Vamos terminar este ciclo sobre Berlioz com uma visão rápida sobre algumas das restantes obras de Berlioz. Possivelmente mais tarde iremos vê-las em maior detalhe mas por agora fica aqui uma menção breve porque sinceramente valem a pena ser conhecidas.
Em primeiro lugar a obra-prima de Berlioz no que diz respeito à Opera. Esta obra nunca foi estreada na sua totalidade em vida de Berlioz (o autor teve de a separar em dois para conseguir que a segunda parte fosse executada). A ópera chama-se "Les Troyens" e foi composta entre 1856 e 1858. Oiçam aqui "Gloire à Didon" pela New York Metropolitan Opera gravada em 1983.
Berlioz apreciava imenso Shakeaspeare. Lembram-se certamente de vos ter contado que conheceu a inspiradora da sua sinfonia fantástica precisamente numa interpretação de uma peça deste autor ? Esse amor transparece em várias das suas obras. Por exemplo na abertura Kink Lear, composta em 1831 em Nice quando voltava de Itália depois de ter ganho o Grande Prémio de Roma e que podem ouvir aqui (primeira parte) e aqui (segunda parte).
Mas talvez a peça onde esse gosto seja mais evidente é na sinfonia Romeo and Juliet onde literalmente como diz Bernstein Berlioz escreveu musicalmente a paixão dos dois adolescentes linha a linha. Proponho que oiçam aqui Carlos Kalmar maestro da orquestra sinfónica de Lahti explicar a sinfonia. De certa forma como diz o maestro esta peça é inspirada no esquema fixado pela nona de Beethoven embora Berlioz tenha levado a ideia de Beethoven muito mais longe. Como diz Carlos Kalmar Berlioz escreveu 50 anos antes do seu tempo ...
Ainda sobre esta obra não posso deixar de vos recomendar que oiçam Leonard Bernstein ensaiar esta peça com os jovens da Schleswig Holstein Festival Orchestra. Como ele diz numa das partes do vídeo primeiro terão de ler Shakeaspeare e depois a peça vai parecer-vos diferente. São cinco partes mas garanto-vos que vale a pena cada minuto. Parte 1, Parte 2, Parte 3, Parte 4, Parte 5. Podem ouvir também o final desta sinfonia aqui. Algumas semelhanças com o final da nona de Beethoven certamente.
Não poderiamos terminar esta visita relampago a outras obras de Berlioz sem falar da "Damnation de Faust" sobre o texto de Goethe, traduzido por Gérard de Nerval. Podem ouvir aqui um extracto pelo Nikikai Chorus group e pela Orquestra de Tóquio dirigida por Charles Dutoit, ou se preferirem a Callas também podem ouvir aqui. Mas também seria injustificável esquecer L´Enfance du Christ de que podem ouvir uma explicação aqui por Sir Collin Davis e um extracto da obra aqui.
E o que dizer das dezenas e dezenas de canções que Berlioz compôs como por exemplo Zaide aqui interpretada por Cecilia Bartoli.
Por fim o que dizer de Berlioz como escritor ? Como se devem recordar utilizamos muitos dos textos dele para vos apresentar as sinfonias de Beethoven (por exemplo aqui). Sem dúvida que a sua obra "Grand Traité d’Instrumentation et d’Orchestration Modernes" é um marco importantíssimo na história da música. Felizmente graças a net é possível hoje encontrar facilmente extractos desta obra e mesmo o texto completo da mesma (por exemplo aqui).
Em resumo Berlioz era conhecido por ser particularmente dado aos queixumes dizendo frequentemente que lhe amputavam a hipótese de glória e reconhecimento pela pequenez das vaidades ou outros defeitos humanos. Porém num ponto tem razão : O seu génio incontestável, suficiente para o colocar ao nível dos grandes mestres da música clássica é muitas vezes ignorado ou pelo menos subalternizado.
Faltava este blogue nos meus links! (escrito enquanto oiço Cecilia Bartoli)
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