quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Sinfonia nº 7 de Bruckner

Para mim Bruckner e em especial esta 7ª Sinfonia relembra-me Salzburgo e uma noite de frio (frio de Verão entenda-se) em que a pude ouvir numa das suas praças  numa projecção de video como se faz por cá para um jogo de futebol.

Não a praça não estava cheia - haveria provavelmente outras atracções artisticamente mais relevantes na cidade mas na altura lembro-me de pensar que era sem dúvida diferente ...

Ao procurar uma imagem para representar este post apercebi-me que na verdade Bruckner representa para mim ainda uma outra memória, esta não musical e que vos deixo adivinhar ... 

A sinfonia composta em 1883 e revista dois anos depois naquela procura incessante da perfeição que caracterizava o compositor tem os habituais quatro andamentos sendo dedicada a Ludwig II da Baviera.  Os quatro andamentos são dispostos numa forma clássica naquela que é uma das sinfonias mais conhecidas de Bruckner e sinceramente uma das que prefiro e que acho mais fácil para quem se inicia à música clássica. 

E sim quem se inicia um dia tem que ouvir Bruckner, o homem das sinfonias que não acabam (esta tem uma duração superior a uma hora) e por isso esta obra faz parte das nossa recomendação das 100 Obras. Também poderia fazer parte dessa mesma lista a quarta sinfonia mas pela razão que expus prefiro esta.

Por essa razão e pelo magnifico segundo andamento um adágio que se diz ter sido escrito já com a morte de Wagner em pensamento (na altura em que Bruckner compôs a obra Wagner estava já profundamente doente). Se quiserem cometer o pecado de não ouvir a obra completa então seleccionem este segundo andamento.

A obra como muitas das composições de Bruckner está envolvida em alguma polémica quanto a revisões exteriores à vontade do compositor nomeadamente de Arthur Nikisch maestro que dirigiu a estreia no teatro da Opera de Leipzig pela Orquestra da Gewendhaus a 30 de Dezembro de 1884.

Deixo-vos com a interpretação da Orquestra do Festival de Lucerna dirigida por Claudio Abbado que suponho segue a versão anotada por Nikisch.


6 comentários:

  1. Só muito recentemente descobri Bruckner, explorei então todas as sinfonias, recorda-me imensamente Wagner, apesar de ser diferente. Tive uma paixão pela sinfonia n.º 4.

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    1. Sim também gosto da 4. Simplesmente esta sétima tem para mim um significado especial. Admito o bias ...

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  2. Raramente ouço Bruckner por inteiro... e de preferência os adagios. Este e o da 9ª ! A 4ª de facto é a menos maçadora.

    Bruckner parece-me como certas obras literárias que nunca mais acabam, "tijolos" em vários volumes, como Proust ou o Quarteto de Alexandria de Durrell. Admito que se possa ter prazer literário percorrendo aquela lenta e repetitiva escrita pela elegância do estilo, Assim também com estas sinfonias. No meu caso, preferia que fossem mais concisas. Nunca mais acontece nada - ou melhor: está sempre a acontecer a mesma coisa, safa, que maçadoria.

    E para piorar, Bruckner maneja massas orquestrais, tutti, e a secção de metais a bombar. Mas não sabe, ou não quer, nada de contraponto, de texturas harmónicas.

    E é deprimente. Ufa.

    Há uma cena de um filme de Bergman que dia quase tudo sobre Bruckner: um senhor bastante idoso, solitário e de mau feitio, com a aparelhagem ao máximo a debitar uma célebre passagem dos metais aos gritos, e a cabeça metida entre as colunas. Transcendente.

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    1. Pois Bruckner tem essa característica ... É preciso um estado de espírito muito especifico para conseguir ouvir do principio ao fim. Eu confesso que já consegui algumas vezes tanto a quarta como a sétima. Os adagios esses é mais frequente ouvi-los ...

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  3. a oitava de Bruckner tem sido a musica que mais me impressiona. sou apaixonado por todas dele.

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  4. A oitava é, pura e simplesmente, brutal (penso ser o adjetivo adequado)! Mas também a quarta e as restantes são obras magníficas (e não apenas os Adágios...). Não é música para todas as sensibilidades, certamente, mas, quanto a isso, muito pouco ou mesmo nada se pode fazer…
    H.

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