Hoje fui ao CCB ouvir mais um Concerto à Conversa. Neste caso havia três excelentes razões para ir. Em primeiro lugar pela Sonata de Cesar Franck que é uma das minhas obras preferidas pela enorme densidade poética, confesso que raramente consigo conter pelo menos uma lágrima mais ou menos rebelde ... Neste caso a interpretação a cargo de duas jovens foi fabulosa, verdadeiramente única! Tanto Tamila Kharambura no violino como Inês Andrade no piano ofereceram-nos uma leitura fresca e original de uma sonata que nunca me canso de ouvir ...
A segunda excelente razão era a interpretação de uma obra de António Fragoso. Pensava até à pouco que esta teria sido a sua ultima obra mas estudos recentes demonstram que não. Pouco importa o Allegro da Sonata Inacabada não deixa de ser uma obra fantástica. A interpretação a cargo de Ana Pereira (Violino) e Paulo Pacheco (Piano) também foi excelente. Não encontro no You Tube uma versão desta obra mas podem em vez disso ficar com uma das minhas peças preferidas de António Fragoso o Nocturno em Ré Bemol por Miguel Henriques.
Por fim mas não menos relevante ao contrário havia uma obra em estreia, Quasi una Sonata. Eu confesso-vos que quando escrevo aqui que na estreia de uma determinada obra de digamos Stravinsky um teatro cheio aplaudiu num primeiro tempo tenho inveja mas depois penso que afinal temos a oportunidade agora de viver momentos semelhantes em que se estreiam obras. Neste caso uma obra de António Pinho Vargas de que gostei, tem os elementos da "Média Dourada" de Mozart. Suficiente para os não especialistas como eu gostarem e certamente os elementos mais sofisticados que apenas ouvidos mais educados atingirão. Foram excelentes interpretes Miguel Henriques (Piano) e Gareguin Aroutiounian. Só é pena que para uma estreia absoluta não se tivesse enchido uma sala ... mas o problema aí não está na qualidade da obra mas antes na distracção do público. Não vos posso mostrar obviamente um link com a peça mas em compensação podem ouvir este Nocturno Diurno do mesmo compositor.
A única música que precisa de embalagem é a música de plástico.
domingo, 29 de maio de 2011
sábado, 28 de maio de 2011
Sergei Prokofiev (1891-1953) Segunda Parte
Continuamos hoje a biografia de Sergei Prokofiev que tínhamos começado aqui (Anos de Juventude). Nesta altura Prokofiev já compôs dois dos seus concertos para piano, estabeleceu uma sólida reputação enquanto pianista mas continua a lutar para se estabelecer enquanto compositor.
Entretanto estamos em 1914 e começa a primeira guerra mundial e mais importante no que diz respeito à vertente artistica Stravinsky é nesta altura considerado como a avant-guarde da música lugar que Prokofiev deseja atingir. Não surpreende assim que tente emular os "escândalos" que este ia conhecendo com ballets russos de Dhiagilev. Mostra-lhe o seu segundo concerto para piano e o produtor russo fica suficientemente entusiasmado para lhe encomendar um ballet que no entanto viria a recusar dois anos mais tarde quando este finalmente lho apresenta.
Prokofiev transformou esse ballet numa suite Orquestral Scythian Suite que foi um monumental fracasso no que diz respeito à critica quando se estreou em São Petersburgo em Janeiro de 1916. Já o publico gostou ao que terá ajudado o facto de grande parte dele já conhecer Prokofiev dos seus tempos do conservatório e do ciclo de música contemporânea que tinha ajudado a dinamizar nessa altura.
No ano seguinte eclode na Rússia a revolução Bolchevique e Prokofiev que desejava ter repouso para trabalhar retira-se para o Cáucaso onde se mantém relativamente neutro às facções em conflito. Esse ano é especialmente produtivo tendo o compositor terminado a sua Terceira e Quarta Sonatas (escolhemos aqui interpretações de Gilels e Richter) para piano o seu Concerto nº1 para Violino e ainda a sua Sinfonia Clássica (nº 1) . Isto para além de iniciar a concepção do seu terceiro concerto para piano e da obra coral "sete, eles são sete" (que viria a terminar ainda em 1918 embora já em S. Pertersburgo). Uma produção verdadeiramente fantástica.
Com a revolução caiu sobre a Rússia a censura quer imposta pelo regime (nenhuma obra podia ser publicada ou interpretada em público sem aprovação prévia) mas contrariamente a muitos compositores que se viram forçados a fugir Prokofiev conseguiu manter-se nas boas graças do regime bolchevista tentando não comprometer a sua identidade musical e mantendo a liberdade para se deslocar ao Ocidente para poder desenvolver a sua actividade artística. Um jogo difícil mas em que foi mestre.
Ainda em 1918 parte para Vladivostok e depois inicia um grande período de quase completa ausência da Russia viajando primeiro para o Japão depois para os Estados e finalmente para a Europa Ocidental onde ficaria até 1932. É desses anos que vos falaremos na terceira parte desta biografia.
Festival de Música de Setúbal - Programa
Leitores de Setúbal e arredores (incluindo Lisboa obviamente) se puderem não deixem de coordenar uma eventual ida à praia (duvido que o tempo concorde mas ... ) com este programa ...
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Duelo ao Piano
Ontem de manhã antes de ir ouvir os Concertos à Conversa de que vos falarei hoje estava na net á procura de Videos do Jean François Zygel em particular das sua famosas "Lessons de Musique" que vos queria mostrar. Infelizmente não encontrei o que significa que terei de produzir um exemplo aqui em casa a partir do DVD que possuo com algumas das suas lições.
Porém ao procurar encontrei um Duelo ao Piano que me deixou absolutamente siderado. Qualquer um dos dois pianistas "Zigel vs Gonzales" é brilhante e o resultado final do duelo na minha perspectiva é irrelevante. O duelo em si são sete partes (todas no You Tube) que vos garanto valem a pena ser vistas sobretudo para quem gosta de improvisação.
Gostei muito do conceito. Se um dia alguém quiser fazer um concurso de música com um mínimo de sentido (e de qualidade e propósito artístico, pese o ambiente descontraído e o facto de ambos não levarem a parte competitiva a sério) proponho que veja isto com atenção.
Porém ao procurar encontrei um Duelo ao Piano que me deixou absolutamente siderado. Qualquer um dos dois pianistas "Zigel vs Gonzales" é brilhante e o resultado final do duelo na minha perspectiva é irrelevante. O duelo em si são sete partes (todas no You Tube) que vos garanto valem a pena ser vistas sobretudo para quem gosta de improvisação.
Gostei muito do conceito. Se um dia alguém quiser fazer um concurso de música com um mínimo de sentido (e de qualidade e propósito artístico, pese o ambiente descontraído e o facto de ambos não levarem a parte competitiva a sério) proponho que veja isto com atenção.
domingo, 22 de maio de 2011
Sinfonica Juvenil e Concertos à Conversa
Este fim de semana está a ser dedicado a ir ver e ouvir concertos com jovens solistas e jovens Orquestras. Ontem fui ouvir a Sinfónica Juvenil no seu Concerto dos Bolseiros no Museu da Electricidade Hoje irei ao CCB ouvir a Camarata Musart composta essencialmente por alunos da ESML que irão acompanhar alguns jovens solistas. No programa de hoje Vivaldi, Carlos Seixas, Mozart e Haydn. Depois conto-vos mais ... Ah hoje é às 15h no Pequeno Auditório do CCB (Sala Eduardo Prado Coelho).
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Aniversário do Falecimento de Mahler
Fez ontem 100 anos que Mahler faleceu. Compositor que nunca conseguiu em vida o reconhecimento que merecia. Muito porque insistiam que se deveria concentrar na direcção de Orquestra e não admitiam que pudesse ser igualmente brilhante nos dois campos ...
Como detesto a especialização ...
Como detesto a especialização ...
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Peças Frescas no São Luís
Na segunda-feira, desculpem o atraso, fui ouvir no São Luís um "recital" (já explico as aspas) de peças dos alunos de composição da ESML. Música contemporânea que como sabem os visitantes mais atentos aqui do blog não é propriamente a minha chávena de chá.
Porém devo confessar que fui surpreendido. Gostei de quase todas as peças que ouvi talvez porque a maioria (quase totalidade) praticamente não recorresse a componentes gravadas ou electrónicas eventualmente as de que menos gosto - não sei estou apenas a especular.
Disse "recital" porque nas palavras do Prof. Luís Tinoco as obras que ouvimos - daí o nome Peças frescas ainda estão em processo de construção e logo estes encontros são também uma forma de testar e experimentar as obras.
Gostei em particular das obras "Os últimos esquisssos de Erich Zahn" de Tiago Rodrigues aluno do Prof. Sérgio Azevedo, Rente ao Chão de Nuno da Rocha aluno do professor António Pinho Vargas (a este propósito belo o poema de Eugénio de Andrade) e Alma de Mário Chan aluno do professor Luís Tinoco.
Prometo que aviso das próximas Peças Frescas à anteriori em vez de à posteriori. Eu vou lá estar certamente!
Porém devo confessar que fui surpreendido. Gostei de quase todas as peças que ouvi talvez porque a maioria (quase totalidade) praticamente não recorresse a componentes gravadas ou electrónicas eventualmente as de que menos gosto - não sei estou apenas a especular.
Disse "recital" porque nas palavras do Prof. Luís Tinoco as obras que ouvimos - daí o nome Peças frescas ainda estão em processo de construção e logo estes encontros são também uma forma de testar e experimentar as obras.
Gostei em particular das obras "Os últimos esquisssos de Erich Zahn" de Tiago Rodrigues aluno do Prof. Sérgio Azevedo, Rente ao Chão de Nuno da Rocha aluno do professor António Pinho Vargas (a este propósito belo o poema de Eugénio de Andrade) e Alma de Mário Chan aluno do professor Luís Tinoco.
Prometo que aviso das próximas Peças Frescas à anteriori em vez de à posteriori. Eu vou lá estar certamente!
sábado, 14 de maio de 2011
Alex Ross: The Rest Is Noise: LOC jukebox
A biblioteca do Congresso dos Estados Unidos tornou pública mais de 10.000 gravações da Victor Talking Machine com gravações do inicio do século XX. Dessas segundo Alex Ross a fonte desta informação cerca de 1.000 são gravações de música clássica.
Além da noticia em si ser interessante gostei especialmente do aviso na entrada do site da referida biblioteca "Historical recordings may contain offensive language" ... Proponho que oiçam por exemplo a Marcha Funebre de Chopin.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Aniversário de Buxtehude
Já tinhamos referido este compositor aqui embora não fosse propriamente uma biografia muito completa. Não só isso como também um dos discos que temos em destaque há já bastante tempo (interpretação de Rui Paiva) contém exclusivamente obras deste compositor.
O país a que Buxtehude pertence é tema de aceso debate entre a Dinamarca, a Suécia e a Alemanha. No entanto a maioria aceita que terá nascido em Helsinborg na altura uma cidade da Dinamarca (hoje parte da Suécia) estão já a ver a razão do conflito.
Embora tenha ficado especialmente conhecido pelas suas obras para teclas as suas cantatas são muito belas, proponho-vos esta:
O país a que Buxtehude pertence é tema de aceso debate entre a Dinamarca, a Suécia e a Alemanha. No entanto a maioria aceita que terá nascido em Helsinborg na altura uma cidade da Dinamarca (hoje parte da Suécia) estão já a ver a razão do conflito.
Embora tenha ficado especialmente conhecido pelas suas obras para teclas as suas cantatas são muito belas, proponho-vos esta:
domingo, 8 de maio de 2011
Jean Langlais (1907-1991)
Faz hoje 10 anos que faleceu o pianista, organista e compositor francês Jean Langlais. Langlais que nasceu em La Fontenelle na Bretanha em 15 Fevereiro de 1907.
Langlais ficou cego com apenas dois anos. Filho de uma família com parcas possibilidades económicas começou por estudar no Instituto para os Jovens Cegos e depois no conservatório de Paris onde foi aluno de Marcel Dupré (orgão) e Paul Dukas (composição).
Compositor prolífico distinguiu-se também como interprete tendo dado mais de 300 recitais nos Estados Unidos. Nesse aspecto enquanto interprete salienta-se o facto de em 1949 ter sucedido a Cesar Franck enquanto organista no prestigiado órgão de Sainte Clotilde em Paris.
Enquanto compositor como dissemos foi bastante prolífico. O seu trabalho mais conhecido talvez seja Missa Solene.
Jean Langlais faleceu em Paris a 8 de Maio de 1991.
Langlais ficou cego com apenas dois anos. Filho de uma família com parcas possibilidades económicas começou por estudar no Instituto para os Jovens Cegos e depois no conservatório de Paris onde foi aluno de Marcel Dupré (orgão) e Paul Dukas (composição).
Compositor prolífico distinguiu-se também como interprete tendo dado mais de 300 recitais nos Estados Unidos. Nesse aspecto enquanto interprete salienta-se o facto de em 1949 ter sucedido a Cesar Franck enquanto organista no prestigiado órgão de Sainte Clotilde em Paris.
Enquanto compositor como dissemos foi bastante prolífico. O seu trabalho mais conhecido talvez seja Missa Solene.
Jean Langlais faleceu em Paris a 8 de Maio de 1991.
sábado, 7 de maio de 2011
O meu filho faz hoje 19 Anos e um pouco de Mahler
Em anos anteriores temos tido aqui algumas selecções musicais especiais nestas datas. Este ano também teremos, não é bem um presente virtual mas poderia ser agora que estás fascinado por Mahler.
Não há grande coisa que te posso mostrar que não conheças agora que posso trautear a sétima sinfonia graças ao maravilhoso CD que deixaste no meu carro o outro dia ... bem tu dirias que é melhor que me cale :-) ...
Neste dia para não destoar deixo-te apenas Das Liede von dem Erde que talvez seja a obra que prefiro de Mahler ... e digo-te talvez porque agora graças a ti tenho a sétima a martelar os neurónios (que se te lembras fomos ver ao coliseu aqui há uns anos creio que pela Sinfonica Juvenil de Mahler se não estou em erro). Neste extracto que escolhi interpretada por Bernstein que como já disse aqui tinha um entendimento do compositor que ultrapassa qualquer outro ...
Continua a ser simplesmente como és ... Um pouco como presente, um pouco como incentivo para que aprendas francês aqui fica um extracto dum poema de Verlaine ... Não sei se este Debussy ou Ravel terão musicado ...
Ah! les premières fleurs, qu'elles sont parfumées! - Et qu'il bruit avec un murmure charmant - Le premier oui qui sort de lèvres bien-aimées!
Não há grande coisa que te posso mostrar que não conheças agora que posso trautear a sétima sinfonia graças ao maravilhoso CD que deixaste no meu carro o outro dia ... bem tu dirias que é melhor que me cale :-) ...
Neste dia para não destoar deixo-te apenas Das Liede von dem Erde que talvez seja a obra que prefiro de Mahler ... e digo-te talvez porque agora graças a ti tenho a sétima a martelar os neurónios (que se te lembras fomos ver ao coliseu aqui há uns anos creio que pela Sinfonica Juvenil de Mahler se não estou em erro). Neste extracto que escolhi interpretada por Bernstein que como já disse aqui tinha um entendimento do compositor que ultrapassa qualquer outro ...
Continua a ser simplesmente como és ... Um pouco como presente, um pouco como incentivo para que aprendas francês aqui fica um extracto dum poema de Verlaine ... Não sei se este Debussy ou Ravel terão musicado ...
Ah! les premières fleurs, qu'elles sont parfumées! - Et qu'il bruit avec un murmure charmant - Le premier oui qui sort de lèvres bien-aimées!
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