sábado, 14 de abril de 2012

Arturo Michelangeli - O Eterno Poeta do Piano e Scarlatti

Quando há uns dias publiquei este post sobre algumas das peças de Scarlatti estava longe de imaginar que a edição deste mês da Diapason me iria proporcionar uma interpretação de algumas das obras desse compositor pelo eterno poeta do Piano Arturo Michelangeli; uma das figuras mais enigmáticas da música do século XX.

Concertos raríssimos, gravações também não muito frequentes, um perfeccionista tão absoluto como Glenn Gould ou Richter com a diferença destes últimos que se o primeiro preferia as gravações aos concertos e o segundo os concertos às gravações Michelangeli tinha uma relação com o publico ainda mais difícil não gostando nem de uma forma nem de outra de exposição.

É famosa a frequência com que cancelava os seus concertos ao ponto de alguém ter um dia publicado num jornal especializado um anúncio dizendo: "Michelangeli e Horowitz disponíveis para um número ilimitado de cancelamentos". É famosa também a sua relação tempestuosa com os seus instrumentos - por vezes revestida de caracter rocambolesco como a apreensão dos mesmo por um cancelamento ou dividas de uma sua sociedade ou ainda o seu "afogamento" numa cave algures em Lyon entretanto inundada. As suas visitas à sede da Steinway em Berlim eram temidas pelos engenheiros pela sua capacidade em facilmente notar a menor falha na concepção dos instrumentos.

Todas estas histórias não eram mais do que o espelho de um maníaco da perfeição e contribuíram largamente para a construção de uma imagem mítica que ainda hoje perdura.

Mas dizia que no Disco deste mês a Diapason presenteia-nos com Chopin, Liszt, Bach, Albenitz e Scarlatti interpretados pelo grande pianista. Uma lista curiosa dado que Chopin foi um compositor que nem sempre foi interpretado por Michelangeli e de Bach escolheu-se uma transcrição da Chaconne. Essa escolha é aliás excelente dado que Michelangeli gostava de piano mas foi também um especialista em trazer para este instrumento algumas peças escritas originalmente para outros instrumentos. Esta Chaconne assim interpretada fica algo de notável (na transcrição de Busoni).

Quanto a Scarlatti podemos ouvir neste disco as obras K9, K11, K27 e K322.

Deixo-vos com a K27 em Si Menor ficando desde já prometida para breve uma incursão em Debussy o compositor preferido do pianista.


2 comentários:

  1. Ouço imenso Michelangeli no piano romântico. sobretudo Beethoven, Brahms e Chopin. Mas em Scarlatti... esta K27 não está nada como eu gosto. Muito apressada. Será assim a Chaconne?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não tanto como neste caso. Os tempos são sempre muito uma questão de gosto pessoal. Pessoalmente também prefiro na musica barroca uma interpretação mais lenta que deixe as melodias serem mais perceptíveis, pese a clareza da articulação do Micheangeli. Em resumo também gosto um pouco mais lento ...

      Eliminar

Oportunidades na Amazon