Conforme eventualmente poderão ter reparado esta semana não me foi possível fazer os meus post diários. Algumas actividades profissionais e outras musicais retiram-me a energia necessária para isso e preferi vegetar com os Jogos Olímpicos de Inverno e com modalidades tão cheias de acção como o Curling por exemplo. As minhas desculpas por esta interrupção.
No entanto tanto na Segunda-Feira como na Sexta-Feira consegui arranjar um bocado para ouvir música. De segunda feira já vos contarei. No que diz respeito a Sexta-Feira como diz o título fui ouvir "História de um Soldado" de Stravinsky na versão com narrador. O evento teve lugar no Grande Auditório do Museu do Oriente com uma sala composta para uma sexta-feira de temporal anunciado (estava a três quartos digamos). Pelo que percebi o espectáculo foi gravado pelo que eventualmente um dia poderemos todos usufruir dele. Seria uma pena que isso não acontecesse porque na realidade gostei muito do que ouvi e vi.
A história como sabem conta como um soldado vende o seu violino (alma) ao diabo em troca de um livro que prevê o futuro ... Não vos vou contar mais nada a não ser a moral da história que me parece bastante relevante para os dias de hoje e não pensem que defendo a miséria apenas me parece que muitas vezes damos demasiada importância à matéria, ao ter sobre o ser.
Não devemos procurar adicionar
Ao que já temos
Não podemos ser ao mesmo tempo,
O que somos e o que éramos
É preciso saber escolher
Não temos o direito de tudo ter:
É proibido
Uma felicidade é toda a felicidade
Duas é como se já não existissem.
A obra foi estreada a 28 de Setembro de 1918 em Lausanne dirigida por Ernest Ansermet tendo sido dedicada por Stravinsky a Werner Reinhart (1884-1951) filantropo que o ajudou a produzir a estreia e que seria um dos mecenas de Stravinsky durante toda a sua vida.
A versão que ouvi foi a versão portuguesa de Mário Cesariny a partir do original de Charles Ferdinand-Ramuz. O ensemble de músicos da Metropolitana foi dirigido por Cesário Costa. O hepteto era constituído por Adrian Florescu (Violino), Nuno Silva (Clarinete), Franz Dörsam (Fagote), Sérgio Charrinho (Trompete), Reinaldo Guerreiro (Trombone), Fernando Llopis (Percussão). O papel de Narrador, Soldado e Diabo foi magnificamente interpretado por António Fonseca.
Não podendo dar-vos para já a oportunidade de ver exactamente o que ouvi proponho-vos dois vídeos de 1955 com os ensaios da peça pelo próprio Stravinsky, dois documentos históricos que não podem perder !
Ensaios História de um Soldado (Primeira Parte), Ensaios História de um Soldado (Segunda Parte)
Para terem uma ideia da obra podem ver e ouvir esta versão em inglês: Parte 1 , Parte 2, Parte 3, Parte 4 ou ainda uma versão completa aqui (dirigida por Esa-Pekka Salonen - altamente recomendado !)
Benvindo, Fernando!
ResponderEliminarGosto muito da música da "História do Soldado" de Stravinsky. Penso mesmo, que só uma música com uma tal sonoridade nos podia contar uma história com o eterno tema: vender a alma ao diabo.
Continuação de um domingo musical!