Ora aqui está uma pergunta que com certeza irá gerar alguma polémica. Fica o aviso que se trata de uma escolha pessoal e não consensual.
Em primeiro lugar quero dividir esta questão em duas partes. Primeiro maestros ou Orquestras que tenham realizado gravações integrais das Nove Sinfonias e neste caso avaliamos essas gravações como um todo. Há sempre umas melhores, outras piores até porque no caso de Beethoven temos nitidamente dois períodos totalmente diferentes que se misturam e que tornam esta resposta particularmente difícil.
Nas gravações integrais pessoalmente conheço razoavelmente bem duas e ouvi partes de algumas outras (também vos vou falar delas caso as prefiram não as vou comparar porque não as conheço suficientemente bem). As duas que conheço bem são as de Karajan (com a Filarmónica de Berlim) e de Bernstein (com a Filarmónica de Viena). entre as duas há certamente uma guerra de partidários tão forte como uma espécie de Sporting/Benfica (leitores brasileiros adaptem para Fla/Flu ou qualquer outra rivalidade, leitores americanos vamos para os Lakers/Celtics). Apesar disso vou tomar partido por uma delas: A de Bernstein. Não porque considere qualquer um dos maestros superior mas porque penso que a leitura de Bernstein é um pouco mais equilibrada, Karajan é muito mais romântico e isso nas primeiras três/quatro sinfonias não está certo.
A beleza do mundo moderno é que podem adquirir qualquer uma destas integrais facilmente e por um preço bastante razoável (tratando-se de 9 obras completas) na Amazon. Aqui ficam os dois:
No que diz respeito às integrais que não conheço tão bem existe uma que antecede as duas de que vos falei e que para além do valor musical tem também um valor histórico. Trata-se da gravação de Toscanini com a Orquestra Sinfónica da NBC (neste caso o formato é download digital apenas).
No que diz respeito às integrais mais recentes e que posso recomendar como sendo de qualidade gostaria de vos propor várias alternativas. Sem ordem de preferência temos as seguintes alternativas: Bernard Haitink com a London Symphony Orchestra (apenas em formato digital), Simon Rattle com a Filarmónica de Viena (de novo) e por fim Robert Chailly com a Gewandaus de Leipzig.
No que diz respeito às gravações obra a obra vejamos então por ordem.
Sinfonia nº 1 : Propomos uma gravação de 1964 por George Szell com a Orquestra Sinfónica de Cleveland.
Aliás a este propósito convém referir que esta também não seria uma má opção para a alternativa das integrais mas dentro das gravações com menos qualidade sonora preferi destacar a de Toscanini.
Sinfonia nº 2: Para esta Sinfonia recomendamos uma gravação que está no nosso conjunto de integrais precisamente aquela que acabamos de referir, a gravação que faz parte da Integral de Toscanini.
Sinfonia nº 3: A terceira sinfonia é um caso muito especial. É uma obra charneira nas sinfonias de Beethoven ao mesmo tempo clássica mas contendo já os primeiros pingos de um romantismo nascente. Por esta razão uma boa interpretação desta obra não pode ceder à tentação de cair numa efervescência total de sentimentos mas também não pode interpretar esta obra como se de uma Sinfonia Clássica se tratasse. Esse equilíbrio difícil parece-me conseguido com a gravação de Gardiner e a Orquestra Revolucionária e Romântica. Interpretada em instrumentos de época e com um nome quase perfeito para esta sinfonia ...
A propósito esta mesma orquestra com este maestro gravou também a integral das sinfonias de Beethoven só que para as sinfonias mais românticas do conjunto sinceramente este agrupamento sabe-me a pouco.
Sinfonia nº 4: Se a Sinfonia nº3 é complicada de interpretar pela dicotomia que apresenta a nº 4, a perfeição da forma não poderia ser mais clássica na sua aparência. Aqui vou optar apesar de tudo o que disse pela interpretação de Karajan na sua integral.
Sinfonia nº 5: Se o destino batesse à porta seria assim a sua batida diz-se. Para muitos esta é a obra que mais influência teve no desenvolvimento da música. A escolha de uma interpretação para uma obra deste calibre e literalmente gravada milhares de vezes não é uma tarefa fácil. Para já poderia dizer-vos que qualquer uma das integrais que vos propus poderia estar aqui. Karajan, Bernstein ou Toscanini só para exemplificar poderiam estar aqui. Resolvi no entanto fazer-vos duas outras sugestões. Em primeiro lugar Furwangler nas gravações realizadas entre 1942 e 1944 com a Filarmónica de Berlim. Depois numa gravação mais recente Carlos Kleiber em 1974 com a Filarmónica de Viena.
Sinfonia nº 6: Depois do destino a "Pastoral", uma obra que se diria o produto de um homem feliz (embora curiosamente esta sinfonia possa ter sido composta em simultâneo com a nº 5. Uma obra ideal para a introspecção não para as grandes manifestações de emoção. Vou propor-vos um maestro que ainda não tinha mencionado nestas nossas recomendações, Karl Bohm com a Filarmónica de Viena de novo.
Sinfonia nº 7: Conhecida sobretudo pelo segundo andamento, aquele andante de partir autenticamente o coração mais insensível não deixa de ter também um quarto andamento que já foi apelidado a "apoteose da dança". Confesso-vos que hesitei bastante antes de vos recomendar uma gravação. Porém após alguma reflexão aqui fica a sugestão: Optem pela versão de Karajan com a Filarmónica de Berlim.
Sinfonia nº 8: Para esta sinfonia uma das menos consideradas e interpretadas (curiosamente Beethoven pensava que a oitava era melhor que a sétima) escolhemos um outro maestro de quem poderiamos também ter proposto a integral como o exemplo de uma interpretação moderna. Trata-se de Daniel Barenboim com Staatkapelle de Berlim.
Sinfonia nº 9: Se todas as escolhas que fiz até aqui são escolhas pessoais esta ultima é a mais pessoal de todas elas. Para mim não existe Nona Sinfonia de Beethoven sem Bernstein. E qual gravação? A de Berlim já sem muro com músicos de várias orquestras alemãs pelo seu significado histórico. Poderão dizer-me que tecnicamente e artisticamente haverá melhores gravações e interpretações. Eventualmente sim. Acontece que para mim o local e a circunstância também contam ...
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