sábado, 2 de fevereiro de 2008

Beethoven : Fidélio a sua única opera

Beethoven compôs uma única opera mas que ópera ! composta em 1804 em dois actos conta a história de Leonore que disfarçada de Fidélio salva o seu marido Fleurian de uma prisão politica.

A história retrata a vitória do livre arbítrio e da liberdade sobre a opressão e a tirania. Como em muitos das composições que realizou Beethoven teve de se esforçar consideravelmente até chegar ao resultado final que conhecemos hoje.

Fidelio na sua versão original tinha três actos e conheceu uma primeira exibição com pouco sucesso (note-se que na altura Viena estava ocupada pelos exércitos franceses o que também diz muito da coragem de Beethoven ao propor uma peça que sem duvida não lhes agradava muito). Após esta primeira exibição Beethoven com a ajuda do seu amigo Stephan van Breuning, encurtou a ópera para 2 actos. A própria abertura conheceu uma nova versão sendo hoje a peça conhecida por Leonore nº 3.

Leonore nº 3 dirigida por Bruno Walter em 1941.

Entre a data desta segunda revisão e a versão final de 1814 Beethoven efectuou uma revisão bastante profunda da obra tendo inclusivamente substituído a abertura (Beethoven achava que a abertura existente pelo seu excessivo peso retirava o brilhantismo às primeiras arias do primeiro acto) escrevendo assim uma abertura totalmente nova que é a utilizada hoje.

Esta opera está profundamente ligada à reconstrução da Europa pelo menos do ponto de vista musical dado que foi a composição escolhida para marcar a reabertura das operas de Berlim e Viena. É precisamente desta ultima reabertura que vos quero mostrar os últimos minutos.

Veja a Reabertura da Opera de Viena com a Opera Fidélio aqui.

2 comentários:

  1. Obrigado pelo vídeo, não sabia que existia um filme com a reabertura da Ópera de Viena!

    Já agora, uma pequena nota sobre um detalhe que em tempos me confundiu: houve de facto três versões da Ópera:
    Opus 72, 1805 - Leonor
    Opus 72a, 1806 - Fidélio
    Opus 72b, 1814 - Fidélio
    (refiro-me às datas e aos títulos das primeiras exibições da obra) mas quatro versões da Abertura.

    Entre 1806 e 1814 (pensa-se que terá sido em 1807) Beethoven escreveu uma versão da Abertura com vista a uma nova representação, a pedido dos músicos, que achavam qualquer das duas primeiras de difícil execução. A representação acabou por não ter lugar. Esta quarta Abertura, mais curta que as precedentes, foi descoberta após a morte de Beethoven e levou o número de Opus 138.

    Daí que hoje em dia seja frequente (não é o caso do título do vídeo sugerido no post) encontrar-se as seguintes designações para as Aberturas:

    Leonor 1: Opus 138 (cerca de 10 minutos)
    Leonor 2: Abertura de 1805 (cerca de 15 minutos)
    Leonor 3: Abertura de 1806 (cerca de 15 minutos)
    Fidélio: Abertura de 1814 (cerca de 7 minutos)

    As duas últimas são magníficas. Mas confesso que a Ópera (na sua totalidade) não me entusiasma...

    Bem sei que isto é uma heresia da parte de um apaixonado da obra de Beethoven, quando era o próprio quem declarava, poucas semanas antes de falecer: [cito o "Guide Illustré de la Musique Symphonique de Beethoven", de Michel Lecompte]: "De tous mes enfants c'est 'Léonore' qui m'a coûté les pires douleurs de l'enfantement, c'est elle qui m'a causé le plus de chagrin; et c'est aussi pour cela qu'elle m'est le plus cher. De préférence à toutes les autres, le la tiens digne d'être gardée et utilisée, pour la science de l'art."

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  2. Miguel,

    É exactamente como dizes. Há apenas um pequeno detalhe no nome das aberturas. Na verdade a Opus 72a normalmente é referida pelo nome de Leonora tal como a Opus 72. Aliás Beethoven sempre preferiu a designação de Leonora tendo sido obrigado a mudar por imposição do produtor da exibição de 1806 (por causa da eventual confusão com uma outra ópera de Gaveaux e Paer).
    A abertura de que falas Leonora 1 foi escrita em 1807 para ser interpretada em Praga mas esta performance nunca se chegou a realizar.
    Assim normalmente utiliza-se a desingação de Leonora para as três primeiras aberturas conhecidas e para as duas primeiras óperas guardando-se a designação Fidélio para a versão de 1814 sendo que a abertura aí utilizada é referida com a abertura da ópera Fidélio.
    No que diz respeito ao valor da ópera em si mesma na verdade existe muita discussão sobre isso quer no que diz respeito ao libretto quer no que diz respeito à música. Pessoalmente identifico-me bastante com a história que é contada e por isso gosto bastante desta ópera. Não é a minha preferida longe disso, mas gosto. Lá está, o valor "seguro", a média, que me faz preferir Beethoven :-) :-)

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