Depois de ontem termos falado das seis primeiras sinfonias de Londres hoje abordaremos as seis ultimas.
A Sinfonia nº 99 em Mi Bemol Maior deverá ter sido composta em Viena (1793) em preparação já para a segunda viagem. Foi estreada a 10 de Fevereiro de 1794. Haydn opta pela mesma configuração, 4 andamentos começando o primeiro andamento com uma introdução lenta seguida de um alegro um tema lento no segundo andamento um minueto no terceiro e por fim um andamento rápido. Nesta sinfonia destaca-se um desenvolvimento notável do primeiro andamento mas sobretudo o segundo andamento que se diz ser uma elegia à sua amiga Marianne von Genzinger que tinha falecido recentemente. Mesmo que assim não seja é verdade que esse andamento atinge uma profundidade emocional notável para uma obra do período clássico com toda a sua contenção sentimental.
A Sinfonia nº 100 (Militar) em Sol Maior deve o seu cognome ao segundo andamento que neste caso abandona o típico andamento lento pela utilização intensiva da percussão. Na verdade em toda a sinfonia podem ser com alguma imaginação detectados elementos "marciais" muito pelos ritmos utilizados. esta sinfonia foi estreada a 31 de Março de 1794 tendo sido provavelmente escrita tanto em Londres como em Viena entre os anos de 1793/1794.
A Sinfonia nº 101 em Ré Maior é intitulada "Relógio" de novo pelo ritmo introduzido no segundo andamento que se assemelha ao ruído desse mecanismo de precisão. Foi estreada a 3 de Março de 1794 sendo desde logo um enorme sucesso (considerada a melhor obra de Haydn até então).
A Sinfonia nº 102 em Si Bemol Maior será de acordo com os estudos mais recentes a que verdadeiramente se deveria chamar "Milagre" dado que o evento do candelabro terá efectivamente acontecido durante a sua estreia (e não na 96 como se pensou durante bastante tempo). Pelo facto de não ter nenhum sub-titulo é relativamente menos conhecida que a nº 100 ou 101 o que é uma injustiça porque por se trata de uma obra em que podemos encontrar tudo o que caracteriza Haydn. No primeiro andamento temos o elevado nível de tensão e agressividade que Haydn tão bem sabe gerir para criar verdadeiras montanhas russas. No segundo andamento é uma longa, delicada e complexa cantilena típico do génio de Haydn. O terceiro andamento por seu lado representa o aspecto "campestre" e simples de Haydn. Robusto mesmo. Simples. Por fim o ultimo andamento é um hino à alegria com os seus silêncios súbitos e transbordante energia; típicas "piadas" musicais de que Haydn tanto gosta.
A Sinfonia nº 103 - "Drum roll" - por motivos óbvios se ouvirem logo o inicio foi estreada a 2 de Março de 1795. Esta sinfonia em Mi Bemol Maior tem a estrutura mais comum das sinfonias de Londres abrindo com um adagio que se se transforma num Allegro seguido de um andamento lento que foi um dos grandes sucessos na estreia tendo sido pedida a sua repetição. Note-se a este propósito que nesta altura era frequente as obras serem interrompidas para ser repetido o andamento a pedido do público o que se pensarmos bem não deixa de fazer sentido numa altura em que não havia forma de aceder a esta forma de arte a não ser através da música tocada ao vivo ... Uma pessoa na sua vida se pudesse ouvir digamos uma sinfonia por mês teria muita sorte e faria com toda a certeza parte de alguns poucos privilegiados. O quarto andamento desta sinfonia é verdadeiramente uma das obras de primas de Haydn. Aliás para ser sincero as Sinfonias 102 a 104 representam o expoente da Sinfonia no Período clássico. Curiosamente destaca-se um solo para o primeiro violino que na estreia foi interpretado por Viotti, compositor de quem já falamos.
A Sinfonia nº 104 (Londres) tem um sobrenome algo esquisito dado que na verdade todas as 12 sinfonias de que vos falámos mereciam igualmente este nome; talvez por ser a ultima tendo sido estreada em 4 de Maio de 1795. Estruturalmente segue o esquema da maioria das restantes sinfonias deste conjunto.
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