Não é segredo para muitos de vós que o tempo passa mesmo depressa. Passa tanto mais depressa quanto gostariamos que não o fizesse ou mesmo que voltasse para trás. Vem isto a propósito de me ter apercebido que deixei a biografia de Yehudi Menuhin há quase um mês. Foi no dia 30 de Outubro que publiquei a Terceira Parte: A Guerra
Podem ler as duas primeiras partes desta biografia nestes dois posts:
Primeira Parte: Um Talento Precoce
Segunda Parte: Os Anos Antes da Guerra
Após o fim da guerra torna-se também maestro, um sonho que segundo o próprio tinha desde criança estreando-se num ensaio semi-privado com a Orquestra Sinfónica de Dallas curiosamente interpretando o prelúdio de Die Meistersinger de Wagner.
Pouco depois (1947) casa com Diana Gould que havia conhecido em Londres durante uma das suas variadas tournées para as tropas americanas que o levou a locais tão recônditos como o Alaska.
Esse ano aliás (1947) foi um ano difícil para Menuhin pois aceitou (para não dizer procurou) tocar sobre a direcção de Furtwangler que na altura estava praticamente proscrito e na lista dos músicos que teriam colaborado com o terceiro reich. Menuhin no entanto lembrou a comunidade internacional que Furtwangler tinha ajudado numerosos judeus a fugir da Alemanha. Disse ainda que o fazia num espírito de reconciliação e de recuperação do espírito da Alemanha. Não encontro uma gravação deste concerto mas encontrei uma outra de 1949 no Festival de Lucerna com o Concerto para Violino de Brahms.
Em 1948 estreia a sonata para Violino e Piano de William Walton encomendada pelo próprio Menuhin. Não encontro uma gravação desta obra por Menuhin portanto por enquanto proponho-vos o Concerto para Violino do mesmo compositor dirigido pelo próprio William Walton com a Sinfónica de Londres e Menuhin no Violino Solo.
Em 1950 inicia a actividade enquanto defensor dos Direitos Humanos que nunca viria a abandonar até à sua morte e fá-lo desafiando abertamente o apartheid na Africa do sul. Visita Israel apesar das ameaças de morte resultantes do facto de ter tocado com Furtwangler. Em 1952 faz uma tournée na India contra a fome.
Em 1954 inicia na Academia Nadia Boulanger aquele que viria a ser outro dos seus grandes legados ao mundo: A sua carreira enquanto professor. Em 1955 cria a sua primeira escola em Londres (mais tarde transferida para Surrey).
Também nos anos 50 e 60 inicia a sua colaboração com Festivais de música clássica nomeadamente o de Gstaad (1957) onde interpreta com Britten entre outros e também Bath (1959) do qual é o grande impulsionador e director artístico até 1968.
Em 1969 e durante três mandatos consecutivos torna-se presidente do International Music Council tendo durante o seu mandato criado o Dia Mundial da Música.
O epilogo desta história fica para a quinta e ultima parte desta biografia. Para vos deixar com música como sempre e porque já falamos da gravação de Brahms com Furtwangler (para muitos essa gravação não fosse o facto de ser mono seria a melhor gravação desse concerto) proponho que oiçam o dueto com Ravi Shankar. É justo terminar esta parte desta biografia porque na verdade esta tentativa de aproximação de várias áreas musicais foi também uma preocupação de Yehudi Menuhin expressa não só neste dueto mas também por exemplo nas suas gravações com Stephane Grappelli. (que aliás a propósito tem um dos sons mais bonitos e emocionalmente profundos que conheço). A propósito o primeiro dueto entre Shankar e Menuhin que teve lugar perante a Assembleia Geral da ONU em 1967 foi um momento memorável ...
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