Como vos prometi o post 1000 vai ser comemorado com os vossos comentários que enriqueceram ou corrigiram este blog ao ponto de sem eles não estarmos a falar da mesma realidade. Como são muitos comentadores e comentários (e mesmo assim não fui exaustivo) este post foi dividido em três partes um para cada um dos anos. Este primeiro post dedica-se às contribuições de 2007.
Davide , foi absolutamente o primeiro a comentar no dia 10 de Outubro de 2007 apenas 4 dias após o blog ter sido criado num post intitulado "Bach: O grande mestre do barroco". O comentário do Davide teve um efeito fundamental, dizia ele: "Quero dar-lhe os parabéns pelo seu blog! Eu sou um leigo em música clássica mas com uma grande vontade de conhecer esse mundo fascinante. Obrigado pelas dicas...e fico a espera das próximas."
Tinha sido exactamente para isso que o blog tinha sido criado. Eu sei que hoje em dia os meus leitores mais regulares sabem tanto ou (muito) mais do que eu. A vossa contribuição é fundamental para o que eu consigo fazer. E de vez em quando aparece um "Davide" que torna o nosso contributo importante. Somos, passe a comparação abusiva, colectivamente uns pequenos Bernstein"s" contemporâneos. Não podemos fazer "concertos para os jovens" mas juntos fazemos um blog.
A 28 de Outubro dizia-me Aline do blog "100 Assunto" comentando o post "Salão Nobre do Conservatório Nacional" : "Parabens!!!!! Grande inciativa! se nao te importasses gostaria de adicionar o teu blog no meu... Apesar de o meu estilo de musica sestar mais ligado ao jazz/blues eu adoro musica classica! Estas tambem disposto a colocar posts de arias? Abraços Aline".
A 1 de Novembro de 2007 iniciamos uma das nossas rubricas regulares, as recomendações para música ao vivo. Logo nesse primeiro post tivemos a ajuda de LGV que nos indicou uma das informações em falta: "Eis o meu contributo para a informação procurada: o horário anunciado é às 21h00. Já agora para quem queira conhecer o programa na integra http://musicaemsroque.scml.pt/programa.pdf."
A 4 de Novembro de 2007 dizia-me Scarlatti a propósito do post "Biografia de Vivaldi" : "Vale a pena ouvir alguns dos cerca de 400 concertos de Vivaldi, mas a sua música sacra é, toda ela, excelente. Confesso que conheço pouco das suas óperas. Lá está, a maioria fica-se pelas "Quatro Estações" sem saber que estão a perder o melhor... Parabéns pelo Blog!". Este leitor seria durante alguns meses um dos mais assíduos comentadores do nosso blog e nesses primeiros meses de pouca interacção um dos meus pilares de motivação. Alguém lia e comentava e uma pessoa que até percebia de música. Recomenda-se sem dúvida a leitura de Organum e de Portalivros . Uns dias mais tarde diria Scarlatti a propósito de um post sobre o Estro Armónico de Vivaldi : "Excelente escolha, sem dúvida uma das minhas séries de concertos favorita ! O op.3 apresenta a originalidade de introduzir cinco concertos de solista entre os outros sete (concerto grosso)mostrando novas formas de conceber música instrumental. Lembro que J.S.Bach transcreveu seis deles. Claro que para além de tudo isto, são lindíssimos". No dia 1 de Dezembro de 2007 Scarlatti comentaria no post sobre ... Scarlatti da seguinte forma : "Como deve imaginar sou suspeito para emitir opinião sobre as sonatas de Scarlatti:). Para além da monumentalidade do seu conjunto, algumas estão cheias de "ousadias" harmónicas muito interessantes e avançadas para a época. Mas há uma que aprecio especialmente e que recomendo vivamente: a sonata em si menor op.449. No YOUTUBE existe uma interpretação de Arturo Benedetti Michelangeli que, embora não seja completamente fiel à partitura, soa fantástica... Agradeço a referência que fez ao meu post "Jogos musicais" e, naturalmente que não me importo que referencie o site que sugeri, aliás o meu objectivo é que o maior número de pessoas o conheça e aprenda com ele."
A 11 de Novembro de 2007 comentou pela primeira vez Artimanha que viria também a ser uma comentadora regular nestes primeiros tempos "Parabéns, o blog está muito interessante.
Já agora obrigada pelo link :)Vou ser uma leitora assídua." . Confesso que desde que se mudou para o Wordpress perdi o bom hábito de visitar o blog homónimo, defeito que vou procurar corrigir no futuro. Uns dias mais tarde Artimanha comentava sobre Terceiro Concerto de Brandenburgo : "Excelente interpretação. A disposição é curiosa, nunca tinha visto o cravo no meio. Talvez seja uma colocação mais eficaz." Este comentário diz respeito ao vídeo com a interpretação deste concerto em que os instrumentos são colocados em semi-circulo com o cravo meio. Artimanha faria ainda dois comentários ao post Musica Exacta versus Música Clássica que ilustram a razão pela qual penso que este blog não teria nem um décimo da qualidade sem a vossa participação. Dizia : "Então e as obras abertas? Onde se incluem? A interpretação é de facto um tema sem fim. O séc. XX é outro imbróglio. Talvez seja mais correcto dividi-lo em duas partes: os primeiros 50 anos - período moderno, e a segunda metade período contemporâneo. Mesmo assim não sei... não posso é concordar com Schostakovich como exemplo de música contemporânea. Boulez, Risset, Nunes, Sciarrino ou mesmo Stockhausen seriam mais elucidativos do que se faz ultimamente. Não concorda? " . Na altura respondi a este comentário da seguinte forma: "Em relação à primeira parte do seu comentário tenho de admitir que não tenho conhecimento suficiente para o discutir de forma relevante. Se nos pudesse dar a sua visão sobre o assunto acho que seria optimo. Em relação ao século XX concordo consigo. Eu procurei simplificar e possivelmente simplifiquei demais. É um bocado como na minha "conversa" sobre música clássica. A minha intenção é revelar a diferença que faz mas tarde. Primeiro a sedução - depois a dificuldade :-). Concordo que Boulez ou Stockausen seriam muito mais representativos mas também muito mais "dificeis" ... a seu tempo lá iremos. Como diz o povo, não se apanham moscas com vinagre passe a dupla metáfora pouco abonatória para a música, músicos e ouvintes. Artimanha não deixou o desafio sem resposta dando um contributo excelente para a nossa educação sobre o assunto : " Questões demasiado difíceis para serem resumidas em pequenos comentários. Mesmo assim vou tentar. A obra aberta ou inacabada (género desenvolvido principalmente por Boulez, Stockhausen, Berio) transfere para o interprete a difícil função de continuar o trabalho do compositor. Cada interpretação é verdadeiramente única, irrepetível. Contudo a liberdade interpretativa não é total, se não estaríamos a falar de outra corrente mais radical ainda, o Indeterminismo. Posso citar como exemplo Klavierstücke XI de Stockhausen. Muito resumidamente, esta peça é constituída por 19 pequenos excertos de música cuja ordem está ao cargo do pianista no momento da interpretação. O interprete depara-se com um conjunto infindável de relações o que o leva a construir a própria forma.O compositor arranja artifícios que obrigam o músico a uma constante re-invenção interpretativa. O tipo de notação pode ser um desses processos. Propositadamente ambígua, para dar azo a uma maior liberdade. Repetida duas vezes esta obra nunca será igual. O objectivo primordial será até torna-la irreconhecível. A obra musical vai-se multiplicando por cada interpretação possível. Existem muitos outros exemplos no séc. XX, como a famosa 3ª sonata para piano de Boulez. Em relação a este tipo de música talvez tenha razão, é de difícil audição para a maioria dos portugueses (até para os músicos que se recusam a toca-la infelizmente). Era assim também no tempo de Bethoven e continuará a ser sempre. Para mim é a parte da história da música que mais me interessa - todo o séc. XX. Voltando à obra aberta, permita-me que recomende um livro - Umberto Eco, Obra Aberta - e claro está a audição de duas interpretações de Klavierstücke XI - por Herbert Hencke e por Aloys Kontarsky"
A 4 de Dezembro de 2007 dizia-nos M.I a própósito da Biografia de Purcell : "Este foi um dos primeiros cd´s que comprei (nos idos anos de 80) e optei pela versão da Emma Kirkby como Dido (na altura em que veio à Gulbenkian fazer o Messias -se bem me lembro..-e eu andava com grande entusiasmo nas suas interpretações..)e, tal como primeiro amor, nunca mais Dido teve para mim outra voz... (manias), no entanto reconheço a excelência da sua opção..." . Ilustrávamos a biografia com um extracto de Didas e Eneias com um interpretação de Janet Baker saliente-se.
A 6 de Dezembro de 2007 iniciou os seus comentários a AP do blog Fantasia Musical e que é sem dúvida a nossa leitora regular mais antiga e das mais atentas. É também um dos músicos profissionais que me honram com a sua visita e um dos que sabem muito mais de música do que este vosso anfitrião. Verão aliás na retrospectiva de 2008 e 2009 muitos outros comentários desta leitora. Iniciou os seus comentários por acrescentar uma sugestão às nossas recomendações de fim de semana : "Já agora, aqui deixo mais uma sugestão: o concerto de Natal do Conservatório Regional de Castelo Branco, dia 8 (sábado), pelas 21.30H, na Sé da nossa cidade ;) Claro que quase me envergonho de colocar esta informação num post com referência a nomes tão sonantes. Mas enfim, nada como ouvir a música que se vai fazendo pelos jovens (e menos jovens), por este país fora..." Porém AP não se ficou por este comentário tendo depois "ousado" :-) criticar a minha escolha de Beethoven para uma ilha deserta. Dizia: "Não é consensual, de certeza! Num caso como o apresentado, NUNCA escolheria Beethoven :D. Claro que existem obras deste compositor espectaculares, mas outras (Meu Deus!!!) repetições e mais repetições, temas retirados de outras obras/compositores... E se forem quartetos de cordas, pior ainda! Falta-me a paciência! É claro que compreendo que estas minhas palavras serão contestadas pela maioria. Quase todos me olham de soslaio quando revelo esta minha opinião..." No dia seguinte AP corrigia o número de sinfonias compostas por Haydn : "Uma pequena correcção: Haydn escreveu 104 sinfonias. Ainda assim, imensas :-)" . A
A 19 de Dezembro 2007 teria o primeiro comentário de um dos outros leitores regulares que se mantiveram até hoje. Sendo também um dos músicos profissionais que nos lê é também um dos que encontra paciência para corrigir os meus erros ... Foi aliás assim que pianoman começou nesse dia no post Concerto de Natal dos Violinhos : "Só um pequeno reparo que peço que não leve a mal: "área de Bach" não está correcto. Significa outra coisa muito diferente do que certamente quer dizer. O correcto seria "ária de Bach". Um abraço e continue com o bom trabalho.
O dia 29 de Dezembro 2007 marcou também o primeiro comentário de Raquel Alão que nos dizia na altura sobre Mozart "A sua genialidade é certamente incontestável... Está visto que pertenço ao "clube". E com muito gosto. É, a nível pessoal, o compositor que maior domínio demonstra sobre a composição para a voz solista. O respeito que demonstra pela voz enquanto instrumento é total e, quanto a mim, sem paralelo. Obviamente, é a minha opinião. Como o futebol e o amor, não está aberta a discussão... Ou estará? ;-)"