segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Mensagem de Natal 2012

Este blog no dia de Natal já teve um pouco de tudo. Haydn, Honneger, muito Bach em várias formas desde as mais clássicas até a Bobby McFerrin. Hoje passados 5 anos desde essa primeira mensagem de Natal apeteceu-me voltar à poesia e numa espécie de rondo vou manter o poema de David Mourão-Ferreira com o qual tinha terminado.


NATAL À BEIRA-RIO

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

David Mourão-Ferreira, Obra Poética 1948-1988
Lisboa, Editorial Presença, 1988

Vou porém propor-vos uma música diferente tal como num rondo um tema ligeiramente modificado, ou mesmo totalmente modificado. Neste Natal que para mim é de uma verdadeira nova era, mudemos de música. Não bailemos ainda a valsa - essa fica reservada para outros momentos -  mas pelo menos fixamo-nos na esperança de um novo mundo  retornando a Bach e à Gavotte da Voyager do disco dourado uma espécie de esperança e alegria contida por um presente belo mas difícil. Interpretação por Arthur Grumiaux.




Um Santo Natal para todos

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