terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Carta aberta à FNAC do Vasco da Gama

Exmos Srs.

A primeira vez que entrei numa FNAC em França umas largas dezenas de anos atrás ainda a vossa cadeia era apenas uma miragem em Portugal - digo miragem porque na verdade na altura as vossas lojas eram efectivamente templos de cultura - lembro-me de ter tido precisamente essa impressão. Que se respirava nesse espaço o gosto do conhecimento, quer literário quer musical.

Este fim-de-semana tive o desprazer de voltar à vossa loja no Vasco da Gama. Para manter as coisas sem adjectivos demasiado fortes diria-vos o seguinte: Eu teria vergonha da selecção de música francesa que oferecem.

E escusam de me dizer que é o sinal dos tempos e das preferências. Escusam de me dizer isso porque é impossível ser duas coisas ao mesmo tempo. Se o vosso posicionamento é ser um templo do consumo tudo bem, basta dizê-lo que deixarei de vos visitar. Há outras lojas não físicas onde posso encontrar o que procuro. Porém se desejam manter a diferença em relação ao resto há mínimos olímpicos, há mínimos olímpicos a que estão longe muito longe de chegar.

Não aceito que numa FNAC exista um linear inteiro de topo a baixo para RAP e apenas nem metade de metade de um linear para música francesa. Inaceitável. E pior ainda, poderíamos dizer que era uma boa selecção, mas nem isso. Tenham vergonha, tenham vergonha.

O ponto positivo era que para mim era difícil entrar numa FNAC porque já sabia que sairia com o amargo sentimento de não ter trazido nem 10% do que gostaria. Não neste fim-de-semana, não neste fim-de-semana. Neste fim-de-semana a dificuldade foi encontrar alguma coisa de jeito. Lá se encontrou perdido no meio de uma selecção descompensada e anárquica um bom disco mas foi mesmo como encontrar uma agulha num palheiro.

Mudem, voltem ao que eram e rápido. É que sabem esse outro espaço a que parecem almejar já está ocupado por outros bem melhores nesse posicionamento do que vós.

2 comentários:

  1. A FNAC de hoje não tem nada a ver com o que era há uns anos. Mesmo no Algarve a secção de música clássica era respeitável, e está agora reduzidíssima.
    O que sempre achei curioso foi o expositor de cinema asiático não ter um único filme indiano.

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    1. Pois há coisas que não se entendem mesmo. Ou melhor as causas até se entendem, porque razão se persiste é que é um mistério ...

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