sábado, 25 de outubro de 2014

A melhor pesquisa da semana - nº1 de 2014 - "Os sentimentos expressos nas sinfonias de Beethoven"

"Os sentimentos expressos nas sinfonias de Beethoven"

Esta é uma boa pesquisa e uma boa questão porque a sua resposta pode ser dada de muitas formas diferentes. Uma das características de uma boa pergunta !

A primeira resposta que pode ser dada é que as Sinfonias de Beethoven são tão grandes quanto a vida. Os sentimentos expressos são nem mais nem menos que todos os que passam por todos e cada um dos seres humanos que existem ou existiram.

Ou então pelo menos eles exprimem os sentimentos de quem as ouve. Serão uma espécie de camaleões reflexivos à anteriori ou à posteriori. Em cada uma das obras de Beethoven poderemos ouvir um reflexo, uma imagem dos nossos sentimentos.

Ora bolas estarão a resmungar. Não é nada disso que o leitor está a perguntar. O que o leitor está a perguntar é "Que significado quis o compositor dar a cada uma das suas sinfonias ou aos andamentos que as compõem". Curiosamente apesar das aparências era essa a questão a que estava a responder.

Para vos explicar porquê terei que relembrar a velha questão sobre a música programática versus musica abstracta. A maioria das obras de música clássica são puramente abstractas ou então têm intenções enunciadas pelos compositores mas que são na maioria dos casos intenções expressas de forma abstracta e portanto susceptíveis de serem lidas de outra forma.

A música programática explicita com excepção das obras onde existe uma componente cantada com lírica é rara. Existem excepções como a Sinfonia Fantástica de Berlioz ou as Quatro Estações de Vivaldi porém mesmo estas na verdade fossem as notas programáticas perdidas e poderíamos muito bem achar que se tratam de obras com intenções totalmente diversas.

Por outras palavras, claro que é útil lerem os textos explicativos que vos entregam no inicio dos concertos ou que publico aqui. Dão à obra um contexto que vos permite uma interpretação diferente mas mais importante do que o conhecimento é sem dúvida é a vontade de ouvirem música. Qualquer música que vos agrade sem grande preocupação pelo que é "suposto" sentir ou exprimir. Seja o que for que sentirem estará correcto.

Tomem como exemplo o Adagio da Sétima Sinfonia de Beethoven com o qual vos deixo. Dificilmente encontrarão um excerto mais pungente e que mais facilmente desperta as mais diferentes emoções: alegria, tristeza, saudade e os mais opostos sentimentos: amor, ódio, calma ou paixão. Pouco importa. O que importa mesmo são os 9 minutos sublimes que podemos repetir tantas vezes quantas quisermos porque nunca são iguais. Como um camaleão reflexivo a obra exprime o que não conseguimos dizer ou apurar.

2 comentários:

  1. É a única obra de Beethovem que realmente aprecio.

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  2. A única? Bem caro anónimo há assim de memória pelo menos mais uma dúzia que estão no topo das minhas preferidas e uma outra dúzia que realmente aprecio :-)

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