Continuando a nossa revisão das 100 Obras que recomendamos para começar a gostar de música clássica hoje vamos falar-vos do segundo concerto para piano e Orquestra de Saint Saens.
Saint Saens foi um dos compositores franceses mais prolíficos e certamente um dos que conseguiu ter obras de referencia em praticamente todos os géneros musicais. No que diz respeito a concertos para piano e orquestra compôs cinco (falaremos do quinto concerto num próximo post) mas este segundo é o mais popular dos cinco.
Foi composto na Primavera de 1868 em apenas três semanas após o seu amigo maestro Anton Rubinstein lhe ter pedido para arranjar um concerto. Com a sala marcada e sem programa definido Saint Saens propõe escrever um concerto especificamente para a ocasião. Não admira assim que a estreia não tenha corrido especialmente bem. Pouco tempo de ensaio e uma estrutura particularmente difícil e original terão sido as causas.
Na realidade o concerto começa com um Andamento Lento (Andante sostenuto) com uma deliciosa introdução em solo muito ao estilo de Bach onde é apresentado também o primeiro tema. A Orquestra entra então de forma contrastante após o que volta o primeiro tema (a propósito um tema de Fauré) seguido de um breve segundo tema que numa sequência de crescendos (num estilo bastante semelhante a Chopin) nos leva à coda onde volta a ser recapitulado o tema inicial. Uma das principais criticas feitas a Saint Saens é a falta de unidade da obra que dizia um dos seus colegas "começa em Bach e acaba em Offenbach". É uma injustiça pensamos porque estes contrastes são totalmente propositados e fazem parte do encanto da obra. Para a ilustração desta obra escolhemos uma interpretação do pianista francês Marc André Hamelin.
O segundo andamento (Allegro scherzando) não é o tipico andamento lento como seria de esperar mas antes é mais parecido com um Scherzo com temas leves e bem-dispostos para contrastar com a densidade emocional do primeiro andamento.
No terceiro andamento (Presto) voltamos à "normalidade" na estrutura clássica de um concerto com um andamento rápido em que numa rapidíssima Tarantella tanto o solista como a Orquestra vão ganhando volume e ritmo para terminarem numa verdadeira tempestade de arpégios. Um andamento de cortar a respiração e aproximadamente 20 minutos de música que gostávamos que recomeçassem.
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