quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Um aniversário, Beethoven e Bernstein

Há cerca de uma semana tinha resolvido que ontem seria o meu ultimo post sobre Mozart. Voltaremos a este compositor para uma espécie de revisão da matéria dada mas hoje vamos começar com Beethoven.

E vamos começar precisamente hoje porque Beethoven é o compositor "preciso" por excelência. E é precisamente hoje porque é hoje o dia de aniversário do meu amigo Miguel ele também fã incondicional de Beethoven.

É a ele que dedico este post, com dois pequenos presentes virtuais. Um texto de Bernstein explicando "precisamente" (e o Miguel como matemático apreciará a definição de música precisa) a razão pela qual prefere Beethoven ... e também o primeiro andamento da sonata em Lá Maior Opus 47 , também chamada de Kreutzer.

Diz Bernstein no seu livro " Muitos, muitos compositores têm conseguido escrever temas espantosos ou fugas muito respeitáveis. Alguns compositores podem orquestrar a escala de Dó Maior deixando-nos, como resultado, uma obra prima ou conseguem as notas de forma que uma inovação harmónica seja obtida. Mas isto é apenas poeira - nada se comparando com esse mágico ingrediente procurado por todos eles: O inexplicável talento para saber qual é a nota mais indicada. Beethoven tinha este condão, a tal ponto que deixa todos os outros para trás, a coxear. Quando ele realmente o conseguiu como na Marcha fúnebre da Eroica - ele criou uma entidade que sempre me pareceu ter sido previamente escrita no Céu e que depois lhe foi simplesmente ditada. [...] Beethoven quebrou todas as regras e compôs obras cuja exactidão é capaz de nos tirar o fôlego. Exactidão - eis a palavra! Quando se sente que qualquer nota que sucede a uma ultima é a única nota possível que deve exactamente ouvir-se nesse instante em relação a esse preciso contexto então há todas as probabilidades de estarmos a ouvir Beethoven." [...]
O nosso homem tem com ele o que há de melhor, algo que vem do Céu, o poder de fazer-nos sentir no final: Há qualquer coisa certa neste mundo. [...] Qualquer coisa em que podemos confiar e que nunca nos deixará desamparados.

Bom agora a sonata tocada por um fabuloso violinista Nathan Milstein ... Feliz aniversário Miguel e fica bem com mais um pouco de Beethoven (são apenas 10:30 :-))

2 comentários:

  1. O aniversariante agradece. E aproveita a referência à 'precisão' para recordar a clarividência de Beethoven ao escrever que só através "da Arte e da Ciência" podia a Humanidade aceder a uma vida mais elevada. Nada mau, da parte de quem sempre revelou grandes dificuldades na aprendizagem da aritmética elementar...

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  2. Nada que agradecer. Também Einstein tinha (diz-se) dificuldades de aprendizagem. Curiosamente também foi quem foi na física e menos conhecido também efectuou um estudo notável da obra de Mozart, nomeadamente revendo o catálogo Köchel (aqui equivocou-se, deveria ter escolhido Beethoven :-)). Provavelmente Beethoven estava noutro mundo da Matemática :-) muito à frente da aritmética elementar. Quem sabe se a sua música não é um tratado de aritmética absoluta? :-)

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