sábado, 23 de fevereiro de 2013

Pesquisa da Semana (#07-2013) : A vida pessoal de Arturo Benedetti Michelangeli

Este post está em atraso desde a semana passada. Na verdade não é nosso costume enfatizar demasiado a vida pessoal dos músicos porém neste caso fazemos uma excepção.


Este pianista sempre protegeu muito a sua vida privada e por isso esta questão tem alguma razão de ser pelo menos nos aspectos que nos podem ajudar a compreender a forma como interpretava e a escolha do seu reportório. Por isso nesta resposta procuraremos apenas dar-vos os elementos que são públicos e que nos ajudem a entender como é que ele entendia a sua arte. O resto tal como desejaria pertence à esfera privada ...



Arturo Benedetti Michelangeli nasceu em Brescia, Itália a 5 de Janeiro de 1920. Embora tenha começado pelo violino rapidamente foi no piano que percebeu que residia a sua forma de expressão. Casou-se em 1940 com Guiliana Guidetti que conheceu na sua cidade natal e que tinha sido sua aluna e com quem permaneceu até 1970. A partir dessa data a sua companheira foi Marie-José Gros Dubois sua secretária e 20 anos mais nova. Arturo Benedetti Michelangeli era tão discreto quanto à sua vida privada que muitos desconheciam o facto de ele ser casado.

Gostava de tocar pela noite dentro, detestava tocar em público (deste ponto de vista tinha muitas semelhanças com Glenn Gould), gostava de carros (a sua única paixão conhecida além da música) e de conduzir o seu Ferrari a alta velocidade. Detestava entrevistas e quando as dava muitas vezes contava mentiras sobre o seu passado ou origens; como se se tratasse realmente de uma ficção voluntária.

Arturo Benedetti Michelangeli era um perfeccionista e por isso muitos consideravam o seu reportório bastante limitado avaliando o que tocava em público. Porém na verdade o pianista conhecia praticamente todas as obras de piano e tinha interesse por todos os compositores (que aliás venerava), simplesmente apenas aceitava interpretar em público uma obra quando verdadeiramente considerava ter extraído a sua essência, a pretendida pelo compositor. Aliás para ele os aplausos eram devidos não ao interprete - detestava também o protagonismo que lhe era conferido - mas sim ao compositor.

Não aceitava qualquer aluno mas mais do que dar aulas a grandes estrelas ou promessas de virtuosos talvez por causa do que acabamos de dizer preferia ensinar professores ou simplesmente pessoas que julgava terem verdadeira paixão pela música.

Era obcecado pela perfeição também nos instrumentos que utiliza em palco ao ponto de muitas vezes fazer deslocar um dos seus pianos. Quando a companhia de gravação que fundou faliu e o estado Italiano lhe confiscou os seus pianos como forma de pagamento Arturo Benedetti Michelangeli considerou isso uma afronta e deixou a Italia para nunca mais voltar, diz a lenda que recusando mesmo participar em concertos organizados por Italianos ou em que estes tivessem uma participação relevante (incluindo na audiência ... ). Existem algumas excepções a esta regra nomeadamente um concerto que deu em Brescia, sua cidade natal ou na Cidade do Vaticano mas foram excepções que confirmam a regra.

Arturo Benedetti Michelangeli faleceu em Lugano na Suiça a 12 de Junho de 1995 vitima de uma doença prolongada. Na sequência da descrição que o caracterizou o artista deixou instruções explicitas para que a causa da morte não fosse divulgada. Foi enterrado em Pura perto de Lugano sem qualquer lápide que indique o local da campa.

Para terminar em música deixo-vos com uma gravação com imagem do grande artista interpretando um dos seus compositores preferidos, Chopin.

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