Continuando o nosso percurso nesta obra de Berlioz hoje vamos ouvir a canção "Au cimetière". Tal como nas anteriores deixo aqui a versão original do texto em francês e uma tradução para português (minha).
Para esta canção, que podem ouvir aqui escolhi a interpretação de Marilyn Horne com a Orquestra Nacional de França dirigida por Charles Munch. Gravação de 1964.
No cemitério
Conhecem o branco túmulo
onde flutua com um som de queixume
a sombra de um teixo?
No teixo uma pálida pomba,
triste e só no sol poente
canta o seu canto:
Uma canção doentiamente terna,
Ão mesmo tempo encantadora e fatal,
Que vos fará mal
E que gostaríamos de ouvir sempre
Uma canção na forma de suspiro aos céus
O anjo apaixonado
Dir-se-ia que a alma acordada
chora debaixo da terra em uníssono
com a canção,
E da infelicidade do esquecimento
queixa-se num murmúrio
Muito ternamente.
Nas asas da música
sentimos lentamente voltar
uma recordação
uma sombra, uma forma angélica,
passa num raio trémulo,
num véu branco.
As "belles de nuit" meio-fechadas
espalham o seu perfume fraco e doce
à nossa volta
E o fantasma
murmura esticando os braços:
Tu voltarás
Nunca mais perto do túmulo,
eu irei, quando desce a noite
no seu manto negro,
ouvir a pomba pálida
cantar no topo do freixo
o seu canto de lamento.
Au cimetière
Connaissez-vous la blanche tombe,
Où flotte avec un son plaintif
L'ombre d'un if?
Sur l'if une pâle colombe,
Triste et seule au soleil couchant,
Chante son chant:
Un air maladivement tendre,
À la fois charmant et fatal,
Qui vous fait mal
Et qu'on voudrait toujours entendre;
Un air comme en soupire aux cieux
L'ange amoureux.
On dirait que l'âme éveillée
Pleure sous terre à l'unisson
De la chanson,
Et du malheur d'être oubliée
Se plaint dans un roucoulement
Bien doucement.
Sur les ailes de la musique
On sent lentement revenir
Un souvenir.
Une ombre, une forme angélique,
Passe dans un rayon tremblant,
En voile blanc.
Les belles de nuit demicloses
Jettent leur parfum faible et doux
Autour de vous,
Et le fantôme aux molles poses
Murmure en vous tendant les bras:
Tu reviendras!
Oh! jamais plus près de la tombe,
Je n'irai, quand descend le soir
Au manteau noir,
Écouter la pâle colombe
Chanter sur la pointe de l'if
Son chant plaintif.
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