sábado, 19 de junho de 2010

Faleceu José Saramago (1922 - 2010)

Não posso dizer que era um grande fã aliás a bem dizer nem sequer posso afirmar em verdade que seja um "pequeno" fã de José Saramago. Apreciava a forma como utilizava as longas metáforas e até concordava com algumas das suas opiniões relativas à forma como evoluiu a nossa sociedade. Apreciava a forma como não se furtava a uma boa polémica.

Faleceu. Enquanto ateu que era certamente não gostaria que lhe desejássemos que repousasse em paz porque citando Voltaire justamente pensaria que "A morte não nos diz respeito. Vivos porque somos, mortos porque já não". Eventualmente apreciaria que o imortalizássemos através da sua obra e por isso vos deixo com um poema publicado no seu blog há uns dias

Cerremos esta porta.
Devagar, devagar, as roupas caiam
Como de si mesmos se despiam deuses,
E nós o somos, por tão humanos sermos.
É quanto nos foi dado: nada.
Não digamos palavras, suspiremos apenas
Porque o tempo nos olha.
Alguém terá criado antes de ti o sol,
E a lua, e o cometa, o negro espaço,
As estrelas infinitas.
Se juntos, que faremos? O mundo seja,
Como um barco no mar, ou pão na mesa,
Ou rumoroso leito.
Não se afastou o tempo. Assiste e quer.
É já pergunta o seu olhar agudo
À primeira palavra que dizemos:
Tudo.
In Poesía completa, Alfaguara, pp. 636-637


Da música que acompanha sempre os nossos posts pelas mesmas razões de há pouco não vos proponho nenhum Requiem. Penso que Acordai de Lopes Graça é adequado. Ele gostaria com toda a certeza que acordássemos e depressa ... 

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