Chopin escreveu 26 preludios e também neste caso não vos vou falar de todos um a um. Vinte e Quatro destes preludios constituem o Opus 28, um forma sozinho o Opus 45 e o vigésimo sexto é póstumo sem numeração.
Estas peças estão fortemente ligadas na sua concepção à obra de Bach "Cravo bem Temperado" no sentido em que se sabe que Chopin não só admirava bastante a obra de Bach pela sua perfeição, pela sua minúcia e atenção aos mais pequenos detalhes como também se sabe que Chopin estudou profundamente essa obra antes de compor os preludios que constituem o Op. 28.
Á semelhança de Bach existe uma ordem lógica nos prelúdios embora enquanto Bach escolheu uma ordem cromática Chopin preferiu uma ordenação que segue o ciclo das tonalidades (explicações sobre estes dois temas estão prometidas daqui a uns tempos, por agora basta saberem que se tratam de formas diferentes, mas ambas racionais de ordenação em termos musicais).
Uma nota final antes de vos falarmos de alguns dos Prelúdios. O nome se traduzido "á letra" significaria "introdução", peças que serviriam como introdução a outras peças de maior importância. É um erro pensar assim por duas razões. Se tomados individualmente cada um destes preludios é uma obra de arte de concisão, embora por vezes apenas esquissos, mas são esquissos de um grande mestre. Se tomados no seu conjunto esta será talvez a obra mais revolucionária de Chopin. A obra que em conjunto com os Estudos o coloca sem margem para duvidas na galeria dos mais relevantes compositores no que diz respeito ao ensino do piano. Aliás é curioso a esse respeito que Chopin não tenha deixado escola, talvez pelo seu feitio ou outros interesses ... talvez pela sua vida demasiado curta e preenchida.
Por todas as razões achamos que devem tomar cerca de 30 a 35 minutos do vosso tempo e ouvir todos os preludios em sequência, na sequência que Chopin imaginou e perceberem a natureza do génio. A propósito e como nota de rodapé existem muitas fábulas mais ou menos românticas sobre quase todos os preludios, muitos deles têm nomes não atribuídos por Chopin mas pelos seus admiradores ou estudiosos. Existe nomeadamente controvérsia sobre onde teriam sido escritos: A fábula mais romântica diz que foram compostos num monasterio em Maiorca mas sabe-se que se é verdade que foram terminados quando Chopin vivia com a actriz George Sand nessa ilha também não deixa de ser verdade que muitos deles já teriam sido certamente compostos anteriormente.
Escolhemos dois preludios porque são dos nossos preferidos mas poderíamos facilmente ter escolhido outros tal a riqueza deste conjunto de obras. Lembram-me pela concisão e pela variação abrupta de tom, do humor à mais profunda escuridão passando pelo lirismo mais completo - lembram-me dizia - algumas obras de Prevert por exemplo.
Fiquem assim com Vladimir Horowitz no Op. 28 nº 15 (Raindrop) aqui ou com Dong-Min Lim no Op.28 nº 17 aqui.
Se quiserem ouvir todos os preludios podem por exemplo recorrer a esta interpretação de Martha Argerich que é excelente. É pena o ruído de fundo que estraga a experiência mas para terem um ideia da profundidade da obra e posteriormente adquirirem (ou não) é adequado. Está dividido em três partes (e graças a Deus os números são iguais em Japonês :-)).
Parte 1 (Preludios 1 a 8), Parte 2 (Preludios 9 a 15), Parte 3 (Preludios 16 a 24)
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