os que não listei aqui. Todos foram e são importantes.
Temos muitos planos e ideias para este segundo ano e por isso espero continuar a contar com a vossa presença e os vossos comentários.
Abraços e beijinhos a quem de direito, Abreijos para os mais gulosos.
Subscrever:
Mensagens (Atom)