Como vos tinha recomendado ontem fui ouvir pela primeira vez ao vivo o Concerto para Violino de Luís de Freitas Branco (embora na sua adaptação para Violino e Piano). Em primeiro lugar tenho de vos dizer que gostei da interpretação do jovem violinista, não se trata de uma obra fácil de interpretar quer tecnicamente quer musicalmente e o Artur soube transmitir a intensidade dramática da obra.
Este concerto foi composto em 1916 numa altura de grande instabilidade no país - note-se que apenas 6 anos antes tinha caído a monarquia e nesse mesmo ano se decidia a entrada do país na primeira guerra mundial. Curiosamente este concerto viria a ser estreado apenas em 1940 mais precisamente no dia 25 de Abril desse ano sendo solista Francisco Benetó e Pedro de Freitas Branco dirigindo a Orquestra da RDP.
Sobre a obra propriamente dita quem conhece César Frank não deixará de reconhecer fortes influências do compositor tanto na forma como no tipo de melodia que lembra um pouco a Sonata para Violino e Piano do referido compositor. Na forma porque tal como em Frank existe uma construção cíclica com temas que voltam transformados transmitindo uma sensação de unidade de que gosto particularmente. Há na verdade temas que são utilizados em todos os 3 andamentos que seguem uma estrutura clássica rápido-lento-rápido.
Não encontrei nenhuma interpretação completa no You Tube no entanto proponho-vos uma interpretação do primeiro andamento numa das gravações que conheço da Numérica com Vasco Barbosa como solista e a Orquestra da RDP dirigida por Silva Pereira. O Segundo Andamento fica a cargo da Orquestra Sinfónica UANL dirigida por José Ferrreira Lobo sendo solista Emanuel Salvador. A outra gravação que conheço é da Orquestra da Extremadura dirigida por Jesús Amigo sendo solista Alexandre da Costa.
A única música que precisa de embalagem é a música de plástico.
domingo, 28 de agosto de 2011
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Aniversário de Leonard Bernstein
Hoje faria anos Leonard Bernstein ... Tendo-me lembrado por uns quantos posts que li na net não podia deixar de vos relembrar um dos meus maestros preferidos - senão O preferido.
Publicamos neste blog uma biografia em sete partes que vos convidamos a ler ...
Publicamos neste blog uma biografia em sete partes que vos convidamos a ler ...
Artur Mouradian interpreta Luís de Freitas Branco
De regresso ainda que temporário - este blog retomará a sua normal programação a partir do dia 1 de Setembro - recomendo-vos este recital:
Dia 27 de Agosto, a partir das 16 horas, realizar-se-á um recital de violino e piano com o jovem músico Artur Mouradian (violino) e Marina Dellalyan (piano). O duo actua antes da final do Prémio Jovens Músicos 2011 na qual o violinista irá estar presente.
Eu estarei lá (Museu da Música) ... Para mais informações consultem a Página do Facebook ou o Site do Museu da Música. No que me diz respeito para além do prazer que é sempre ouvir o Artur estou com imensa curiosidade para assistir pela primeira vez ao vivo a uma interpretação do Concerto para violino de Luís de Freitas Branco, a primeira peça do programa.
O Museu da Música para quem não sabe (shame on you :-)) situa-se exactamente dentro da estação de Metro do Alto dos Moinhos - mesmo mesmo dentro ... entram como se fossem apanhar o Metro e depois em vez de picarem o bilhete viram para o lado contrário :-) ...
Para quem já tiver voltado a Lisboa ou para quem esteja de passagem não há desculpa mesmo! O Violinista e a obra a ser executada valem a pena !
Dia 27 de Agosto, a partir das 16 horas, realizar-se-á um recital de violino e piano com o jovem músico Artur Mouradian (violino) e Marina Dellalyan (piano). O duo actua antes da final do Prémio Jovens Músicos 2011 na qual o violinista irá estar presente.
Eu estarei lá (Museu da Música) ... Para mais informações consultem a Página do Facebook ou o Site do Museu da Música. No que me diz respeito para além do prazer que é sempre ouvir o Artur estou com imensa curiosidade para assistir pela primeira vez ao vivo a uma interpretação do Concerto para violino de Luís de Freitas Branco, a primeira peça do programa.
O Museu da Música para quem não sabe (shame on you :-)) situa-se exactamente dentro da estação de Metro do Alto dos Moinhos - mesmo mesmo dentro ... entram como se fossem apanhar o Metro e depois em vez de picarem o bilhete viram para o lado contrário :-) ...
Para quem já tiver voltado a Lisboa ou para quem esteja de passagem não há desculpa mesmo! O Violinista e a obra a ser executada valem a pena !
domingo, 7 de agosto de 2011
Shostakovich (1906- 1975) - Os primeiros anos
Shostakovich nasceu a 25 de Setembro de 1906 em São Petersburgo. O seu pai , engenheiro de profissão não se opôs à vocação do compositor que se manifestou cedo. Shostakovich foi uma criança prodigio cedo revelando capacidades invulgares tanto enquanto pianista como compositor. Entrou no conservatório em 1919 tendo estudado piano com Leonid Nikolayev até 1923 e composição com Glazunov até 1925.
A sua primeira sinfonia (Op.10) data do ano que terminou a sua graduação no conservatório (1924-1925) tendo sido o seu primeiro sucesso enquanto compositor. Note-se que tinha então apenas 19 anos. A obra foi estreada em Leninegrado no ano seguinte e viria a desempenhar um papel importante na vida do compositor já que no ano seguinte (1927) após ter merecido uma menção honrosa no concurso Chopin em Varsóvia (concurso para interpretes de piano claro está) ao mostrar a mesma ao maestro Bruno Walter este demonstra imediato interesse em a dirigir em Berlim. Esse interesse seria partilhado por Stokowski que a estreia nos Estados Unidos no ano seguinte.
Em dois anos Shostakovich era agora um jovem compositor de mérito reconhecido. Já a sua carreira enquanto pianista não corria tão bem. Embora o seu talento fosse inegável uma forma talvez demasiado contida de interpretar parecia prejudicar a sua reputação. De qualquer forma desde cedo Shostakovich demonstrou preferir a composição limitando a sua actividade de pianista na estreia ou interpretação das suas próprias obras. Podem-no ver por exemplo a interpretar o fim do seu Concerto para Piano Trompete e Orquestra Op. 35.
Facto é que nestes dois anos (até 1929) viria a compor mais duas Sinfonias - A Sinfonia nº2 - Ao Outubro (referência obviamente à revolução de 1917 na Russia) com coros (Op. 14) a Sinfonia nº3 - O Primeiro de Maio (Op. 20) e ainda uma ópera "The Nose" (Op. 15) uma sátira baseada na obra de Gogol. Esta ultima obra conjugada com a Lady Macbeth of the Mtsensk District (op. 29) marcam o primeiro dissabor de Shostakovich com o regime soviético mas esse tópico faz já parte do próximo post desta série.
A sua primeira sinfonia (Op.10) data do ano que terminou a sua graduação no conservatório (1924-1925) tendo sido o seu primeiro sucesso enquanto compositor. Note-se que tinha então apenas 19 anos. A obra foi estreada em Leninegrado no ano seguinte e viria a desempenhar um papel importante na vida do compositor já que no ano seguinte (1927) após ter merecido uma menção honrosa no concurso Chopin em Varsóvia (concurso para interpretes de piano claro está) ao mostrar a mesma ao maestro Bruno Walter este demonstra imediato interesse em a dirigir em Berlim. Esse interesse seria partilhado por Stokowski que a estreia nos Estados Unidos no ano seguinte.
Em dois anos Shostakovich era agora um jovem compositor de mérito reconhecido. Já a sua carreira enquanto pianista não corria tão bem. Embora o seu talento fosse inegável uma forma talvez demasiado contida de interpretar parecia prejudicar a sua reputação. De qualquer forma desde cedo Shostakovich demonstrou preferir a composição limitando a sua actividade de pianista na estreia ou interpretação das suas próprias obras. Podem-no ver por exemplo a interpretar o fim do seu Concerto para Piano Trompete e Orquestra Op. 35.
Facto é que nestes dois anos (até 1929) viria a compor mais duas Sinfonias - A Sinfonia nº2 - Ao Outubro (referência obviamente à revolução de 1917 na Russia) com coros (Op. 14) a Sinfonia nº3 - O Primeiro de Maio (Op. 20) e ainda uma ópera "The Nose" (Op. 15) uma sátira baseada na obra de Gogol. Esta ultima obra conjugada com a Lady Macbeth of the Mtsensk District (op. 29) marcam o primeiro dissabor de Shostakovich com o regime soviético mas esse tópico faz já parte do próximo post desta série.
sábado, 6 de agosto de 2011
Dimitri Shostakovich (1906-1975)
Depois de termos falado de Prokofiev claramente uma sequência lógica é Shostakovich. Ambos viveram ambas as Guerras, ambos viveram a opressão do regime Estalinista ambos obviamente são Russos. Posso contar-vos neste primeiro post como descobri Shostakovich de que pensava não gostar. Puro preconceito baseado talvez num ou outro Quarteto de cordas que não me teria agradado. depois quis a coincidência que no espaço de alguns meses pudesse ouvir o seu concerto para violino, foi na Gulbenkian e lembro-me que o solista era uma jovem promessa da Arménia se não estou em erro. Não me consigo recordar do nome do jovem desculpem, mas foi uma revelação para mim. Instalou-se então a dúvida ... Dúvida que seria dissipada uns meses mais tarde em Viana do Castelo quando pude ouvir o Concerto para Violoncelo e Orquestra (o primeiro).
Enquanto vos preparo o texto referente aos primeiros anos da vida de Schostakovich convido-vos a fazerem como eu e começarem por ouvir . Concerto para Violino nº1 e Orquestra e o Concerto para Violoncelo e Orquestra nº 1 .
Enquanto vos preparo o texto referente aos primeiros anos da vida de Schostakovich convido-vos a fazerem como eu e começarem por ouvir . Concerto para Violino nº1 e Orquestra e o Concerto para Violoncelo e Orquestra nº 1 .
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Requiem por Mafalda Vasconcelos (1963-2011)
A Mafalda, minha namorada e mulher faleceu na passada quinta-feira. No passado era costume publicarem-se estas noticias nos jornais. Nunca percebi muito bem porquê até ontem a razão dessa necessidade. Pensava eu que a expressão da dor era algo que se deveria a familiares e amigos. Pensava mal e por isso opto por esta forma moderna de vos dizer o que aprendi ao longo de trinta anos de namoro e de vida em comum.
É curto o que tenho para vos dizer sobre a Mafalda. Com a Mafalda aprendi o que é o amor e a preocupação pelo próximo. A Mafalda era exigente na utilização da palavra amigo porque entendia que isso implicava um compromisso profundo e inquebrável de solidariedade e de ajuda. Era tão exigente com ela como connosco sempre exprimindo com absoluta sinceridade o que pensava. E tantas e tantas vezes achei demasiado dura a sua percepção, tantas outras não estive à sua altura ...
A Mafalda cedo percebeu que o amor que tinha para dar não se podia limitar ao seu marido e filho e por isso partilhou-o durante mais de 10 anos no IPO na Associação Acreditar e durante 3 anos na unidade de cuidados paliativos do Hospital da Luz. A Mafalda não teria gostado muito deste paragrafo. Acreditava que esta acção de solidariedade se deve viver sem protagonismo ou publicidade. Eu até concordo mas espero que esta mensagem nos sirva de exemplo e possamos nós seguir o mesmo caminho. Não é segredo para os nossos amigos o quanto a Mafalda pensava que esta nossa sociedade precisava de repensar os seus valores. Desafio-vos a todos a aproveitarem esta ocasião para reflectirem sobre o que é verdadeiramente importante.
Faria 3 anos em Novembro que publiquei a Lista da Mafalda o ultimo aniversário que passou sem consciência da doença que provavelmente já a afligia. Dessa lista que ela me pediu para publicar a ultima das canções de António Carlos Jobim dizia : ""A tua vida é uma linda canção de amor ... Se todos fossem iguais a você que maravilha seria viver ... ". E seria certamente.
E é curto o que tenho para vos dizer não porque não houvesse muito mais para contar mas antes porque não desejo que tudo o resto apague ou atenue o que acabei de vos dizer.
Eu sei que a Mafalda está neste momento numa existência melhor. Ambos acreditávamos que existe em cada ser humano algo que transcende a nossa existência física. Para aqueles que como nós acreditam encontrai nessa certeza a vontade de vos transcenderes e de viver com alegria a nossa existência terrena. Deus sabe que é isso que eu farei. Sei que alguns de vós não partilharão essa fé. Para a Mafalda isso não era importante. O que era relevante era mesmo a preocupação e o amor que tinham (têm) pelos outros. Isso definia-vos como seus amigos. Para vós encontrai conforto na memória das suas brincadeiras e ralhetes (quem foi seu amigo haverá de ter passado por ambas as situações). Era assim que ela desejava ser lembrada.
Num email que me escreveu muitos anos antes de falecer pediu-me para que fosse rezada uma missa de sétimo dia. Convido-vos a estarem presentes na Igreja do Campo Grande na próxima Quinta-Feira dia 4 de Agosto às 19h. Se não puderem estar rezem na mesma, estou certo que ela gostará da mesma forma. Se não quiserem rezar tomem uns minutos para pensar nela. Estou seguro que a Mafalda apreciará da mesma forma.
A todos os nossos amigos que nos têm acompanhado nestas horas difíceis um grande abraço. São normalmente tristes os Requiem. Pela saudade que nos deixa a pessoa que partiu. Na tua lista Mafalda escolheste Zeca Afonso e por todas as razões incluindo a circunstância, a coincidência da vossa doença, é com a sua Canção de Embalar que termino.
É curto o que tenho para vos dizer sobre a Mafalda. Com a Mafalda aprendi o que é o amor e a preocupação pelo próximo. A Mafalda era exigente na utilização da palavra amigo porque entendia que isso implicava um compromisso profundo e inquebrável de solidariedade e de ajuda. Era tão exigente com ela como connosco sempre exprimindo com absoluta sinceridade o que pensava. E tantas e tantas vezes achei demasiado dura a sua percepção, tantas outras não estive à sua altura ...
A Mafalda cedo percebeu que o amor que tinha para dar não se podia limitar ao seu marido e filho e por isso partilhou-o durante mais de 10 anos no IPO na Associação Acreditar e durante 3 anos na unidade de cuidados paliativos do Hospital da Luz. A Mafalda não teria gostado muito deste paragrafo. Acreditava que esta acção de solidariedade se deve viver sem protagonismo ou publicidade. Eu até concordo mas espero que esta mensagem nos sirva de exemplo e possamos nós seguir o mesmo caminho. Não é segredo para os nossos amigos o quanto a Mafalda pensava que esta nossa sociedade precisava de repensar os seus valores. Desafio-vos a todos a aproveitarem esta ocasião para reflectirem sobre o que é verdadeiramente importante.
Faria 3 anos em Novembro que publiquei a Lista da Mafalda o ultimo aniversário que passou sem consciência da doença que provavelmente já a afligia. Dessa lista que ela me pediu para publicar a ultima das canções de António Carlos Jobim dizia : ""A tua vida é uma linda canção de amor ... Se todos fossem iguais a você que maravilha seria viver ... ". E seria certamente.
E é curto o que tenho para vos dizer não porque não houvesse muito mais para contar mas antes porque não desejo que tudo o resto apague ou atenue o que acabei de vos dizer.
Eu sei que a Mafalda está neste momento numa existência melhor. Ambos acreditávamos que existe em cada ser humano algo que transcende a nossa existência física. Para aqueles que como nós acreditam encontrai nessa certeza a vontade de vos transcenderes e de viver com alegria a nossa existência terrena. Deus sabe que é isso que eu farei. Sei que alguns de vós não partilharão essa fé. Para a Mafalda isso não era importante. O que era relevante era mesmo a preocupação e o amor que tinham (têm) pelos outros. Isso definia-vos como seus amigos. Para vós encontrai conforto na memória das suas brincadeiras e ralhetes (quem foi seu amigo haverá de ter passado por ambas as situações). Era assim que ela desejava ser lembrada.
Num email que me escreveu muitos anos antes de falecer pediu-me para que fosse rezada uma missa de sétimo dia. Convido-vos a estarem presentes na Igreja do Campo Grande na próxima Quinta-Feira dia 4 de Agosto às 19h. Se não puderem estar rezem na mesma, estou certo que ela gostará da mesma forma. Se não quiserem rezar tomem uns minutos para pensar nela. Estou seguro que a Mafalda apreciará da mesma forma.
A todos os nossos amigos que nos têm acompanhado nestas horas difíceis um grande abraço. São normalmente tristes os Requiem. Pela saudade que nos deixa a pessoa que partiu. Na tua lista Mafalda escolheste Zeca Afonso e por todas as razões incluindo a circunstância, a coincidência da vossa doença, é com a sua Canção de Embalar que termino.
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