sábado, 26 de julho de 2008

Schubert - Sonata para piano nº21 D. 960 em Si Bemol Maior

Esta foi a ultima obras que Schubert compôs e embora não tenha sido muito interpretada no século XIX faz hoje parte do reportório pianistico. Esta obra enquadra-se num ciclo de três sonatas todas elas escritas num curto período de tempo e que partilham várias características comuns ao ponto de serem muitas vezes consideradas como fazendo parte de um ciclo (D. 958 e D. 959 são as outras duas sonatas) sendo por vezes tocadas em sequência em concertos. Pela duração de cada uma das peças isto torna-se por vezes dificil para os ouvintes.

As peças estiveram longe de recolher grande simpatia no século XIX como referimos mesmo por aqueles que sempre mostraram grande admiração pelo trabalho de Schubert como é o caso de Schumann que dizia acerca destas sonatas : "passam de página a página como se não tivessem fim, sem nunca duvidarem para onde vão, sempre musicais e cantáveis, interrompidas aqui e ali por focos de veemência mas que cedo se perdem". Na verdade com a excepção de Brahms que apreciou estas obras e que terá sido fortemente influenciado por elas a reacção geral foi bastante fria.

No entanto como dizíamos no século XX a situação inverteu-se e graças ao trabalho de vários estudiosos estas sonatas são hoje colocadas na lista das obras primas do género. A interpretação que vamos ouvir é precisamente de um destes estudiosos, Alfred Brendel e que já por várias vezes ouvimos aqui precisamente a interpretar Schubert acompanhando ao piano as lied do ciclo "Wintereise", por exemplo esta.

As sonatas estão escritas em quatro andamentos. A D. 960 começa com um andamento Molto Moderato. Este andamento quando tocado com a repetição que Schubert tem mais de vinte minutos de duração. Trata-se de uma verdadeira obra prima. Pode ouvir aqui a primeira parte e aqui a segunda parte.

O segundo andamento (Andante sostenuto) é uma melodia sombria um verdadeiro milagre em termos de expressão de sentimentos. aliás note-se que uma grande parte do interesse dos estudiosos que referimos prende-se precisamente com a tentativa de encontrar na própria estrutura da música, das três sonatas uma espécie de significado expressivo descritivo, concreto.
Oiça aqui o segundo andamento.

O terceiro andamento (Allegro vivace con delicatezza) : É uma espécie de preludio para o quarto andamento. Ouça aqui.

O quarto andamento (Allegro, ma non troppo): Este andamento demonstra a ambiguidade emocional de Schubert. Não nos esqueçamos que esta é a sua ultima obra e que ele já sabia que estava a morrer. Porém este andamento, o ultimo andamento da ultima obra termina com uma mensagem de esperança. Ouçam aqui.

5 comentários:

  1. O Andante Sostenuto é qualquer coisa do outro mundo.
    Aliás, qualquer uma das 3 últimas sonatas são de uma dimensão transcendente.

    Nunca esquecerei o que senti quando ouvi a D.959 em Lá Maior interpretada por G. Sokolov.

    Uma das maiores experiências musicais que tive ao vivo.
    Se tivesse sido com a D.960, certamente morreria...

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  2. ahhh...e uma pequena correcção: a Sonata é em Si bemol Maior e não em Ré bemol (maior) como está indicado no título do post.

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  3. Pois , mais um daqueles erros típicos :-). O que vale são os bons revisores deste blog.

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  4. e eu aqui de lado, mas a aprender, a aprender..
    :))

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  5. Na minha qualidade de musico amador e praticante venho só desabafar o meu desagrado por a Fundação Gulbenkian, que tanto estimo e idolatro por nos trazer tanta e tão boa música (senão onde a iríamos ouvir toda?) só tenha para o programa 2008/09 uma única obra de Shubert, um quarteto de cordas em Lá Maior. Queria muito ouvir a Sinfonia 'inacabada' mas parece que nao será este ano ainda... Parabéns pelo blogue.

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