Durante muito tempo pensou-se que esta obra teria sido composta no ultimo ano de vida de Schubert porém sabe-se agora que na realidade foi composta no Verão de 1825 em que parece ter recuperado a sua energia criativa tendo-a inteiramente reflectido nesta surpreendente obra. Em grande parte isso deveu-se ao facto desse período ter coincidido com a ausência de sintomas da doença que o afligia.
Schubert que não tinha meios financeiros para conseguir que esta sinfonia fosse interpretada enviou-a para a Associação Austríaca de Música que lhe enviou um pagamento "simbólico", copiou os manuscritos e terá tentado a sua interpretação mas considerou-a demasiado dificil para uma interpretação pública.
Vale a pena lermos a dedicatória (a tradução é minha do inglês - Grove Dictionary of Music) que Schubert escreveu a acompanhar o manuscrito original: "Persuadido que estou da nobre intenção da Associação Austríaca de Música para promover qualquer iniciativa artística no limite das suas possibilidades, arrisco-me a dedicar-lhe esta sinfonia e entregá-la muito respeitosamente à sua protecção"
Os manuscritos só seriam recuperados dez anos mais tarde quando Schumann de visita a Viena os encontrou. Visivelmente emocionado com a descoberta trouxe os mesmos para Leipzig onde mais uma vez Mendelssohn vai desempenhar um papel fundamental, sendo sua a direcção da primeira interpretação desta obra a 21 de Março de 1839.
No que diz respeito à obra do ponto de vista musical demonstra plenamente o talento de Schubert. É necessário não esquecer que este génio em 31 anos compôs mais de 600 obras. A sinfonia é dividida em 4 andamentos. Para vos mostrar esta sinfonia encontrei uma interpretação de Karl Bohm e da Filarmónica de Viena que, não sendo a minha preferida não deixa de ser uma excelente interpretação.
Nota (12.09.2010): Infelizmente dadas as idiotices relacionadas com os direitos de autor (interpretação) os vídeos referenciados foram retirados. Ficam assim privados de verem execuções que dificilmente encontrarão no mercado o que sem dúvida será um grande contributo na defesa dos referidos executantes. Irei colocar assim que possível novas referências até que por sua vez estas sejam retiradas e assim sucessivamente até que a industria entenda que não é assim que defende a arte e os artistas.
O primeiro andamento (Allegro ma non troppo) distingue-se desde logo pelo chamamento inicial com a trompete que nos indica que algo de misterioso e poderoso se vai desenrolar. Oiçam aqui a primeira parte deste andamento e a segunda aqui. Nesta segunda parte chamo logo a vossa atenção para o inicio, uma das minhas partes preferidas.
O segundo andamento (Andante con moto) é quase como uma marcha, estóica. Pessoalmente este é o andamento que prefiro desta sinfonia. Oiçam a primeira parte aqui . Embora não goste muito de sugerir apenas bocados de uma obra peço-vos que prestem atenção entre o minuto 4:00 e 5:00 e observem o talento de Schubert na construção de melodias. Oiçam a segunda parta aqui.
Do terceiro andamento (Scherzo. Allegro vivace) há pouco a dizer a não ser a forma perfeita e ligeira como transmite uma alegria imensa. Oiçam aqui a primeira parte e aqui a segunda.
O andamento final (Allegro vivace) destaca-se sobretudo pelo seu final. Oiçam aqui a primeira parte e aqui a segunda. Este final pelo seu carácter optimista, de partilha faz-nos sentir que há esperança para a espécie humana.
Vou passando!
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