Sendo hoje a noite dos Oscares resolvi hoje falar de um filme que vi ontem em DVD. Por acaso segundo me contaram a versão em DVD é mais curta que a original que passou no cinema, não faço ideia se isso é usual mas neste caso aparentemente aconteceu.
O filme de que vos vou falar chama-se "O Concerto". Se esquecermos algumas liberdades poéticas - nenhum músico por mais brilhante que seja volta a tocar bem "por inspiração" após ter estado 30 anos sem praticar - admitamos que essas liberdades são apenas metáforas para outras realidades o filme é muito engraçado.
A cena final com partes do "Concerto para Violino de Tchaikovsky" é sublime de intensidade dramática. O momento à Asterix com o bardo amarrado é uma deliciosa boutade. Comprem e vejam (creio que já não está nas salas).
Sem mais "spoilers" ... prometo! Bem quase mais nenhum dado que o momento inicial também no trailer é delicioso :-) Para quem domine a língua francesa quando os russos falam francês há uns momentos de génio ao nível da banda de desenhada já referida. O filme é de 2009 e que eu saiba nunca foi nomeado para nenhuns óscares ... Uma injustiça !
A única música que precisa de embalagem é a música de plástico.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Era verdade - Poema Satírico de Fernando Alípio de Vasconcelos
Continuando a partilhar convosco alguns dos poemas do meu avô hoje mudamos de registo e passamos para a Sátira. Este poema foi escrito em 1972 e apresentado no II encontro dos professores do Ensino Secundário que se realizou na Figueira da Foz. Foi primeiro prémio ... será escusado realçar que manteve a actualidade (infelizmente).
Era Verdade!
Constou que certo senhor
que, em vida, foi professor,
fez testamento, ao morrer!...
Foi notícia de espantar,
pois toda a gente sabia
que, no tempo em que vivia,
não ganhava p’ra comer!
Que bens podia deixar?!...
Depressa, como convinha,
fui saber como era aquilo.
E, afinal era verdade
o que rezava o relato!
Legara tudo o que tinha
às Casas de Caridade:
- A viúva a um Asilo,
três filhos ao Orfanato!
Para acompanhar tenho dificuldade em escolher uma composição mas talvez se possa encontrar no Carnaval dos Animais de Saint-Saens um espírito satírico aproximadamente equivalente e um ambiente "escolar" "semelhante" ainda por cima.
IV Concurso Nacional de Instrumentos de Sopro em Oliveira de Azemeis
Através de Eugénia Ferreira e do Facebook ficamos a saber da realização do IV Concurso Nacional de Instrumentos de Sopro "Terras de La-Salette". O concurso terá lugar entre 16 e 20 de Abril e as inscrições são até ao dia 11 de Março. No dia 21 de Abril decorrerá o concerto dos laureados. No site da Câmara Municipal de Oliveira de Azemeis podem obter mais informações e a ficha de inscrição.
Por isso instrumentistas de Sopro nossos leitores avançai sem temor porque nestes e noutras competições como dizia o barão Pierre de Coubertin mais importante do que vencer é participar com alma acrescento eu.
Por isso instrumentistas de Sopro nossos leitores avançai sem temor porque nestes e noutras competições como dizia o barão Pierre de Coubertin mais importante do que vencer é participar com alma acrescento eu.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Recital de Jovens Violinistas dos Violinhos no Palácio de Queluz
Recomeçando não sei se de forma definitiva uma tradição de recomendações musicais que infelizmente não tenho podido manter como era o meu plano no inicio do ano proponho-vos para este Sábado às 16h um Recital dos Bolseiros da Orquestra Os Violinhos que terá o seguinte programa:
Miguel Zink (Bolsa Mazars) que interpretará:
Sonata I em Sol menor para Violino Solo, BWV1001 J. S. Bach
I. Adagio
IV. Presto (1685-1750)
Sinfonia Espanhola, Op. 21 E. Lalo
IV. Andante (1823-1892)
Maria Laranjo (Bolsa Sérvulo) que interpretará:
Concerto nº1 em Sol menor, Op. 26 Max Bruch
I. Vorspiel: Allegro moderato
II. Adagio (1838-1920)
Manuel Abecasis (Bolsa AIP) que interpretará:
Concerto nº2 em Ré menor, Op.22 H. Wieniavsky
I. Allegro moderato
II. Romance. Allegro non troppo
III. Allegro com fuoco (à la Zingara) (1835-1880)
Coloquei nos concertos links para interpretações por grandes violinistas para que tenham uma ideia do nível do programa e também da sua diversidade. Desde o Barroco até actualidade passando pelo grande reportório romântico haverá de tudo um pouco. Assim temos em Bach Nathan Milstein, na Sinfonia Espanhola Perlman, Bruch por Zuckerman e por fim em Wieniavsky Heifetz.
Miguel Zink (Bolsa Mazars) que interpretará:
Sonata I em Sol menor para Violino Solo, BWV1001 J. S. Bach
I. Adagio
IV. Presto (1685-1750)
Sinfonia Espanhola, Op. 21 E. Lalo
IV. Andante (1823-1892)
Maria Laranjo (Bolsa Sérvulo) que interpretará:
Concerto nº1 em Sol menor, Op. 26 Max Bruch
I. Vorspiel: Allegro moderato
II. Adagio (1838-1920)
Manuel Abecasis (Bolsa AIP) que interpretará:
Concerto nº2 em Ré menor, Op.22 H. Wieniavsky
I. Allegro moderato
II. Romance. Allegro non troppo
III. Allegro com fuoco (à la Zingara) (1835-1880)
Coloquei nos concertos links para interpretações por grandes violinistas para que tenham uma ideia do nível do programa e também da sua diversidade. Desde o Barroco até actualidade passando pelo grande reportório romântico haverá de tudo um pouco. Assim temos em Bach Nathan Milstein, na Sinfonia Espanhola Perlman, Bruch por Zuckerman e por fim em Wieniavsky Heifetz.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
A melhor pesquisa de ontem (#6) : As melhores Sinfonias do Mundo
Bem há muito tempo atrás, ou seja há alguns anos o que na blogosfera é uma eternidade, organizamos neste blog uma votação. Começamos com uma lista bastante alargada (tem mais de 60 sinfonias) que queríamos que fosse representativa de todos os géneros e épocas. A votação foi à Australiana ou seja fomos eliminando progressivamente sinfonias pela votação dos leitores. Assim dessa primeira lista chegamos a uma outra com "apenas" 25 Sinfonias. Dessa lista também por votação os nossos leitores elegeram então um Top 10 que por sua vez foi votado tendo sido ordenado desta forma:
Beethoven nº 9 ............................28 (33%)
Dvorak "Novo Mundo" .......................25 (30%)
Brahms nº 4 ...............................20 (24%)
Mahler nº 2 ...............................20 (24%)
Beethoven nº 7 ............................20 (24%)
Beethoven nº5 .............................18 (21%)
Brahms nº 2 ...............................17 (20%)
Beethoven nº 3 ............................12 (14%)
Schubert nº 9 .............................10 (12%)
Mendelssohn "Italiana".....................08 (9%)
E foi esta a vossa escolha, muito romântica conforme podem ver pela lista. Talvez um dia destes voltemos a fazer uma nova escolha para vermos em conjunto se os nossos gostos se modificaram ou se antes pelo contrário se mantêm ...
Beethoven nº 9 ............................28 (33%)
Dvorak "Novo Mundo" .......................25 (30%)
Brahms nº 4 ...............................20 (24%)
Mahler nº 2 ...............................20 (24%)
Beethoven nº 7 ............................20 (24%)
Beethoven nº5 .............................18 (21%)
Brahms nº 2 ...............................17 (20%)
Beethoven nº 3 ............................12 (14%)
Schubert nº 9 .............................10 (12%)
Mendelssohn "Italiana".....................08 (9%)
E foi esta a vossa escolha, muito romântica conforme podem ver pela lista. Talvez um dia destes voltemos a fazer uma nova escolha para vermos em conjunto se os nossos gostos se modificaram ou se antes pelo contrário se mantêm ...
Fernando Alípio de Vasconcelos - Ilha Menina (Quase Poema de S. Miguel)
Nos poemas do meu avô, Fernando Alípio de Vasconcelos há um em que penso quase sempre que vejo uma das fotografias do blog do Geocrusoe. Sei que é também um dos poemas do meu avô que o meu pai prefere. foi escrito em Ponta Delgada em Julho de 1968. Música para este poema? Lieder Ohne Wort de Mendelssohn numa interpretação por Barenboim que faz realçar de forma extraordinária a melodia (Op. 30 nº 1) penso que esta nos seus momentos de calma e de maior ansiedade se conjugam de forma perfeita com o poema por isso a minha sugestão será: ponham o video e leiam em simultâneo ...
ILHA – MENINA
(Quase-poema de S. Miguel)
A ilha é Menina deitada no Mar…
cercada de espuma,
coroada de bruma,
a ilha é Menina que está p’ra noivar!
Senhor Santo-Cristo, de Ponta Delgada,
a Ilha-Menina com quem vai casar?
Seus picos são seios erguidos ao céu!...
E a terra queimada
é carne morena que a lava aqueceu!
Menina vaidosa, de verde vestida,
com novos enfeites em cada estação;
nas tardes de Maio, de azáleas florida
e o azul das hortenses no pino do Verão!
Senhor Santo-Cristo, de Ponta Delgada,
a Ilha-Menina com quem vai casar?
Esposa do Sol ou Noiva do Mar?...
Do Sol que a aquece e afaga num beijo?...
Do Mar que lhe canta suave balada?...
Do Mar ou do Sol, carícia mais doce
na carne morena lhe acende o desejo
E a Ilha estremece!...
- Valei-nos , Senhor!
Que a lava que é sangue, de novo se aquece
E a Ilha-Menina se entrega na posse
e morre de Amor!...
Senhor Santo-Cristo, de Ponta Delgada,
fazei o milagre de não a casar!
Deixai-a tranquila, vestida de verde,
de um verde tão verde que a vista se perde
e já não distingue as rendas de espuma,
o brilho das flores, os tules da bruma…
Deixai-a tranquila, sonhando ao luar…
S. Miguel – Ponta Delgada
Julho de 1968
F. Alípio de Vasconcelos
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Antonín Dvorák (1841-1904)
Este é um dos compositores de que me tardava mais falar porque está naquela categoria de músicos que tem pelo uma obra que me faz literalmente viajar à volta do mundo. Além de que como muitos outros é um compositor muitas vezes subestimado. Uma das obras que me serve de referência considera-o por exemplo inferior a Smetana ...
Dvorak nasceu a 8 de Setembro de 1841 em Nelahozeves perto de Praga. O pai era músico (embora não profissional) desejava que ele seguisse a sua profissão (talhante) embora lhe permitisse seguir estudos musicais que cedo revelaram uma aptidão fora do comum.
Dvorak vai então estudar para Praga para a escola de órgão a única que para além do instrumento também tinha aulas de composição que Dvorak segue (esta terá sido talvez a única formação formal do compositor o que apenas torna mais notável a sua obra). Com 18 anos Dvorak é já um músico a tempo inteiro compondo essencialmente música de câmara e ganhando a vida tocando Viola de Arco e Violino em Orquestras ligeiras. Tem no entanto dificuldade em sobreviver com o parco salário. Por essa razão acaba também por dar aulas de piano actividade em que acaba por conhecer a irmã daquela que viria a ser sua mulher e com quem teria nove filhos.
Entre 1892 e 1895 Dvorak viveu nos estados Unidos mais precisamente em Nova Iorque onde foi director do Conservatório Nacional de Música (uma ideia dum filantropo que acabaria por não ter grande sucesso em termos de duração embora tenha desempenhado um papel interessante na criação de uma identidade americana na música).
De volta à Europa Dvorak concentra-se na música de câmara e sobretudo na Ópera e direcção do conservatório de Praga a partir de 1901. Dvorak faleceu em Praga a 1 de Maio de 1904 de falha cardíaca.
No que diz respeito à sua obra musical claramente a sua obra Sinfónica está entre a mais conhecida quer pelas sinfonias propriamente ditas em particular a Nº9 "From the New World" quer pelos seus poemas sinfónicos de que podemos destacar Water Goblin inspirado no poema Vodnik do poeta checo Karel Erben (1853). Dvorak notabilizou-se também na produção de música de câmara da qual podemos destacar o Op. 90 o famoso Trio Dumky de que propomos uma interpretação por um notável trio consistindo de Yo-Yo Ma no violoncelo, Perlman no violino e Rudolf Firkusny no Piano (se preferirem podem ouvir não menos notável o Beaux Arts Trio - constituido por Menahem Pressler (Piano), Hope (Violino) e António Meneses (Violoncelo)).
Embora fosse crente e muito possivelmente uma grande parte da sua "formação" musical se desse nas igrejas da sua boémia natal Dvorak compôs relativamente pouca música sacra. Porém a bem da verdade o seu Stabat Matter foi possivelmente a razão da sua enorme popularidade em Inglaterra onde rivaliza nesse aspecto com Haydn.
Guardamos para o fim deste post sobre Dvorak os seus três concertos. Se o de piano é geralmente considerado uma das suas obras menores tanto o Concerto para Violino e Orquestra em Lá Menor Op. 53 como o Concerto para Violoncelo e Orquestra em Si Menor Op. 104 são absolutamente notáveis. Para o primeiro escolhemos uma interpretação de Josef Suk neto do compositor de mesmo nome que se casou com a filha mais velha de Dvorak e um dos seus discípulos. Este violinista é portanto bisneto de Dvorak. Acreditamos que a escolha não poderia ser mais apropriada. Para o concerto de violoncelo escolhemos uma interpretação de Jacqueline de Pré.
Dvorak nasceu a 8 de Setembro de 1841 em Nelahozeves perto de Praga. O pai era músico (embora não profissional) desejava que ele seguisse a sua profissão (talhante) embora lhe permitisse seguir estudos musicais que cedo revelaram uma aptidão fora do comum.
Dvorak vai então estudar para Praga para a escola de órgão a única que para além do instrumento também tinha aulas de composição que Dvorak segue (esta terá sido talvez a única formação formal do compositor o que apenas torna mais notável a sua obra). Com 18 anos Dvorak é já um músico a tempo inteiro compondo essencialmente música de câmara e ganhando a vida tocando Viola de Arco e Violino em Orquestras ligeiras. Tem no entanto dificuldade em sobreviver com o parco salário. Por essa razão acaba também por dar aulas de piano actividade em que acaba por conhecer a irmã daquela que viria a ser sua mulher e com quem teria nove filhos.
Entre 1892 e 1895 Dvorak viveu nos estados Unidos mais precisamente em Nova Iorque onde foi director do Conservatório Nacional de Música (uma ideia dum filantropo que acabaria por não ter grande sucesso em termos de duração embora tenha desempenhado um papel interessante na criação de uma identidade americana na música).
De volta à Europa Dvorak concentra-se na música de câmara e sobretudo na Ópera e direcção do conservatório de Praga a partir de 1901. Dvorak faleceu em Praga a 1 de Maio de 1904 de falha cardíaca.
No que diz respeito à sua obra musical claramente a sua obra Sinfónica está entre a mais conhecida quer pelas sinfonias propriamente ditas em particular a Nº9 "From the New World" quer pelos seus poemas sinfónicos de que podemos destacar Water Goblin inspirado no poema Vodnik do poeta checo Karel Erben (1853). Dvorak notabilizou-se também na produção de música de câmara da qual podemos destacar o Op. 90 o famoso Trio Dumky de que propomos uma interpretação por um notável trio consistindo de Yo-Yo Ma no violoncelo, Perlman no violino e Rudolf Firkusny no Piano (se preferirem podem ouvir não menos notável o Beaux Arts Trio - constituido por Menahem Pressler (Piano), Hope (Violino) e António Meneses (Violoncelo)).
Embora fosse crente e muito possivelmente uma grande parte da sua "formação" musical se desse nas igrejas da sua boémia natal Dvorak compôs relativamente pouca música sacra. Porém a bem da verdade o seu Stabat Matter foi possivelmente a razão da sua enorme popularidade em Inglaterra onde rivaliza nesse aspecto com Haydn.
Guardamos para o fim deste post sobre Dvorak os seus três concertos. Se o de piano é geralmente considerado uma das suas obras menores tanto o Concerto para Violino e Orquestra em Lá Menor Op. 53 como o Concerto para Violoncelo e Orquestra em Si Menor Op. 104 são absolutamente notáveis. Para o primeiro escolhemos uma interpretação de Josef Suk neto do compositor de mesmo nome que se casou com a filha mais velha de Dvorak e um dos seus discípulos. Este violinista é portanto bisneto de Dvorak. Acreditamos que a escolha não poderia ser mais apropriada. Para o concerto de violoncelo escolhemos uma interpretação de Jacqueline de Pré.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Para Ti - Dedicado a Maria de São José de Fernando Alipio de Vasconcelos
Um dos outros poemas do meu avô que decidi partilhar convosco é especialmente adequado a este dia 14 de Fevereiro. Foi um poema que o meu avô escreveu no Fundão em 1935 a 8 Dezembro e que dedicou à minha avó Maria de São José.
PARA TI
Foi numa tarde
à luz do Sol poente
à hora em que a terra
mais rescende
que nos beijámos
ambos longamente. . .
e longamente te disse
do amor que a ti me prende.
E penso desde então,
que ideia louca,
que tenho os teus lábios
eternamente em flor,
a perfumar de beijos minha boca.
Fernando Alípio de Vasconcelos - Fundão 08.12.1935
Que me desculpem mas para ilustrar este poema só consigo pensar num outro de Ary dos Santos, Estrela da Tarde. Espero que tenham todos namorado muito hoje ...
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Tomás Borba (1867-1950)
Hoje, no dia 12 de Fevereiro de 1950 há 61 anos portanto falecia em Lisboa um dos maiores pedagogos portugueses do século XX, Tomás Borba.
Nascido em Conceição (Angra do Heroísmo) a 23 de Novembro de 1867 estudou literatura e teologia no Seminário Episcopal de Angra tendo sido nomeado sacerdote em 1890. No plano artístico nos Açores teve aulas de música com Guilherme Augusto da Costa Martins.
Em 1891 viaja para Lisboa para se matricular no Real Conservatório nas disciplinas de Piano e Composição. Inscreve-se também no curso de Letras na Universidade Clássica de Lisboa onde foi aluno de Teófilo Braga tendo terminado todos estes cursos com elevadas classificações.
Em 1901 tornou-se professor no Conservatório Real de onde apenas saiu em 1937 por ter atingido a idade da reforma. Em 1913 organizou e dinamizou aquele que terá sido até agora o primeiro e único congresso dos músicos portugueses. Professor de Lopes Graça e de Luís de Freitas Branco e Fragoso, membro (presidente) da direcção da Academia dos Amadores de Música onde deu trabalho a Lopes Graça quando este foi impedido de leccionar pela ditadura Tomás Borba está assim directamente ligado ao apoio de vários dos melhores compositores portugueses do século XX.
Escreveu vários manuais que serviram de base ao ensino do canto coral nas escolas portuguesas e foi co-autor com Lopes Graça do Dicionário de Música que penso será até hoje o único dicionário deste género editado por portugueses.
Enquanto compositor destaca-se um Te-Deum e algumas outras obras de cariz religioso dado que Tomás Borba nunca esqueceu a sua condição de Padre e cristão. Infelizmente por mais que procurasse não consegui encontrar nenhum registo no You Tube nem tão pouco CD´s gravados com composições suas. Se alguém me puder ajudar agradecia. A excepção foi este video de um grupo de alunos surdos que cantam uma das suas composições. Após reflexão talvez o exemplo não pudesse ser melhor ... Creio que Tomás Borba ficaria satisfeito por ver que a sua música podia servir como base de ensino para todos ... para todos mesmo.
A sua enorme influência na música portuguesa deste século é visível igualmente na ilustre sequência dos seus alunos e também na enorme quantidade de grupos de música popular que adoptam o seu nome dada a sua raiz Açoriana um pouco por todo o mundo.
Como dissemos Tomás Borba faleceu em Lisboa a 12 de Fevereiro de 1950.
Nascido em Conceição (Angra do Heroísmo) a 23 de Novembro de 1867 estudou literatura e teologia no Seminário Episcopal de Angra tendo sido nomeado sacerdote em 1890. No plano artístico nos Açores teve aulas de música com Guilherme Augusto da Costa Martins.
Em 1891 viaja para Lisboa para se matricular no Real Conservatório nas disciplinas de Piano e Composição. Inscreve-se também no curso de Letras na Universidade Clássica de Lisboa onde foi aluno de Teófilo Braga tendo terminado todos estes cursos com elevadas classificações.
Em 1901 tornou-se professor no Conservatório Real de onde apenas saiu em 1937 por ter atingido a idade da reforma. Em 1913 organizou e dinamizou aquele que terá sido até agora o primeiro e único congresso dos músicos portugueses. Professor de Lopes Graça e de Luís de Freitas Branco e Fragoso, membro (presidente) da direcção da Academia dos Amadores de Música onde deu trabalho a Lopes Graça quando este foi impedido de leccionar pela ditadura Tomás Borba está assim directamente ligado ao apoio de vários dos melhores compositores portugueses do século XX.
Escreveu vários manuais que serviram de base ao ensino do canto coral nas escolas portuguesas e foi co-autor com Lopes Graça do Dicionário de Música que penso será até hoje o único dicionário deste género editado por portugueses.
Enquanto compositor destaca-se um Te-Deum e algumas outras obras de cariz religioso dado que Tomás Borba nunca esqueceu a sua condição de Padre e cristão. Infelizmente por mais que procurasse não consegui encontrar nenhum registo no You Tube nem tão pouco CD´s gravados com composições suas. Se alguém me puder ajudar agradecia. A excepção foi este video de um grupo de alunos surdos que cantam uma das suas composições. Após reflexão talvez o exemplo não pudesse ser melhor ... Creio que Tomás Borba ficaria satisfeito por ver que a sua música podia servir como base de ensino para todos ... para todos mesmo.
A sua enorme influência na música portuguesa deste século é visível igualmente na ilustre sequência dos seus alunos e também na enorme quantidade de grupos de música popular que adoptam o seu nome dada a sua raiz Açoriana um pouco por todo o mundo.
Como dissemos Tomás Borba faleceu em Lisboa a 12 de Fevereiro de 1950.
Amo as Estrelas de Fernando Alípio de Vasconcelos
Já por algumas vezes vos falei aqui da minha avó (da parte da minha mãe) ou do meu avô (da parte do meu pai). Foram pessoas que me marcaram muito e a quem sei que devo uma boa parte da minha forma de ver o mundo e dos meus gostos também.
Do meu avô as minhas primeiras recordações curiosamente estão ligadas à televisão. Ao Vitorino Nemésio que ele gostava tanto de ver - e surpreendia-se por eu na altura miúdo com pouco mais de 6 anos - também gostar daquelas conversas aparentemente sem rumo, da sua colecção de selos que passava horas a organizar ou mais tarde de vermos a Académica na televisão, do xadrês e dos livros de geografia que eu lia vezes sem conta nas férias de verão. O gosto pela leitura (pela cultura provavelmente) sem dúvida começou por aí ...
Ontem o meu pai enviou-me alguns textos escritos pelo meu avô e não posso deixar de vos deixar aqui um poema que dedicou aos seus netos.
Do meu avô as minhas primeiras recordações curiosamente estão ligadas à televisão. Ao Vitorino Nemésio que ele gostava tanto de ver - e surpreendia-se por eu na altura miúdo com pouco mais de 6 anos - também gostar daquelas conversas aparentemente sem rumo, da sua colecção de selos que passava horas a organizar ou mais tarde de vermos a Académica na televisão, do xadrês e dos livros de geografia que eu lia vezes sem conta nas férias de verão. O gosto pela leitura (pela cultura provavelmente) sem dúvida começou por aí ...
Ontem o meu pai enviou-me alguns textos escritos pelo meu avô e não posso deixar de vos deixar aqui um poema que dedicou aos seus netos.
Amo as Estrelas
Amo as estrelas, sim!. . . Não as que vejo
No azul do céu, dispersas e distantes. . .
As estrelas que eu amo, mais brilhantes,
Acendem no meu peito alvores de esperanças,
Fulgindo em luz de amor, quando vos beijo,
Nos vossos puros olhos de crianças!. . .
F. Alípio de Vasconcelos
Pensei durante algum tempo que música poderíamos associar a este poema. depois de reflectir um pouco escolhi Os Planetas de Holst. Não tanto por o tema ser aparentemente os planetas (excepto a terra) do sistema solar mas sobretudo porque Holst tanto quanto outros grandes compositores foi um notável professor tal como o meu avô ... Para além disso simbolicamente uma das peças que o meu filho já interpretou também é deste compositor ... (a suite S. Paulo no caso).
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Nixon na China (John Adams) nos Cinemas do Brasil em Directo do Met
Através do nosso leitor Rafael Queres ficamos a saber que a Opera Nixon na China (1987) do compositor americano John Adams que conta a histórica visita de Nixon à China em 1972 será transmitida em directo de Nova Iorque (do Met) para os cinemas do Brasil às 16h. Para ver as salas em que a exibição ocorrerá podem consultar o site Mobz.
Assim pela segunda vez temos neste blog uma recomendação para o nosso país irmão e desta vez em várias cidades do Brasil dado que poderão ouvir esta composição nos cinemas do Rio de Janeiro, São José dos Campos, São Paulo, Porto Alegre, Campinas, Maringá, Brasília e Belo Horizonte. No mesmo site poderão saber como adquirir (e mesmo comprar) os bilhetes para assistirem à récita.
Assim pela segunda vez temos neste blog uma recomendação para o nosso país irmão e desta vez em várias cidades do Brasil dado que poderão ouvir esta composição nos cinemas do Rio de Janeiro, São José dos Campos, São Paulo, Porto Alegre, Campinas, Maringá, Brasília e Belo Horizonte. No mesmo site poderão saber como adquirir (e mesmo comprar) os bilhetes para assistirem à récita.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
A melhor pesquisa de ontem (#5) : "César Frank período romântico?"
Sim César Frank é um compositor do período romântico. Uma das suas obras a Sonata para violino e Piano está entre as minhas preferidas ... No post que referenciei tinha sugerido uma interpretação de Menuhin agora para variar proponho-vos Christian Ferras com Pierre Barbizet ao Piano. Podem ouvir a sonata completa e devem-no fazer porque realmente é uma interpretação soberba: Segunda Parte, Terceira Parte, Quarta Parte .
António Fragoso (1897 -1918)
António Fragoso morreu tão jovem que na verdade poderíamos dizer que apenas lhe advinharíamos o enorme talento. Seria no entanto injusto dizê-lo dado que embora a sua obra seja na verdade diminuta em quantidade não deixa margem para dúvida quanto ao génio imenso que revela.
Lembro-me que a primeira vez que ouvi falar deste compositor foi quando uma das suas obras fez parte do reportório de um concurso de Violino a que assisti no Fundão, ainda vou tentar colocar aqui a peça em questão.
António Fragoso nasceu em Pocariça (Cantanhede) a 17 de Junho de 1897 . Muito cedo o seu gosto pela música se revelou tendo começado com lições de piano aos 8 anos. Aos 16 deu a sua primeira audiência de peças por si compostas e um ano mais tarde com 17 anos ruma a Lisboa onde se inscreve no Conservatório Nacional tendo então aulas entre outros com Luís de Freitas Branco e Tomás Borba (este grande pedagogo será o próximo compositor a ser abordado nesta nossa viagem pelos compositores portugueses do século XX).
Termina o curso do Conservatório um ano mais tarde em 1918 então com 21 anos com a classificação máxima. Infelizmente nesse mesmo ano a gripe pneumónica ceifa-lhe a vida a 3 de Julho de 1918.
Da obra deste compositor o que vos posso dizer? Bem em primeiro lugar que há uma das suas obras que está na minha lista de obras preferidas: O Nocturno para Orquestra é simplesmente fantástico e chegaria possivelmente para definir a sua genialidade.
Há no entanto outras obras que vos recomendo que oiçam com atenção. Em particular não deixem de ouvir este belíssimo Nocturno em Ré Bemol Maior que nada fica a dever a Chopin ou a Franck ou Debussy se quisermos uma comparação mais da sua época.
Claro que não poderia deixar de vos falar da Petite Suite que podem ouvir numa soberba interpretação do Miguel Henriques: Petite Suite (Parte 1), Petite Suite (Parte 2), Petite Suite (Parte 3).
Pessoalmente a minha costela francesa leva-me a ter uma grande curiosidade pelos Poemas Saturnianos de que infelizmente não consigo encontrar reproduções na Internet, talvez tenham mais sorte e me possam recomendar uma interpretação?
Para mais informações não deixem de visitar a página da Associação António Fragoso no Facebook e também o seu podcast . A propósito amanhã 8 de Fevereiro de 2011 no São Luís poderão ouvir um pouco de António Fragoso ao vivo (18:45).
Lembro-me que a primeira vez que ouvi falar deste compositor foi quando uma das suas obras fez parte do reportório de um concurso de Violino a que assisti no Fundão, ainda vou tentar colocar aqui a peça em questão.
António Fragoso nasceu em Pocariça (Cantanhede) a 17 de Junho de 1897 . Muito cedo o seu gosto pela música se revelou tendo começado com lições de piano aos 8 anos. Aos 16 deu a sua primeira audiência de peças por si compostas e um ano mais tarde com 17 anos ruma a Lisboa onde se inscreve no Conservatório Nacional tendo então aulas entre outros com Luís de Freitas Branco e Tomás Borba (este grande pedagogo será o próximo compositor a ser abordado nesta nossa viagem pelos compositores portugueses do século XX).
Termina o curso do Conservatório um ano mais tarde em 1918 então com 21 anos com a classificação máxima. Infelizmente nesse mesmo ano a gripe pneumónica ceifa-lhe a vida a 3 de Julho de 1918.
Da obra deste compositor o que vos posso dizer? Bem em primeiro lugar que há uma das suas obras que está na minha lista de obras preferidas: O Nocturno para Orquestra é simplesmente fantástico e chegaria possivelmente para definir a sua genialidade.
Há no entanto outras obras que vos recomendo que oiçam com atenção. Em particular não deixem de ouvir este belíssimo Nocturno em Ré Bemol Maior que nada fica a dever a Chopin ou a Franck ou Debussy se quisermos uma comparação mais da sua época.
Claro que não poderia deixar de vos falar da Petite Suite que podem ouvir numa soberba interpretação do Miguel Henriques: Petite Suite (Parte 1), Petite Suite (Parte 2), Petite Suite (Parte 3).
Pessoalmente a minha costela francesa leva-me a ter uma grande curiosidade pelos Poemas Saturnianos de que infelizmente não consigo encontrar reproduções na Internet, talvez tenham mais sorte e me possam recomendar uma interpretação?
Para mais informações não deixem de visitar a página da Associação António Fragoso no Facebook e também o seu podcast . A propósito amanhã 8 de Fevereiro de 2011 no São Luís poderão ouvir um pouco de António Fragoso ao vivo (18:45).
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Para os amantes de registos históricos
Conforme provavelmente já sabem o blog "The Rest is Noise" do Alex Ross é uma fantástica fonte de ideias e também de informação. Desta vez a propósito do anuncio do programa da próxima época da Filarmónica de Nova Iorque Alex Ross descreve-nos algumas das coisas que descobriu no Arquivo Digital da respectiva Filarmónica que foi recentemente aberto ao público.
Entre as várias sugestões que Alex Ross nos faz podemos realçar a troca de correspondência com Schostakovich para o convidarem a dirigir a Filarmónica de Nova Iorque num ciclo dedicado a compositores Russos contemporâneos que o compositor declina graciosamente por várias vezes (existe inclusivamente uma nota sobre a intervenção negativa de Stalin no assunto - não são só as Wikileaks que nos revelam dados chocantes) ou ainda agora no campo musical e para os especialistas as partituras completas da Nona de Mahler apontada por Leonard Bernstein ou ainda a Primeira de Mahler desta vez numa partitura utilizada pelo próprio compositor e que Alex Ross crê mesmo ter sido apontada por ele (Mahler). Na partitura de Bernstein encontramos uma nota engraçada na ultima página escrita em Viena em 1985 em que Bernstein nos conta ter tido poucas queixas a fazer na vida sendo que uma delas (a primeira) são lenços mal dobrados acrescentando que essa queixa muito possivelmente também estaria na lista da sua mulher (much missed wife nas palavras de Bernstein).
Não deixem de visitar os arquivos e deliciem-se com os tesouros que por lá encontrarem e se quiserem contem-nos !
Entre as várias sugestões que Alex Ross nos faz podemos realçar a troca de correspondência com Schostakovich para o convidarem a dirigir a Filarmónica de Nova Iorque num ciclo dedicado a compositores Russos contemporâneos que o compositor declina graciosamente por várias vezes (existe inclusivamente uma nota sobre a intervenção negativa de Stalin no assunto - não são só as Wikileaks que nos revelam dados chocantes) ou ainda agora no campo musical e para os especialistas as partituras completas da Nona de Mahler apontada por Leonard Bernstein ou ainda a Primeira de Mahler desta vez numa partitura utilizada pelo próprio compositor e que Alex Ross crê mesmo ter sido apontada por ele (Mahler). Na partitura de Bernstein encontramos uma nota engraçada na ultima página escrita em Viena em 1985 em que Bernstein nos conta ter tido poucas queixas a fazer na vida sendo que uma delas (a primeira) são lenços mal dobrados acrescentando que essa queixa muito possivelmente também estaria na lista da sua mulher (much missed wife nas palavras de Bernstein).
Não deixem de visitar os arquivos e deliciem-se com os tesouros que por lá encontrarem e se quiserem contem-nos !
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