domingo, 20 de março de 2011

Concerto da 2da orquestra do You Tube

É hoje e começa dentro de 15 minutos mais ou menos ... Podem ouvir e ver o feed life aqui ... Eu estou a fazê-lo. Estão agora nos bastidores a entrevistar uma oboísta coreana.

No programa Berlioz, Bach, Britten, Mendelssohn, Richard Strauss, Stravinsky entre outros. Programa muito variado e algo díspar mas é uma festa e como tal deve ser entendido. Se puderem vejam, vale a pena para se perceber que:

1) A Música Clássica é uma algo que está vivo
2) A Música Clássica pode e deve ser vivido e apreciado com alegria

Está agora quase a começar a segunda parte ... ah esqueci-me de dizer que está a decorrer em Sidney ...

Grandes imagens, a projecção exterior na Opera House é absolutamente fantástica. estou a escrever isto e a ouvir o Life Stream com Strauss.

Agora depois do final do Concerto para Violino de Tachaikovsky está a começar o Passaro de Fogo de Stravinsky - a ultima composição a ser interpretada no concerto.

11 comentários:

  1. É um presente para o meu domingo!

    Abraços, Cápsula de Pimenta
    ____________________________________
    http://capsuladepimenta.blogspot.com

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  2. Esta orquestra é um disparate. Para além de não apresentar músicos de qualidade, apresenta um espectáculo muito estilo show pop. Música clássica não é espectáculo, é Música, meus amigos! Sejam leais ao que ela representa... Que diria Mozart se visse isto?

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  3. Caro Anónimo: Mozart muito possivelmente gostaria. Quanto ao disparate e aos músicos de qualidade e ao não ser um espectáculo mas ser "Música" isso merece só por si um post.

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  4. Caro Fernando, penso que faz muito bem. A Música actualmente merece discussão até porque se verifica uma decadência e só interessa ao público compositores antigos como Mozart e Beethoven. Aponto para o facto de à Música pura, aos sons, se acrescentarem luzes como vi nesse concerto. E deixo aqui a questão: será que rock, pop, esses sons que a maior parte das rádios nos oferece é na realidade Música? Ou Música representa pureza e lealdade, sem qualquer construção de personalidade e fama como se vemos em Lady Gaga, por exemplo? Para não falar do pouco trabalho, do pouco conhecimento, que é necessário fazer música pop e rock. É com base na imitação e de uma letra apelativa que isso se tem propagado.

    Aqui fica a ideia do Anónimo de cima.

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  5. p'ra si que diria qualquer coisa a propósito destes posts…

    Caro "Anónimo de cima", Fernando Vasconcelos" e leitores.

    A questão parece-me estar bem definida embora não argumentada, o que é saudável uma vez podermos encetar uma discussão profícua.
    Em primeiro lugar devo dizer compreender bem a posição do "Anónimo de cima" uma vez já ter tido opiniões semelhantes quando era mais novo e me revoltava não encontrar “feedback” por parte dos meus amigos adolescentes quanto à minha paixão pela “música clássica”. E argumentava com fundamentos estéticos e sociais que, embora correctos estavam incompletos e descontextualizados de outros factores. Confesso que ainda mantenho algumas posições mas desta feita mais problematizadas, menos radicais e sujeitas a reapreciações.
    Deixo dois pontos de reflexão, dando a minha opinião, para que os possamos debater, se assim o entenderem.

    1º - O que é a Música? Para começar, enquanto fenómeno estético, cuja substância imaterial é indubitavelmente o som e o ruído inscritos e em alternância com o silêncio (podemos incluir a música conceptual, por ex. a obra de John Cage 4'33''), propagando-se no espaço (que é o seu suporte original e natural, uma vez que desde o final do século XIX ele(s) - sons, ruídos e silêncios - começaram a ser gravados num suporte material de reprodução auditiva exterior - diferenciando-a da música escrita em papel, susceptível de ser lida e ouvida interiormente, sem necessidade de uma execução prática) e no tempo? Uma das artes mais abstractas que existem. Mas nas suas diferentes modalidades ditas clássicas não será que inclui outras artes?

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  6. Por ex. a Ópera ou qualquer outra forma que envolva uma letra, inclui, "a priori" uma outra semiologia, outra linguagem, outra arte (que durante a história teve mais ou menos importância, ora submetendo as palavras ao som, ora servindo de suporte à sonoridade, ao ponto de nalgumas das mais complexas obras contrapontísticas o texto nem sequer ser perceptível enquanto tal, mas apenas enquanto fonte sonora).
    Não é a ópera frequentemente considerada das "artes" mais completas? Neste caso, engloba, para além da música, a literatura, a dramaturgia, a pintura e escultura na forma cenográfica, a engenharia, nos mecanismos necessários para mover os adereços e cenários, a arquitectura (quantos teatros não foram pensados especificamente para suportarem essa modalidade musical que é, na sua essência um espectáculo por excelência - basta pensar no século XVIII e nas verdadeiras empresas que orbitavam em torno desse espectáculo). Ir à ópera italiana no século XVIII era um mundo de tal forma espectacular e vivido de forma tão intensa pelos espectadores, cantores, empresários, etc., que o melómano actual sem conhecimento histórico e de tal forma puritano e ético ficaria horrorizado. Assistiria: ao povo gritando e aplaudindo durante as árias; aos camarotes fechados com aristocratas bebendo e comendo, quando não se servindo das delícias concupiscentes de um(a) amante; cuspindo para o povo lá em baixo; as divas e os "castrati" vestidos como queriam e impondo as suas árias virtuosistas quando entravam em palco (sem nada terem a ver com o libreto e música da ópera); enfim, arriscava-se a ter um ataque de apoplexia!

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  7. Claro havia excepções, e a França tinha outro comportamento social e cultural perante a ópera, enquanto na Alemanha essa questão nem se colocava uma vez instituída a reforma protestante. Creio que a esta altura podemos concluir que a Música não só é mais que uma questão estética, mas é igualmente uma questão cultural, social, económica e política. Dei o exemplo da ópera por ser o mais flagrante, mas poderíamos ir para outros campos e outros séculos que encontraríamos motivos suficientes que comprovassem a transdisciplinaridade da música e a sua envolvência com o poder (religioso e profano), com a economia e, obviamente, com a cultura, ciência e arte (segundo os nossos padrões actuais).
    Que diria Mozart se visse isso? Ele viu! Umas vezes gostava e divertia-se, outras vezes considerava de mau gosto (quando se tratava das suas óperas a serem recicladas e alvo de gozo), porque a realidade é que não existia um respeito pela partitura nem pela integridade da obra de arte enquanto produção intelectual e emotiva profunda!
    Talvez o mais correcto seja admitir a coexistência de vários mundos musicais num mesmo período, num mesmo circuito sociopolítico e cultural. Um caso célebre mas raro é a da posição do Sieur de Sainte Colombe sobre a integridade da sua obra, recusando-se a servir e a vender-se ao gosto generalizado reinante na corte, onde Lully e Marin Marais. A postura que Sainte Colombe tem no século XVII só virá a ser dominante entre os músicos após a revolução francesa e a definitiva afirmação social do artista como um intelectual, fundando a imagem que romântica que ainda hoje prevalece de um artista (mesmo que já ultrapassada).

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  8. Portanto, é a partir do século XIX que se instaura uma nova cultura perante a música que está mais próxima da que hoje muitos melómanos têm. Acontece que na viragem do século XIX para o XX, o movimento extremamente revolucionário e de ruptura designado por dodecafonismo ou serialismo, trouxe um novo elemento à relação do público com a música dita erudita e colocou-se um novo problema aos músicos/compositores: ou mantinham a sua liberdade e linguagem estética, arriscando-se a serem apenas ouvidos por uma minoria esclarecida, ou encontravam uma linguagem de compromisso, i.e., uma música capaz de absorver ambos os públicos.
    A este facto devemos acrescentar o desenvolvimento da música anglo-saxónica ou americana que, à parte do jazz mais "sério", foi sendo monopolizada pela lógica capitalista das editoras discográficas (inventando fórmulas musicais paupérrimas e de fácil adesão por parte do grande público) tornando-a assim num espectáculo onde a qualidade era deixada para segundo plano e onde a "pirotecnia" de efeitos e malabarismos corporais - Elvis Presley - passaram a dominar e a educar o ouvido de uma forma que, pessoalmente, considero empobrecedora e menos interessante que a linguagem musical desenvolvida pelo jazz e pela música de tradição europeia (vulgo "clássica"). Daí ao pop e seus derivados foi um pequeno salto que, com as revoluções sociais e conflitos geracionais em voga no tempo dos Beatles e do "Woodstock" de 69, criou uma grande cisão entre a chamada "música popular urbana" e a dita "música clássica".

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  9. Quanto os melómanos de "música de tradição ocidental" também se gerou uma divisão entre aqueles que se sentiam mais próximos das obras clássicas (harmonicamente mais fáceis de compreender) e os melómanos de "música erudita" (que não só reconheciam o valor e peso de uma herança histórica e cultural, como acompanhavam a linha de continuidade herdada do dodecafonismo, do impressionismo, simbolismo, expressionismo e das diferentes escolas nacionais. Estavam criadas as condições para uma enorme confusão de termos, linguagens e gostos musicais. Não nos esqueçamos da importância extrema que as ideologias políticas dominantes (fascismo, comunismo e capitalismo) tiveram, cada uma reivindicando e impondo orientações estéticas. A guerra fria opôs definitivamente a música industrial e comercial americana à música de tradição ocidental (não só exclusiva da ex-URSS mas igualmente dos círculos mais cultos da Europa). Não é demais salvaguardar as correntes de jazzísticas com inquestionável qualidade musical.
    A indústria capitalista dominou as discográficas que ditaram o que era ou não "clássico", o que ficava bem ou não ouvir, o que se vendia ou não.
    Por sua vez, a burguesia e a pequeno burguesia criaram relativamente à música clássica um novo padrão de comunicação sócio-ideológico afectado, puritano e feito de aparências, redundando nalguns princípios ainda hoje seguidos, como ir a concertos e teatros de ópera para serem vistos e não para "ouver" música, comprar os êxitos das editoras reconhecidas (cujo maior exemplo foi a Deutsche Grammophon - sem dúvida com bons intérpretes), enquanto os compositores mais íntegros e anti-sistema, na senda de um Sante Colombe ou de um Beethoven, não cedendo a essa lógica mercantilista, prosseguiram o seu caminho acompanhados por um número reduzido de melómanos verdadeiramente apaixonados pela sua arte.

    Quem é que sendo de família de boa gente não comprou os seus "Top 20 da Clássica", "Os três tenores", "As mais belas árias de ópera", "The most beautiful Adagios", "The Relax Classic Music" ou outra charopada comercial, onde não existe a mínima preocupação pela integridade da obra entendida como um todo, tal como foi pensada e composta? Não digo que não hajam discos e cd.s com excertos musicais de vários compositores com qualidade, mas o que pretendo sublinhar é a formatação de um gosto a fim de o poder explorar comercialmente. Talvez pelo facto de a Música ser a arte mais abstracta, não se torna logo audível para o comum ouvinte que cortar uma peça musical e apenas extrair-lhe um andamento, uma ária ou um “liede” seria como vender livros sem alguns capítulos, expor quadros sem 1/4 da tela ou projectar filmes sem sequências inteiras.

    2º - O que é actualmente Música? Não só em termos estéticos, mas em termos culturais, sociais, económicos e políticos?

    Desta feita, privo-me de continuar a opinar.
    Gostaria de saber qual a vossa posição.

    Agradeço o tempo dispensado e "boa música" - porque a qualidade existe e o gosto não só se educa como se discute.

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  10. Bem a minha divida de respostas está agora no máximo histórico de sempre. Vou tentar responder mas se já à anterior era difícil agora ...

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  11. Caro Quasi Modo ma non troppo, procurando começar a responder às suas reflexões e no que diz respeito ao primeiro ponto eu concordo essencialmente com o que Alex Ross defende no seu livro Listen to This e de que já falamos neste post : http://guiadamusicaclassica.blogspot.com/2010/11/listen-to-this-capitulo-1-crossing.html. Não responde aquilo que é a música mas procura explicar e demonstrar que a atitude prevalecente hoje nas salas de concerto não o era quando essas mesmas obras foram concebidas. Beethoven foi na realidade como diz um marco nessa revolução dando ao artista esse papel "superior" que se viria a consolidar e apurar durante todo o romantismo e que ainda prevalece hoje em dia. Aliás é essa posição que acabou por colocar uma tão grande dicotomia entre o artista e o público já que o primeiro não querendo saber nem de mecenas nem de espectadores face à importância da sua arte e da sua integridade acaba compondo para os poucos dotados de capacidade técnica e formal suficiente para entenderem e apreciarem ... Do outro da "barricada" especialmente com o aparecimento da gravação a música além de uma forma de arte tornou-se uma industria. Não ouve ninguém falar da industria da pintura ou da industria da escultura mas ouve falar da industria livreira ou da industria da musica ou do cinema. E o que o aparecimento de uma industria faz num campo musical é exactamente o oposto do que descrevi no ponto anterior. Uma industria procura rentabilidade e logo procura agradar ao máximo número de pessoas possível. Fá-lo sem olhar a grandes conceitos estéticos ou de integridade da obra. Ao invés dos mecenas dos séculos XV , XVI que ainda que "explorassem" os artistas lhes deixavam relativa liberdade na forma a industria ao contrário intervém nessa forma de uma maneira quase absoluta como sabemos. O sub-titulo deste blog chama-se "a única música que precisa de embalagem" é a música de plástico. Porquê? Porque a embalagem é o elemento mais distintivo mais visível de uma industria. A musica por si enquanto forma de arte não tem qualquer necessidade dessa industria. A sociedade talvez tenha como forma de ocupação de recursos e de entretenimento mas definitivamente não como forma de arte. A música é assim hoje socialmente duas coisas distintas: Uma forma de entretenimento dominada por uma industria que procura desesperadamente manter a sua rentabilidade face a modelos de negócio cada vez mais instáveis devido ao aparecimento de uma nova forma de gravação e distribuição (o formato digital) e uma forma de arte que luta para se distinguir no meio do ruído provocado por uma potente máquina de marketing. Ah sim este problema, esta dicotomia é igualmente aparente em todas as formas de arte em que existem industrias: Teatro, Cinema, Literatura, ... Salvam-se eventualmente a pintura e a escultura talvez porque aí é mais difícil industrializar? Não sei ... Ou talvez porque as pessoas se apercebem da diferença entre um original e uma reprodução? Ou talvez não ... Isto dito e para que não existam dúvidas. Não afirmo que não existam obras válidas que sejam grandes sucessos comerciais nem tão pouco acho que todas as obras não comerciais são forçosamente grandes obras de arte. O que digo isso sim é que uma obra feita apenas com o objectivo de vender será sempre apenas isso e quero acreditar que não passará no crivo da história a não ser sobre o epíteto pouco ilustre de artefacto industrial um pouco como os potes de barro encontrados em velhas cidades romanas ou gregas. Enfim este tema na verdade dá para falarmos ad-eternum ...

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