O ano passado escrevia-te assim, dizia-te o que gostaria de te ter dito o que gostaria de ter mudado. Haveria (há) certamente muito a acrescentar. Passado um ano, o tempo que parece mudar tudo mas que pouco toca à substância das coisas, faz-me ter vontade de voltar a escrever-te. Tinha é verdade este texto em rascunho desde de manhã mas não sabendo ao certo explicar porquê não me decidia a carregar no botão publicar.
Agora depois da nossa missa, do momento em que todos os meses me sinto ao mesmo tempo mais perto e mais longe de ti, desse momento de paz é verdade mas em simultâneo de saudade, tanta saudade, percebo a razão pela qual não conseguia publicar o texto.
Faltava-me dizer-te duas coisas que sempre foram tão importantes para nós. Em primeiro lugar a nossa vontade de viver no presente. Por isso mudei o tempo verbal deste post. Fazes hoje 49 anos. Para mim, para o Miguel - o nosso filho - o teu grande amor. Para todos nós. Fazes e farás sempre anos neste dia não porque pretenda viver na memória do passado, isso também me ensinaste, mas porque precisamente percebi que estarás sempre comigo.
Percebi-o hoje quando me fizeram uma pergunta sobre este projecto de post. A tua luz, a tua alma se passou um pouco (muito pouco) para mim está integra na alma do Miguel; incondicional e pura. Encontro conforto em saber que isso tu sabias porque disso falamos tantas vezes.
Partilhamos os três muitos momentos juntos e desses muitos envolviam música claro. Clássica em alguns casos noutros nem tanto. Porque neste blog há quase sempre música pareceu-me que fazia sentido partilhar contigo, convosco uma canção que nos uniu musicalmente. Não deverias ter mais de 10/11 anos quando começamos a ouvir contigo Sérgio Godinho. E lembro-me do sorriso da tua mãe quando percebeu o quanto gostavas de algumas canções. Uma delas lembro-me em particular porque rindo nos interrogamos se entenderias totalmente. Como ainda por cima se aplicaria à nossa história ficamos por aqui ...
Caro Fernando...
ResponderEliminarHá coisas tão intimas , tão límpidas que nem poeira filtrada em raio de sol consegue penetrar.
Qualquer coisa no que belamente escreve de tão, tão, tão " Adagio Molto Affettuoso" que o próprio silêncio treme.
Vislumbro um sorriso imenso na sua Mafalda. Cantarolá mesmo o Sérgio enquanto afaga farol olhos invísiveis o Miguel.
Desculpe a intromissão, comovido no meu lado bom pela sublime beleza do que escreveu.
Nada que pedir desculpa. Não há intromissão, partilho o que não tenho problema em partilhar. Todos os comentários como este são sempre muito bem vindos. Mesmo. Aliás tenho que lhe agradecer porque se o sorriso da Mafalda apenas o podemos entrever o meu garanto-lhe que existiu ao ler o seu comentário. Obrigado mesmo.
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