Já foi aqui discutido por várias vezes o "protocolo" que é hoje utilizado pelas audiências em concertos de música clássica. Creio que também já expliquei em tempos que nem sempre foi assim. Na verdade até ao inicio do século XX era comum existirem aplausos entre andamentos, pedidos de repetição (por vezes satisfeitos) e mesmo aplausos após a exposição de determinados temas.
No blog "The Rest is Noise" encontramos um texto que explica a evolução dos costumes neste aspecto. Aconselho-vos que leiam também o ficheiro (pdf) que contém o texto da conferência à qual Alex Ross faz referência.
Em jeito de aperitivo proponho-vos o fim desse texto que só por si nos dá muito que pensar ...
People often ask, “Has classical music become too serious?” I sometimes wonder whether it is serious enough. Certainly, it has acquired a veneer of solemnity, but too often that veneer is a cover for business as usual. I dream of the concert hall becoming a more vital, unpredictable environment, fully in thrall to the composers who mapped our musical landscapes and the performers who populate them. The great paradox of modern musical life, whether in the classical or pop arena, is that we both worship our idols and, in a way, straitjacket them. We consignthem to cruelly specific roles: a certain rock band is expected to loosen us up, a certain composer is expected to ennoble us. Ah, Mozart; yeah, rock and roll. But what if a rock band wants to make us think and a composer wants to make us dance? Music should be a place where our expectations are shattered.
O Pianista David Fray não só canta mesmo a música enquanto toca (Glenn Gould também fazia uns ruídos) como dá saltos se se entusisma, debruça a cabeça no teclado ou exprime com as mãos um estado de espírito, etc; e acha mal que as salas de concerto estejam caladas como túmulos - gosta de ouvir o público dizer wow quando ele toca uma parte difícil ou faz um novo improviso. Vale a pena consultar a página dele, tem algumas interpretações esfuziantes.
ResponderEliminarAcho que nada disto é muito sério desde que se continue a ter o devido respeito pela obra e que não seja "moda". O perigo está em que qualquer ganapo incompetente faça macaquices para disfarçar que não sabe música. Há obras que podem ser "divertidas", outras não.
Mário
Como muitas coisas na vida, o óptimo é saber o ponto de equilíbrio.
ResponderEliminarNão me choca aplausos entre movimentos, já numa passagem (ao contrário de Mozart) tenho algumas dúvidas sobre se tal não me impediria de ouvir algumas subtilezas do desenrolar da obra.
Na ópera parece que se encontrou uma técnica para contornar a situação. Aqui, não é anormal que, além de no termo de um acto ou da obra, haja também aplausos no fim de uma ária, grupos de vozes ou coro. Inclusive, é possível os músicos interromperem a execução e depois recomeçarem no compasso que foi abafado pelos aplausos e já vi casos em que a própria ária foi repetida, para deleite do público, e depois tudo prosseguiu normalmente.
@geocrusoe: O texto do Alex Ross dá uma explicação possível para a diferença histórica entre a ópera e a musica instrumental digamos.
ResponderEliminar@Mário: eu sinceramente não sei muito bem o que pensar sobre este assunto. Confesso que fiquei dividido ao ler o texto do Alex Ross. Ora aqui está um excelente tema de conversa e de votação para este blog ;-)
eu sou bem formneste aspecto, não gosto de palmas no meio da apresentação, e imagino que a maioria dos artistas também não goste, atrapalha a concentração. quando não conheço bem a música interpretada, aguardo pelo resto da platéia antes de começar a bater palmas.
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