Este é um dos poucos concertos que estando na nossa lista de que ainda não falamos. É um dos meus concertos preferidos sendo característico do fim do período romântico.
O concerto foi composto em 1903 tendo sido estreado em Fevereiro de 1904. Não foi uma estreia bem sucedida em grande parte porque o solista Viktor Novácek não esteve à altura da ocasião. No entanto o próprio Sibelius não estava contente com o concerto tendo decidido efectuar uma série de revisões ao concerto tendo esta segunda versão sido estreada em 1905 agora sobre a direcção de Richard Strauss e com Karel Halir como solista.
Aliás como nota de rodapé também neste segunda ocasião o solista acabou por não ser o previsto. Na verdade a obra foi originalmente dedicada a Willy Burmester, violinista alemão e aluno de Joachim e a quem Sibelius enviou o manuscrito. Porém na data escolhida por Sibelius Burmester não estava disponível. Diga-se, em abono da verdade que o prazo dado por Sibelius foi de qualquer forma demasiado curto. O caso viria a repetir-se quando da segunda estreia da obra, apesar da insistência de Burmester. Este acabou por sentir-se tão insultado que Sibelius - que efectivamente não se comportou muito bem neste episódio foi obrigado a mudar a dedicatória tendo então escolhido um jovem hungaro, na altura com apenas 12 anos,
A comparação entre as duas versões reflecte que a primeira era muito mais exigente para o solista (esta primeira versão existe em gravação recente).
O concerto está dividido como é normal em três andamentos na forma clássica Rápido-Lento-Rápido.
O primeiro andamento (Allegro moderato) em Ré Menor inicia-se com um piano da Orquestra a que rapidamente se junta o solista. A gravação que escolhi é a de Heifetz de 1935 porque uma grande parte da popularidade deste concerto se deve a este violinista. Esta gravação em particular com a Sinfónica de Londres (não é a única) deverá ter sido uma das primeiras. Oiçam por exemplo a partir do minuto 3:20 ... Eu sei ... Não é suposto ouvir apenas partes ... Mas comecem por aí, deixem seduzir-se pela melodia e não resistirão ao resto. Podem ouvir a segunda parte deste andamento também por Heifetz aqui .
O segundo andamento (Adagio di molto) em Si Bemol Maior é de um lirismo notável. É aliás possivelmente uma das peças mais notáveis de Sibelius desse ponto de vista. Dá por vezes vontade de chorar ... Para este segundo andamento escolhemos uma interpretação fantástica de Christian Ferras (1933-1982). Aliás de certa forma este andamento pode ser visto como um espelho da vida do interprete ... Oiçam aqui. A propósito disto o nosso leitor Sanctus acabou de escrever um comentário referindo que este violinista não estava na nossa lista de Violinistas do Século XX. Erro que vai ser de imediato corrigido dado que este violinista é obviamente uma das figuras de referência e detentor de um dos sons mais doces que conheço.
O concerto termina com um terceiro andamento marcado com o tempo Allegro, ma non tanto em Ré Maior. E ainda bem que para a saúde dos interpretes existe esta marcação de tempo porque mesmo assim é um andamento verdadeiramente "louco" e junta-se aos restantes para fazer deste concerto um dos mais física e emocionalmente exigentes. Poderiamos continuar com Ferras mas não podia deixar de fora Oistrakh neste concerto. Por isso proponho que oiçam aqui este andamento por David Oistrakh.
E já sabem consultem a Lista a votação e Votem bem ! Têm ainda 12 dias :-)
Ainda bem que faz justiça a este concerto, muitas vezes injustamente desconsiderado como vulgar e conservador. Sibelius foi uma vítima de Adorno e da marcha totalitária do atonalismo.
ResponderEliminarPara mim, a versão de David Oistrakh é a mais genial, mas em digital gosto muito de Anne-Sophie Mutter.
Mário