No que diz respeito à obra de Schubert quero ainda mostrar-vos duas peças de música de camara, uma de canto e ainda percorrer um pouco a obra litúrgica do compositor. Estava porém com um dilema quanto à ordem pela qual o faria.
Na verdade faria sentido terminar com a ultima obra composta por Schubert a Sonata para piano nº 21 escrita pouco tempo antes da sua morte e apenas publicada postumamente. Faria sentido por ser a ultima embora seja curiosamente uma obra que começa melancolicamente para terminar numa mensagem de esperança. Após reflexão é mesmo com esta obra que iremos terminar os posts sobre Schubert embora claro também pudéssemos terminar com o lied Erlkönig (D.328) ou com a outra sonata de que ainda vos vamos falar : O quarteto de cordas nº 14 ou ainda porque não terminar com uma obra litúrgica. Tudo fins adequados para um grande romântico.
Como não podem ser todos o ultimo isto deixa-me na contingência de escolher um. Para nestes ultimos posts equilibrarmos entre música instrumental e musica vocal hoje vamos falar de Erlkönig (D.328).
Esta peça é uma das primeiras compostas por Schubert, aliás ostenta o número de Op. 1, sendo baseada num poema de Goethe. Este poema diga-se inspirou várias tentativas de interpretação musical (fica aqui prometido um dia um estudo comparado). A trágica história conta a tentativa de um pai desesperado em salvar o seu filho acometido de um mal desconhecido, da presença do mau espírito - Der Erlkönig. Foi composta em 1815 tendo a primeira apresentação pública em 1821.
A peça é cantada por 4 personagens cada uma com características vocais próprias. Embora por vezes se recorra a vários cantores normalmente são todas interpretadas pelo mesmo artista que adapta a sua voz à personagem. As quatro personagens são o Narrador, o Pai, o Filho e o próprio Erlkönig.
A história da canção relata a tentativa de um pai em salvar o seu filho de um espirito maligno que o atormenta. A história acaba mal morrendo a criança no ultimo dos versos do lied. O poema é de Goethe. Para que possam entender a história proponho que leiam a tradução num post do blog Pingo de Cultura que aliás recomendo.
Para ouvirem este bonito lied só poderiamos recomendar Dietrich Fischer-Dieskau acompanhado ao piano por Gerald Moore, aqui.
E há quem diga que é a peça mais difícil de Schubert do ponto de vista do pianista. E compreende-se porquê: fisicamente é extenuante e quando estudada intensamente e/ou de uma maneira errada tecnicamente pode inclusivamente trazer algumas lesões graves.
ResponderEliminar...E agora depois de ver o vídeo com atenção, dá para perceber que o pianista Gerald Moore utiliza inclusivamente alguns artifícios, de maneira a diminuir o sofrimento físico que esta peça causa.
ResponderEliminarEle utiliza a mão esquerda para ajudar nas oitavas da mão direita e inclusivamente retira a nota superior da 1ª oitava de cada grupo da mão direita (quando possível, claro). Muito inteligente, sem dúvida.
Tão novo!
ResponderEliminarFabulosa a interpretação. De Schubert este é o meu preferido.
Parabéns por manter o blog sempre actualizado e interessantíssimo.
Já fui espreitar o outro e também está muito bom.
Difícil é escolher um Lied de Schubert... desde jovem já mostrando sua genialidade. É magnífico como a criança vai cantando cada vez mais agudo em total desespero, como o Erlkönig canta docemente na tentativa de seduzir a criança... como o galope do cavalo vai parando ao final - e aquela parada para o recitativo do narrador? Convenhamos, isso não é obra para qualquer pianista, muito menos para qualquer cantor! Dieskau é o mais perfeito de todos nesse Lied. Bravissimo!
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