terça-feira, 31 de agosto de 2010

Listen to This - Esa-Pekka Salonen

O próximo livro de Alex Ross intitulado "Listen to This" tem um capítulo que só pelo título me desperta imensa curiosidade. Chama-se o Sexto Capitulo : "Esa-Pekka Salonen - O Anti-Maestro". Claro que este livro que ainda não podem adquirir será uma das minhas compras obrigatórias algures em finais de 2010 ou 2011 assim que o conseguir encontrar. Até lá terei de digerir a curiosidade tenho no entretanto duas propostas a fazer-vos. Primeiro que leiam/oiçam aqui o guia audio ao livro. Segundo que não percam o Maestro (ou se preferirem o Anti-Maestro :-) ) quando ele vier cá à Gulbenkian. Têm muito por onde escolher desde a ópera (Janacek) até ao seu próprio concerto para Violino passando por Bartok e o seu polémico (na altura) Mandarim Maravilhoso  . É só mesmo o embaraço da escolha que o orçamento (pelo menos o meu) não dá para tudo ... Claramente te dou um prémio a quem me conseguir dizer porque razão Alex Ross chama a Esa-Pekka Salonen o Anti-Maestro.

A propósito Esa tem sido nestes últimos anos na Filarmónica de Los Angeles que deixou este ano o professor da nossa maestrina Joana Carneiro ...

domingo, 29 de agosto de 2010

Post nº 1000 : Os vossos comentários a este blog (Parte 36 - 16 a 30 de Setembro de 2009)

No dia 18 de Setembro André Rendeiro rendia Moura Aveirense na sua justa luta para completar as nossas recomendações com complementos para Aveiro dizendo: "Já agora aproveito também para anunciar o concerto que haverá hoje na reitoria da Universidade de Aveiro às 21 horas, onde a Orquestra Filarmonia das Beiras (OFB) e solistas interpretarão obras de Haydn, Mozart e Weber (serão 3 concertos), na celebração do início do ano lectivo."

No dia 19 de Setembro Ematejoca perguntava a propósito de um post sobre uma canção de Schumann: "Com que então, o Fernando não só gosta de música clássica como também de mulheres bonitas. Eu prefiro as loiras: Grace Kelly! Para traduzir os poemas de Heine, o Fernando tem de ter bons conhecimentos do alemão. Porque é, que não dá, de vez em quando, uma espreitadela ao "ematejoca"?! Desculpe, Fernando, mas fiquei na dúvida. Traduz os poemas da língua original ou da versão inglesa?" Hum e não é a mesma coisa pergunto? Quero dizer música clássica e mulheres bonitas? Nas palavras de Vinicius de Moraes uma mulher tem de ter algo mais para além da beleza, algo de interior, e mais não digo. Quanto à fonte que utilizo bem depende, na maioria dos casos a partir do Inglês embora tente o Alemão de vez em quando, mas tipicamente do Inglês.

A 20 de Setembro pedia-nos feedback se fossemos à Gulbenkian ver e ouvir Daniel Barenboim: "Adoraria ir à apresentação do livro e aos concertos de Baremboim, mas infelizmente não me vai ser possível. Assisti a um concerto dele nos Proms 2003 e a uma Masterclass dele em Salzburgo e adorei! Se for, aguardo as suas impressões. Uma boa noite, Moura Aveirense". Conseguimos ir à conferência de que demos conta aqui. Por outro lado Pianoman avisava que tinha bilhete para o concerto de piano na Quarta-Feira mas que iria chegar atrasado: "Eu tenho bilhete para o concerto de 4ª feira, mas se conseguir ir é para chegar atrasado..."

A 23 de Setembro Geocrusoe dizia que o nosso post sobre Barenboim merecia um Tweet: "Este post merecia um tweet que já fiz. Parabéns pelo tema e há que agradecer a existência de pessoas como Barenboim". Não sei se mereceria. Sei que Barenboim merece sem margem para dúvida. Gi agradecia a partilha: "Obrigada por nos contar, Fernando, deve ter valido bem a pena ir ouvir o maestro.Depois conte-nos sobre o livro." Por outro lado Pianoman preferia fazer um comentário sobre o concerto do maestro a que assistiu: "Barenboim é sem dúvida uma figura cimeira da cultura musical.Pessoa muito inteligente e sensível aos problemas deste Mundo.Pessoa muito musical, talentoso e um óptimo pianista e maestro. Pena é que o seu recital de 4ª feira tenha sido bastante sofrível. Tudo muito "aldrabado". Pedal mal utilizado, articulação pouco clara. O melhor foram as ideias musicais, mas a forma como tentou pôr essas ideias em prática foi fraca. Que pena. Para variar teve direito a uma ovação de pé e grande simpatia do público, muito por "culpa" da Polaca Op.53.Dois números extra programa (entre eles uma bela interpretação de um Nocturno)."

A 25 de Setembro dizia o ensemble Triad Libitum a propóstito de um post do nosso dicionário musical : "É verdade, sim senhor! E cá estamos nós para o confirmar :D"

A 28 de Setembro Frioleiras confessa não saber do falecimento da pianista Alicia de Larocha : "Não sabia, fiquei a saber. Lamento muito. Quanto à sua sugestão de Buxtehude......... adoro-o. é dos meus compositores preferidos................"

No dia 28 de Setembro Augusto Bogo agradecia o post sobre o seu blog: "Olá Fernando!
Te agradeço muito, mas muito mesmo pelo post. Adorei! hehe Bom, acho que o mínimo que posso fazer é recomendar o seu blog...e farei isso com o maior prazer! Um grande abraço!"

A 29 de Setembro o Sofá Amarelo contava-nos (a propósito de uma das nossas pesquisas da semana) que havia uma rua chamada Guilhermina Suggia em Lisboa: "Há uma rua em Lisboa com o nome de Guilhermina Suggia, uma rua muito especial para mim... Fica na zona do Areeiro perto da estação de comboios Roma/Areeiro. Pode não parecer importante referir isso, mas ainda bem que alguns dos nossos grandes nomes da música erudita são preservados. Um forte abraço!!!"

A 30 de Setembro Mário comentava a nossa escolha nas interpretações das Sinfonias a votação: "Caro Fernando, excelente escolha, Carlos Kleiber para a 7ª! Já para a 9ª, preferia Solti (clássico) ou Herreweghe (leitura histórica). 


Duas sugestões para Brahms:
nº4 - Carlos Kleiber,
http://www.youtube.com/watch?v=yCaaPaQx5zg
nº2 - o belo 2º andamento num vídeo recente de boa qualidade, 
http://www.youtube.com/watch?v=RS0dSoK5J9U


Em gravações,aprecio a 2ª de Celibidache ou de Kurt Sanderling
Se não se importa, vou usar o vídeo da 2ª no meu blog.


De Schubert, não arranjo nada de jeito no youtube. A minha 9ª preferida é a de Gunter Wand.


Abraço"

A pirotecnia visual versus o "sentir a música dentro de si" II

Tentei que isto fosse um comentário mas aparentemente há um limite para a dimensão dos mesmos ... arghhhhhhhhhhh.

@Mário: Pois pode, pois pode. E também concordo que as posições do público e do interprete são assimétricas. Mas não deixa de ser engraçado que no tempo dos compositores que admiramos essa não fosse a norma de comportamento e que eles não a esperassem sequer (aliás ficavam preocupados quando uma obra sua era ouvida de principio a fim sem manifestações de júbilo - era sinal que alguma coisa não tinha "passado"). Como também não deixa de ser interessante os caminhos diferentes que seguiram a música instrumental e a ópera desse ponto de vista e as razões históricas que justificam essa diferença comportamental.

Não quero dizer com isto que gostasse de ver as obras interrompidas a meio ou no fim de um andamento para se pedir um encore. Não é isso. Mas por vezes não sei se na defesa da "integridade" da obra ou da interpretação, ou do "conceito" do compositor não nos esquecemos que a música como qualquer forma de arte é feita para ser usufruída. É sempre a sublimação de algo de acordo com regras e técnicas mas se não for feita para ser usufruída não tenho certeza que faça sentido. E é precisamente nesse usufruto que não sei se não exageramos no espartilho de convenções que colocamos à música de que tanto gostamos. Aqui poderia juntar à polémica a razão pela qual creio que a música clássica contemporânea não cumpre este requisito na maioria dos casos mas isso seria ainda abrir ainda mais um desvio, um parênteses. Eu sei que gosto do Vitorino Nemésio pelos seus longos e às vezes poeticamente livres parênteses mas tentemos não abrir demasiadas conversas paralelas a estes nossos limitados neurónios ...

Quer enquanto interprete quer enquanto ouvinte, posições assimétricas concordamos plenamente, sinceramente não sei ... e depois de ler os vários artigos do Alex Ross ainda fiquei mais na dúvida. Pessoalmente penso que o silêncio e a forma actual de ouvir foi uma evolução mas repare por exemplo no concerto de ano novo. Não lhe parece que em alguns concertos se ganharia com um momento de alegria? Não todos claro que nem todas as obras se prestam a isso - um acontecimento desses depois de sei lá - uma das "Paixão" de Bach seria perfeitamente despropositado, mas em alguns casos não seria admissível ou desejável? Não faria com que muito mais pessoas se sentissem próximas da "nossa" música?

Claro que se coloca a questão de quem determinaria os momentos, mas aí para mim é claro que quem "manda" é o maestro ... Sei que divergi mais para o público do que para o interprete porque neste a tendência que tenho observado ultimamente é precisamente no sentido destes utilizarem cada vez mais efeitos pirotécnicos em vez de se preocuparem com a música, uma questão precisamente de marketing porque é este comportamento que é preferido pela esmagadora maioria da audiência ... ou melhor é isso que lhes permite ultrapassar o limite de vendas dos "connaisseurs" e passar para o grande público, pelo menos parece ser essa a opinião dos marketeers de música. Ah e sim também explica porque razão cada vez mais os interpretes são tratados como "sex symbols" de forma mais ou menos velada (ou não ...)

sábado, 28 de agosto de 2010

Eliza Flower (1803-1846)

Continuando a percorrer o período romântico à procura de mulheres que tenham conseguido alguma notoriedade no campo da composição hoje um pouco por acaso encontramos o nome de Eliza Flower, confessamos por causa do Titanic como vou explicar de seguida.

Eliza Flower dedicou essencialmente à música sacra nomeadamente musicando obras de sua irmã a poeta e escritora Sarah Fuller Flower Adams. A mais conhecida dessas obras é o hino "Nearer my God to Thee" que ficou tristemente celebre (tristemente pelas circunstâncias da tragédia claro) por ter sido a música que foi interpretada enquanto o Titanic se afundava. Esta composição foi obviamente popularizada pelos vários filmes produzidos sobre a tragédia pelo que reconhecerão de certeza a melodia, bela e tranquila.

Proponho aqui a versão com o poema mais raramente ouvido do que a versão puramente instrumental.



Eliza morreu bastante jovem com apenas 43 anos depois de uma vida apelidada em muitas das biografias que consultei como "radical" ou polémica em virtude de um eventual romance com William Fox 17 anos mais velho, divorciado e padre da igreja unitária (não tenho a certeza que é assim que se traduz este ramo das igrejas baseadas na fé cristã). Outro trabalho notável de Eliza Flower foi a composição de música para as canções românticas de Sir Walter Scott, aliás o seu primeiro trabalho enquanto compositora.

A pirotecnia visual versus o "sentir a música dentro de si"

Há uns dois dias por acaso li uma conversa de uns jovens instrumentistas meus conhecidos (bem pelo menos alguns deles) no Facebook. Estes jovens não sei se todos serão violinistas mas em todo o caso a conversa era (também) baseada em exemplos de violinistas conhecidos.

Debatiam eles sobre a necessidade de exteriorizar ou não a emoção que sentiam ao interpretar e nas formas  a utilizar para essa exteriorização. Estavam todos de acordo que o fundamental era que essa emoção fosse sobretudo audível musicalmente mas divergiam um pouco sobre se sim ou não a exteriorização corporal era importante, relevante ou se antes pelo contrário prejudicava precisamente a componente musical.

Poderá parecer à primeira vista uma conversa pouco relevante já que a primeira coisa que nos ocorre será pensar que pouco importará, cada devendo fazer como entende melhor cabendo ao público a apreciação se gosta ou não do que está a ouvir e a ver.

Porém e antes de vos darmos dois exemplos e de vos deixar a palavra para que exprimam a vossa opinião gostaria de vos dizer que antes pelo contrário: Considero a conversa mesmo muito importante e em grande parte pode estar na base de um dos problemas da música clássica. Porquê ? Porque preocupados com demasiado formalismo, muito rigor e silêncio talvez nos tenhamos esquecido que a música também é sentimento e espontaneidade. Tanto do interprete como do público.

Não quero com isto dizer que devamos passar a fazer dos concertos de música clássica uma espécie de versão bem comportada de um concerto de rock com o público a trautear alegremente as melodias enquanto o concertista alegremente se passa com uns riffs no violino esfregando-se violentamente no solo. Não é isso de todo. A música de que gostamos não necessita disso.

Porém há uns tempos tinha-vos falado deste post do blog do Alex Ross que abordava o tema dos aplausos nos concertos de música clássica e a evolução recente dos costumes nos mesmos - interessante por exemplo a comparação com a ópera. Tinha também na altura relatado o que considerava impossível alguma vez acontecer quando Dudamel esteve na Gulbenkian. Sei que aqui a ênfase está no publico (e também porque nesse caso a orquestra ... ) mas reflictam um pouco sobre o que é realmente sério e o que queremos da nossa música quando interpretada ao vivo: Tanto dos interpretes como do público - aqui fica o desafio.

Para ilustrar deixo-vos com dois exemplos antagónicos mas dentro de uma interpretação ainda assim bastante contida. Primeiro Menuhin e Oistrakh no duplo de Bach, repare-se como a emoção transborda de qualquer forma sem necessidade de grandes artifícios.



Agora um segundo exemplo também de uma dupla com Vengerov e Bashmet na Sinfonia Concertante de Mozart.



Eu sei que o tema é polémico e exista quem não goste nada do Dudamel precisamente por causa deste folclore. Precisamente por ser polémico e por estar quanto a mim no cerne da perda de vitalidade da música de que gostamos é que no âmbito do objectivo inicial deste blog coloco o tema à vossa discussão. Digam de vossa justiça.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Desafios de Chás ou porque razão este blog deixará de ter falta de chá

A partir de hoje vamos abandonar uma velha tradição que vinha dos tempos da criação deste blog e que consistia em não "passar" este tipo de cadeias. Na verdade já tínhamos feito uma vez - creio que era uma cadeia de livros - mas sem propriamente publicar o destaque da forma pedida.

O desafio foi-me colocado pelo Blogue Bem Temperado seguem-se as regras:




1. Referir quem ofereceu o selo:

Blogue Bem Temperado. Obrigado para ao blogue com um dos nomes mais inspiradores da blogoesfera.

2. Qual o teu chá preferido

Chá de Menta.

3. Quantas colheres de açúcar costumas usar?

Zero.

4. Passar o selo a seis pessoas

Branco no Branco
Por um Mundo Melhor
Ematejoca Azul
Moura Aveirense
Frioleiras
Geocrusoe

domingo, 22 de agosto de 2010

As 10 pesquisas mais interessantes das Semanas 31 a 33 de 2010

Infelizmente continuamos a não conseguir fazer este post todas as semanas. Desta vez o período foi desde o dia 6 de Agosto até à data de hoje. Fora das dez pesquisas da semana houve um nosso leitor que chegou a este blog com esta pesquisa "Coral de Letras da Universidade do Porto, precisam sopranos". Acredito que sim. Não consegui confirmar mas se alguém que estiver a ler poder confirmar ou desmentir agradecemos. Aproveito também para  dizer que obviamente estaremos sempre disponíveis para dar conta destas necessidades, por isso já sabem, não tenham vergonha basta um email para fernando.vasconcelos@gmail.com com o pedido de divulgação. O mesmo desafio é válido para todo e qualquer concerto de música clássica que pretendam promover.

As 10 pesquisas mais interessantes (Semanas 31 a 33 de 2010)



  1. musica clássica é calmante : A música clássica como aliás todos os tipos de música podem ser calmantes mas também podem ser exaltantes. Podem fazer-nos descobrir novas forças ou como o leitor questiona acalmar a nossa ansiedade. Porém não são uma "droga" e o seu poder curiosamente vem mais do nosso interior do que do exterior.
  2. "radios+de+musica+classica" : O site não é muito bonito mas a lista é completa com rádios online dos vários continentes incluindo a nossa Antena 2. Para lerem a lista podem apontar o vosso browser para Classical WebCast.
  3. Mozart não gostava de flauta : Como tínhamos referido aqui  Mozart na realidade não gostava mesmo nada de compor para este instrumento o que não o impediu de compor algumas obras primas para o instrumento, mas gostar, não gostava.
  4. Youtube ver Guilhermina Suggia : Que eu saiba não existem imagens em movimento com a nossa grande violoncelista que tenham sido colocadas no Youtube. Posso apenas propor-vos um video com som mas sem imagem aqui.
  5. Vitória Mulova YouTube : Mais uma pergunta relativa a uma instrumentista. Desta vez a violinista Vitória Mulova. Neste caso há imagens e a dificuldade é escolher. Embora não seja em Bach que a prefiro ouvir proponho-vos a Chaconne (a segunda parte podem ouvir aqui).
  6. Shafran Bach Suites: Daniel Shafran (1923-1997) Foi um dos violoncelistas mais relevantes do século XX. Violoncelista de origem russa estudou praticamente toda a sua vida com Shtrimer. Em 1937 ganha o concurso de melhor violoncelista da União Soviética ganhando como prémio um violoncelo Amati no qual tocaria toda a vida. Embora tenha feito várias tournées na Europa era na sua pátria que se sentia melhor e foi lá que produziu também as suas melhores interpretações nomeadamente de compositores russos. Destes o concerto de Kabalevsky e a Sonata de Schostakovich são especialmente representativas. Desta ultima existe aliás uma lendária interpretação com o próprio compositor ao piano. De resto Shafran era especialmente conhecido pelo seu som e timbre suaves e pela enorme sensibilidade musical e capacidade de encontrar um ângulo nunca antes antevisto em qualquer obra em que se embrenhasse. Sim claro interpretou Bach sublimemente mas se queremos ouvi-lo no seu melhor então recomendo a gravação com Schostakovich que podem ouvir aqui.
  7. O que levou Beethoven a arrepender-se de homenagear Napoleão: Esta pergunta para ser respondida tem que ser enquadrada ainda que de forma rápida e sucinta na história da época. Não nos esqueçamos que tínhamos acabado de viver a revolução francesa  com todos os seus horrores (e foram muitos) mas também com a esperança de igualdade entre os homens. Este conceito que hoje nos parece tão prosaico na altura fazia jus à palavra revolução. Não nos esqueçamos que os direitos da Nobreza e do Clero eram substancialmente diferentes dos do povo. Ora passada a anarquia da revolução Napoleão era visto na Europa por muitos povos dominados por reis mais ou menos tiranos, era visto dizíamos como um libertador, não um invasor. Napoleão era o lider do exercito da liberdade aos olhos de alguns. Concretamente aos olhos de Beethoven que como outros artistas era tratado como um cidadão de terceira classe alguém que face aos desejos dos seus patronos Nobres não tinha qualquer tipo de direito de exercer vontade própria. Beethoven ainda assim (e isso granjeou-lhe muitos inimigos) foi dos primeiros a procurar uma emancipação que só viria a tomar forma completa no período romântico. Mozart por exemplo para quem conhece a sua biografia sabe que sempre dependeu de patronos e foi forçado à produção em série de obras que na verdade não desejava.  Beethoven via assim Napoleão como o símbolo do novo mundo igualitário. Até ao dia em que Napoleão se proclamou Imperador. Aí obviamente deixava o papel de consul (o título que ostentava até então) deixava a Republica para voltar aos velhos modelos de subserviência. Conta-se que foi ao saber dessa auto-proclamação que Beethoven furioso riscou a dedicatória da sua Eroica ao Primeiro-Consul então tornado imperador. Claro que esta explicação é apenas uma das muitas possíveis sendo também certo que os sentimentos de Beethoven em relação a Bonaparte sempre foram pelo menos bivalentes. Há teorias que apontam no sentido do mais puro calculismo por parte de Beethoven. Segundo esta hipótese a dedicatória teria sido retirada porque o plano de uma viagem a Paris teria sido abandonado - a dedicatória nesse caso seria uma espécie de porta-de-entrada. Por outro lado há quem pense que a probabilidade elevada de guerra entre a Áustria e a França levou Beethoven a reconsiderar - Beethoven que era conhecido por mudar facilmente de opinião quanto a dedicatórias o que não é difícil de imaginar tendo em consideração o seu feitio impulsivo. No que me diz respeito sou partidário da primeira teoria até porque como se diz  se não é verdade é bem pensado ... 
  8. Padre António Cartageno :  Falamos deste compositor português provavelmente o maior compositor português de música sacra da actualidade aqui por ocasião de um concerto que fomos ouvir a Grândola.
  9. Numérica música Clássica blogspot: Uma das editoras portuguesa de música clássica embora não exclusivamente ... Merece obviamente o nosso modesto destaque e fica aqui a promessa de um dia destes fazermos uma revisão ao seu catálogo porque há algumas obras de que vale sem dúvida a pena falar.
  10. Jullian Lloyd Weber O Cisne : Como explicamos o Cisne é uma das partes que compõem o Carnaval dos Animais de Saint-Saens. Jullian penso que dispensa apresentações. Aqui fica uma interpretação desta peça pelo referido violoncelista.

Pesquisas Frequentes
  • Biografia de Cláudio Monteverdi: Leiam aqui uma curta biografia.
  • Biografia de Henry Purcell Temos efectivamente uma biografia de Henry Purcell no nosso blog. Podem ler aqui.
  • Biografia de Vivaldi : Leia aqui uma biografia com aspectos principais da vida deste compositor do período barroco.
  • Biografia de Jean-Pierre Rampal : Leia aqui uma biografia deste flautista do século 20 que devolveu à flauta o estatuto perdido de instrumento solista.
  • O que é a música clássica: Leia aqui uma resposta possível.
  • O que é um concerto grosso : Leiam aqui uma curta definição com links para alguns exemplos.
  • Sinfonias de Beethoven : Efectivamente analisamos as nove sinfonias de Beethoven recorrendo em parte aos textos de Berlioz. Neste post fizemos uma lista de todos os posts relativos a essas obras.
  • Sonata Appassionata: Esta obra de que falámos neste post foi na altura uma autêntica revolução na composição para piano tirando o máximo partido da versatilidade e capacidade sonora dos novos instrumentos. O nome não foi escolhido por Beethoven.
  • Grandes Maestros : Vejam aqui a lista
  • Grandes Violinistas: Vejam aqui a lista
Dados Estatísticos

Tivemos nestas 3 semanas 1099 visitas (que resultam de pesquisas) de 17 países diferentes das quais  590 do Brasil, 469 de  Portugal e 8 da Alemanha que assim recuperou o terceiro lugar. Lisboa com 156 visitas foi a cidade com maior número de visitas em segundo lugar ficou São Paulo com 111 visitas e em terceiro a Invicta cidade do Porto com 60 (o Rio de Janeiro ficou desta vez bem próximo com 58 visitas).

Destas 154 foram directas, 225 foram através de sites de referência enquanto 667 foram de motores de pesquisa. 53 visitas vieram do feedburner enquanto nestas semanas temos tido em média 29 leitores por dia que nos lêem através de feeds (de um total médio de 279 subscritores). Isto significa que o número total de leitores deverá ter sido  1309 (feeds + visitas "normais").

O post que mais vezes foi lido através do feedburner foi  Votação do melhor concerto de Sopro que foi lido por 70 vezes. Por outro lado o post que mais visitas gerou de volta ao site foi o Faleceu António Feio (45 clicks).

No que diz respeito ao conteúdo mais popular no blog o nosso texto Lista de Interpretes e Músicos  (70 vezes).

sábado, 21 de agosto de 2010

Post nº 1000 : Os vossos comentários a este blog (Parte 35 - 1 a 15 de Setembro de 2009)

No dia 1 de Setembro descobriamos que há violoncelistas que detestam com paixão o Canon de Pachebel e Mário comentava assim : "Divertidíssimo! Devo dizer que eu próprio odeio o Pachelbel, um compositor de pepineiras, mas fiquei banzado com a demonstração do uso do canon pelos U2 (Within you or without you) e Beatles (Let it be). Quem diria !". Pianoman por seu lado dizia-nos que também tinha feito um post sobre esse mesmo vídeo: "É um vídeo realmente divertido. Aqui há cerca de um mês fiz um post com esse vídeo como figura central. Faz parte da série de posts "Plagialismos" e tem disponíveis para audição os vários exemplos musicais que ele refere como "baseados" no Cânone de J. Pachelbel.
o Post em causa pode ser visto AQUI". Ematejoca por seu lado confessava que era neutra em relação ao dito Canon : "Nem gosto nem desgosto do Canon de Pachebel. Nos concertos de verão às quartas-feiras nunca falta. O vídeo era cómico!!! A Literatura e a Música andam de mãos dadas. A sua paixão é a música, a minha a literatura. Nunca lhe ofereci um selinho, porque não é coisa do "Diz que não gosta de música clássica ? "Hoje faço-o, porque o selinho se chama "Literatura é Arte"! Aceite-o, pelo menos pro-forma." Penso que na altura não aceitei o dito selo hoje fica aqui o compromisso de o aceitar "pró-forma". Frioleiras que adora Violoncelo por seu lado também gosta do Canon : "o violoncelo é o meu instrumento musical preferido... e adoro o canon de Pachebel.............". Certo diria eu mas não tem de o tocar no violoncelo :-).

No dia 2 de Setembro a propósito de uma canção de Schumann dizia Ematejoca:

"Im wunderschönen Monat Mai,
Als alle Knospen sprangen,
Da ist in meinem Herzen
Die Liebe aufgegangen.


Im wunderschönen Monat Mai,
Als alle Vögel sangen,
Da habe ich ihr gestanden
Mein Sehnen und Verlangen.


Um dos meus poetas preferidos é o Heinrich Heine, que nasceu em Düsseldorf, mas ainda muito novo foi para Hamburgo, onde morava um tio muito rico. Desde 1831 viveu em Paris, casando e morrendo lá.
Heine e Schumann nunca foram amigos. Quando se encontraram - em Maio de 1828, em Munique - o Heine não ligou nenhuma ao Schumann(o mesmo tinha feito o Goethe a Heine). No seu diário, Schumann escreve, que Heine é um homenzinho irónico "ironisches Männchen", no entanto, o Poeta Heine fica para sempre o seu preferido.A música nunca interessou Heine, de que pouco ou nada sabia. Nos concertos ele morria de tédio.
Há mais ou menos dois anos houve em Düsseldorf na Kunsthalle uma exposição fabulosa sobre estes dois homens: o poeta Heine e o músico Schumann."

No dia 3 de Setembro Ematejoca dizia a propósito da nossa votação para a Sinfonia Preferida : "Compreendo, que o 1º lugar esteja ocupado pela nona sinfonia de Beethoven, e talvez seja também a minha preferida. Para contrariar acabo por votar num outro compositor." . Não pude na altura deixar de felicitar essa atitude "contestatária" : "É assim mesmo ! Queremos é contestatários, ... apesar de claro a nona também ser a minha preferida." Comentário que valeu a resposta de Geocrusoe : "Está a tentar influenciar-me? ;) por enquanto duas das 3 no pódio e a outra faz parte do grupo das aceites. Mantenho, não consigo tirar a que não gosto para pôr Berlioz... paciência!"

A propósito de um post sobre o disco de Rui Paiva dizia Eco : "Tenho ido à FNAC do Colombo e eles nunca têm o cd...Quem sabe indo mesmo ao EL Corte Inglés, eles ainda o tenham..."

A 6 de Setembro dizia Blogger comentando os resultados intermédios da votação da sinfonia preferida: "uma pena haver tanto beethoven! entendo que o homem seja um génio, mas mesmo assim...tchaikovsky nº6, sibelius nº5 :(". Pois eu também achei mas foi a vontade popular. Ainda sobre estes resultados Ematejoca contava-nos que tinha votado em Sibelius: "Votei na Sibelius nº 5, mas mesmo assim a minha preferida é a nona de Beethoven!!! Hoje recebi de presente um DVD: Paavo Järví meets Elisabeth Leonskaja


Johannes Brahms
Concerto para piano e orquestra nº 2


Robert Schumann
Synphony Sibelius nº 1


Conhece o maestro Paavo Järví e a pianista Elisabeth Leonskaja? Eu nunca ouvi falar neles!". Frioleiras por seu lado perguntava se ainda podia votar na Quinta de Mahler: "Eu voto na nr. 5 de Mahler. Posso, ainda?". Não infelizmente não podia.

A 7 de Setembro Fantasia Musical dizia sobre a descoberta do blog Minerva Pop : "Sem dúvida, um blogue a descobrir"

A 8 de Setembro Pianoman apreciava um quadro de Latour : "Este quadro de Latour é óptimo para a nossa série de posts Música & Pintura. Ainda não me tinha lembrado dele! Com a sua permissão, irei incluí-lo num futuro post da referida série." Comentei então que haveria um outro que poderia também fazer parte: "há um outro também do Latour sobre a Sinfonia Fantástica de Berlioz que também podia incluir." mas havia regras pianisticas que o exluiam : "Eu descobri outro dele que se chama "Uma peça de Schumann" de 1864. Esse da Sinfonia Fantástica mostra algum piano? (ou pelo menos um instrumento de tecla?)É que isso tem sido condição necessária para pertencer à nossa série."

A 10 de Setembro Moura Aveirense confessa não suportar vibratto em vozes : "Não suporto vibrato em vozes, dá-me cá uns nervos!". Geocrusoe por seu lado descobria que faltava alguma coisa no ultimo paragrafo : "julgo que falta identificar um período no último parágrafo ou tem esta palavra a mais.Já agora, aquele modo de cantar as óperas de rossini são vibratos em série?". Tarzan por sue lado dizia: "Há alguns anos, o criticomusical.blogspot.com/ apresentou um paper em que se demonstrava, através de gravações muito antigas que a moda do vibrato nas orquestras e instrumentos solísticos é relativamente recente (salvo erro, a partir dos anos 30).
Na música vocal, e dadas as inúmeras evidências de vedetismo e exuberância dos profissionais líricos, acredito que a moda seja bem mais antiga. Pessoalmente irrita-me o vibrato permanente, esteja ele justificado do ponto de vista histórico ou não. O vibrato e os ornamentos perdem a sua eficácia se forem constantemente usados já que deviam ser elementos expressivos. Mal comparado, ouvir uma peça cantada em vibrato permanente é como ler um romance com hipérboles em todas as frases.". Pianoman acrescenta : "A utilização do Vibrato é realmente polémica, mas, como em quase tudo na vida, depende do bom-senso.
Em meados do Século XVIII, Leopold Mozart escreveu num tratado para violino exercícios para praticar algo a que ele chamou de "tremolato" mas que qualquer aluno de violino reconhece como o que se chama vibrato actualmente.
No entanto, o próprio Leopold Mozart queixa-se do uso indiscriminado desse recurso por parte dos violinistas. Isto não significa que não se usava vibrato naquele tempo, mas sim que se usava demais. Isto, obviamente, não significa que não se use vibrato de todo.


A respeito do uso do vibrato, lembro-me de uma enorme polémica que aconteceu nos Proms do ano passado. Isto porque o maestro Roger Norrington decidiu que iria tocar a famosa "Pomp and Circunstance" de Elgar (e também a sua Sinfonia No.1) SEM NENHUM vibrato, pois, segundo ele, o vibrato foi uma invenção do início do Século XX e toda a música anterior a essa data deverá ser tocada sem vibrato. Assim, segundo ele, cumprem-se as intenções de Elgar.". Mário por seu lado gentilmente avisava que tinha citado o nosso blog : "Publiquei no Livro de Areia um post referido a este seu Vibrato, http://olivrodaareia.blogspot.com/2009/09/vibrato-qb-de-david-daniels.html"

A 13 de Setembro dizia Geocrusoe dizia a respeito da ultima fase da votação da sinfonia preferida : "Isto agora é bem mais difícil, queria votar em quase todas... mas optei por manter as minhas 3 votações das fases anteriores. (parece ser a média de votação de cada um)". Ematejoca por seu lado dizia : "Já que se pode votar em 3 sinfonias, vou escolher mais 2 e votar nelas!"


A 14 de Setembro Ematejoca escrevia mais um comentário inspiradíssimo com um poema de Heines: "Outro belo poema do nosso Heine:


Aus meinen Tränen sprießen
Viel blühende Blumen hervor,
Und meine Seufzer werden
Ein Nachtigallenchor.


Und wenn du mich lieb hast, Kindchen,
Schenk' ich dir die Blumen all',
Und vor deinem Fenster soll klingen
Das Lied der Nachtigall.


Quem traduziu para a nossa língua? E aonde é que foi buscar a Primavera?!


PS: Ontem a Clara faria 190 anos!" . E claro que tinha razão quanto à Primavera, tinha sido um erro de tradução ...

Nesse mesmo dia mdsol voltava ao nosso convívio : "Deixo um olá de quem tem andado um tanto dispersa, mas não esquece os cantinhos onde gosta de espreitar :))))"

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Alban Berg, Richard Strauss e Mahler e gráficos

Como foi referido no blog The Rest is Noise foi recentemente publicado um livro Alban Berg and His World editado por Christopher Hailey e que procura esclarecer-nos sobre o papel deste compositor no modernismo vienense. No site da Princepton Press podem ler o primeiro capitulo do livro intitulado Berg´s Worlds gratuitamente assim como ler o Índice completo da obra.

Uma parte particularmente engraçada do livro segundo Alex Ross é uma análise das carreiras de Mahler e de Strauss. Na primeira vemos um gráfico com uma linha recta sempre ascendente. Na de Strauss vemos duas rectas na forma de um triângulo a primeira ascendente a segunda descendente indicando portanto o declinio de Strauss enquanto compositor no fim da sua vida.

Diz Alex Ross que se Berg tivesse ouvido "As Quatro Ultimas Canções" ou "Cappricio" talvez tivesse considerado uma segunda recta ascendente no gráfico de Strauss. Obviamente o de Mahler (digo eu) não se discute :-). No que diz respeito às Quatro Ultimas Canções também partilho a opinião, são efectivamente belíssimas ...

É caso para dizer "Oh da Guarda!"

Chamaram-me a atenção para um caso insólito - à falta de outro adjectivo - que ocorreu em Vila Viçosa localidade do distrito da Guarda. Podem ler uma descrição do caso no Café Mondego que contém igualmente um scan de uma página do Diário de Notícias onde o jornalista Manuel António Pina descreve o sucedido.

Em resumo o Presidente da Junta de Vila Viçosa resolveu boicotar um concerto de música clássica dado num espaço privado e devidamente autorizado à força de ... vuvuzelas no exterior do recinto. A causa para tal boicote não tinha nada a ver com a música mas antes com conflitos passados entre o organizador do concerto e referido Presidente da Junta.

Obviamente que a causa do boicote é irrelevante, imaterial porque fossem quais fossem as razões que eventualmente lhe assistiriam (nem as discuto embora em boa verdade face ao tipo de "vingança" tenda a pensar que poucas serão as probabilidades de lhe assistir alguma) estas estariam irremediavelmente perdidas na altura em soprassem nas ditas. Como digo e repito os fins nunca justificam os meios: Nunca. Nem os músicos nem o público mereceria certamente o tratamento já para não falar do principio em si.

Mas esperem que o melhor ainda está para vir. Foi chamada a polícia obviamente. Que nada fez. Afinal de contas um dos sopradores de vuvuzela era o Presidente da Junta. Aparentemente a policia sabe quem manda na terra demonstrando assim sobeja cultura política.

Pensais que o caso acaba aqui? Pois não. Segundo a novela em causa um dos espectadores era o Director do Teatro Municipal da Guarda que terá tentado incutir bom senso nos "manifestantes" como assim se apregoavam. Rezam os artigos que por causa dessa intervenção o referido Teatro terá o seu orçamento cortado em 20% em 2010 e 30% em 2011.

Confesso-vos que me custa muito acreditar que no meu país alguém com responsabilidades se comporte desta forma como se estivéssemos numa republica de vuvuzelas (para não dizer mal de uma fruta que não tem qualquer tipo de culpa no cartório, já as vuvuzelas merecem ...). Quero ainda acreditar que pelo menos a ultima parte desta história tem outras explicações. Quero acreditar que a não intervenção da polícia se deveu a preferirem as vuvuzelas a Vivaldi ignorando assim a lei em virtude de uma profunda e revolucionária (contemporânea ?) sensibilidade artística. Gostaria ainda de acreditar que não se tratou de um boicote mas da expressão de um profundo sentimento artístico irreprimível, urgente, uma espécie de happening pós-moderno.

Quero acreditar em tudo isso, ignorando as probabilidades, porque qualquer outra explicação vai do muito muito triste pela falta de carácter ao profundamente preocupante pelo abuso de poder. Como vos dizia é caso para gritarmos bem alto: Oh da Guarda ... (some pun intended).

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Vivaldi - Concerto para Flauta em Dó Menor - RV 441

Este concerto (RV 441)  é um dos mais virtuosos concertos do barroco sendo bastante "clássico" na sua estrutura. Foi composto em 1742 sendo um dos dois que Vivaldi compôs para o instrumento. Os três andamentos seguem a sequência andamento rápido - lento - rápido, sendo que cada um dos andamentos foi composto na forma clássica de ritornello.

Para ouvirem este magnifico concerto proponho uma interpretação do flautista sueco Dan Laurin com o Drottningholm Baroque Ensemble. Em qualquer um dos andamentos as passagens em Arpejos são particularmente difíceis do ponto de vista técnico demonstrando que na época a flauta era certamente um instrumento solista por natureza.

I. Allegro non molto
II. Largo - Até ao minuto 2:48 aproximadamente.
III. Allegro - Do minuto 2:48 em diante.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Concerto de Sopro Preferido - Resultado Final

Pois é: Terminou a votação. Tivemos no total 55 votantes e 90 votos expressos (uma média honesta de um pouco menos de 2 votos por votante). Quase que tínhamos um empate no primeiro lugar (aliás houve quem tivesse ficado com essa sensação) mas em primeiro ficou para o Concerto para Flauta RV 441 de Vivaldi. Em segundo lugar ex-aequo Mozart com o seu concerto para Clarinete e Bach com o Duplo Concerto para Violino e Oboé. 

Fica prometido para breve um post mais detalhado sobre os três primeiros.

A votação final ficou então assim escalonada:
  1. Vivaldi - RV 441 - Concerto para flauta de bisel.......15
  2. Bach - Concerto Oboe e Violino BWV 1060................14 
  3. Mozart - Concerto para Clarinete ......................14
  4. Bach - Concerto para Oboé d´Amore BWV 1055 ............10 
  5. Haydn - Concerto para Trompete ........................04 
  6. Weber - Concerto para Clarinete .......................04 
  7. Telemann - Concerto Trompete em Ré ....................04
  8. Mozart - Concerto para Trompa nº 4 ....................04  
  9. Aaron Copland - Concerto para Clarinete................03 
  10. Telemann - Concerto Flauta em Ré Maior ................03 
  11. Vivaldi - Concerto para duas Trompetes - RV 537........03 
  12. Vivaldi - Op10 - Concerto para flauta nº 1 ............03 
  13. Mozart - Concerto para Flauta nº 1 ....................03 
  14. Hummel - Concerto para Trompete .......................03 
  15. Goossens - Concerto para Oboé .........................02 
  16. Strauss - Concerto para Trompa nº 2................... 01 

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Sociedade Filarmónica Ribeirinhense - 85 Anos

Um bocado por acaso, ou mesmo totalmente por acaso a bem dizer, quando estava a visitar este site, uma "recomendação" do Geocrusoe - a que não resisti - sendo como sou totalmente apaixonado pelos Açores, caí na fotografia da Sociedade Filarmónica Ribeirinhense.

Diz-me o Geocrusoe que esta sociedade festejava o seu aniversário ontem precisamente. Leiam este artigo do jornal Tribuna das Ilhas para ficarem a saber quase tudo sobre os 85 anos desta Sociedade Filarmónica.

Estarão eventualmente alguns leitores a pensar que não se trata nestas filarmónicas de música clássica. Talvez não (embora por vezes até seja) mas em todo o caso será sempre música e sobretudo dos poucos locais onde existe tradição de se fazer música amadora. Assim que fique este post como uma homenagem a esta e todas as sociedades deste tipo que existem espalhadas pelo país inteiro.

Porque quem faz música instrumental só pelo gosto de a fazer merece sempre todo o meu respeito.

A pior gravação de sempre

O blog de Alex Ross está a fazer uma espécie de inquérito sobre qual terá sido a pior gravação de sempre. Ele para começar propõe uma gravação do Quinteto de Furtwangler com obras de autores do fim do período romântico. Claro que já surgiram outras propostas como Alex Ross nos conta neste outro post. Agora leiam e em alguns casos riam bastante porque é caso disso :-)

domingo, 15 de agosto de 2010

Post nº 1000 : Os vossos comentários a este blog (Parte 34 - 16 a 31 de Agosto de 2009)

Em Agosto já se sabe há sempre menos interactividade e visitas. Os leitores preferem actividades de ar livre vá se lá saber porquê ... No ano passado no dia 17 de Agosto Ematejoca comentava o post em que vos falava do novo record do mundo dos 100m, o único Record que vi ser batido até ao hoje ao vivo: "... e a Alemanha já ganhou 3 medalhas, Fernando!!! Bartels uma Medalha de Bronze. As Silver-Girls: Jennifer Oeser e Nadine Kleinert ganharam prata.Foi hoje a primeira vez, que ouvi o nome: Usain Bolt."

A 19 de Agosto Geocrusoe dizia sobre a minha visita a Leipzig : "Bem eu pouco saí de berlin, apenas fui a postdam, mas aí não era a música o chamariz. mas berlin tem música qb e pos isso sonho lá voltar à cidade que me levou a estudar alemão sozinho em casa." Ematejoca por seu lado dizia : "Estou há anos na Alemanha e ainda não vi tudo aquilo, que gostava de ver: Leipzig, por exemplo. Ando há anos para visitar essa cidade. Gostava de lá ir em Março, por altura da Feira do Livro. É uma Feira do Livro mais pequena e menos importante do que a de Frankfurt, mas mais interessante!"

A 20 de Agosto dizia Andre Egg a propósito de um post onde vos dávamos os resultados intermédios na votação da nossa sinfonia preferida : "Votei na Fantástica do Berlioz, mas preferia votar na Sinfonia de Câmera do Schoenberg, ou na do Luciano Berio, ou na n° 1 de Guerra Peixe ou na de Camargo Guarnieri - se alguma destas opções estivesse disponível. Parece que na tua enquete só estão as oitocentistas...". Mário por seu lado dava-nos a receita para a vingança: "Então a "malta do Ravel" debandou ? ;-). Da 1ª vez que fui a Salzburgo, no verão, contava poder assistir a alguns concertos, uma óperazita... isto no início dos 90. Assim que cheguei à bilheteira e perguntei lugares e preços, fiquei estarrecido. Da ordem dos 80 p.p.os mais baratos! Na altura , já tinha ficado "teso" só com a viagem e o miserável "hotelzito"... Pois agora imagine o Fernando o que é estar em Salzburgo, durante o festival, a vê-lo passar...claro que aproveitei para passear no Tirol.Vinguei-me uns anos depois. Faça o mesmo: programe Berlim II com bilhetes na mão...". Filipe Castro por seu lado perguntava se ninguém tinha votado na Sexta de Beethoven: "E ninguém votou na sexta sinfonia de Beethoven?". Bem Filipe ter tinham mas nesta fase da votação já só estavam em consideração as 10 mais votadas ... Raul Martins desculpava-se da ausência e confessava já ter também votado: "Também lá deixei os meus votos. Ainda apareci a tempo. Um abraço sentido, para ti e para os teus, apesar da ausência.Carpe diem!"

A 23 de Agosto Ematejoca comentava sobre a Biografia de Robert Schumann : "O pai de Clara tinha toda a razão em não querer a ligação de Robert e da sua filha, pois Schumann tinha problemas com a bebida, o fumo e crises depressivas... e Clara tinha um grande futuro à sua frente como pianista. Após 14 anos de casamento, Clara compreendeu a asneira desse casamento. Sózinha com 7 filhos (um deles morreu muito novo), tendo que dar aulas e apresentações para sustentar a família, pois Schumann entrou em depressão crónica, o que obrigou a família a interná-lo num manicómio, onde ficou dois anos, até à sua morte. CLARA NUNCA O VISITOU!!! A partir daí ela ficou livre para compor e dar concertos, desenvolvendo, finalmente a sua carreira. Claro, que continuou a divulgar a obra do marido. Mas uma coisa é o homem, outra o MÚSICO. A amizade (ou mesmo um romance) com Johannes Brahms foi nessa altura muito importante para Clara Wieck."Não sei Ematejoca, não sei se terá sido assim. José Luís Sarmento por seu lado atribuía-nos um selo. Como sabem até agora não temos colocado ou seguido estas correntes - deformação profissional diria ... no entanto aqui fica a menção e o agradecimento: "O Rui Herbon, d'A Escada de Penrose, acaba de me atribuir o prémio representado por este selo. As regras que o prémio acarreta são as seguintes:


1- Colocar o selo no blogue;
2- Indicar 10 blogues que considero viciantes;
3- Informar os indicados;
4- Publicar no blogue três coisas que pretendo fazer no futuro.


Três coisas que pretendo fazer no futuro:
1) inflectir pouco a pouco a orientação do blogue para a intenção inicial, que consistia em falar de leituras;
2) sem prejuízo do que disse acima, continuar a reflectir sobre política e educação numa perspectiva radical, ou seja, partindo de posições de princípio e distanciando-me um pouco das polémicas correntes;
3) dedicar alguma atenção à temática do ambiente, ligando-a à da racionalidade e do pensamento crítico.


Os blogues que nomeio são, por ordem alfabética, os seguintes:


A Natureza do Mal
Ao Longe os Barcos de Flores
Câmara dos Lordes
Da Minha Profunda Ignorância
Delito de Opinião
Diz que não gosta de música clássica?
Está de Velho!
Ladrões de Bicicletas
O Bengalão
Vade Retro"

No dia 25 de Agosto Frioleiras perguntava sempre sobre a Biografia de Robert Schumann : "Brahms não teve a ver com as ''incomunicações'' com a sua mulher Clara?...Será romanceado talvez mas, em termos humanos sabemos quanto os distúrbios sentimentais podem ser abalados com semelhantes factores e ainda mais numa época romântica, tão propícia ao exarcebamento sentimental e psicológico............." Tal como Ematejoca , Frioleiras acredita que a relação entre Clara e Brahms poderá ter sido mais do que simplesmente de amizade ou de paixão mais ou menos platónica. Não sei ... mas que

No dia 28 de Agosto Ematejoca dizia não se admirar que tivéssemos acertado numa questão que colocava no seu blog: "Claro, que era Goethe, o maior homem de letras alemão. Que o Fernando e o Geocrusoe acertassem não me admirou nada - era uma pergunta para ambos!!!"

No dia 30 de Agosto dizia Geocrusoe a propósito do primeiro termo do nosso Dicionário : "Não é também um anacronismo considerar esta salve regina como canto gregoriano? O canto gregoriano é monódico, portanto só com vozes em uníssonos. O presente caso faz-me lembrar mais os primeiros cantos polifónicos do tempo de Pérotin, quando do aparecimento de tropes e organas como no manuscrtio de Puy. Claro, no que se refere ao tema do post... é um belo exemplo de cantar a capella." Uns minutos mais tarde Geocrusoe completava com "como quando vou ao you tube depois de algo tão belo como aquele salve regina, lá me entretenho a buscar outras obras, cá vai um à capella contemporâneo, embora sem arriscar muito na dissonância ou no reino do atonal http://www.youtube.com/watch?v=fDmmAS49k0Q". Cesar Marrafa por seu lado gentilmente dizia-nos quanto apreciava este blog : "Caro Fernando Vasconcelos
Costumo passar no seu blogue sempre que para tal tenho tempo disponível. Deixo este comentário só para realçar o excelente Blog que nos proporciona e os excelentes momentos que me faz passar. Graças a isso tenho ficado muito mais rico e esclarecido, principalmente no que à Musica Clássica diz respeito.
Continuarei, com muitíssimo prazer. Um abraço.". Mário por seu lado achava a ideia boa e recomendava uma tag (já foi colocada e tem 13 entradas, menos do que eu gostaria mas é o que se consegue ... ) : "Excelente ideia. Posso sugerir que coloque uma etiqueta "dicionário" ou outra a seu gosto para futura consulta? Parece que a origem do termo está no côro da Capella Sixtina do Vaticano, significando "cantar ao estilo da Capela". De início referia-se a canto litúrgico não acompanhado, de que era modelo a obra de Palestrina, mas generalizou-se a toda a música apenas vocal, sagrada ou profana. Na verdade, já na época de Palestrina, muita da obra sacra "a capella" era de facto acompanhda por um fundo de órgão !"

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