Esta é a sexta parte da biografia de Leonard Bernstein. Veja aqui a quinta parte.
Em 1973 Leonard Bernstein é convidado a dar umas aulas em Harvard para uma cadeira chamada Charles Eliot Norton, uma cadeira de Poesia. A propósito das recentes eleições americanas este ano de 1973 tinha começado para Bernstein em Janeiro com um concerto de protesto pela re-eleição de Nixon para um segundo mandato ...
Leonard Bernstein vai utilizar esta oportunidade para construir - desculpem-me o termo mas estamos em 1973 numa altura em que estudos multi disciplinares estavam longe de ser comuns - um verdadeiro legado teórico que postula que a música e a língua partilham uma gramática comum e universal e que a música pode e deve ser analisada com as ferramentas da linguística.
O que ainda é mais surpreendente é que neste conjunto de palestras Bernstein não se pressupõe um conhecimento profundo de teoria musical de tal forma que estas cerca de 13 horas de aulas incluem uma espécie de curso rápido em teoria.
Para quem conhece os concertos para jovens descobrirão alguns pontos em comum nestas palestras em que Bernstein defende a tonalidade de certa forma contra a atonalidade e em que apresenta Mahler como o compositor emblemático do século XX.
Felizmente estas palestras foram gravadas e podem ser adquiridas em DVD na sua versão original e também em livro numa edição que data de 1976 ligeiramente revista pelo autor.
Diz Bernstein que embora possamos discordar daquilo que uma determinada música diz facilmente concordaremos nas formas (nas construções) utilizadas para a fazer dizer qualquer coisa. Defende Bernstein que a música naquilo em que é assimilável a uma linguagem é uma linguagem profundamente e essencialmente metafórica (metafóra = além do significado literal), uma forma de expressão que nos permite descrever o indescritível, dizer o indizível ...
Oiçam-no aqui e aqui em dois curtos extractos ...
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