A única música que precisa de embalagem é a música de plástico.
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Vinicius de Moraes (1913-1980)
É uma questão legitima e que tem uma resposta subjectiva e prepotente. Porque posso e porque para mim Vinicius, Jobim e tantos outros da MPB são tão "clássicos" como os demais que por aqui falamos. Para escolher um poema do Vinicius nem sei por onde começaria.
No fim de semana passado fui ouvir Stacey Kent. Cantora americana de Jazz fanática de Brasil e de Bossa Nova; tal como eu. Cantou algumas canções do Vinicius e do Jobim e logo para começar uma canção com música do parceirinho 100% Tom e letra de Vinicius - Chega de Saudade (numa aula de português nos Estados Unidos de que Stacey falou - que grande atmosfera e como é lindo o português).
(A Stacey Kent para quem não conhece é a rapariga que está de cinzento a seguir aos dois rapazes de verde na imagem inicial). By the way obrigado mana pelo presente ... que grande presente. E que saudades tu sabes de quem ...
Para viver um grande amor, Vinicius deverá saber bem, por nove vezes casado, sagrado cavalheiro. Não basta ser bom sujeito é sempre necessário um crédito na florista. E que tal passarmos a ganhar dinheiro com a poesia eu que já só ando mesmo em boa companhia ...
Mas a felicidade é mesmo uma coisa louca mas delicada de todas as cores e é por ela ser assim que dela devemos tratar com cuidado: tristeza não tem fim, felicidade sim ... ao vivo agora em 1978 dois anos apenas antes da sua morte.
Vinicius está sempre comigo na secretária do meu escritório num poema que tinhas na tua carteira. O amor dizias é o murmúrio da terra quando as estrelas se apagam e os ventos de outrora vagam no nascimento do dia. E eu me lembro de quando a luz dos olhos teus ...
E oiçam até ao fim Elis Regina em Formosa ... até ao fim do vídeo mas não da canção que Elis não consegue ... porque como diz se fosse só isto não fazia mesmo sentido.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Aniversários
Tenho festejado este aniversário de várias formas ao longo destes anos mas sinceramente este ano o que tinha previsto realizar não me foi simplesmente possível. Gostaria de vos ter presenteado com uma lista de 100 compositores indispensáveis para juntarmos à nossa lista de 101 composições ... Fica prometido que faremos esse post até ao final do ano.
Por agora e para terminar com música vou neste dia relembrar como comecei numa sexta-feira já tarde, ou melhor numa madrugada de Sábado - mais ou menos por volta desta hora, cerca das duas da manhã. Comecei depois de um preâmbulo sobre o âmbito do blog com um post sobre Vivaldi. Dizia eu na altura que Vivaldi era muito mais do que as Quatro Estações. Proponho-vos uma parte do belíssimo Stabat Matter pela Orquestra de Época Europa Galante dirigida por Fábio Biondi.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Dia Mundial da Música 2013
Sim estou propositadamente a recomendar que se ouça o silêncio. Só sendo capaz de o ouvir seremos capazes de apreciar a música, aliás os momentos de silêncio que se sucedem à execução de qualquer obra fazem parte integrante da mesma. É por isso que não existe maior rudeza do que aplaudir antes do fim ou não deixar que esses segundos de silêncio separadores e restauradores existam após uma interpretação de uma qualquer obra.
Lembro-me quando uma vez em Salzburgo numa das suas praças transmitiam um concerto ao ar livre. Era uma transmissão em diferido de um concerto de homenagem a Karajan sendo a Orquestra provavelmente a Filarmónica de Viena e o maestro Seiji Ozawa depois da interpretação da ária de Bach pede simplesmente silêncio ao público com um simples aceno de mão ... virado de costas ...
Dizia Baudelaire que a música escavaca o céu. Hoje proponho-vos Bach e precisamente Lord Yehudi Menuhin na interpretação precisamente da obra a que fazia referência.
Dizia há pouco a uma colega que não tinha música hoje o meu coração. Agora já tem, um pouco mais pelo menos.
domingo, 22 de setembro de 2013
O Outono em três trajes diferentes
1º Andamento
O camponês celebra com canções e danças
a felicidade de uma boa colheita.
Instigado pelo licor de Bacus,
muitos acabam a festa dormindo.
2º Andamento
Todos esquecem as suas preocupações e cantam e dançam
O ar está temperado com prazer e
pela estação que convida tantos, tantos
a saírem do seu recobro para participarem e se divertirem.
3º Andamento
Os caçadores aparecem com a madrugada
com trompetes e cães e espingardas começando a sua caçada
A caça foge e eles seguem o seu rasto
Aterrorizada e cansada de tanto ruído
de espingardas e cães, a caça, ferida, morre.
Podem ler os demais poemas neste outro post: Os poemas das quatro estações em português .
Do período barroco para o clássico de Haydn , As Estações uma obra que infelizmente conheceu pouco sucesso.
Por fim dos nossos tempos As Quatro Estações Portenhas de Piazolla uma obra que conhece quase tantas transcrições como adaptações uma obra verdadeiramente fantástica.
E agora neste Outono que mais parece Verão gozem o sol e o calor ...
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Uma mensagem musical ...
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
Delibes - Lakmé
Uma obra profundamente marcada pelo "folclore" oriental que estava na moda e influenciava uma grande parte da produção artística francesa da época. Uma história de um amor impossível entre um oficial britânico e uma jovem Hindu que acaba de forma trágica. A obra foi estreada a 14 de Abril de 1883 com enorme sucesso.
Das duas árias de que falamos a primeira é a cena em que o jovem britânico conhece Lakmé o dueto sendo entre Lakmé e a sua aia que colhem flores. Fiquem com uma interpretação notável de Netbreko e Garanca não encenada.
A segunda ária (eventualmente até mais conhecida antes dos anúncios da British Airways e outros filmes que utilizaram este primeiro tema) acontece logo no segundo acto em que esta canção é utilizada para obrigar o jovem oficial britânico a revelar-se o que leva a ser apunhalado pela aia.
sábado, 14 de setembro de 2013
A música é celebração e partilha
Resolvi partilhar convosco porque praticamente no inicio do concerto, na segunda ou terceira música o regente (não sei sinceramente qual o titulo num coro - podemos utilizar maestro?) disse uma coisa que me ficou na memória. Disse que Gospel é louvor e celebração e que o coro não o podia fazer sem a audiência e que tinha de nos sentir com eles.
Isso fez-me pensar que na verdade toda a música deveria ser celebração, louvor e partilha. Talvez sem esses elementos não exista mesmo música e talvez seja por isso que ao vivo é mesmo outra coisa.
Quanto à música foi excelente (o som não estava perfeito mas o local não deve ser nada fácil em termos de acústica) e tive sinceramente pena da minha necessidade de saída prematura. Uma experiência que recomendo e a repetir. Ah e um ultimo conselho. Quem conseguir cantar, melhor que tudo é inscrever-se num coro ... Fiquem com um extracto de um outro concerto do mesmo grupo num outro aniversário (o nono em vez do décimo primeiro). Lamento mas ontem com a excepção do concerto foi um dia para esquecer. O meu telemóvel estava sem bateria e recusou-se a filmar.
domingo, 8 de setembro de 2013
sábado, 7 de setembro de 2013
Grieg - Peer Gynt
Cartaz para a peça Peer Gynt com música de Gieg por Eduard Munch |
Esta obra foi composta para servir como música para a peça de teatro do mesmo nome de Ibsen. Aliás foi Ibsen que convidou Grieg a desenvolver este projecto. Na altura Grieg tinha já uma forte reputação adquirida pelo seu Concerto para Piano. Talvez mais importante para Ibsen fosse no entanto a sua experiência em trabalhos semelhantes e claro a sua tendência fortemente nacionalista que agradava a ambos. Ibsen era na altura não só um dos melhores escritores do mundo mas também um dos ícones do nacionalismo norueguês tal como Grieg.
Não se pense no entanto que a relação artística entre os dois homens foi fácil. Na verdade tinham opiniões bastante diferentes sobre a obra. As ideias de música para Ibsen eram um pouco ilustrativas demais para Grieg; por exemplo Ibsen queria que cada lugar por onde Peer Gynt passasse fosse ilustrado por uma música popular desse país, Grieg limitou-se a um pequeno apontamento. Por outro lado Ibsen achava que a música de Grieg tinha tirado poder ao conto tornando-o mais "bonito" enquanto a intenção do dramaturgo era bem mais sombria.
A estreia teve lugar em Oslo (então Christiania) a 24 de Fevereiro de 1876 tendo sido um sucesso absoluto. Apesar de não estar totalmente satisfeito com a obra Grieg deu entrada no seu registo de obras como Op. 26 tendo também retirado da mesma duas suites orquestrais Op. 46 em 1888 e Op. 55 em 1891 obras estas que são as que ouvimos hoje em dia mais frequentemente nas salas de concerto. Conforme poderão constatar as suites não mantêm a ordem original e devem ser entendidas como música programática sem dúvida mas sem uma relação demasiado fixa com o original.
Suite No. 1, Op. 46
Morning Mood : Esta peça originalmente fazia parte da abertura do Quarto acto. Nessa altura Peer Gynt está em África tendo-se tornado rico mas rodeado de falsos amigos. Grieg avisava contra o excesso de interpretação programática não obstante sempre referindo que "imaginava com esta música os primeiros raios de sol por cima do horizonte ao som dos primeiros fortes". O facto é que esta melodia é sem dúvida uma das mais conhecidas e uma das que mais rapidamente associamos ao amanhecer.
The Death of Åse : Na peça de Ibsen esta música serve tanto para a introdução do terceiro acto como para o seu fecho. O herói volta para perto de Solveg e da sua mulher Ase que está às portes da morte. Uma música de lamento portanto.
Anitra's Dance : Voltamos aqui ao Quarto Acto na peça original e a uma festa onde Peer Gynt é seduzido por Anitra, filha do grupo de beduínos que o acolhe depois de mais uma fuga. esta dança em tempo de Mazurka é também uma melodia muito conhecida e certamente uma das mais voluptuosas da música clássica.
In the Hall of the Mountain King : Na peça original este episódio situa-se perto do fim do segundo acto quando Peer Gynt se situa na terra dos Trolls e conquista a filha do rei da montanha. Porém os seus subditos não recebem bem esta conquista e Peer Gynt tem de, mais uma vez, fugir para se salvar. Uma melodia rítmica, propositadamente rústica e "barbara" que procura ilustrar os mais básicos, grotescos e animalescos comportamentos da espécie humana.
Suite No. 2, Op. 55
The Abduction of the Bride. Ingrid's Lament : Originalmente esta música abria o acto II. Ilustrava o rapto de Ingrid por Peer Gynt e a sua fuga para a montanha. Um andamento que começa rápido representando o rapto mas que acaba em tons dramáticos tristes quando Peer Gynt abandona Ingrid.
Arabian Dance (Arabisk dans) : Uma das outras danças do Quarto Acto na tenda do rei beduíno. Uma melodia que procura ilustrar o exotismo do norte de África.
Peer Gynt's Homecoming (Stormy Evening on the Sea) : Nestes dois últimos andamentos Grieg retoma a ordem normal. No original esta peça fazia parte do inicio do quinto acto e ilustra o regresso de Peer Gynt a casa. Um regresso que seria calmo não fosse a tempestade no mar que acaba por o transformar num naufrago. Um andamento que ilustra assim os contrastes da natureza e do mar.
Solveig's Song : Peer Gynt finalmente volta para o seu amor sendo que esta peça terminava o quinto e ultimo acto. Ilustra o amor eterno e a redenção. Uma lindíssima melodia e mais uma vez uma das mais reconhecidas da música clássica.
Faço-vos notar que é na verdade espantoso o número de melodias que conhecemos e que provêm desta obra ...
Nota: Sim leram bem o cartaz para a peça foi da autoria do pintor Eduard Munch - o do famoso Grito e outras obras. Notável trio ...
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Um graffiti diferente
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
O efeito Chopin
terça-feira, 3 de setembro de 2013
Noticia de ultima hora - Federer vai deixar o ténis e dedicar-se ao violino
Pronto agora a sério ... É uma campanha do festival de Música de Lucerne e que prova que é possível fazer humor com música clássica sendo verdadeiro e mesmo assim com piada - pela personagem em causa claro mas não só. A forma como "testa" o violino tem um subtil humor que mesmo quem não sabe nada de ténis percebe. Um contra exemplo para um outro post que esteve na moda estes últimos dias ...
PS: Que me desculpem os compositores contemporâneos e a Gramophone. Essa parte da piada não tem nada a ver com o vídeo e é um "pun" particular. Se quiserem e estiverem mesmo zangados comigo podem mudar-lhe a ultima letra ...
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
A cada 3 segundos ...
Este vídeo uma acção da Grey (suponho que se trata da agência de publicidade) organizada para o International Children Fund com o objectivo de recolha de fundos. O video começa com uma canção dos Tears for fears (Mad Wolrd) entoada por um grupo de crianças que se vai tornando mais pequeno de três em três segundos, o tempo que medeia entre cada perda de vida de uma criança por razões totalmente evitáveis.
domingo, 1 de setembro de 2013
Os prémios da Gramophone - Segunda Parte
Concerto
O prémio foi atribuído a Patricia Kopatchinskaja pela sua interpretação dos concertos dos compositores hungaros Bartók (segundo concerto), Eötvös e Ligeti . A violinista apresenta-se com a Hessen Radio Symphony Orchestra dirigida por Peter Eötvös.
Para vos ser sincero só poderei falar do concerto de Bartok e da violinista. As duas outras obras deixo-vos aqui o link (num dos casos até interpretado pela mesma artista) a apreciação terá de ser vossa.
Quanto ao concerto de Bartok é uma obra notável de que vos deixo de imediato uma gravação da estreia em 1939.
No que diz respeito à violinista não a consegui encontrar numa interpretação desta obra mas encontrei no You Tube uma interpretação da Sonata de Bartok para violino solo. Excelente (apesar de uma posição estranha do violino em relação à face ... )
A obra de Peter Eötvös na interpretação da violinista pode ser ouvida integralmente no You Tube (penso que numa outra gravação no entanto). Esta obra é dedicada à memória dos sete astronautas que perderam a vida no vaivém espacial daí o nome Seven.
Por fim Ligetti numa interpretação da Filarmónica de Berlim dirigida por Sir Simon Rattle sendo solista Tasmin Little.
Música Contemporânea
Nesta categoria o prémio foi para um CD contendo interpretações de três obras de Dutilleux, Correspondances, o Concerto para Violoncelo e Shadows of Time. Não consigo encontrar a soprano da primeira peça nesta gravação com a Orquestra da Radio França (a gravação premiada) mas aqui fica um extracto com a Filarmónica de Berlim dirigida por Sir Simon Rattle.
O concerto para Violoncelo escrito como sabemos para Rostropovich teve como solista Anssi Kartunnen. Não descobri nenhuma interpretação deste solista deste concerto e por isso tive de dividir esta ilustração em duas partes. Na primeira mostro-vos o solista a interpretar (a participar numa interpretação) de uma obra de António Pinho Vargas.
Depois o concerto bem só poderia ser por Rostropovich ele próprio ... A propósito o concerto tem um titulo "Tout un monde Lointaint" - Todo um mundo longínquo ... Aqui podem ouvir o primeiro andamento chamado "Enigme" - Enigma,
Por fim "Shadows of Time" escrito por ocasião do 50º aniversário do fim da segunda guerra mundial e neste caso com a gravação premiada.
Instrumental
O premiado foi um disco de Steven Osborne com obras de Musorgsky e Prokofiev. Pictures from an exbition e Visions Fugitives respectivamente. Aqui fica uma interpretação do pianista desta ultima obra.
Max Bruch - Concerto para Violino em Sol Menor
O concerto Op. 26 em Sol Menor terá sido começado a ser composto em 1857 quando ainda estudava com Ferdinand Hiller. Porém só cerca de 10 anos mais tarde em 1865 o trabalho viria a assumir uma forma quase final quando Bruch residia em Colónia onde era o director do Real Instituto de Música. Na altura a peça era o seu primeiro grande trabalho para Orquestra e obviamente o seu primeiro concerto. Em Abril de 1886 a peça estava pronta para ser estreada o que acabou acontecer a 24 de Abril embora com um solista diferente do previsto.
Essa primeira ante-estreia se quisermos assim chamar-lhe levou Bruch a considerar que o concerto necessitava de ser revisto o que acabou por fazer durante quase um ano com o auxilio do violinista Joseph Joaquim de quem já falamos por várias vezes neste blog e que teve neste período de tempo um papel fundamental na consolidação da forma romântica do concerto - talvez tanto quanto os compositores que auxiliou.
Certo é que graças ao trabalho dos dois o concerto fica pronto para nova estreia a 5 de Janeiro de 1867 sendo solista o próprio Joachim a quem aliás Bruch dedicou a obra. O concerto foi um sucesso absoluto de tal forma que Bruch desesperou durante toda a sua vida porque apenas lhe falavam dessa sua obra. Embora tenha composto mais dois concertos a verdade é que nunca atingiram notoriedade.
O caso era especialmente desesperante porque Bruch fruto de um mau negócio não recebia qualquer rendimento desse primeiro concerto - tinha aceite um modelo em que apenas recebia um valor fixo na data de edição não tendo depois direito a nenhuma royaltie subsequente. No final da sua vida tentou ainda encontrar uma forma de receber editando o trabalho nos Estados Unidos mas mesmo aí foi vitima de um editor sem escrúpulos e a sua morte em 1920 acabou por chegar antes de ter visto recompensado financeiramente o seu sucesso.
Na verdade parece assim parco consolo as palavras do violinista Joseph Joachim que colocava este concerto de violino junto dos 4 grandes concertos de violino germânicos: O de Beethoven, o de Brahms, o de Mendelssohn e o de Bruch.
O anterior julgamento pode parecer excessivo e a colocação de Bruch ao nível de Brahms e de Beethoven um devaneio lírico do violinista. Mas não nos esqueçamos que é de um especialista que estamos a falar e de alguém que participou activamente na composição de três destes concertos. O que se passa é que na verdade o concerto de Bruch é uma obra notável transmitindo uma riqueza de ambientes e de tensões dignas de uma obra prima de cinema - aliás o concerto de Bruch é uma obra altamente cinematográfica.
Começa com um andamento que Bruch marcou como prelúdio (Vorspiel) que estabelece um ambiente quase místico - de antecipação. Ficamos várias vezes suspensos antes da entrada da Orquestra com um fortíssimo que parece ir resolver tudo mas não eis que de novo nova melodia se lança no ar retomando a dúvida ... Tudo desemboca num final calmo que liga ao maravilhoso segundo andamento, um Andante onde podemos ouvir das mais belas melodias e orquestrações compostas para um andamento lento de um concerto.
Como dizia Joachim no entanto o concerto não acaba nesse Adagio, reinventa-se com um maravilhoso contraste para o terceiro andamento que depois de uma introdução calma pela orquestra se vai desenvolvendo até um final frenético e energético que deixa normalmente os ouvintes suspensos.
Hesitei bastante na interpretação a utilizar para este concerto. sendo um dos concertos "standard" do reportório violinistico (Max Bruch sofreria ainda hoje) praticamente todos os grandes violinistas de Perlman a Heifetz passando por Menuhin e Oistrakh o interpretaram. Então entre esses e a nova escola de um Bell, ou de uma Julia Fischer ou de uma Sarah Chang qual escolher? Bom hoje estou romântico e prefiro olhar para a Julia Fischer ... critério tão bom como outro qualquer, trata-se afinal de uma grande obra do romantismo e esta violinista captou o espírito da obra - isso vos garanto. Julia Fischer portanto com a Orquestra de Zurique dirigida por David Zinman.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
O Discurso de Martin Luther King
Que música nos poderia ajudar a completar este post? Nenhuma creio. As palavras de Martin Luther King são suficientes. Oiçam o discurso todo e relembrem que vale a pena.
Os prémios da Gramophone - Primeira parte
Dividimos este post em três partes que vamos publicar entre hoje e amanhã porque um único post seria demasiado longo.
Vocal Barroco
Motets de Bach pelo Coro Montverdi dirigido por John Eliot Gardiner
Instrumental Barroco
Conjunto de peças para Cravo de vários compositores interpretadas por Andreas Staier. O video que vos proponho neste caso inclui o CD completo premiado chamado " ... pour passer la Mélancolie" . Se gostarem recomendo obviamente que comprem o disco que merece as cerca de 12 Libras que custa por exemplo na Amazon.
Música de Câmara
Sonatas para violino e piano de Bela Bartok por Barnabás Kelemen no Violino e Zoltán Kocsis no piano . Infelizmente neste caso não consigo encontrar estas obras interpretadas por estes músicos por isso terei que vos mostrar os músicos numa outra interpretação de Bartok (Danças Romenas) e depois as Sonatas por outro interprete. Primeiro os dois músicos.
E agora uma das Sonatas numa interpretação de Oistrakh no Violino e Bauer no Piano.
Coral
Os Apóstolos de Elgar numa interpretação do Coro e Orquestra de Hallé dirigido por Sir Mark Elder . Também neste caso tenho de vos propor a obra e os interpretes em situações diferentes. Desta vez começo com a obra.
E agora os interpretes numa outra obra de Elgar - O sonho de Gerontius.
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Ravel - Bolero
A verdade é que o Bolero pela sua característica repetitiva dois temas repetidos alternadamente do principio ao fim num longo crescendo de 15 minutos é fantasticamente actual e penso que o será sempre.
Como muitas obras nasceu de forma fortuita resultante de uma encomenda da bailarina Russa Ida Rubinstein. Na origem esta obra é efectivamente um ballet. Curiosamente antes de conceber esta obra de arte Ravel tinha considerado fazer uma adaptação de outras obras mas por razões diversas acabou felizmente por optar por esta maravilha.
A obra foi estreada a 22 de Novembro de 1928 em Paris tendo sido logo na estreia um sucesso notável. Esta foi também uma das ultimas obras que Ravel escreveu antes de ser forçado a reformar-se por doença. Existem um sem número de anedotas sobre a obra entre as quais a celebre afirmação de uma ouvinte na estreia que teria afirmado: "Ele é louco" ao que Ravel teria respondido ao saber dessa opinião : "Foi a unica que compreendeu a obra".
Na verdade Ravel afirmou por várias vezes que a obra não continha nenhuma invenção ou desenvolvimento e que a Orquestração era do mais simples que poderia ter feito. Ravel chegou mesmo a afirmar que a obra "não continha nenhuma música" e acreditava que muitas orquestras se recusariam a interpreta-la. Ravel escreveu mesmo ao critico Calvocoressi o seguinte texto:
"I am particularly desirous that there should be no misunderstanding about this work. It constitutes an experiment in a very special and limited direction, and should not be suspected of aiming at achieving anything different from or anything more than it actually does achieve. Before its first performance, I issued a warning to the effect that what I had written was a piece lasting about seventeen minutes and consisting wholly of ‘orchestral tissue without music' - of one long, very gradual crescendo. There are no contrasts, there is practically no invention except the plan and the manner of execution. The themes are altogether impersonal ... folktunes of the usual Spanish-Arabian kind, and (whatever may have been said to the contrary) the orchestral writing is simple and straightforward throughout, without the slightest attempt at virtuosity.... I have carried out exactly what I intended, and it is for listeners to take it or leave it."
"Tenho especial interesse em que não exista qualquer malentendido acerca desta obra. É uma experiência numa direcção muito especifica e limitada e não deve ser entendida como pretendendo alcançar algo diferente de ou algo mais do que efectivamente consegue. Antes da sua primeira interpretação pública avisei que tinha escrito uma peça de 17 minutos consistindo somente de "tecido orquestral" sem música - um longo muito gradual crescendo. Não existem contrastes não existe praticamente nenhum desenvolvimento excepto no plano e forma de execução. Os temas são totalmente impessoais ... temas populares do tipo Hispano-Árabe e (apesar do que possa ter sido dito em contrário) a escrita orquestral é simples e directa sem qualquer tentativa de virtuosismo. Fiz exactamente o que tencionava e cabe aos ouvintes decidir se a devem amar ou odiar."
Repare-se além de tudo o que já dissemos na ênfase no tempo - 17 min. (outra das anedotas é a conhecida polémica com Toscanini) que o compositor coloca e que não é muito usual. De resto como já referimos um mesmo ritmo dois temas cada um com 18 compassos tocados alternadamente 18 vezes num longo crescendo.
Os vícios e as virtudes da gravação de uma forma de arte e de uma industria
Vejamos então o que o músico nos diz e se me permitem irei contrapor alguns pontos que me parecem particularmente relevantes.
Primeiro diz que normalmente nas salas de concerto isto é proibido o que é absolutamente verdade. Raramente é permitida a gravação sem autorização. Existem alguma excepções mas por norma quem fez esta gravação cometeu uma ilegalidade mesmo que seja apenas para consumo próprio.
Diz-nos depois que até se sentia lisonjeado que alguém queira gravar e partilhar e reconhece que existe um valor nessa partilha em termos de notoriedade e de relações públicas. Até aqui concordamos totalmente. Admite ainda que essa gravação o dará a conhecer a pessoas que nunca teriam a oportunidade de o ver ao vivo. Perfeito estamos em sintonia.
Depois fala-nos dos pontos que considera negativos e aí é que começam as nossas divergências. Primeiro fala-nos da questão económica que quando alguém compra um bilhete é para ouvir essa perfomance uma vez e apenas uma e que a gravação dessa performance prejudica o seu rendimento enquanto artista que também tem CD´s e que espera uma remuneração pela sua venda. A razão da minha discordância com o músico tem simplesmente a ver com dois pontos muito importantes. A gravação de uma performance não deixa de ser uma gravação. Nunca a poderá substituir. Nunca uma gravação pode dar a mesma emoção do que a partilha ao vivo logo por mais que se deseje "gravar" esse momento existe uma vez e não é reprodutível. Pode obviamente o documento histórico, a gravação dar a partilhar essa experiência com outros mas será sempre diferente da presença no local. Depois obviamente uma gravação em smartphone nunca poderá ter qualidade sequer aproximada para se comparar a uma gravação comercial.
O músico fala-nos em seguida da partilha dos CDs e diz que alguma partilha dos mesmos é inevitável. Caro amigo obviamente é inevitável. Eu também partilho livros e outras obras de arte. Não as copio ilegalmente mas empresto-as e por vezes gravo-as para poder partilhar com mais pessoas. Esta partilha faz parte do direito de propriedade e querer privar um individuo desse direito no pressuposto que retira um beneficio ao artista é ridículo.
O problema é quando o valor do que estão a oferecer nessa embalagem é de tal forma desproporcionado do seu verdadeiro valor que cria o incentivo económico para a pirataria industrial. Não está nunca no "fair use" e partilha que sempre foi feita e é inerente à própria forma de arte. convidar um amigo para ouvir em minha casa uma obra num CD que comprei o fazer o mesmo através da net é exactamente a mesma coisa. Não é essa partilha o problema porque essa tipicamente conduz a uma venda futura (uma ou mais). O problema que a industria tem de resolver isso sim é o valor do que está a oferecer e se o que está a dar corresponde efectivamente à necessidade de quem compra.
Fala por fim o músico do problema da gravação das falhas e de como isso pode prejudicar a memória que essa sim pode ser perfeita (ao invés da gravação ao vivo que nunca o será). Pois não nunca é. E é por essa mesma razão que hoje em dia tantas vezes não conseguimos apreciar os concertos ao vivo porque estamos obcecados com a perfeição de uma qualquer gravação. Ao vivo nunca será perfeito. Precisamente por isso é que não pode ser nunca "o mesmo" caro James Ehnes. As imperfeições não retiram valor acrescentam valor. Porque são humanas e porque a música é isso mesmo.
Mas não te levo a mal James Ehnes porque precisamente nesse ponto tocaste na verdadeira questão. É que as gravações, o hábito das gravações elevaram a nossa expectativa à perfeição. E por isso a cruel comparação do gravado ao vivo vos parece tão perigoso. Ou não ... porque será porventura a redenção da música: A percepção de que a gravação sendo perfeita não é a verdadeira obra. É uma cópia. A verdadeira é apenas e tão somente a que existiu ao vivo. Simplesmente naquele momento.
sábado, 24 de agosto de 2013
Saint Saens - Concerto para Piano e Orquestra nº 5
O concerto é popularmente conhecido pelo "Concerto Egipcio" não só por Saint Saens o ter composto no templo egípcio de Luxor mas também pelo forte colorido exótico transmitido pela música com influências não só egípcias mas também espanholas e de Java. Note-se que embora o compositor tenha explicitamente referido as influências de uma canção popular egípcia num dos temas do segundo andamento este cognome não foi proposto por Saint Saens.
Saint Saens foi efectivamente o solista na estreia tendo o concerto recebido criticas muito favoráveis sendo que nos dias de hoje após o Concerto Nº 2 de que já falamos é uma das obras mais populares do compositor. A obra publicada em 1896 foi dedicada ao pianista Louis Diémer que o interpretou por várias vezes.
Não obstante a sua cor exótica ao bom estilo de saint Saens a obra não deixa de ser clássica na forma embora com uma composição que muitas vezes se torna livre das limitações formais do período clássico.
É por exemplo o caso do primeiro andamento (Alegro Animato) em que a forma de Sonata aparentemente clara no inicio acaba por se dissolver numa forma muito mais livre.
O segundo andamento (andante) é o mais exótico dos três e aquele que contém o tema inspirado da melodia egípcia, uma canção de amor Núbia a que já fizemos referência.
No terceiro andamento (Molto allegro) que Saint Saens descreveu como a alegria de atravessar o mar o compositor utiliza vários elementos de composição que fazem desta obra uma das mais "programáticas" ou descritivas se preferirmos do conjunto da sua obra. A tensão criada pela justaposição de temas e a formidável parte de piano fazem deste andamento uns minutos de música que não podem mesmo deixar de ouvir com atenção.
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Google e Debussy
Nao da para escrever muito de Heathrow à espera do avião. Não deixem de ver o Google hoje. Que linda (e merecida) homenagem a Debussy. Juntarei mais detalhes quando chegar a casa. Até lá sugiro muito Clair de Lune :-)
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Ao intervalo
O melhor de tudo é o ambiente. Sibelius excelente solista. A orquestra e a direcção não me encheram as medidas. Agora elgar e as variações enigma e um compositor escocês que elgar admirava muito de acordo com o programa de sala. Uma sinfonia celta que exige 6 harpas .... imaginem o esforço de afinação :-)
Acabaram de o fazer agora (afinar claro).
Depois conto o resto.
Vou assistir a uma prom ...
Surgindo a oportunidade não podia hesitar ! Ainda por cima com un concerto para violino de que gosto ! Sibelius ... De resto Elgar, uma estreia e um compositor que nao conheço. Depois conto ...
domingo, 11 de agosto de 2013
Uma orquestra que não tem nada a esconder
Não entendo também a mudança de protocolo de se colocarem em fila no inicio e não directamente nas estantes respectivas nem tão pouco percebo porque é que a maestro entra vestida e se despe ... como alguns comentários sugeriram já que assim é pelo menos que fosse ao som de uma música de cabaret por exemplo.
Enfim eu diria que estas meninas se podiam dedicar à pesca já que relativamente à música estamos falados mas creio que encontraram uma alternativa mais rentável abstendo-me de mais comentários envolvendo o tipo de instrumento que tocam ...
É uma brincadeira ou um happening dirão ... talvez. Nesse caso considerem este post como um também.
sábado, 10 de agosto de 2013
Saint Saens - Concerto para Piano nº 2
Saint Saens foi um dos compositores franceses mais prolíficos e certamente um dos que conseguiu ter obras de referencia em praticamente todos os géneros musicais. No que diz respeito a concertos para piano e orquestra compôs cinco (falaremos do quinto concerto num próximo post) mas este segundo é o mais popular dos cinco.
Foi composto na Primavera de 1868 em apenas três semanas após o seu amigo maestro Anton Rubinstein lhe ter pedido para arranjar um concerto. Com a sala marcada e sem programa definido Saint Saens propõe escrever um concerto especificamente para a ocasião. Não admira assim que a estreia não tenha corrido especialmente bem. Pouco tempo de ensaio e uma estrutura particularmente difícil e original terão sido as causas.
Na realidade o concerto começa com um Andamento Lento (Andante sostenuto) com uma deliciosa introdução em solo muito ao estilo de Bach onde é apresentado também o primeiro tema. A Orquestra entra então de forma contrastante após o que volta o primeiro tema (a propósito um tema de Fauré) seguido de um breve segundo tema que numa sequência de crescendos (num estilo bastante semelhante a Chopin) nos leva à coda onde volta a ser recapitulado o tema inicial. Uma das principais criticas feitas a Saint Saens é a falta de unidade da obra que dizia um dos seus colegas "começa em Bach e acaba em Offenbach". É uma injustiça pensamos porque estes contrastes são totalmente propositados e fazem parte do encanto da obra. Para a ilustração desta obra escolhemos uma interpretação do pianista francês Marc André Hamelin.
O segundo andamento (Allegro scherzando) não é o tipico andamento lento como seria de esperar mas antes é mais parecido com um Scherzo com temas leves e bem-dispostos para contrastar com a densidade emocional do primeiro andamento.
No terceiro andamento (Presto) voltamos à "normalidade" na estrutura clássica de um concerto com um andamento rápido em que numa rapidíssima Tarantella tanto o solista como a Orquestra vão ganhando volume e ritmo para terminarem numa verdadeira tempestade de arpégios. Um andamento de cortar a respiração e aproximadamente 20 minutos de música que gostávamos que recomeçassem.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Um violino a menos neste mundo ...
Era uma vez um violino com uma assinatura que levantava algumas dúvidas. A dona por necessidade precisou de o vender e nestes tempos modernos e cibernéticos fez o equivalente de ir à feira. Levou-o a um Luthier que o avaliou e depois colocou-o à venda no Ebay.
Rapidamente surge um comprador e tudo parecia que iria acabar com um viveram felizes para todo o sempre. Mas não ... O comprador - não sabemos porquê, se por avaliação de terceiros se por sua própria avaliação - resolve contestar a assinatura (a etiqueta com o nome do fabricante) e reclama ao Pay Pal.
O Pay Pal resolve tratar o caso pela bitola normal e declara o violino uma contrafacção . De acordo com as regras uma contrafacção não pode ser devolvida pelo que se aplica a regra - destrua o objecto para poder solicitar a devolução do dinheiro. O comprador (um canadiano) segue a instrução e destrói o violino enviando a imagem de prova.
Claro que um pouco de bom senso tanto do Pay Pal como do próprio comprador e também um pouco de conhecimento do mundo dos violinos teria levado a uma decisão mais sensata mas assim reza esta história. Era uma vez um violino que já não é ... e uma dona que perdeu cerca de 2.500 dólares e o violino.
domingo, 4 de agosto de 2013
Brahms - Ein Deutsches Requiem
São posts de 2008 - uma eternidade nos separa deles logo adequado a um Requiem - aqui fica o link para a sua leitura se desejarem. Os posts contêm uma tradução integral do texto do Requiem.
Parte 1 - 1º e 2º Andamentos
Parte 2 - 3º Andamento
Parte 3 - 4º Andamento
Parte 4 - 5º Andamento
Parte 5 - 6º Andamento
Parte 6 - 7º Andamento
Para quem queira saber um pouco mais desta obra sem ler (para já pelo menos) estes seis posts resolvi incluir um pequeno resumo. Trata-se de uma obra verdadeiramente original já que Brahms removeu propositadamente referências ao dogma católico utilizando livremente partes da Bíblia Luterana. Para quem considera Brahms "um conservador" existe aqui mais um elemento para análise. Note-se que até este ponto (e mesmo posteriormente) todos os Requiems são baseados aproximadamente no mesmo texto, texto que nos chega praticamente sem alterações da Idade Média. O que Brahms fez foi essencialmente pouco menos que revolucionário transformando este texto litúrgico num texto que mantendo o seu carácter sagrado deixou de ser litúrgico para adquirir uma forte dimensão humanística.
Em vez de uma missa "para os mortos" este Requiem é um texto para a humanidade um caminho para a mesma. Numa carta Brahms disse que substituiria o termo "alemão" pelo palavra "Humano" o que teria sido provavelmente demasiado para época.
A obra foi estreada aos poucos - Brahms trabalhou nela durante mais de uma década - tendo o ultimo andamento (o 5º na ordem) sido completado em Maio de 1868. A obra foi estreada pela primeira vez completa (como a conhecemos hoje) em Leipzig a 18 de Fevereiro de 1869.
Fiquem agora com uma magnifica interpretação deste Requiem pela Filarmónica de Viena e o Wiener Singverein dirigidos por Herbert von Karajan.
sábado, 3 de agosto de 2013
Lalo - Sinfonia Espanhola
É curioso - passados tantos anos - ler o que Tchaikovsky escreve à sua mecenas Nadejda von Meck:
"Esta obra foi recentemente estreada por aquele violinista muito moderno Sarasate. É para violino solo e Orquestra e consiste em cinco andamentos independentes baseados em temas da música popular espanhola. A obra deu-me muito prazer. É tão fresca e leve e contem ritmos picantes, ritmos e melodias que são harmonizadas belissimamente. Lalo é muito cuidadoso ao evitar tudo o que é rotineiro e procura sempre novas formas sem tentar ser profundo mais preocupado com a beleza musical que com o que é tradicional"
Não me parece que exista muito mais que se possa acrescentar ao comentário de Tchaikovsky em termos de elogio. A obra efectivamente foi escrita para o violinista espanhol Pablo Sarrasate composta em 1874 e estreada no ano seguinte em Paris a 7 de Fevereiro. Apesar do nome "Sinfonia" é na verdade mais um concerto do que uma sinfonia. Relativamente a esta questão da forma o mais simples é ouvirmos o próprio Lalo que nos diz : "O nome reflecte o meu conceito - Um violino cantando por cima da rígida forma de uma sinfonia".
O primeiro andamento "Allegro non troppo" é desenvolvido na forma sonata e abre com um tema claramente espanhol cantado pela orquestra apoós o que o Violino expõe o tema principal em tercinas. O segundo tema é também introduzido pelo violino solo. Propomos este andamento numa interpretação de Leonid Kogan.
O segundo andamento "Scherzando: Allegro molto2 é uma valsa espanhola, rápida e cheia de "salero". Propomos para este andamento uma interpretação de David Oistrakh.
O terceiro andamento "Intermezzo: Allegro non troppo" foi infelzimente durante muitos anos suprimido por alguns maestros e violinistas. Na verdade esta foi a forma que Lalo encontrou para sair da forma normal de uma sinfonia, introduzindo um andamento - também rápido - antes do verdadeiro andamento lento. E é uma pena porque o tema lirico é uma das pérolas desta sinfonia. Escolhemos uma interpretação de Henryk Szeryng.
O quarto andamento "Andante" caracteriza-se por uma introdução sombria - aliás o tom do andamento de uma forma geral é bastante soturno criando um ambiente melancólico e introspectivo de uma profundidade notável. Escolhemos uma interpretação de Itzahk Perlman para a sua ilustração.
Por fim o o quinto andamento "Rondo: Allegro" voltamos aos temas leves e alegres; um rondo em ritmo de Saltarello. Escolhemos Joshua Bell para nos mostrar esta ultima parte da obra.
sábado, 27 de julho de 2013
Mafalda - Dois anos depois
Recordei que me mostraste Caetano (esta canção e este disco ficou riscado de tanto o ouvirmos) e eu fiz-te amar Elis. Que me fizeste ouvir Milton, nós caçadores de nós e juntos ouvimos Brel vezes sem conta - não tinhamos apenas o amor mas o mundo esse esteve mesmo nas nossas mãos juntas. Que a caminho de Sesimbra a cassete (sim o CD estava apenas a começar) de Gilberto Gil já mal funcionava de tanto rodar com umas passagens por Toto Cutugno pelo meio (oops - estava na moda e acreditem ou não continuo a gostar - é vero ).
Lembro-me de passearmos à noite pela praia e tentar imitar só para ti Edith Piaf e fazer-te rir provavelmente com a desafinação que deveria ser suficiente para abrir de novo o mar, tanto mar. Salvou-me Prevert e os seus Sables Mouvants.
Recordo-me que pouco conhecias de Genesis (foram 22 minutos épicos com o Supper´s Ready) e de Pink Floyd; sim - I wish you where here. Recordo-me que ambos éramos fanáticos de Beatles e que concordávamos até na música preferida - The Long and winding Road - um gosto que felizmente passamos ao nosso filho Miguel.
Recordo-me do primeiro concerto que vimos juntos ainda não como namorados - no Coliseu dos Recreios. Trovante, um dos melhores espectáculos ao vivo que ouvi - sim podem dar-me um desconto pode ter sido pela inebriante companhia.
Dos muitos concertos que vimos juntos lembro-me do primeiro abraço quando num concerto do Djavan não namorando já sabíamos no intimo que éramos feitos um para o outro. Lembro-me também na Aula Magna mão na mão a ouvir Nara Leão já totalmente apaixonados - com muito açúcar e afecto. Lembro-me de tantos e tantos concertos de Caetano (sempre Caetano), uns bons outros ainda melhores. E claro aturar juntos a má disposição e voz celestial do grande João Gilberto.
Lembro-me de acordar aos Sábados de manhã depois de teres passado a noite lá em casa, ainda apenas namorados (shiu - é segredo, manas não digam nada) com a Cigarra Simone (e às vezes Lionel Richie - credo).
Anos mais tarde, bastantes anos mais tarde lembro-me dos claustros dos Jerónimos e o privilégio de ouvir contigo Tom Jobim que adoravas. E claro de ler contigo Vinicius e de brincar com a Luz dos teus olhos. E também me lembro de me ofereceres um poema de Carlos Drummond de Andrade dactilografado (sim ainda numa máquina de escrever) - só porque sabias que gostava - e que ficou na minha secretária os cinco anos em que namoramos, as sem-razões do amor :-).
Não se preocupem caros leitores deste blog que também houve música clássica pelo meio (muita mesmo). Nas festas da música no CCB com o nosso filho Miguel, nos concerto na Gulbenkian - lembro-me em particular do privilégio de ter ouvido contigo a Maria João Pires numa das primeiras filas (nuns bilhetes que conseguiste arranjar já não me lembro como) ou uma das primeiras vezes que ouvi o concerto para violino de Tchaikovsky ao vivo e mais tarde no Coliseu a ópera de que tanto gostavas.
Amanhã às 19h como sempre na Igreja de Entre Campo em que tantas vezes nos reencontramos voltaremos a fazê-lo nem que seja por uns espirituais segundos. Amigos e conhecidos, desconhecidos ou não como sempre bem vindos.
sábado, 20 de julho de 2013
A partitura de Wiener Blut anotada por Leonard Bernstein
Partitura Wiener Blut utilizada por Bernstein na Filarmónica de Nova Iorque.
As Valsas Vienenses de Johann Strauss II
Tinhamos falado um pouco do compositor Johann Strauss II quando escrevemos uma curta biografia e nessa altura listamos algumas das suas valsas mais conhecidas. Hoje iremos falar-vos em maior detalhe de algumas destas Valsas tentando também explicar-vos o contexto do género.
Em primeiro lugar quanto à origem da Valsa devo dizer-vos que tal como muitas das dansas hoje vistas como aristocráticas também a Valsa teve origem nos bailes populares da Baviera e do Tirol. A sua introdução nos bailes da aristocracia e da corte foi no inicio tumultuosa essencialmente pela proximidade fisica que esta dansa implica, além do enebriante ritmo considerado diabólico por alguns. A propósito do andamento de uma forma geral o mesmo foi-se tornando mais rápido com o passar dos anos. Assim por exemplo as valsas de Johann Strauss I (o pai) tendem a ser menos rápidas que as de Johann Strauss II (o filho mais velho - sim há mais ... ).
Convém ainda referir que a partir do momento em que se tornou conhecida a partir dos salões austriacos a Valsa ganhou adeptos em todo o mundo tendo conhecido interpretações locais que por vezes são conjugações muito interessantes do folclore local com a forma da valsa. Dessas formas talvez a mais conhecida e uma das mais interessantes porque de certa forma é um retorno à expressão popular é a Valse Musette de que deixo aqui um exemplo.
No que diz respeito as Valsas que imortalizaram Johann Strauss II vamos seguir uma ordem cronológica começando por aquela que é porventura a mais conhecida de todas - O Danúbio Azul. Curiosamente foi estreada com uma versão coral com uma letra bastante satirica - a Austria tinha acabado de perder a guerra com a Prussia. Não foi essa no entanto a letra que chegou até nós nem aquela que tornou esta obra um hino não oficial da cidade de Viena ... Note-se que como todas as valsas que Strauss compôs após 1860 (esta obra foi composta em 1866 e estreada a 15 de Fevereiro de 1867) esta obra é muito mais do que uma simples dança, é uma verdadeira obra para concerto como atestam uma introdução e uma coda longas e elaboradas e uma orquestração rica, cheia de detalhes interessantes. Pode dancar-se? Sim claro que pode e não deixa de ser uma valsa mas é muito mais do que a sua aparência. Num concerto de beneficiencia alguém aproxima-se do maestro e diz-lhe algumas palavras ao ouvido. A música pára e quando recomeça é o Danubio Azul que se ouve. Johann Strauss II tinha falecido estavamos então a 3 de Junho de 1899 e esta obra era a embaixadora da cidade e da nação austriaca, um verdadeiro hino não oficial. Deixem-me então mostrar-vos esta valsa primeiro na versão coral:
Possivelmente muito próximo daquilo que foi interpretado na estreia e que foi recebido de forma pouco entusiasta já que foi após a estreia da obra em Paris (na sua versão orquestral) que o fogo se espalhou. Claro que para a versão orquestral não existe dúvida possível sobre qual a orquestra e a ocasião que devemos partilhar convosco. Claro que é o Concerto de Ano Novo sendo que por tradição esta obra é a altura em que a Orquestra deseja a todos os presentes um Bom Ano . Aqui fica a interpretação de 2011.
A propósito desta valsa é totalmente verdadeira a "anedota" que refere que a filha de Strauss pediu um autografo ao compositor alemão Brahms este escreveu os primeiros compassos do Danubio Azul com a menção adicional: "Infelizmente não composto por Brahms".
A segunda valsa de que vos queria falar foi composta quase imediatamente após o Danubio Azul, Künsterleben é bastante peculiar porque embora mantenha alguma da alegria característica deste tipo de dança não deixa de ter um tom quase melancólico não só pela introdução num tom menor mas também pela calma transmitida pelos vários episódios. A coda uma das mais longas de Strauss é também uma das mais representativas do grande talento do compositor enquanto orquestrador.
Neste conjunto de valsas é obrigatório falar-vos de Vienese Blut (Sangue de Viena) outro dos quase hinos oficiais da capital austríaca. Esta valsa interpretada pela primeira vez a 22 de Abril de 1873 é muitas vezes relacionada com o inicio da ligação de Strauss com a Filarmónica de Viena. Convém notar que até essa data esta prestigiosa orquestra se recusava a interpretar as valsas de Strauss por as considerar música menor. Conforme poderão constatar esta obra contém uma das passagens mais conhecidas e mais atribuídas às valsas mas que muitas vezes pensamos fazer parte de outras Valsas.
A valsa diz-se captura o espírito cintilante de Viena não deixa de ter também momentos imperiais, grandiosos adequados à dedicatória a um casamento imperial.
Por fim não poderíamos deixar de destacar a Valsa do Imperador. Composta em 1888 e estreada a 21 de Outubro de 1889 originalmente chamada de "mão na mão" já que era destinada ao brinde ao Imperador austríaco por ocasião do seu aniversário. No entanto a valsa acabou por adoptar o nome Kaiser Waltz ou Valsa do imperador já que foi utilizada em Berlim para homenagear a amizade entre a Áustria e a Alemanha e as suas coroas; o nome Kaiser permitindo a referência mutua aos dois monarcas.
Do ponto de vista musical esta é uma das ultimas valsas de Strauss claramente mais destinada às salas de concerto do que aos salões de dança.
domingo, 30 de junho de 2013
Rir num concerto de música clássica
Cesar Franck - Sonata para Violino e Piano
Foi composta em 1886 e contrariamente ao que por vezes se diz não foi composta especificamente para Ysaye e muito menos para o seu casamento. É verdade que foi dedicada a esse fabuloso violinista e compositor, é verdade que foi oferecida como presente de casamento e é ainda verdade que a primeira interpretação não pública teve lugar na véspera do casamento de Ysaye. O que se passou na verdade foi que Cesar Franck não tinha um destinatário especifico para a sonata. Foi a pianista Marie Lontine amiga de ambos que sugeriu a dedicatória. O casamento e oferta surgiu quase como por acaso. Este facto está relativamente bem documentado com a carta de resposta de Cesar Franck ao pedido de Lontine (em inglês aqui porque a fonte que consultei para escrever este texto é inglesa)
"You are asking me, dear Madame, to dedicate the sonata to Ysaÿe. I will do so with great pleasure, not having promised it yet to anybody else, and I will be very happy to give it under the advocacy of such an artist"
O casamento teve lugar a 26 de Setembro sendo a primeira interpretação publica da Sonata a 16 de Dezembro desse ano em Bruxelas num recital composto exclusivamente com obras de César Franck. Um longo recital - conta a história que a sonata esteve quase para não ser interpretada dado o facto de estar já a faltar a luz natural e os responsáveis do local (Musée Moderne de Peinture) não autorizarem nenhuma forma de iluminação não natural. Os interpretes foram nem mais nem menos que o próprio Ysaye e a pianista Marie Lontine. Ysaye nunca mais deixou de interpretar esta sonata sendo o grande responsável pelo facto da mesma fazer hoje parte do reportório de violino.
Quanto à sonata propriamente dita é claramente típica do período romântico e em particular da escola francesa. Aliás em muitos pontos a obra é uma espécie de resposta cultural franco-belga ao domínio germânico e à humilhante derrota militar de Sadowa em 1871. Fortemente inspirada em Liszt no que diz respeito à forma cíclica os 4 andamentos a sonata começa com um Allegretto ben Moderato totalmente poético com várias mudanças de andamento que contribuem para uma verdadeira montanha russa de sentimentos opostos e que termina num misterioso final. escolhemos para vos mostrar esta obra um representante da escola franco-belga de violino por razões óbvias: Christian Ferras ao violino com Pierre Barbizet no piano.
O segundo andamento (Allegro) é muitas vezes visto como o inicio verdadeiro da obra sendo o primeiro andamento então visto como uma introdução particularmente longa. de certa forma do ponto de vista formal esta análise é reforçada por este andamento ser na verdade uma forma sonata mais convencional - como é usual na forma sonata do período romântico ao invés do primeiro andamento. No que me diz respeito não concordo muito com essa análise dado que a saída de uma forma de sonata tradicional foi explicitamente desenhada por Franck sendo que o primeiro andamento faz muito mais do que apenas "introduzir". Este segundo andamento é absolutamente frenético sem tanta variação de andamento como o primeiro.
Depois do energético segundo andamento o terceiro andamento marcado como recitativo - fantasia é um andamento lento que recupera a forma do concerto barroco e clássico (andamento rápido - lento - rápido). Um repouso merecido e necessário tanto para o executante como para o ouvinte que precisa de fôlego espiritual. Uma espécie de Lied em três partes
Por fim no quarto andamento marcado como um Allegreto poco mosso é uma espécie de Rondo aproveitando material dos anteriores andamentos numa perfeita forma cíclica que dá unidade à obra. Dizemos uma espécie de Rondo porque na verdade é mais uma forma livre do que propriamente um Rondo mas ... É esta forma livre inovadora e cujo único objectivo é exactamente a sensação de unidade e de resolução que transmite que faz desta obra uma das minhas preferidas.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Guilhermina Suggia nasceu há 128 anos !
A violoncelista Guilhermina Suggia nasceu há 128 anos. Certamente a melhor violoncelista portuguesa de sempre e um dos melhores instrumentistas portugueses de sempre. Como sempre neste blog celebramos com música este aniversário.
Mas antes deixem-me recomende que leiam o conjunto de posts que escrevemos com uma biografia da talentosa violoncelista.
Guilhermina Suggia (1885-1950)
Para quem não queira ler a biografia aqui fica uma gravação de 1927 de Kol Nidrei de Max Bruch.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Aniversário de Claudio Abbado
Maestro das mais variadas grandes orquestras do Mundo escolhemos para ilustrar este post de comemoração o magnifico trabalho que fez (faz) com a Orquestra Sinfónica Juvenil de Mahler numa interpretação notável da nona mas não temais que não é certamente prenuncio de despedida.
A Sinfónica Juvenil fez Quarenta Anos
Em primeiro lugar os solistas que também eles jovens não deixaram de dar brilho à festa. Manuel Abecassis com o primeiro andamento do concerto para Violino de Glazunov a mais introspectiva das obras interpretadas, Pedro Silva no primeiro andamento do concerto para Violoncelo de Dvorack e por fim Josefina Fernandes no segundo e terceiro andamentos do concerto para Violino de Tchaikovsky que todos conhecemos.
Em segundo lugar a orquestra que como Vitor Mota referiu tem vindo a consecutivamente desempenhar um papel importante na formação de várias gerações de músicos. A Sinfónica Juvenil é hoje juntamente com a Orquestra Gulbenkian a mais antiga Orquestra permanente com actividade no nosso país.
Por fim gostaria de citar o secretário de estado da cultura que estando presente no concerto aceitou dizer umas palavras. Poderiam ter sido palavras de circunstância mas não foram. Bem sabemos que em politica o que é hoje verdade passa amanhã a ser preterido e esquecido ao som de um sol maior qualquer de um sound byte ouvido em outras músicas mas ainda assim se tanto mal dizemos por uma vez que digamos bem de umas sábias palavras. Disse o secretário de estado da cultura : "O dinheiro gasto nesta orquestra tem sido bem empregue". Que não se esqueçam estas sábias palavras, que não se esqueçam ...
E para terminar com música oiçam as obras ontem interpretadas - por outros artistas mas ainda assim para ficarem com uma ideia.
Telemann (1681-1767)
Na nossa lista 100 de obras incluímos uma deste enorme compositor que importa conhecerem melhor. Ouçam Tafelmusik e certamente concordarão.
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Uma tarde e noite no São Carlos (Segunda Parte)
Sobre as obras que referi ainda hoje voltarei ao tema mas para terminar desde já com alguma música perdoem-me mas hoje será com Edith Piaf. Mon Dieu.
domingo, 23 de junho de 2013
Uma Tarde no São Carlos
Destaco entre outras obras do programa o Concerto para Violoncelo de Haydn às 19h no Salão Nobre sendo solista Pavel Gomziakov que será acompanhado pelo Concerto Moderno dirigido por César Viana
Um pouco mais cedo, às 16:15 na sala da Maquinaria o Quarteto "A Morte e a Donzela" de Schubert e às 18h uma das minhas sonatas preferidas, a de Cesar Franck com Bernardo Aguiar no Violino e Jill Lawson ao piano.
Podem ler aqui o programa completo.
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Dia Mundial da Música com a Deutsche Grammophon
Se puderem não se esqueçam de também ouvirem hoje música ao vivo ... porque já sabem que ao vivo é outra coisa ...
A propósito disto quem tem um IPad não pode mesmo perder a App da mesma editora com uma nova visão sobre a nona. Absolutamente fantástico! Para quem gosta de música é mesmo a não perder!
terça-feira, 18 de junho de 2013
Festival de Música em Montalegre (Verão de 2013)
domingo, 16 de junho de 2013
10 Posts sobre os nocturnos de Chopin
- Post nº1 : Nocturno nº1 com um link para uma interpretação de Maria João Pires (o nocturno nº1 faz parte do Op. 9 juntamente com o nº2 e nº3 de que por acaso praticamente não falamos.
- Post nº 2: Op. 15 - Nocturnos 4 a 6
- Post nº 3 : Op. 27 - Nocturnos 7 e 8
- Post nº 4 : Op. 32 - Nocturnos 9 e 10
- Post nº5 : Op. 37 - Nocturnos 11 e 12
- Post nº 6 : Op. 48 - Nocturnos 13 e 14
- Post nº7 : Op. 55 - Nocturnos 15 e 16
- Post nº 8: Op. 62 - Nocturnos 17 e 18 - Com um poema de Prevert - Sables Mouvants como extra ou complemento se preferirem.
- Post nº 9 : Op. 72- Nocturno 19 (o primeiro dos póstumos)
- Post nº 10 : Nocturnos nº 20 e nº 21 ambos também póstumos.