E lá está, um dia teria de escrever sobre este ciclo de obras ... Não o faço propriamente a contragosto porque se está nesta lista é porque é uma daquelas obras incontornáveis. Porém para vos ser sincero não corresponde exactamente ao tipo de música de que gosto, mas obviamente este monumento tinha de estar nesta lista.
O ciclo completo é composto por quatro obras distintas que têm sido interpretadas em separado embora a intenção de Wagner fosse que fossem interpretadas como um ciclo (note-se que cada uma das obras dura entre 2:30 (Das Rheingold - A primeira das quatro) e algo entre 4:00 e 5:00 para a ultima (Gotterdammerung) para um total de mais de 15h de música ... Música com uma orquestração intrincada, verdadeiramente uma obra de arte totalmente e absolutamente romântica na sua maravilhosa complexidade tanto musical como do próprio enredo onde é fácil perder-se tantas são as personagens, traições, juramentos e palavras dadas.
Wagner compôs este ciclo entre 1848 e 1874 tendo a primeira apresentação enquanto ciclo ocorrido apenas em 1876 no festival de Bayreuth entre os dias 13 e 17 de Agosto.
O Libretto do próprio Wagner é baseado num poema épico do século XII de origem germânica ou nórdica antes do período de cristianização. Para quem conhece o Lord of the Rings (Senhor dos Anéis ) em particular a sua fundamentação pode-se dizer com alguma liberdade poética que a origem é aproximadamente a mesma - as lendas nórdicas.
Sem querer revelar demasiado do enredo - aliás se o fizesse receio que este post bateria facilmente o record de número de palavras e vos fatigaria além do imaginável - decidi fazer apenas um breve resumo do que está em causa em cada uma das obras sem grande detalhe quanto ao enredo. Um sumário da moral se quisermos ... Um aviso quanto à dita moral - é uma interpretação pessoal e portanto sujeita a ser discutida e contestada.
Das Rheingold (O Anel de Ouro)
Esta obra foi concebida originalmente para três actos tendo sido reduzida para um único e é na verdade uma espécie de introdução ao resto da história sendo por isso de todas as peças aquela que mais dificilmente pode ser interpretada isoladamente - embora isso tenha acontecido e seja possível. Conta esta obra o roubo do ouro que possibilita a manufactura de um anel com propriedades mágicas que permitem o controlo do mundo e como este anel amaldiçoada trará a desgraça a quem o possuir - incluindo os Deuses.
Die Walküre (As Valquírias)
Os Deuses nesta obra decidem o destino dos mortais ... A importância da palavra e do dever parecem sobrepor-se ao amor.
Siegfried
Uma história de amor dir-se-ia quando Siegfried depois de matar o dragão que o guardava entrega a Brunnhilde o anel que permite ser dono do mundo como prova da sua fidelidade e amor.
Götterdämmerung (O Ocaso dos Deuses)
Num ambiente de "Armageddon" esta obra descreve a consequência das escolhas feitas nas obras anteriores ... uma obra sobre amor e traição e o fim dos Deuses ...
Bem... sou suspeito, sou fã deste conjunto de óperas e gosto de quase todas de Wagner, não deliro com o Parsifal, cansa-me tanta dor a obra e moleza do rei, e não ouvi ainda bem as anteriores ao Holandês Voador/Navio Fantasma, mas adoro o ciclo do anel, já ouvi muuitas vezes em casa e por essa Europa fora, a última vez no Scala de Milão com o Crespúsculo.
ResponderEliminarA Rhein é Reno, anel é Ring (estudei alemão precisamente por causa de Wagner/Schubert/Bach) logo a primeira parte do ciclo é o Ouro do Reno e não o Anel de Ouro.